Como espiar um espião



Capítulo 23



Como espiar um espião



Quando Harry desaparatou em frente à Toca, um terço do céu já tinha a claridade do dia e o ar gelado passava por ele como se fosse feito de faquinhas que cortavam o seu rosto. Um gnomo de jardim saiu de um buraco na sebe e o olhou desconfiado. Voltou a se esconder atrás do tronco do arbusto esperando não ser visto pelo homem pálido, de aparência cansada e barba por fazer, que atravessava resoluto o jardim. Harry não notou nem o dia, nem o frio e muito menos o gnomo. Cruzou o gramado queimado pela geada com passos largos desviando ora de uma bota, ora de algum jarro quebrado que estivesse jogado sobre a grama. Foi só depois que bateu com força na porta da cozinha que lembrou que provavelmente estavam todos dormindo àquela hora. Mas ao invés de se arrepender, bateu de novo e com mais força. Depois ele daria um jeito de mudar aquele feitiço de proteção da casa dos sogros. Se houvesse um só Weasley em casa, esta só poderia ser aberta pelo lado de dentro e ninguém poderia aparatar em seu interior. No momento tudo aquilo soava para Harry como uma grande idiotice... Se ele pudesse desaparatar dentro de casa, não precisaria estar acordando ninguém às seis e meia da manhã. Bateu pela terceira vez com mais força.

– Santo Deus – ofegou uma voz lá de dentro – já vai!

Harry ouviu distintamente a Sra. Weasley arrastando os chinelos numa caminhada urgente até a porta. Afogou o remorso por tê-la acordado daquela maneira dizendo a si mesmo que depois daria um presente para a sogra. Mas, naquele momento, tudo o que ele podia fazer por ela era se segurar para não espancar a porta novamente obrigando-a andar ainda mais rápido.

– Quem é? – Perguntou a Sra. Weasley já junto a porta.

– Sou eu, Sra. Weasley... Harry.

– Minha nossa... Harry – ela abriu a porta esquecendo qualquer medida de segurança e o abraçou antes mesmo que o rapaz conseguisse entrar na casa. – Meu filho...

– Desculpe tê-la acordado, Sra. Weasley – Harry falou com uma voz sufocada pelo abraço.

– E por acaso, você acha que eu dormi? O que houve querido? – Ela o afastou com uma cara assustada. Usava um roupão cor de rosa envelhecido sobre a camisola e o cabelo ruivo, salpicado de fios prateados, se desprendia de inúmeros grampos. – Aconteceu alguma coisa? Vocês não conseguiram? – Ela levou a mão ao coração. – Ai meu Mérlin! Foi alguma coisa com o Rony? Com o Carlinhos? Harry, por favor, não diga que alguma das meninas se feriu?

Harry não pode deixar de sorrir ante a torrente preocupada de perguntas com que a ela o soterrava. Colocou as mãos sobre os ombros da sogra e a empurrou gentilmente para dentro da casa, entrando junto e fechando a porta.

– Está tudo bem, Sra. Weasley! Tudo bem! Nós conseguimos e ninguém está ferido ou machucado.

– Vocês conseguiram abrir o tal livro?

Harry confirmou ainda sorrindo. Só de estar na Toca, conversando com a Sra. Weasley já parecia que novamente a realidade voltava a fazer sentido... mais sentido que a... Afastou rapidamente o pensamento.

– Graças a Deus... E onde estão os outros? – A Sra. Weasley foi até a janela e perscrutou o quintal como se esperasse ver os filhos e as noras surgirem a qualquer minuto. – Por que você veio sozinho?

– Os outros ficaram tentando decifrar o livro, Sra. Weasley. – Harry olhou por cima do ombro. – Onde está o Sr. Weasley?

Ela se afastou da janela e o olhou com um sorriso.

– Dormindo. Depois que vocês saíram, Arthur recebeu um chamado do Ministério... nada grave – ela se apressou em emendar – só uma peça que uns garotos pregaram nos trouxas. Você sabe como ele ainda se envolve em reprimir essas coisas... – ela fez um gesto de resignação. – Aí ele acabou chegando bem tarde.

– E... a Gina?

O sorriso da Sra. Weasley aumentou.

– Bem, se eu tivesse deixado, ela tinha passado à noite acordada esperando por vocês. Foi um custo para obrigá-la a ir descansar. A Gina, às vezes, se esquece que está grávida – ela comentou impaciente. – Minha nossa, nenhuma das minhas noras foi tão rebelde quanto ela, nem a Fleur... Para as meninas, o que eu dizia era lei, mas a Gina... tudo tem que ser do jeito que ela quer...

