Harry Potter



Capítulo 22



Harry Potter



Em qualquer lugar do mundo é possível encontrar aldeias como a pequena Godric’s Hollow, situada no meio-oeste da Inglaterra. Uma minúscula comunidade onde todas as pessoas se conhecem, ajudam umas às outras e sabem (e falam) da vida de todo mundo. Gente boa, honesta, trabalhadora e, claro, absolutamente normal. Mas, como todas as aldeias desse tipo que se prezem, Godric’s Hollow também possui um pequeno grupo de habitantes esquisitos que os outros gostam de apontar como excêntricos. São pessoas de hábitos estranhos, de quem o resto dos moradores se considera diferente o bastante para mantê-los seja na lista de maledicências – que as mulheres fazem em suas conversas por sobre as cercas dos quintais – seja como fonte para as anedotas – que os homens contam entre os canecos de cerveja escura, servidos no único pub da cidadezinha.

Em Godric’s Hollow, os excêntricos são apenas três. Mirabella Rochester, uma velha maluca que mora na saída da cidade junto com 19 cachorros e que jura ser uma condessa, a quem a rica família virou as costas quando ela decidiu fugir para casar com seu grande amor. Dêmocles Artog, um solteirão mal-humorado e inimigo número um das casamenteiras, viúvas e solteiras (especialmente as passadas da idade) da região. E Almerinda Pogg, que não chega a ser uma pessoa de hábitos estranhos, mas, como é a mulher mais rica do lugar, atrai comentários maldosos do mesmo jeito. Nenhum morador de Godric’s Hollow pensaria em incluir nessa lista gente como o adorável casal Potter.

O jovem Sr. Potter era muito simpático e falante, e todos o consideravam um rapaz realmente gentil e educado. Outros tantos elogios eram feitos a Sra. Potter. Bonita e sorridente, ela era um modelo para as outras jovens senhoras da pequena comunidade. A única coisa estranha que se sabia a respeito dos Potter, era que quase ninguém conseguia visitá-los. Sempre que alguém saía de casa para fazer-lhes uma visita, alguma coisa acontecia: encontrava-se com um amigo, esquecia-se de algo ou lembrava-se de um compromisso urgente. O resultado era que a visita acabava ficando para outro dia. E isso era verdadeiramente uma pena, afinal, os Potter, junto com o filho Harry, eram uma família encantadora.

É certo que os habitantes de Godric’s Hollow jamais suspeitariam que os Potter eram, na verdade, pessoas muito diferentes, do tipo que se envolve com coisas estranhas e incrivelmente misteriosas. De fato, eles eram tão diferentes de seus vizinhos quanto poderiam ser. Os Potter eram bruxos.

O engraçado é que, apesar disso, Harry, o filho do Sr. e da Sra. Potter, sempre se considerara um menino bastante normal. Bem, era normal até onde um menino bruxo poderia ser uma criança normal. Mas ele não via nada de bizarro em sua condição, embora soubesse que isso não era o tipo de coisa que se deveria contar para todo mundo.

Harry Potter era um garoto franzino e corado, de cabelos muito negros e que estavam sempre em desalinho, pois pareciam crescer para todos os lados. Usava uns óculos de aro redondo, que o deixavam ainda mais parecido com uma miniatura do pai. A grande diferença entre os dois estava nos olhos intensamente verdes do garoto e que eram idênticos ao de sua mãe. Harry sempre soubera que era um bruxo. Afinal, seus pais eram bruxos, seu padrinho era bruxo e mesmo os amigos de seus pais eram bruxos. Quase todas as pessoas com quem ele se relacionava eram capazes de fazer magia. Coisas que voavam, apareciam do nada ou desapareciam eram bem comuns para ele. É claro que ele tinha alguns amiguinhos trouxas, isto é, não mágicos, na escola fundamental que freqüentava em Godric’s Hollow, mas era sempre muito recomendado para não assustá-los ou usar seus poderes com eles.

– E você só poderá fazer magias depois que for para Hogwarts – finalizava sua mãe, após explicar pela enésima vez o porquê deles esconderem sua real condição.

Talvez fosse por isso que a Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts era, na imaginação de Harry, o lugar mais maravilhoso do universo e ele mal podia esperar para ir para lá e aprender a fazer magia de verdade. Além disso, ele ia poder estudar com Alvo Dumbledore, que era diretor da escola e o bruxo que Harry mais admirava no mundo inteiro. Isso não significava que o mundo dos trouxas apresentasse para Harry alguma dificuldade ou que ele não gostasse do mundo não mágico. Na verdade, ele mesmo costumava rir muito das trapalhadas que seu pai e seu padrinho, bruxos de sangue puro (sem parentes trouxas), viviam fazendo e que a sua mãe tinha sempre que consertar. Diferente do pai, a mãe de Harry era filha de trouxas.

De fato, fora uma enorme surpresa para a família dela quando chegou uma carta de Hogwarts comunicando que ela era uma bruxa e que tinha uma vaga na escola, caso quisesse desenvolver seus dons. Por isso, ela sempre explicava para Harry como os trouxas entendiam as coisas e Harry achava muito bom o fato de poder se movimentar facilmente entre os dois mundos. Contudo, apesar disso, ele não lamentava não conviver mais com seus parentes trouxas.

A Sra. Potter tinha uma irmã que não era bruxa e as duas quase nunca se viam. Harry nunca entendera bem o porquê disso, mas achava que era porque a sua tia era muito estranha. Ele só a tinha visto uma vez e a achara completamente diferente da sua mãe. Não pelo fato dela não ser bruxa, mas porque elas eram fisicamente muito diferentes mesmo. A mãe de Harry era ruiva e tinha traços delicados, enquanto sua tia era loura, ossuda e com um pescoço enorme. Ela era casada com um homem grande e bigodudo chamado Dursley, que parecia detestar magia acima de todas as coisas, e tinham um filho chamado Duda que, embora tivesse a mesma idade de Harry, tinha pelo menos três vezes o seu tamanho, tanto para cima quanto para os lados. Harry não tinha gostado muito deles, os achara antipáticos e meio assustados. Mas achava que essa segunda parte, se devia ao fato do seu pai ter passado o tempo todo do encontro brincando com a varinha sobre a mesa do restaurante. O marido da tia Petúnia (era esse o nome da irmã da Sra. Potter) para o divertimento de Harry, trocou de cor várias vezes nesse meio-tempo.

Mas, fora esses pequenos detalhes, não havia nada, absolutamente nada, de extraordinário em ser Harry Potter. E, na verdade, nenhuma dessas coisas ocupava a sua cabeça naquela manhã, já que Harry dormia a sono solto sobre sua cama quando um barulho à porta do quarto o despertou.

– Harry?

Ele abriu um pouquinho os olhos e viu um longo cabelo ruivo se movimentando em sua direção. Virou para o lado com um resmungo. Não queria acordar agora, estava no meio de um sonho tão bom.

– Harry – a mulher sentou na sua cama e o tocou de um jeito suave e carinhoso – você não vai levantar hoje?

Ele se espreguiçou sonolento, aproveitando o cheiro morno do quarto e aconchegando-se mais nas cobertas.

– Ahhh – deu um longo bocejo – eu estava sonhando que voava numa motocicleta.

– Sonhando é? – A Sra. Potter riu e se aproximou para lhe dar um beijinho na bochecha. – Bem, o Sirius está aí embaixo e veio com a moto e eu acho... que estou inclinada a deixar você ir com ele para King’s Cross, a não ser, é claro, que você se atrase.

Harry não precisou ouvir duas vezes. Saltou da cama com um pulo e saiu correndo em direção ao banheiro, desviando dos vários brinquedos jogados pelo chão.

– Hei! – Ela reclamou. – É só isso que eu recebo por ter concordado que o maluco do seu padrinho me tire a felicidade de levá-lo para sua primeira viagem para a escola?