– Eu... – Harry interrompeu a sogra, um pouco mais afoito que o necessário – eu posso ir vê-la, Sra. Weasley?

Ela se calou e olhou com carinho para ele.

– Claro, querido! Ela está no quarto dela.

Harry se virou para subir já começando a arrancar a manta e a capa de cima dos ombros.

– Harry? – A Sra. Weasley o chamou num tom levemente preocupado. – Querido, eu nem perguntei. Você não quer nada? Parece tão pálido... Você quer alguma coisa?

– Só a Gina, Sra. Weasley. Só a Gina...

Ela lhe devolveu um olhar de entendimento e, com um sorriso terno, fez um sinal para que ele subisse logo. Harry não precisou de um segundo estímulo. Subiu as escadas de dois em dois degraus e chegou em frente ao quarto de solteira de Gina já com a capa e o casaco sobre o braço. Abriu a porta com o máximo de silêncio e rapidez que podia e fechou-a atrás de si tão logo entrou. Ainda tentando se movimentar sem fazer barulho, ele foi até uma cadeira ao lado da cômoda e colocou a manta, a capa e o casaco. Curvou-se, tirou os sapatos e depois despiu o suéter de lã de cima da camiseta e o jogou junto com o resto das roupas.

Harry esfregou por um instante as mãos geladas e caminhou até a cama de solteiro onde ela estava deitada. Dobrou os joelhos até ficar quase a altura do colchão. Gina dormia a sono solto e não parecia ter percebido a presença dele. Estava virada de lado, com uma das mãos sob o rosto e a outra pousada sobre a barriga. Harry desviou os olhos do rosto dela e fez um carinho leve, por sobre o cobertor, no ventre dilatado da esposa. Isso era real! Gina. O ambiente morno e cheiroso do quarto dela. Os gêmeos na sua barriga. Ele nunca ia se arrepender de ter voltado. De ter deixado a chance de ter seus pais de volta.

Gina virou-se na cama e Harry aproveitou para afastar novamente os pensamentos que voltavam a torturá-lo. Num movimento lento e cuidadoso, ele ergueu as cobertas e deitou na cama ao lado dela, abraçando-a como um náufrago a uma tábua em meio ao mar. A garota se mexeu.

– Harry? – Ela passou a mão sobre braço dele, meio sonolenta. – Amor, é você?

Harry estava já com a cabeça afundada nos cabelos dela.

– Sou... esperava outra pessoa? – Perguntou em tom de brincadeira.

Gina acordou imediatamente e fez um movimento impaciente, tentou se virar na cama estreita, mas sem sucesso. Conseguiu no máximo virar um pouco a cabeça e olhá-lo meio de lado.

– O que aconteceu?

– Conseguimos – ele respondeu apertando-a mais contra o corpo.

– Harry – Gina tentou se virar de novo, mas a cama pequena, a barriga pesada e o homem grande do seu lado não ajudaram em nada e ela bufou por não conseguir sair da posição em que estava. – Fala comigo direito! O que houve?

Harry a soltou ficando de barriga para cima e passando a mão nos cabelos revoltos.

– O livro está aberto, Gi.

Ela se ergueu sobre os antebraços e o olhou com os olhos arregalados.

– Fácil assim?

– Eu não disse que foi fácil.

– Não – ela se mexeu de novo um pouco incomodada e impaciente com o jeito dele – você não me disse coisa alguma até agora. O que foi que aconteceu, Harry? Cadê os outros? Estão todos bem?

Harry tentou desviar do olhar incisivo que ela lhe dava, mas Gina não ia desistir.

– Estão todos bem, Gi – ele falou finalmente. – Todos inteiros e de volta.

– De volta?

Harry finalmente conseguiu olhar nos olhos dela. Não precisou dizer nada. Gina, como sempre, parecia estar lendo o que se passava com ele.

– De volta... e inteiros – ela repetiu. Virou-se mais um pouquinho com uma careta de esforço e depois o olhou com aqueles olhos castanhos quase em chamas. – Você não me parece exatamente inteiro, Harry.

– Não... – ele assentiu quase num sussurro – mas vou ficar... – Gina arqueou a sobrancelha e ele sorriu. – Assim que você concordar em deixar essa conversa para depois e... deitar no meu peito e ficar comigo até não agüentarmos mais estar dentro deste quarto.

Gina desarmou e mordeu o lábio antes de sorrir.

– Vamos cansar logo de ficar nesse quarto... os quatro – ela riu passando a mão sobre a barriga – numa cama estreitinha dessas.

– Ahhh... isso – Harry se ergueu sobre os braços, ficando com a cabeça bem próxima da dela.

Gina arregalou os olhos.

– O que está acontecendo com... ?

– Ué? Você não reclamou que a cama estava pequena?

Gina olhou para os dois lados e a cama de solteiro já estava ocupando quase metade do seu quarto, só na largura.

– Harry... você não gosta de fazer magia sem a varinha... – ela o olhava, preocupada.

Harry não estava dando a mínima para aquilo no momento. Queria ficar com Gina perto dele. Já tinham estado os dois naquela cama outras vezes. Algumas até com o ouvido atento ao andar de baixo com medo que alguém subisse e o pegasse ali. Mas, naquela época, eles ainda não eram quatro e, agora, Gina precisava de espaço. E ele, ele estava cansado demais para ter escrúpulos com seus poderes. Pensaria nisso mais tarde. Não agora.

– Não está melhor assim?

– ‘Tá, mas...

Ele ergueu a mão e deslizou suavemente os dedos pelo rosto da esposa, emudecendo-a com um olhar que implorava pelo carinho dela. Puxou-a devagar pela curva do pescoço e deu-lhe um beijo apaixonado. Gina não continuou a falar ou tentou interromper o beijo. Parecia saber o quanto ele precisava daquele beijo. O quanto ele estava precisando dela naquele momento. Harry nem teve noção de quanto tempo ficou apenas beijando a SUA mulher, tocando-a, sentindo que ela estava ali de verdade. Cuidadosamente ele foi a empurrando novamente para o colchão, sem parar de beijá-la, e sentindo como se cada beijo fosse preenchendo um espacinho da sua alma. Cada mínimo espacinho que ele tinha sentido ficar vazio quando percebeu que a presença de seus pais e de Sirius não era real.

Já passavam das duas da tarde quando os dois finalmente desceram. Seguiram abraçados até a cozinha onde a Sra. Weasley ainda movimentava pratos e panelas, mesmo já tendo passado da hora do almoço. O motivo da agitação estava sentado à mesa entremeando grandes garfadas tiradas de um prato obscenamente cheio e enormes bocejos.

– Ahh queridos – cumprimentou a Sra. Weasley, radiante – que bom que vocês acordaram. Sentem, sentem... eu vou por mais pratos na mesa e vocês podem almoçar com o Rony e a Hermione.

– Oi – Rony cumprimentou Harry e Gina com a boca cheia.

– Conseguiu arrancar a Mione de perto do livro? – Perguntou Harry enquanto puxava a cadeira para que Gina se acomodasse

Rony fez um esforço para engolir a nova garfada antes de responder.

– E eu lá sou tão poderoso assim? Ela quis vir por causa do Sirius – completou com um sarcasmo cansado. A aparência de Rony não era muito melhor que a de Harry no início da manhã; somadas, no caso do ruivo, mais algumas horas sem nenhum descanso.

– E cadê ela? – Perguntou Gina servindo-se de suco de abóbora.

– Foi mudar fraldas – respondeu o irmão. – O papai fez o maior escarcéu por causa de umas fraldas trouxas que a Mione está usando no Sirius. Precisamos esperar ele sair para o trabalho para poder terminar a oo... pe... raçã... ooo... – Rony mal conseguiu terminar a frase no meio de um bocejo enorme.

– Você pode engolir o mundo e depois falar, Rony – provocou Gina. – A gente espera.

– Vai ver se eu estou desgnomizando o jardim, Gina!

– Rony! – Ralhou a Sra. Weasley enquanto colocava uma enorme panela com sopa de agrião e bacon na mesa.

– Foi ela que começou, mãe.

– Então não termine. Você sabe que sua irmã está grávida, ela está sensível.

Rony e Gina esperaram a mãe virar de costas para pegar outra coisa no fogão. A garota mostrou a língua para o irmão com uma expressão divertida e triunfante. Rony voltou a atacar o prato com o rosto fumegando, enquanto resmungava baixinho.

– Tá sempre protegendo a Gininha... ela é pequena, é menina, tá grávida...

Harry abafou uma gargalhada, mas Rony notou o suficiente para xingá-lo com um sonoro palavrão, o que lhe rendeu outra reprimenda e um cascudo da Sra.Weasley.