Harry voltou da porta do banheiro na mesma velocidade e pulou sobre ela, derrubando-a sobre a cama.

– ‘Brigado, ‘brigado, ‘brigado, mãezinha – o garoto falava dando beijos no rosto sorridente da mãe. – Você é a maior!

A Sra. Potter riu e o empurrou para o chão.

– Ok, ok, já agradeceu – ela o virou para a direção do banheiro e deu uma palmadinha no traseiro – agora corra. Vou fazer panquecas com calda de caramelo para o café, quer?

O menino concordou com um enorme sorriso e voltou a correr em direção ao banheiro, escorregando sobre as meias, ao passar pelas portas.

– Não esqueça de dar uma organizada nesse quarto, Harry! – A mãe gritou já descendo as escadas em direção ao andar de baixo.

Em tempo recorde Harry estava vestido e razoavelmente penteado (até onde isso era possível, já que tinha herdado os cabelos arrepiados do pai). Fechou o malão com as vestes novas e os livros que levaria para a escola. Recolheu alguns brinquedos e jogou-os sem nenhuma ordem em um baú no canto do quarto. Por fim, pegou a gaiola com a coruja branca que ganhara de aniversário de Hagrid, um professor de Hogwarts que era muito amigo dele e dos seus pais. Dera-lhe o nome de Edwiges. Desceu sem a mala, pois o pai a faria levitar até em baixo, já que ele não conseguiria carregá-la sozinho e também não podia fazer magia.

Deixou Edwiges na sala, próxima à porta, e correu entrando cozinha adentro. Adorava o cheiro da cozinha da sua casa, era uma mistura do cheiro das suas comidas favoritas com, bem, era difícil explicar já que era algo muito próprio daquela casa, ou talvez fosse dos pais dele, Harry não sabia ao certo, só sabia que era muito bom. Dentro da cozinha ele avistou um jarro de louça branca que deramava a massa das panquecas sobre a chapa do fogão, enquanto uma espátula as virava diligentemente quando ficavam coradas e depois as jogava sobre uma enorme travessa. A mãe de Harry já estava sentada à mesa junto com o pai dele e o seu padrinho Sirius. Os dois homens fizeram a maior festa quando o garoto chegou. O menino foi despenteado, amarrotado, levou alguns cascudos falsos e ensaiou uma briga com o padrinho que só parou quando a mãe se intrometeu.

– Ahh, Lily não seja má – o padrinho de Harry fez cara de cachorro pidão – vamos sentir a maior falta do Harry. Deixa a gente se despedir com categoria.

– Vocês estão se despedindo há semanas, Sirius – retorquiu Lily Potter. – Deixem pelo menos o garoto tomar um bom café. Vocês sabem que até o jantar, ele só vai ter aquelas bobagens do carrinho de doces do trem.

Harry mal podia esperar pelas tais “bobagens” do carrinho de doces do trem, de que tanto ouvira falar, mas como não queria que a mãe pegasse no seu pé, após ter feito suas panquecas favoritas, apressou-se em comer tudo o que ela lhe botava na frente.

– Não nos censure Lily – o pai lançou um olhar carinhoso enquanto Harry praticamente engolia um copo com suco de cereja. – Provavelmente é a última vez que teremos um Harry que podemos afofar.

– Por quê? – Harry perguntou quase engasgando.

– Porque você vai voltar diferente – explicou a mãe com uma voz nostálgica. – A partir de agora você só vai crescer. E Tiago quis dizer que sentiremos faltado nosso garotinho.

– Eu já não sou mais um garotinho – rebelou-se Harry.

Os três adultos trocaram sorrisos.

– Não – replicou Tiago para Lily – eu quis dizer que é que o Harry vai voltar todo metido e que não vai mais querer brincar com a gente, não é Sirius? – Ele e Sirius trocaram um olhar falsamente sério e compungido.

– Por que eu iria voltar metido? – Quis saber Harry.

– Ora, eu voltei – explicou o pai como se aquilo fosse a coisa mais natural do mundo e Harry riu.

– Tiago, você já ouviu falar que quem tem identificação com a cria é a mãe e não o pai? – Provocou Lily.

– Ora querida, como é que eu não vou ter identificação com a minha cria? Ele é uma cópia minha. – E se pôs a fazer caretas que Harry, numa brincadeira muita comum entre os dois, repetia como se fosse um espelho.

Sirius olhou para Lily e fez que sim várias vezes com a cabeça, concordando com o melhor amigo, antes de cair na risada. A mãe de Harry limitou-se a girar os olhos e dar um suspiro resignado.

– Eu pensei que o Remo também viria – inquiriu Harry. – Algum problema?

Tiago e Sirius trocaram um olhar estranho.

– O que foi? – Perguntou o garoto alarmado.

– Nada, meu bem – sossegou a mãe – apenas uma surpresinha, mas você só vai saber à noite.

Só que Harry entendeu tudo na mesma hora.

– Ele conseguiu?

– Claro que conseguiu Harry – respondeu Sirius com um imenso sorriso. – Acha que o Aluado anda com aqueles livros enfiados na cara para enfeite. Parece que Dumbledore ficou satisfeitíssimo em lhe dar o cargo de professor.

Harry ergueu-se na mesma hora dando vivas e pulos de alegria, no que acabou sendo acompanhado por Sirius e Tiago, que arrastaram junto uma conformada Lily no abraço coletivo da festa improvisada. Aluado era o apelido de escola de Remo Lupin, amigo de longa data de seus pais. O apelido de Sirius era Almofadinhas, talvez pelo jeito metido de menino rico que o padrinho de Harry tinha e seu pai era chamado, pelos amigos, de Pontas. Desde que se entendia por gente Harry sabia que os três eram amigos inseparáveis e formavam um clube meio exclusivo, onde somente Lily fora admitida, mais ninguém.

A saída para King’s Cross ocorreu em meio a afobação em que sempre se davam os acontecimentos marcantes dos Potter, mas Harry não foi privado do seu sonhado vôo de motocicleta. Seus pais seguiram para a estação com Edwiges e o restante da sua bagagem e combinaram que encontrariam Harry e Sirius na plataforma 9 ¾, local de onde sairia o Expresso Hogwarts levando os alunos para mais um ano letivo na escola. Mais ou menos meia-hora depois de sair de casa, Sirius e Harry aterrisaram num beco escondido, próximo à estação, mas os dois tiveram de correr para que Harry não perdesse o trem. Estavam quase na divisória entre as plataformas 9 e 10, quando quase foram atropelados por um grupo grande de garotos carregando malões idênticos ao de Harry. Quatro garotos muito ruivos eram guiados por uma mulher gordinha de ar apressado e que puxava pela mão uma menininha, igualmente ruiva.

– Weasleys – sussurrou Sirius ao seu lado.

– O quê?

– O grupo a nossa frente. Não há como confundi-los: ruivos e em grande número. São a família Weasley. Gente excelente! Venha, você vai gostar deles. – E adiantando o passo chamou. – Molly!

A mulher virou e abriu um sorriso cordial assim que o reconheceu.

– Sirius Black! Ora, ora, eu não imaginava encontrar você por aqui. Não me consta que você tenha filhos.

– Não tenho – respondeu Sirius sorrindo e passando o braço sobre os ombros de Harry – mas tenho afilhado – completou inchando o peito.

– Ahhh, claro – alegrou-se a Sra. Weasley – o filho de Tiago e Lily Potter. É um prazer conhecê-lo, querido.

– Meu também – respondeu Harry educadamente.

– Estes são os meus: Percy – a Sra. Weasley apontou o garoto mais velho com evidente orgulho – ele é monitor, sabem? Estes são: Fred e Jorge – indicou dois meninos idênticos, que cumprimentaram Harry com um aceno de cabeça, mas ele pode notar que olhavam para Sirius como se ele fosse um ídolo.