– Mãe – reclamou o rapaz, passando a mão na cabeça – não faz isso na frente do meu filho.

– Então, dê bom exemplo para ele – arrematou a Sra. Weasley cheia de razão, enquanto sorria para Hermione e o neto que acabavam de chegar à porta.

Harry se levantou e tirou Sirius do colo de Hermione. O garotinho pareceu adorar ver o padrinho. Estendeu os braços para Harry, engrolando palavras, e pressionando a boquinha contra o rosto do rapaz numa tentativa de dar beijinhos. Hermione curvou-se para dar um beijo no rosto de Gina e foi se sentar ao lado de Rony.

– Novidades, Mione? – Perguntou Harry fazendo caretas para Sirius rir.

– Não muitas – falou a garota, desanimada. – Lupin ficou trabalhando no livro...

Harry virou-se para olhá-la.

– Não gosto desse olhar, Mione.

A garota se mexeu desconfortável na cadeira.

– Talvez seja um pouco mais difícil do que pensávamos, Harry.

– MAIS DIFÍCIL?

Rony e Hermione trocaram olhares aflitos.

– Er... aquele troço está todo escrito em latim, Harry – começou Rony.

– Até onde eu sei a Mione, o Remo e o Snape são fluentes em leitura de latim, Rony – retrucou Gina entrando no assunto.

– É... – confirmou Hermione parecendo chateada – mas tem partes do livro que estão... em... em língua dos beusclainh.

Harry fechou os olhos por um segundo, achou melhor contar até dez.

– Isso não quer dizer que não vamos conseguir ler, Harry – a amiga apressou-se em afirmar. – Só que vamos demorar um pouquinho mais.

– Quanto tempo?

Rony e Hermione olharam um para o outro novamente.

– Alguns meses... – respondeu Hermione.

– Meses? – Sirius já estava olhando assustado para o padrinho, cuja voz estava cada vez mais alta. – Será que eu preciso lembrar que nós temos pouco mais de quatro meses até as crianças nascerem?

– Não Harry, não precisa – retrucou Hermione um pouco exasperada. – E pare de gritar. – Ela ralhou, olhando dele para o bebê.

A Sra. Weasley se adiantou e pegou Sirius no colo.

– Venha com a vovó, meu amor... Harry, querido, fique calmo, sim. Sente-se – ela pôs a mão no ombro dele e o forçou a sentar. – Você precisa se alimentar um pouco. Gina passe o pão para o Harry.

Gina pegou a mão dele sobre a mesa e apertou cheia de confiança.

– Me desculpem – murmurou o rapaz.

– Tudo bem – falou Rony, segurando outro bocejo. – Já estamos acostumados.

Harry pediu desculpas de novo, ainda mais sem jeito.

– Harry – falou Hermione – não se preocupe. Vamos conseguir. O Remo vai se dedicar integralmente ao estudo do livro. Afinal, ele é funcionário da Ordem e este é o nosso trabalho mais importante no momento. O Snape também quer ajudar e até pediu para se hospedar no Largo Grimauld para poder trabalhar o maior tempo possível na tradução. – Harry e Rony trocaram um olhar desconfiado, mas Hermione ignorou e prosseguiu. – Eu vou pedir licença do trabalho e... não tem nada de mais Harry, eles estão me devendo umas folgas mesmo. E eu também vou trabalhar todo o tempo possível. Eu asseguro que, antes dos bebês nascerem, vamos ter tudo nas mãos.

Harry assentiu, tentando parecer mais calmo. Queria que tudo tivesse se resolvido de uma vez. Mas as coisas nem sempre são como queremos e Harry tinha experiência em não ter seus desejos satisfeitos. Mas, se Hermione garantia, ele acreditava. Ela nunca falhara quando a questão era pesquisa e estudo.

– Vocês combinaram mais alguma coisa? – Perguntou começando a comer, um pouco sem vontade, mas sob o olhar atento de Gina e da Sra. Weasley, que não parava de por comida na frente dele.

– O Quim quer que nos apresentemos segunda-feira no trabalho – disse Rony. – Ele falou que era apenas para dar uma satisfação para o pessoal do Ministério, já que, de qualquer forma, nós já estamos em missão.

Harry concordou.

– Ele também falou que a Ana e a Tonks vão continuar vigiando o Draco – continuou Mione – elas e mais aquele Auror que é amigo de vocês, o...