– Somos grandes fãs seus, Sr. Black – um deles não se conteve e se adiantou para apertar efusivamente a mão de Sirius.

– O Sr. e os seus amigos são uma inspiração para nós. Fazemos o possível para manter o seu legado naquela escola – completou o outro, seguindo o mesmo cumprimento e fazendo Sirius gargalhar.

Harry achou que os meninos deviam ser umas pestes, pois pelo que sua mãe contava, o único legado que poderia ser atribuído ao seu pai e aos amigos era o de serem grandes criadores de confusões.

– Isso significa que se forem expulsos, eu os despacho para a mansão Black e você vai ter de se ver com estes “fãs”, Sirius – completou a Sra. Weasley mal-humorada, mas em seguida sorriu e virou-se para o último filho, um garoto de nariz e braços compridos parecendo um pouco desengonçado. – E este é Rony. Também é o primeiro ano dele em Hogwarts.

Os dois meninos se cumprimentaram e Harry achou que tinha simpatizado imediatamente com o garoto.

– Mamãe, se eles não entrarem, vão perder o trem – alertou a menininha ruiva.

– Por Mérlin – alarmou-se a Sra. Weasley. – Vamos, vamos! Ahh, querido, está é Gina – disse por fim, apresentando a caçula.

Mas Harry nem teve tempo de olhar direito para a menina, pois logo se viu empurrado junto com a massa de garotos para a arcada que dividia as duas plataformas. E, antes mesmo que tivesse registrado exatamente o que acontecia, Sirius o pegou pelo braço e puxou de encontro à parede de tijolos da arcada. Harry já tinha ouvido várias vezes descrições daquela passagem mágica, mas ficou maravilhado quando se deparou com a fumegante locomotiva vermelha com os dizeres: Expresso Hogwarts. Era perfeita. Exatamente como ele imaginava.

Assim, que cruzaram a barreira os dois avistaram os pais de Harry que acenavam próximos a um vagão mais adiante. Ao lado deles um casal que o garoto conhecia de longa data.

– Olá Sr. Longbotton – Harry cumprimentou juntamente com Sirius – como vai Sra. Longbotton? Cadê o Neville?

Neville Longbotton era filho de dois amigos e colegas de trabalho dos pais de Harry, por isso os dois meninos se conheciam quase a vida toda e se davam muito bem.

–‘Tô aqui – respondeu Neville, colocando o rosto muito redondo para fora de uma das janelas do trem. – Peguei uma cabine para nós Harry. Sobe logo, o trem já vai partir.

Harry apressou-se em se despedir, sentindo uma fisgada de tristeza ao se soltar dos braços carinhosos da mãe e vê-la com os olhos cheios de lágrimas. Quando abraçou o pai e o padrinho percebeu que os dois tentavam disfarçar que estavam indo para o mesmo caminho. O garoto tinha certeza que ia sentir muita falta deles e mesmo estando muito empolgado com a viagem, também sentiu seus olhos marejarem. Mas o Natal logo chegaria e ele voltaria para casa e os quatro poderiam se divertir muito. Pensando nisso, ele tratou de diminuir as despedidas e subir rapidamente no trem, ao mesmo tempo em que prometia escrever ainda naquela noite para dizer em que casa ficara.

Hogwarts funcionava com um interessante sistema de confrarias. Os alunos eram divididos em quatro casas: Grifinória, Corvinal, Lufa-lufa e Sonserina. Harry esperava ardentemente ser escolhido para ficar na Grifinória, a mesma casa que seus pais, seu padrinho e Remo tinham freqüentado.

Quando chegou à cabine, encontrou Neville ainda escorado na janela se despedindo dos pais. Harry notou que suas malas já haviam sido colocadas no compartimento de bagagens e que havia uma garota sentada na cabine. Também parecia ser caloura, pois olhava tudo com grande curiosidade, tinha os cabelos castanhos e cheios, os dentes um pouco para frente e um ar mandão.

– Olá – cumprimentou Harry enquanto ela o olhava com interesse.

– Oi – respondeu a garota – sou Hermione Granger – disse estendendo a mão.

– Harry Potter – ele respondeu apertando a mão dela e lançando um olhar para Neville. O amigo deu de ombros e, com um movimento mudo dos lábios, se desculpou dizendo que ela já estava ali quando ele chegou. Harry não ficou aborrecido, afinal, teriam de conhecer pessoas estranhas de qualquer maneira.

Atravessou a cabine e se debruçou sobre a janela para um último adeus aos pais e ao padrinho. Ele notou que, da janela da cabine ao lado, um monte de cabeças ruivas acenava igualmente para a mãe na plataforma.

– Comportem-se – dizia a Sra. Weasley e Harry pode ouvir o mesmo dito pela sua mãe, embora tenha visto o pai fazer uma cara de que ele não devia levar aquilo a sério. É claro que Tiago estava fora das vistas da esposa. Harry apenas riu.

O trem começou a partir em meio a gritaria de adeuses e Harry viu, enquanto acenava para seus pais e seu padrinho, que a menininha Weasley corria atrás do trem, meio chorosa, meio sorridente, acenando para os irmãos. Neville o chamou para dentro, mas ele não conseguiu desviar os olhos dela. Era como se já tivesse visto aquela cena em algum outro lugar. O movimento do trem ainda era lento e mesmo com a distância que tomava, os olhos de Harry se encontraram com os da menina. O garoto sentiu o coração acelerar e achou que no momento seguinte seu rosto ficaria em chamas. Mas ao invés disso, o que aconteceu foi que sua mente foi invadia por umas imagens que ele tinha certeza de jamais ter visto, embora elas parecessem, ao mesmo tempo, estranhamente familiares. Em todas elas, aquela mesma menina aparecia, só que mais velha e sorrindo... para ele. A sensação de familiaridade só não foi tão forte quanto à dor de cabeça que se seguiu. Harry sentiu como se um machado tivesse lhe rachado o crânio ao meio e quase cego de dor caiu para dentro da cabine, jogando-se sobre um dos bancos.

– Harry, o que houve? – A voz de Neville soou preocupada, mas Harry não conseguia abrir os olhos ou responder tal era a dor. Parecia que algo estava martelando muito, mas muito alto no seu cérebro e os tímpanos queriam sair pelas orelhas.

– Ele está muito pálido – comentou a garota. – Será que devemos chamar alguém?

– Eu não se...

A resposta de Neville foi interrompida por um ruído na porta da cabine.

– Ouvimos um barulho aqui... Está tudo bem?

Harry não identificou inicialmente a voz, mas, ao tentar abrir um pouco os olhos para responder as perguntas, viu pelo menos três cabeças ruivas entrando na cabine. Deviam ser os irmãos Weasley.

– Nossa, ele parece que morreu – disse um dos garotos – nunca vi ninguém tão branco.

– Acho que devíamos chamar alguém – falou Hermione Granger.

– Também podíamos pedir para parar o trem – sugeriu um dos meninos – quero dizer, não estamos longe da estação e os pais dele estão lá e...

– NÃO!

Até mesmo Harry demorou para perceber que fora ele mesmo que falara de forma tão categórica. Aquele monte de vozes à sua volta o estavam deixando confuso. Nada parecia fazer sentido. Era como se ele não devesse estar ali. Ao terminar esse pensamento a dor pareceu se intensificar e ele já estava quase gritando. Uma ardência enorme sobre a testa, como se estivesse sendo marcada à fogo, parecia aumentar ainda mais sua agonia. Ele sentiu lágrimas de dor saírem de seus olhos sem nenhum esforço. E, cada vez que ele pensava que havia algo de errado na cena que estava vivendo, a dor se tornava mais forte. Era estranho também porque ele não lembrava de jamais ter sentido uma dor como aquela e, ao mesmo tempo, ela lhe parecia desconfortavelmente familiar. E foi essa sensação que lhe deu forças para finalmente conseguir abrir os olhos.