– Gerard – disseram Harry e Rony ao mesmo tempo.

– Isso – confirmou a garota. – Gerard Gryffin. Ele é de confiança, mesmo? Quero dizer, ele é da Ordem, mas nunca tive muito contato com ele e...

– O Gerard é de inteira confiança, Mione – respondeu Harry e Rony assentiu com a cabeça, pois a boca estava novamente cheia demais para falar. – Embora ele não saiba de tudo, ele tem se empenhado muito em nos ajudar.

– É... – disse Rony fazendo força para engolir – ele ficou muito incomodado com aquele negócio do sumiço das crianças trouxas. Trabalhou um monte no caso. Ele é boa gente.

– Bem – prosseguiu Hermione, apenas aceitando a palavra dos dois – basicamente foi isso que acertamos. Depois de comermos, o Rony e eu vamos para casa dormir um pouco, mas combinei de voltar à noite e trabalhar mais na tradução do livro com o Remo e o Snape.

– Eu vou também – falou Harry.

– E eu – assegurou Gina.

– Você não.

– Harry – ela reclamou. – O livro está aberto, eu posso...

– Não. O livro está aberto, mas não sabemos como ele ainda pode funcionar. E até termos certeza de que ele é agora só um livro, você não chega perto dele.

Gina deu um bufo.

– O Harry está certo, Gi – confirmou Mione. – Não é seguro para você e os bebês.

– Eu tenho a impressão de que estou sendo sempre excluída – lamentou Gina.

– Ora Gininha – provocou Rony – esse é o custo. – E fez um falsete imitando a Sra. Weasley. – Afinal, você é pequena, é menina... tá grávida...

Gina dardejou o irmão, furiosa.

– Ei, não me olha assim – reclamou Rony. – Quem te engravidou foi ele! – Disse apontando para Harry.

– Ronald! – Dessa vez, a Sra. Weasley e Hermione falaram juntas.

Gina riu debochada.

– Sua situação não é tão melhor assim, irmãozinho.

– Gina, pare de provocar seu irmão – falou a Sra. Weasley. – Rony, respeite a sua irmã. Santo Deus... que idade vocês dois têm, hein?

Provavelmente Rony e Gina, mesmo brigando como se fossem crianças, ainda eram mais velhos do que como a Sra. Weasley os via. Foi isso que Harry pensou antes de trocar um olhar com os amigos e os quatro caírem na risada.

Naquela noite, e nas seguintes, as reuniões no Largo Grimmauld prosseguiram. E a genialidade de Hermione, Lupin e Snape dava claros resultados. A cada dia eles somavam mais e mais conhecimentos sobre os rituais existentes no livro. Ainda tinham certeza que não haviam encontrado aquele que estavam procurando, mas o avanço era inegável. Muitos dos rituais já traduzidos eram perturbadores. A leitura de um deles fez com que Rony ficasse sem almoçar, embora ele não tenha sido o único, foi sem dúvida o caso mais grave. Ao ouvir a leitura de outro dos rituais, Ana ficou tão nauseada que Carlinhos teve de levá-la para casa.

Isso foi no mesmo dia em que ela resolveu que iria matar a sua curiosidade e descobrir o que Snape tinha visto na noite em que eles haviam enfrentado os guardiões.

Foi quase um mês depois da noite do Dia das Bruxas. Já deviam ser umas nove horas da noite e um grupo não muito grande da Ordem se encontrava da sede, se alternando para ajudar Hermione, Remo e Snape. Os três estavam debruçados sobre o livro, enquanto Rony tomava notas e Ana e Carlinhos faziam buscas em livros de consulta para tirarem as dúvidas dos “tradutores”. Tonks estava fazendo o turno de vigilância na Mansão Malfoy. Harry, Quim e Moody tinham vindo mais cedo, acertado alguns detalhes sobre a caça aos Comensais foragidos, mas haviam ido para casa ficar com as esposas. Minerva McGonagall estava em Hogwarts, mas aparecia periodicamente na lareira para ter notícias sobre os progressos na tradução. No andar de cima, Rony e Hermione haviam remontado o quarto de Sirius para ficarem com o bebê por perto e não terem de correr o tempo todo para a Toca para vê-lo. Winky ficava encarregada de manter o pequeno Sirius sob controle. O que, a julgar pelo que se podia ver, não era exatamente o que acontecia, pois obviamente era Sirius que controlava Winky.

Ana já tinha fugido umas duas vezes para ir lá em cima afofar um pouco o sobrinho e quando desceu de volta da segunda vez, achou que tinha a oportunidade perfeita nas mãos. Snape havia se afastado do livro e estava próximo ao fogão servindo-se de uma xícara de chá. Ela deu uma olhada geral na sala e fez um sinal discreto para que Carlinhos não viesse atrás dela naquele momento. O marido deu de ombros e movimentou a cabeça num gesto descrente. Ele sabia qual era a intenção dela, mas já tinha dito várias vezes que não acreditava que ela pudesse arrancar alguma coisa do Ranhoso. Harry e Hermione, ao contrário, achavam que, se havia alguém que podia descobrir o que Snape tinha enfrentado, esse alguém era Ana.

Ela se aproximou do fogão usando sua cara mais simpática (sem parecer animada demais, para não assustar a “presa”).

– Posso? – Pegou uma das xícaras penduradas em ganchos na parede e ofereceu-se para pegar a chaleira e servir chá para os dois. Snape andava claramente melhor depois que passara a usar a poção indicada por Alicia Weasley, mas ainda se apoiava na bengala. Isso significava fazer coisas com uma única mão quando estava em pé. Ana, no entanto, tomou o cuidado de não parecer estar fazendo algo “por” ele, mas apenas uma gentileza que incluía a si mesma.

Snape assentiu sem muita vontade e ergueu a própria xícara para que ela o servisse.

– Acho que a minha sogra mandou uns bolinhos... – comentou forçando o tom distraído enquanto entornava a chaleira – você aceitaria... para acompanhar o chá?

– O que quer, Smith?

“Droga”, Ana ralhou consigo mesma, “dois oferecimentos em menos de 10 segundos. Pateta! Por que não chegou perguntando logo, se era para entregar o jogo desse jeito”.

– Credo, Severo... Eu só quis ser gentil – ela tentou consertar, mas Snape apenas estreitou os olhos mantendo-os fixos nela.

– Gentil? Sei... Fale logo, Smith e pare de me incomodar. Você vem me cercando há semanas – Ana fez uma expressão chocada, ela tinha tentado ser tão discreta. – O que quer saber?

Ana olhou para o lado onde estava Carlinhos. Ele já tinha percebido que o seu plano de abordagem sutil tinha falhado e a olhava divertido, esperando para ver como ela ia se sair. Sem ter para onde correr, ela resolveu atacar de frente.

– O que você viu, Severo? – Manteve a voz baixa e o mais doce possível. – Na noite em que enfrentamos os guardiões...

– Por que quer saber isso, Smith?

– Curiosidade.

Snape ergueu a sobrancelha.

– Não vejo no que isso possa ser do seu interesse, Smith. Concordamos que eram experiências pessoais e que os detalhes pouco tinham de significantes.

O tom didático e desdenhoso não a intimidou tanto quanto a frieza no olhar de Snape. “Nossa, estou parecendo a Mel. Curiosidade não mata, mas ‘aleja’, ainda mais se o objeto da curiosidade for o Morcegão. Mas agora eu já comecei, então...” Ana respirou fundo.

– Foi tão horrível assim? – O maxilar de Snape endureceu. “Bingo, ponto para a Ana!” – Às vezes falar ajuda, sabe? Eu...

Severo deu um suspiro profundo e exasperado.

– Você é igualzinha à sua mãe, não é? – Ana arregalou os olhos, desconcertada. Ela não sabia ao que Snape estava se referindo, já que ela própria não conhecera a mãe. – Uma Lufa-lufa salvacionista que se mete onde não é chamada e não sabe qual é a hora de sair.

Ana deu um sorriso amarelo.

– Você gostava da minha mãe. – Foi a única coisa que ela conseguiu articular em defesa própria.

Severo claudicou sobre a bengala.

– É... – assentiu – gostava. É por isso que eu aturo você, Smith. Elisabeth não gostaria que eu azarasse a filha dela.

Ana acabou rindo. O mau humor de Snape, por vezes, era absolutamente cômico. Mas quando ela voltou a fixar os olhos nele, foi como se a ficha tivesse caído. A mente de Severo Snape estava firmemente fechada, mas ela não precisou usar Legillimencia para saber o que o estava atormentando.

– Foi ela, não foi? – Ana perguntou quase com medo de ouvir a resposta. – Foi a minha mãe que você viu naquele dia, não é?