Neville, Hermione e os três garotos Weasley o olhavam parecendo muito apreensivos e assustados. Harry fez um esforço e se apoiou no braço de Neville para ficar em pé. O sentimento de que algo não se encaixava na cena que ele via diante dos seus olhos parecia gritar juntamente com a dor dentro da cabeça dele.

– Isso... isso não está certo – conseguiu dizer por fim. – Tem algo... muito errado...

Aceite... – uma voz suave sussurrou no seu ouvido.

– O que? O que disse? – Harry olhou para todos os lados tentando identificar quem falara.

– Ninguém disse nada, cara – respondeu o mais novo dos meninos ruivos parecendo realmente preocupado.

Aceite o que vê, que a dor vai embora... – sussurrou a voz misteriosa de novo.

– Vocês ouviram isso, não ouviram? – Perguntou Harry com urgência, mas os outros cinco negaram veementemente, agora definitivamente assustados com o estado de agitação dele.

Isso é para você, Harry – a voz voltou aos seus ouvidos, ainda mais nítida. – Apenas para você. Tudo aqui é para você. Perfeito. Exatamente como devia ser.

– NÃO! – Harry gritou com a voz na sua cabeça. – Isso não está... certo. – Ele olhou para o grupo de garotos a sua frente. Ele tinha certeza de que os conhecia. Mas não era dali. Colocou as mãos na cabeça ofegando e segurando-a com força enquanto ela voltava a doer violentamente. Conhecia aquelas pessoas muito bem, mas era de outro jeito. De outro lugar, de um tempo diferente talvez.

Não seja tolo. Olhe a sua volta, não é tudo que você sempre quis? Não há nada fora daqui que se compare ao que você vê. Nada que possa ser tão perfeito.

– ISSO NÃO É REAL!

Harry gritou com suas últimas forças e sem saber de onde vinha a certeza de que tudo o que via, tudo o que ele lembrava, não era verdadeiro. Quase como uma resposta a dor na sua cabeça foi tão forte que Harry sentiu o chão sumir dos seus pés e caiu com todo o peso sobre seus próprios joelhos. Ele achou que ia perder os sentidos, mas não perdeu porque continuou a sentir dor, muita dor.

Ora, garoto, que tolice é essa? Eu lhe ofereço o paraíso e você prefere a dor... Eu posso fazê-la sumir, sabia? Posso fazer com que você nunca mais sinta dor em toda a sua vida.

Harry fez um enorme esforço para erguer a cabeça e, ainda chorando de agonia, abrir lentamente os olhos. Não parecia estar mais no vagão do trem. Seu corpo não sacudia mais no ritmo da locomotiva e os amigos tinham desaparecido. Tudo o que ele via era uma imensidão enevoada, meio branca, meio cinzenta, e fora a voz ecoando em sua mente, ele parecia estar completamente sozinho.

– E eu estou vivo? – Perguntou e assustou-se ao ouvir a própria voz sair surpreendentemente adulta.

Claro que está – respondeu seu interlocutor invisível. – Mais do que isso... Você está vivo e tem uma segunda chance para refazer tudo na sua vida... Exatamente do jeito que você quiser.

– Não – novamente aquela voz adulta saía dele, mas Harry ainda percebia seu corpo como se tivesse onze anos – isso não vai funcionar assim. Eu só vou entender o que você está oferecendo se eu souber o que estou ganhando e o que estou perdendo.

Ouve um silêncio e Harry achou que a dor pareceu retroceder um pouco.

Não seria mais fácil simplesmente aceitar o que estou lhe dando?

– Se eu não souber... vou continuar lutando, e, pelo que você disse vou continuar sentindo dor, e vou continuar querendo sair daqui. – “Deus do céu, de onde vinha toda aquela lógica? Como é que sendo um menino, ele conseguia falar como se fosse um homem?”

Outro silêncio. Este maior. Harry podia sentir uma espécie de vibração como se algo se condensasse próximo a ele.

Bem, devo admitir que você não é o primeiro que questiona minha oferta, embora, o número dos que a aceitaram seja bem maior... – Harry sentiu a dor sumir como que por encanto. – Se quer ver o inferno que teve que viver para poder aceitar o mundo perfeito que lhe ofereço... Então, que assim seja.

Sem a dor a martelar-lhe a cabeça, Harry finalmente conseguiu começar a se erguer, tirou um dos joelhos do chão e apoiou-se com a mão sobre ele para levantar. O ato de ficar em pé o tonteou momentaneamente, mas quando ele endireitou as costas, o menino havia sumido. Harry Potter voltara a ser um homem adulto e sabia exatamente onde estava, o que tinha ido fazer ali, e sobre que vidas estava negociando. Isto é, a sua vida e a vida dos seus sonhos. Instintivamente bloqueou sua mente, pois tinha certeza de que, quem quer que estivesse enfrentando, a estava lendo, até aquele momento.

– Mostre-se – disse Harry – se estou negociando, eu quero ver com quem.

Novamente silêncio, mas Harry sentiu um movimento ao seu lado, um pequeno deslocamento de ar. Virou-se rápido, dando alguns passos para trás.

– VOCÊ! – Ele quase gritou, embora não fosse de surpresa, mas de fúria.

Não seja dramático – falou displicentemente o jovem de cabelos pretos e feições bonitas em frente a ele – foi você que escolheu esta forma e não eu.

– Eu escolhi?

A imagem de Tom Riddle sorriu maldosa para ele, antes de responder quase com doçura.

Essa forma não me pertence. Eu apenas resolvi usá-la para mostrar exatamente o que estou oferecendo para você.

– E o que é? – Harry perguntou com raiva.

Uma vida... sem ELE – disse apontando para si mesmo. – Estou te oferecendo um mundo em que Tom Riddle jamais existiu. Não seria perfeito? Sem guerras, sem mortes desnecessárias, sem terror... Se quiser pode viver tudo, desde um ano de idade, ou desde os onze, ou, se preferir, posso lhe dar as memórias mais fantásticas que você ousar sonhar e você poderá voltar agora mesmo para a sua casa e dormir tranqüilamente com a cabeça no colo da sua bela esposa. O que me diz?

A última vez em que tinha ficado em frente à imagem de Tom Riddle, Harry era apenas um menino. Embora soubesse que não estava diante do verdadeiro jovem Voldemort, parecia que, desta vez, as posições haviam se invertido, já que era Harry quem possuía a aparência de ser o mais velho e mais forte. Não pode deixar de pensar que era intencional seu interlocutor se apresentar mais frágil que ele. Uma fragilidade enganosa, cujo único objetivo era lhe dar uma falsa idéia de poder. Harry não precisou de muito esforço para notar que estava diante de um vendedor. Um ardiloso, astuto e competente vendedor. Cruzou os braços e encarou o rapaz a sua frente.

– Nada disso é real.

É tão real quanto você quiser que seja... O que sentiu hoje, não foi real? Não esteve realmente com seus pais e seus amigos e não se sentiu amado e querido por eles? Se você acredita e sente é porque é real.

– Não, não é.

Os olhos de Riddle escureceram por um instante, mas logo ele voltou a sorrir da mesma forma untuosa e persuasiva.

Acho que você ainda não me entendeu. Eu posso lhe dar tudo, absolutamente tudo o que você quiser.

– E quem é você para me oferecer isso?

Ora, você não fez a lição de casa, Harry? Eu não sou nada mais que um feitiço-guardião. – Novamente o auto-menosprezo, sem dúvida aquilo fazia parte do negócio. – Um dos sete feitiços convocados para estar aqui por uma criatura com poderes muito além da... compreensão humana.¬ – Ele completou com uma suavidade estudada.

– Um feitiço demoníaco... um feitiço de um beusclainh. – Respondeu Harry.

Em resposta a imagem de Tom Riddle sorriu daquele mesmo jeito maldoso e perturbador.

Muito bem... Você é inteligente... entendeu tudo bem rápido. E, como pôde ver e sentir até agora pouco, eu posso lhe oferecer tudo o que você quiser... Em troca, o que você tem a fazer é apenas esquecer de toda a dor e sofrimento pelos quais já passou. E nem vai precisar se esforçar para isso. Eu vou apagar tudo da sua mente... basta querer.

– Tudo o que eu quiser?

Em cada mínimo detalhe. Me mostre sua mente... e eu farei acontecer antes mesmo que você se dê conta do que é que deseja. Você terá seus pais, Harry. Uma vida de carinho ao invés de desamor e maus tratos. Uma infância feliz, uma adolescência despreocupada. Seus amigos, a mulher que ama... tudo.

Harry sentiu por um segundo sua mente ficar vazia. Como um livro aberto e em branco. Pronto para ser escrito. Sorriu calmamente e seu interlocutor sorriu de volta.

– Sabe... talvez funcionasse – a imagem de Tom pareceu ficar exultante – se não fosse por isso: eu posso não ter os meus pais, mas eu tenho os meus amigos e tenho a mulher que eu amo e nada, absolutamente nada, do que você possa me oferecer pode se comparar com o que eu tenho DE VERDADE.

O guardião com a face de Riddle o olhou com ódio e começou a recuar para dentro da névoa.

– Quer saber o que eu quero? – Continuou Harry. – Quero que desapareça. Que se dissolva. Quero voltar para minha vida, exatamente do jeito que ela é. Quero abrir aquele maldito livro e não há nada que você ou qualquer outro dos guardiões possa fazer para impedir isso.

Foi muito rápido. Harry sentiu como que uma bofetada no rosto que pareceu deslocá-lo, mas a sensação não foi de cair e sim de quicar no chão com o corpo inteiro. Era como se ele estivesse deitado e fosse erguido e arremessado novamente contra o solo. A próxima coisa que ele registrou foi uma dor intensa na nuca e nas costas e a impressão de um piso muito gelado sob ele. Harry gemeu alto.

Alguém passou a mão por sob sua cabeça, erguendo-a, e pressionou o que parecia ser um pequeno cálice contra os seus lábios.

– Beba isso, Potter!

A voz de Severo Snape soou imperiosa e absurdamente alta em sua cabeça dolorida.

– O que é isso? – A pergunta saiu num resmungo.

– Uma poção restauradora. Beba tudo! – Ordenou ele forçando novamente o cálice contra a boca de Harry.

Harry deixou o líquido espesso e com um forte sabor de alguma fruta ao mesmo tempo verde e rançosa escorregar por sua garganta abaixo. Devia estar muito mal, pois tinha certeza que, se estivesse minimamente bem, jamais beberia algo dado por Snape sem contestar. Quando o cálice se afastou, Harry conseguiu sentar no chão fazendo força para o mundo entrar novamente no foco. Um calor suave passava pelos seus músculos dando uma sensação de conforto e bem-estar.

– Eu voltei? – Perguntou temendo ouvir a resposta.

– Sim, voltou – respondeu Snape. – Demorou, mas voltou.

– Quanto tempo?

– Horas.

Horas? Para Harry pareciam dias, anos. Ele lembrava em flashes do momento em que os sete haviam apontado para o livro com as varinhas e dito o encantamento para abri-lo. Lembrava de o livro começar a brilhar intensamente e de sete raios terem saído dele e partido velozes contra cada uma das pessoas na sala. Lembrava da forte onda de calor que lhe atingira o peito e o arremessara contra uma parede fazendo com que sua mão soltasse a varinha. Depois disso, sua mente ficara e ainda estava repleta de todas as novas lembranças que o feitiço-guardião lhe havia dado. Lembranças felizes. O carinho dos seus pais. Os Natais em uma casa cheia de amor e amigos. As brincadeiras com Sirius e os vôos na motocicleta enfeitiçada. As visitas sempre aguardadas de Dumbledore a sua casa. O gosto e o cheiro da comida da sua mãe.

– Se continuar pensando nisso vai voltar para lá – afirmou Snape, ainda ajoelhado ao seu lado.

Harry o encarou por um segundo. Ele estava certo. Com esforço, ele ergueu o corpo dolorido para ficar em pé e poder se situar no seu presente. Estava na sede da Ordem da Fênix, na cozinha da casa do largo Grimmauld, antiga mansão da família Black. Piscou diversas vezes. O local parecia que tinha sido varrido por um tufão. As únicas coisas em pé eram: ele, Snape, que havia se erguido ao seu lado, e a mesa em que o Livro de Fausto – agora irradiando uma forte luz amarelo-avermelhada – estava apoiado. Antes que Harry conseguisse verificar em que estado estavam as outras pessoas na sala, ele foi praticamente abalroado por Hermione que se jogou em seu pescoço aos soluços.

– Você está vivo! Você está vivo!

Harry devolveu o abraço, mas de uma forma desajeitada, com a sensação de estar vindo de uma outra realidade.

– Claro que estou, Mione. Fica calma. Nada do que você viu era real. Nada... – Atrás de Hermione, um Rony, pálido como Harry nunca vira, os olhava parecendo compreender imediatamente que as palavras de Harry eram dirigidas tanto para a amiga quanto para si mesmo.

Hermione se afastou um pouco, ainda chorando copiosamente.

– Eu estava novamente no Campo de Aradia, naquela noite horrível... E você, e Gina e... e... o Rony estavam... mortos – ela voltou a abraçá-lo chorando. – Eu não consegui fazer nada, minha mente estava em branco... eu não consegui pensar em nada... ELE tinha vencido e... eu estava sozinha.

Rony puxou Hermione gentilmente dos braços de Harry e ela se aconchegou nos braços do marido ainda imensamente abalada.

– Parece que os guardiões... agiram de forma diferente para cada um de nós – concluiu Harry.

– Bem... a intenção era usar algo que nos paralisasse – comentou Snape. Harry notou que, embora a voz do ex-professor tivesse a normal frieza, ela não continha as notas de desdém que eram de seu costume ao se dirigir à maioria das pessoas. Ao que parecia, os guardiões não tinham abalado apenas Harry e os amigos. – Usaram contra cada um de nós as armas que nossas mentes forneceram... – continuou Snape. – Ou seja, nossos temores, pesadelos, desejos...

Harry lançou um olhar inquisitivo para Rony. O amigo deu de ombros.

– Acho que eles não foram muito felizes na escolha, no meu caso. Usaram coisas que eu já derrotei há muito tempo... minha inveja e mediocridade.

– Rony, você sabe...

– Claro que eu sei – cortou o amigo – estou aqui, não estou?

Harry se virou para Snape, mas este o ignorou e começou a cruzar a sala em direção ao outro extremo. Foi só então que Harry notou que próximas ao fogão ainda jaziam desacordadas: Ana e McGonagall. A diretora estava caída com os óculos fora do lugar, enquanto Ana tinha a cabeça repousada sobre as pernas de um Carlinhos que, embora acordado, estava quase tão pálido quanto o irmão mais novo.

– Você está bem? – Perguntou Harry se aproximando e ajoelhando ao lado do cunhado.

– ‘Tô. Mas a Ana... ela...

Harry olhou preocupado para as duas mulheres. Sabia que eram batalhas pessoais, mas por outro lado havia muita coisa em jogo.

– Quanto tempo ainda temos, Snape? Antes do nascer do sol?

– Pouco mais de quarenta minutos.

Um sentido de urgência varreu tudo mais da cabeça de Harry.