Snape não alterou a expressão. Olhou-a por longos minutos e, se Ana fosse mais jovem ou um pouco mais assustada, teria dito para ele esquecer tudo e sairia correndo dali, mas ela permaneceu firme. Alguma coisa lhe dizia que tinha chegado exatamente à resposta que procurava. Embora, jamais tivesse imaginado que a resposta envolvesse a sua mãe...

– Sim... – ele confirmou com a voz firme e amarga – sua mãe estava lá. – Severo torceu a boca e Ana achou que uma sombra de ódio passou pelos seus olhos. – Sua mãe, a mãe do Potter, Dumbledore, Marlene McKinnon, Beijo Fenwick, Dorcas Meadowes, os irmãos Prewett... até o desgraçado do Tiago Potter estava lá. Todos pressurosos em me lembrar o quanto deviam suas mortes a MIM! – Ana abriu os lábios, chocada. – Como pode ver Smith, minha pequena aventura com o guardião foi um encantador reencontro com amigos. Foi realmente adorável passar duas horas da minha vida cercado por mortos furiosos e cheios de razão. – Ele parecia estar a ponto de cuspir, antes de resmungar em tom mais baixo. – Como se eu já não tivesse de aturá-los na minha cabeça...

Ana ficou sem palavras. Ela imaginava o quanto aquilo poderia ter sido horrível.

– Severo, eu... eu sinto muito, muito mesmo, eu...

– Eu não preciso ter de aturar também a sua piedade, Smith! – Atalhou ele furioso.

– Não é piedade – defendeu-se Ana. – É solidariedade! Será que você não sabe a diferença?

Num gesto inesperado, Snape riu. Uma risada amarga, mas quase nostálgica.

– Você realmente se parece com a sua mãe. Sempre remendando, achando um jeito de olhar as coisas por um lado mais favorável. Nem tudo pode ser visto por um prisma favorável, Ana.

– Você tem razão, mas eu não me perdoaria se não tentasse. – Ana deu um sorriso. – Além do mais, eu daria minha “solidariedade” – ela frisou a palavra – a qualquer ser humano que estivesse sofrendo. Não foi uma noite fácil para nenhum de nós, Severo, mas todos tivemos ajuda para superar o que vimos. Você foi o único que...

– Que o que, Smith? Não fui me confessar e pedir atenção para as minhas dores? Ora, por favor...

– É tão difícil assim aceitar que você é um ser humano, Severo?

– É tão difícil assim aceitar que eu sou do jeito que sou e estou velho demais para mudar? – Snape soltou um suspiro cansado. – Não quero mais falar disso, Smith. Sua curiosidade foi satisfeita e eu espero que você não volte a me importunar com isso. Ou terei de esquecer a consideração que tenho por sua mãe e o meu receio pelo tamanho do seu marido e, juro por Deus, que vou azará-la sem piedade. – Ele devolveu a xícara para a pia e saiu em direção à mesa sem dizer mais nem uma palavra.

Não fora exatamente como Ana planejara, ela tinha de admitir. Mas sua curiosidade tinha sido satisfeita. Embora, talvez, ela pudesse ter passado sem ter que ter tido aquela conversa. Caminhou também para a mesa e se sentou ao lado de Carlinhos, que a abraçou com um sorriso de “eu disse que você ia queimar os dedos”. Ela fez um muxoxo. Não tinha sido tão ruim assim. Aliás, em se tratando do Ranhoso, até tinha sido satisfatório. Hermione começou a ler o último ritual que tinha sido traduzido. Ana até que tentou manter a frieza com que nos tempos da faculdade de Direito lia os autos de processos-crime para estudo. Mas assim como Rony, num dia anterior, o estômago dela também não colaborou.


***********************************


O mês que se seguiu à aventura de Hector na Floresta Proibida não foi exatamente a maravilha que ele tinha imaginado que seria. Quer dizer, sua expectativa, quando finalmente conseguiu entrar lá (mesmo sendo para cumprir uma detenção) era a de ter histórias emocionantes para contar quando voltasse. Mas, ao invés disso, ele se sentia com uma enorme batata quente nas mãos.

O primeiro problema fora Hagrid. O professor não tinha visto nem ouvido nada da cena que Hector havia acompanhado. Ao contrário. Tinha ficado tão furioso com o garoto que mal ouvira o que ele dissera em sua defesa. Hector tinha ficado impressionado o bastante com a fala do espião para ensaiar contar para Hagrid, mas ele não acreditou. Achou que Hector estava tentando inventar uma história para se justificar. Hector acabou fechando a boca, muito magoado, e os dois saíram da Floresta furiosos um com o outro. O resultado foi mais três semanas de detenções e sem que nenhuma passasse sequer perto da Floresta.