– Ok, já faz muito tempo que elas estão lá. Temos que achar um jeito de trazê-las de volta. – Harry olhou para Hermione, ela sempre tinha as melhores idéias nessas ocasiões, mas a amiga ainda parecia abalada demais. Continuava a chorar agarrada na camisa de Rony. – Snape, você disse que os guardiões buscaram em nossas mentes coisas para nos enganar... para que acreditássemos que o que víamos era a realidade.

– Basicamente isso.

Harry se virou para Carlinhos.

– O que foi que o guardião usou com você?

– A Batalha dos Dragões*... eu não tinha conseguido salvá-la... Eu tinha perdido a Ana...

Carlinhos fechou os olhos como se estivesse contemplando cenas muito dolorosas. Harry sabia o quanto a sensação de realidade do que eles tinham experimentado era forte. Colocou a mão sobre o ombro do cunhado e voltou a buscar Rony e Hermione com os olhos. Dessa vez, a amiga pareceu ser capaz de falar.

– Acho que... sei o que paralisaria a Ana – Mione deu um soluço – se convencessem ela de que a gente não existe.

– Isso – Harry deu um soco no ar. – Brilhante como sempre, Mione. Carlinhos, fala no ouvido da Ana que você está aqui... que é real. Que nós somos reais. Vai funcionar. Tenho certeza.

O rosto de Carlinhos se iluminou e até mesmo Snape assentiu discretamente que aquela era, provavelmente, a forma mais certa de se conseguir trazer Ana de volta. O jovem ajeitou a esposa sobre si e passou a falar no ouvido dela, com o máximo de carinho, que ele estava esperando por ela e que ela tinha de voltar para ele. Foram precisos quase uns dez minutos até que Ana finalmente fez uma careta e deu um salto nos braços de Carlinhos como se estivesse emergindo de um lago. No segundo seguinte, ela estava grudada no pescoço do marido, falando no mesmo tom agitado que Hermione usara antes, mas as palavras dela eram: Você existe! Você existe!

Harry trocou um olhar aliviado com Rony e Hermione.

– Precisamos trazer Minerva agora. – Falou Snape.

– Somos amigos há tanto tempo – comentou Hermione, parecendo bem mais refeita, mas ainda grudada em Rony – mas não sei se sabemos o suficiente da diretora para poder ajudá-la.

– Por que não nos diz o que os guardiões usaram com você, Snape? – Arriscou Rony, cuja curiosidade parecia ter superado tanto o seu abalo emocional, quanto qualquer receio da reação de Snape. – Poderia ajudar. – Ele não deixou de encarar o ex-professor nem depois do olhar glacial que recebeu.

– Como no seu caso, Weasley... os guardiões escolheram algo com o que eu sei lidar.

– UAU... significa que mostraram os seus pesadelos? Suas culpas, talvez?

Dessa vez, Harry achou que Rony tinha forçado os limites, e muito possivelmente, atingido o alvo com exatidão, porque os lábios de Snape se tornaram pouco mais que uma risca fina.

– É o provável, não? Eu simplesmente riria se tivessem me mostrado o paraíso. – Snape lançou um olhar desafiador para Harry.

– Isso não está ajudando – disse Harry voltando novamente a atenção para McGonagall. – Vocês dois podem trocar farpas depois que Minerva estiver a salvo conosco e o livro aberto. Preciso de sugestões práticas... Pensem!

Ana olhava tudo ainda como que querendo se certificar de que não estava dentro de um sonho. Estava abraçada em Carlinhos e tinha dado a mão para Hermione que também havia sentada no chão, abraçada ao marido. Todos em torno de McGonagall. O único em pé era Snape que se afastou por alguns instantes e retornou com um cálice da poção revigorante que passou para Carlinhos dar para Ana. A jovem bebeu obediente, mas também não tirou os olhos do corpo imóvel da velha professora.

– Harry... – Ana chamou com uma voz cansada. – Talvez... seja necessário resgatá-la.

– O que quer dizer? – Perguntou Carlinhos.

– A Ana está certa – completou Hermione, que havia compreendido a amiga. – Se McGonagall está convencida de que o que vê é real, como nós estivemos... bem, ela pode conseguir sair ou não, mas o fato é que...

– O nosso tempo está acabado... – concluiu Snape.

– Eu posso tentar... – sugeriu Ana.

– O que? – Carlinhos a fitou, chocado.

– Eu... eu estou bem, amor... Além do mais, tenho o poder de Mestre dos Sonhos, que herdei dos meus ancestrais indígenas... eu posso conseguir ver o que ela está vendo e...

– Fora de cogitação! – Sentenciou Carlinhos. – Você mal se sustenta em pé – Ana abriu a boca para protestar, mas ele não deixou. – Não, Ana! De jeito nenhum.

– Seu marido tem razão, Smith – afirmou Snape. – Você está enfraquecida, seria uma presa fácil.

– Eu vou – decidiu Harry e ergueu a mão antes que qualquer um fizesse objeção. – É o mais lógico e, no momento, o mais rápido. Ana, você e Snape podem ficar concentrados em mim, caso eu precise de ajuda, ok? Rony e Mione, eu consigo me comunicar muito facilmente com vocês, então... fiquem atentos.

Harry esticou a mão direita e convocou a sua varinha que ficara caída do outro lado da sala. Assim que a fechou sob os dedos, ela a apontou para McGonagall.

Legillimens.

Uma náusea extrema invadiu Harry pelas narinas. Ele via Hogwarts a sua frente, mas o castelo era apenas uma ruína fumegante e escura. O cheiro de morte e putrefação o atingia de forma quase insuportável. Corpos e mais corpos se acumulavam sobre os jardins. Se Harry alguma vez tinha imaginado o inferno, tinha certeza de que era ali que ele estava. A escola era nada mais que os restos de um campo de batalha.

Fez um esforço para se concentrar em Minerva. Se aquilo era o que ela estava vendo, Harry não a culpava de ter sucumbido e acreditado no que o guardião que a atingira estava usando para impedi-la de voltar para a realidade. Só quem viveu os horrores de uma guerra poderia compreender... Não era como ver uma imagem ou ler uma descrição ou mesmo ver um filme, como os trouxas fazem. Imagens, livros e filmes podem até trazer cor ou som, mas nunca o cheiro da morte. Harry tinha certeza que, mais do que qualquer coisa, era isso que tinha convencido Minerva de que o que ela via era real.

Um vulto caminhava solitário em meio às centenas de mortos. Minerva estava quase irreconhecível. Desgrenhada, com uma aparência completamente perturbada. Ela olhava face por face dos alunos e colegas e murmurava seus nomes numa contabilidade macabra.

– Professora – chamou Harry, mas ela não pareceu ouvi-lo, estava perdida demais na própria dor. – Professora McGonagall! – Ele chamou com mais força.

Ela ergueu a cabeça e olhou procurando a voz. Harry podia sentir e ver o que ela via, mas não havia se materializado dentro da ilusão provocada pelo feitiço-guardião.

– Nada disso é real, Minerva! Me escute! É uma ilusão! A guerra acabou, se lembra? Nós vencemos. – Ela ainda procurava a origem da voz. – Se guie pela minha voz e lembre: o que você vê NÃO É REAL! Não é de verdade! Diga que quer voltar para a realidade... eles não podem prendê-la aqui, se não quiser ficar!

– Mas... – Minerva finalmente balbuciou – eu já vi isso antes...

– É só um pesadelo... não é real... Acredite, professora... não é real!

A imagem levou alguns segundos para se dissolver na mente de Harry e ele voltar a se ver sentado no chão da cozinha ao lado de uma McGonagall ainda deitada, mas com os olhos muito abertos.

Hermione e Ana se apressaram em ajudar a amiga a se erguer e Snape passou para elas um novo cálice com a poção restauradora que Minerva entornou sem questionar.

– Isso... – ela finalmente conseguiu se manifestar – isso foi realmente... a coisa mais... Santo Deus... O que foi isso? – Ela respirou fundo umas duas vezes e se virou para Harry, tocando comovida em seu braço. – Muito obrigada, Potter. Acho que fico lhe devendo mais uma com essa.

Harry sorriu e pegou na mão dela.

– A senhora não me deve nada, professora. Na verdade, eu é que ainda continuo em dívida.

McGonagall não conseguiu fazer nada mais do que devolver, ainda muito abalada, o sorriso para o ex-aluno.

– O livro! O dia já está quase amanhecendo! – Lembrou Rony num grito urgente e ele, Harry e Snape correram em direção à mesa.

O livro agora emitia uma luz dourada. Harry apontou a varinha novamente para ele.

Effractum! – Ordenou.

O fecho dourado sobre a capa do livro fez um clic seco e depois abriu. A capa ergueu-se e caiu para a esquerda e foi seguida pelas primeiras páginas. O Livro de Fausto estava finalmente aberto.

– E agora? – Perguntou Carlinhos, que com Ana, McGonagall e Mione tinha vindo rodear a mesa.

– Agora teremos de fazer o que se faz com os livros, Weasley – respondeu Snape. – Vamos lê-lo.

Carlinhos devolveu um olhar irritado para Severo, mas Ana segurou a mão do marido e atalhou.

– Pelo que entendi, esse negócio – apontou para o livro – está cheio de coisas horríveis... Quero dizer, rituais das Trevas e tudo mais. Tivemos uma pequena amostra de com que estamos lidando e... vocês vão concordar comigo que não foi nenhum passeio no parque, certo? Não acho que ler isso aí vai ser fácil. Além do mais, como vamos saber qual o ritual que estamos procurando?

– Concordo que vai ser difícil, Ana – falou Hermione que já tinha afastado Rony para começar a se debruçar sobre o livro. – Mas eu acho que não teremos dificuldade em saber qual o ritual que estamos procurando quando o encontrarmos. Queremos saber que ritual os Comensais podem estar pretendendo em usar para trazer Voldemort de volta, certo? Sabemos que foi um ritual copiado deste livro e que, provavelmente, envolve sacrifícios, beusclainhs e... crianças – completou com uma expressão nauseada.

– E, provavelmente – continuou Rony – poderemos ter uma idéia do que eles pretendem que possa envolver os bebês do Harry e da Gina.

Minerva ajeitou as costas e alisou os cabelos no coque, assumindo a postura enérgica que lhe era característica.

– Acho que, nesse caso, todos precisamos é de um café bem forte. E talvez possamos chamar Moody, Tonks e Quim que estão nos esperando na sala e podemos começar a trabalhar.

Surpreendentemente, as palavras dela foram acolhidas com total concordância. Era como se todos se sentissem subitamente energizados. Como se não tivessem passado a noite inteira lutando contra seus próprios demônios. Como se não estivessem absolutamente exaustos. Ou, pensou Harry, estavam todos apenas com mais medo de ir dormir e voltar para os pesadelos, do que ficar acordados por mais tempo do que seus corpos agüentavam. Ele observou os amigos se mexerem pela cozinha com energia. Carlinhos foi chamar os Aurores que estavam na sala. Ana e Minerva começaram a agitar as varinhas para prepararem um café, enquanto Rony abria uma cesta de pães e bolos que trouxera d’A Toca na noite anterior. Hermione já não desgrudava os olhos do livro e, apesar da mútua antipatia, Snape sentara ao seu lado e o dois, ao que parecia, começavam a trabalhar juntos.

– Acho que devemos chamar o Prof. Lupin – falou Mione em voz alta, sem dar atenção à expressão de desagrado de Snape.

– Faço isso num minuto – disse Tonks que entrava nesse momento na cozinha. – Ai gente, beleza? Já estava ficando preocupada com a demora.

Harry ficou observando os amigos se cumprimentarem e se moverem pela cozinha. Todos pareciam felizes em terem coisas práticas para resolver. Harry tinha certeza que, para os seis que tinham dividido com ele aquela noite, isso dava a sensação de realidade que eles precisavam para esquecer o que tinham visto e sentido. Mas para Harry, aquilo não era o suficiente.

– Eu vou até em casa – comunicou em voz alta e os outros o olharam, alguns com curiosidade, outros com entendimento. – Volto em algumas horas.

Ele se virou e saiu da cozinha sem dar tempo para que alguém perguntasse o que quer que fosse.

– Harry! – Rony o alcançou já quase na porta da frente. – Você está legal?

– Não – não adiantaria mentir para Rony – mas vou ficar. Eu só preciso... – buscou as palavras exatas – me desculpa Rony, mas se eu não for para a minha casa agora e não... não ficar com a Gina nos meus braços até esquecer o que eu vi, eu vou enlouquecer!

Rony ergueu as duas mãos e deu um sorriso de lado.

– Vai nessa, irmão!

Harry devolveu o sorriso. Os dois apertaram as mãos e se abraçaram com força antes que Harry saísse para a madrugada gelada.


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* Ver HP e o Segredo de Sonserina, fic da Belzinha.

N/A: Mil perdões pela demora!! Espero que tenha valido à pena! Se não, podem xingar, mas o alerta para maldições imperdoáveis continua, viu? O Ministério da Magia adverte usá-las contra pobres autoras indefesas faz mal à saúde (das autoras, hihi).

Como tem dado alguns problemas na FeB,eu resolvi postar tb no FFnet. O endereço é http://www.fanfiction.net/s/3015784/1/ . Para comentar é preciso ser cadastrado. O cadastro é em inglês e demora três dias para ser efetivado, mas é uma alternativa.

Um outro espaço, especialmente para os que quiserem conversar e postar comentários maiores ou teorias (hehe) são as comunidades no orkut criadas pela Kika http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=14959861 e pela Grazi http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=15081574 para as fics da Belzinha e as minhas. Adoraria encontrar vcs por lá!

Aos comentadores:

Thalita Giannaccini Antonio Felisberto: Oba, gente nova comentando. Obrigada! Espero que o capítulo não tenha decepcionado. Beijos!
Morgana Black: Minha querida amiga, obrigada pelo comentário, pela paciência em esperar as atualizações e pela força. Você é uma grande incentivadora, sabia? Espero que tenha gostado do capítulo.
Carolshimi: Brigadão pelo elogio, Carol, mas minha justificativa para terminar os capítulos assim é a de fazer vcs continuarem lendo. Sei que é um truque baixo, mas...
m.dashwood: Dizer que o Hector é hipertivo, kkkkk, foi ótima, amei!! Emboa eu ache que o caso dele é uma falta bem consciente de limites. Que bom que vc veio comentar aqui. Fiquei bem feliz. Beijos.
MarciM: Vou na sua fic sim, Márcia. É só o tempo da minha vida entrar nos eixos e eu não sou má... cruel, desalmada, talvez... mas não má,pelo menos não em essência, hihi. Bjs.
Doug Potter: Valew, querido!! Que bom que os capítulos imensos não incomodam. Vou tentar ser mais ágil em amor as unhas de vcs, hehe. Beijão!
Victor Potter: Bem, com alguma demora aqui está. Ser chamada de profissional para algo que a gente faz por prazer é um elogio e tanto. Vou na sua fic sim, como te disse, é só o tempo de eu me organizar. Obrigada pelos elogios!! Beijão!
Regina McGonagall: É, nessa fic seus amigos do 193 não são muito necessários, hehe, mas pelo visto as minhas amigas da MirianBeauty são...kkkkk (é um salão do lado da minha casa). Tomara que a espera não tenha sido muito longa. Beijos querida!
Belzinha: Hahaha, ri muito do seu comentário, querida! Que bom que estou conseguindo me afiar no humor (eu ria escrevendo a frase do “Ranhoso, com amor”), mas como pode ver não é sempre, pois este capítulo está mais sequinho, mas era o tom. Que fazer? E, plis, unhas são um artigo importante para abrir latas de refrigerante (hihi), cuide delas!! Beijão amiga!
Brunaa: Valeuuuuuu Brunaa!!! É sempre emocionante ser comparada à mestra. Obrigada mesmo pela leitura e desculpe a demora em atualizar! E sabe, vc descreveu exatamente a minha sensação ao ler o livro 6. Beijo grande!
Bernardo: *Sorrindo para o seu comentário*. Valeu mesmo Bernardo. Eu fico muito feliz que vc curta essa história. Espero que tanto quanto eu curto a sua. Beijo enorme!
Kika: Amei o seu comentário Kika e, bem, não posso dizer nada a respeito da Felicia, que isso é com a Bel, mas eu queria era danação eterna era para essa atira.. unpf. Que bom que curtiu o mistério... Aguarde!!! Beijos! E brigadão pela comunidade no orkut. A Bel e eu ficamos no céu com vc e Grazi pelo carinho.
Samoa: Tb adoro escrever o Snape ainda mais interagindo com o Rony e o Harry, especialmente pelo fato de que ele não mete mais medo nos garotos. E sobre o Hector, acho que ele tb está em dúvida... Beijos!!!
Maria Luisa: Acalme-se, querida! Não há salvação para a Umbridge, não se eu for a autora, claro! Como a Mione, eu só me contento com a danação eterna... mas por enquanto ela está completamente fora de combate. Muito obrigada por todos os elogios, me deixaram muito feliz. Beijos querida!
Aisha: Assim que resolver me avisa, por favor. Desculpe a demora e muito obrigada pelos elogios. Fico feliz que tenha gostado. Beijos!
Grazi DSM: Hihi, ri muito do seu coment amiga. Olha,eu sei que as crianças não apareceram, mas pode deixar que elas vão voltar em grande estilo, ok? E agora as ameaças estão me metendo medo,viu? Já que não tem mais um oceano para nos separar. Aliás, vc continua aqui pela minha terra? Se sim,dê sinal de vida! Beijão!!!
Priscila: Valew, Pri! Bem, acho que o poder do Rony, pelo menos para a Mione, não pode ser dito nesse horário, hihi! Coisas de casal apaixonado! Os dois são uns fofos, não? BJus!
Sheil@ Potter: Brigadão, querida!! E quanto aos poderes da Gi, aguarde... Vem mais por ai! Beijocas!
Charlotte Ravenclaw: Amei o comentário, querida!! E, vou dizer mais, vc pegou direitinho... só que nem sob cruciatos eu digo o que! Hihihi. Ainda não deu para matarmos a saudade, mas logo, logo. Beijos enormes!
Sônia Sag: Não sei se foi “o” capítulo, mas saiu o que eu tinha planejado. De qualquer forma, eu não estou nem aí para a minha fic quando esta semana aconteceu um fato muito mais importante. Você terminou a sua saga MARAVILHOSA!!! Mais do que agradecer seu comentário aqui, eu quero é te dar os parabéns pelo seu final magnífico! Um beijo enorme, querida!!! E volte logo a escrever! Estamos esperando!
Clow Reed: Que bom que vc aprovou eu ter usado a sua idéia. Era boa demais para não colocá-la aqui. Adorei o resto do comentário. Obrigada mesmo, querido. Vc é um grande incentivador e me deixa muito feliz o fato de vc curtir essa história. Um beijo grande!
Nayane Souza: :D Valew, Nayane! Obrigada pela leitura e pelos elogios. Uma pena que não posso prometer terminar logo, pois tenho que seguir um planejamento, mas vou tentar ser mais regular nos posts, ok? Bjs.
Trinity Skywalker: Obrigada, obrigada, obrigada!!! Vc pode demorar o quanto quiser, querida! Vindo é a conta! Eu adoro os seus comentários. Vc pega coisas que eu muitas vezes só percebo depois... Amei os dois comentários enormes. E mal posso esperar para que VOCÊ atualize, hehe! Beijão, amiga!
Paty Black: *Sally se escondendo* Estou em falta com vc, né mana? Ainda nem pude ir ver a sua atualização. Cruzes, preciso urgente de um vira-tempo. Mas vou lá, viu? Ahhhh eu tb amo escrever as partes de romance (melhor seria dizer que eu não me controle, hehe). Obrigada pelos elogios, querida!
Ana Carolina Guimarães: Obrigada, Ana Carolina! Olha, sobre a Felícia é melhor cobrar da Bel (eu tb estou cobrando, hehe, estou querendo trucidar a sebosinha ainda mais com o que sei que vem por aí... aguarde). Obrigada tb pela compreensão sobre a demora, mas desta vez nem se pode culpar os pedidos de atenção do maridão pq ele mesmo estava no meu pé para que eu atualizasse. Sério, vcs ganharam um fiscal dentro da minha casa!! Vou tentar ser mais regular. Beijo grande!
Natercia Braga: Pode deixar, Natercia, não vou esquecer do seu pedido. Quanto à fic sobre os marotinhos é bom saber que já teria leitores. Vou pensar com carinho. Sobre o FFnet eu já coloquei lá no perfil. Beijo grande!
Guida Potter: Nossa, Guida!!! Fiquei sem palavras com o seu comentário. Muito, mas muito obrigada mesmo. Vou fazer o possível paa atualizar de forma mais regular, ok. Quanto à Portugal e Brasil eu tb queria este jogo, aliás queria que Portugal tivesse ido bem adiante, pois o time de vcs (ao contrário do nosso) merecia. Beijos!
Raiza Miranda: Obrigada pela leitura e pelo comentário Raiza. Bem, quanto ao tamanho, só posso dizer que está é realmente uma fic longa, mas vou me esforçar para ser mais constante nos posts, ok? Quanto ao tempo, é o seguinte: a fic começou no dia 31 de julho (aniversário do Harry) e agora está no dia 31 de outubro. A idéia é de que ela cubra um ano, como os livros. A Gina está com 4 meses e meio de gestação e os bebês devem nascer em março. Se tiver mais alguma dúvida, mande par o meu e.mail, ok? Fica melhor de responder para vc. Beijos!
Lynx Black: Puxa, vc sabe que eu fiquei encantada quando li seu comentário. Afinal, alguém buscar a gente de um site para o outro é um elogio enorme. Muito obrigada, mesmo, pelos elogios! Sobre a Gina e a Aradia, sabe que eu só me dei conta disso depois que criei a trama? Ou será que consegui um tremendo spoiler da tia Jô :O!!! Bjs.
Anna Raven: Tá aqui. Tá aqui! Sorry pela demora! Beijos!
Sara Wealey: Demorou, mas chegou!!! Desculpe! Bjs!
Geia: Amei seu comentário, linda!! E tb amei te conhecer de verdade! Foi verdadeiramente o máximo! Simmm, eu tb amo a Gina e tb me identifico muito com ela (especialmente o temperamento, hehe). Mas concordo com tudo o que vc disse da ruiva e como a própria tia Jô já disse ela e o Harry são perfeitos uma para o outro. Um beijo imenso!!
Carolzinha: Nem se desculpe querida! É muito bom sempre ler seus comentários por aqui. Que bom que curtiu capítulo anterior. Esse resolveu alguns mistérios? Ou será que não? Beijoscas!!

Gente, valeu por cada comentário, cada leitura silenciosa, cada voto ( passei a marca dos 1000 e mal pude acreditar, achei que era erro do site), cada acesso (+ de 4000).
Obrigada de coração!!

Muitos beijos e até o próximo capítulo!

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