Mas, naquele momento, a Floresta já tinha perdido muito do interesse para Hector. Afinal, o espião não estava na Floresta, mas no castelo e isso tornava a escola muito mais perigosa e... interessante.

O outro problema foram as cartas. O pai de Hector escreveu mais de uma e o garoto parecia diminuir de tamanho ao final da leitura de cada uma delas.

– Palavras duras – comentou Josh relendo uma das cartas enquanto os cinco terminavam o café da manhã na mesa da Grifinória.

– É... – concordou Andrew lendo por cima do ombro do amigo – ele usou “decepção”, “comportamento” e “tirar da escola” na mesma frase. Se o meu pai tivesse escrito isso, eu estaria em pânico.

– Você sabe como poderia acabar com toda essa pressão, não é Hector?

Esse era o terceiro problema. E ele atendia pelo nome de Mel Warmlling. A garota tinha colocado na cabeça que eles deviam contar tudo o que haviam descoberto, especialmente a cena assistida por Hector na Floresta, para os adultos. E, por mais que Hector não quisesse admitir, sabia que Mel tinha razão. Uma coisa eram as desconfianças que eles vinham alimentando com a leitura de um caderno velho e uns jornais antigos na ânsia de entrarem em uma aventura e que, no fundo, era quase uma brincadeira. Outra, bem diferente, era o perigo real representado pela presença de um Comensal da Morte dentro da escola. Alguém que estava em constate contato com... Bellatrix Lestrange. Só o nome já causava arrepios. Hector pertencia a uma geração de meninos e meninas para quem o nome da bruxa foi muitas vezes usado em histórias para assustar.

– Eu tentei falar para o Hagrid, Mel – respondeu pela enésima vez para ela – e ele não quis acreditar em mim.

– Hagrid estava bravo, Hector. Por que não tenta contar para o seu pai? Eu garanto que ele o ouviria.

– Não vou escrever nada disso por carta!

– Ahh... por favor, não comecem a brigar – pediu Andrew, cansado. – Eu já não agüento mais essa discussão.

– Você devia era estar do meu lado – criticou Mel. – Isso sim.

Andrew deu um sorriso amarelo.

– Bom... é que eu também acho que o Hector tem razão – ele se encolheu com o olhar furioso dela. – Quero dizer, podemos tentar descobrir mais algumas coisas antes de contarmos, não é?

A menina bufou. Os cinco tinham repassado cada palavra que Hector lembrava de ter ouvido na Floresta de forma obsessiva e tinham chegado à conclusões nada animadoras. Pelo visto, o espião já confirmara que a “garrafa” que prendia Mefistófeles estava mesmo em Hogwarts. E eles sabiam que ela provavelmente tinha sido trazida por Erasmus de Salpetriére na época em que Fineus Niguelus Black era o diretor. O espião ainda dissera que apenas precisava achar um jeito de tirá-lo de lá, mas “lá”, onde? E o que seria a tal “vingança” de que Bellatrix e o espião falaram? Mel era da opinião de que o espião estava atrás de outras coisas além de Mefistófeles, mas de novo eles esbarravam em perguntas. O “quê”, afinal, o espião disse que iria colocar nas mãos dos seus “amigos” Comensais?

– Mel – começou Danna – acho que podemos fazer um acordo com os meninos.

– Que tipo de acordo? – Perguntou a garota.

– É – exclamaram Hector e Josh muito desconfiados – que tipo de acordo?

– Bem, nós estamos próximos das férias de Natal, certo? Que tal se tentássemos descobrir o maior número de coisas possíveis até lá.

– Gosto desse acordo – disse Hector.

– E, você aproveita que vai estar em casa no Natal e conta para os seus pais e para o Harry tudo o que a gente sabe, Hector. – Concluiu a garota, com sensatez.

Hector fez uma careta e Mel abriu um grande sorriso.

– Me parece um bom acordo – comentou Andrew.

Josh pareceu um pouco sem graça, já que era raro ele discordar de Hector, mas ele não podia negar que estava com medo e achando que as coisas estavam ficando grandes demais para eles.

– Eu... – olhou de soslaio para Hector – eu também acho bom. Quero dizer, as coisas estão ficando realmente sérias, não é? E não dominamos muitos feitiços de defesa e...

Hector revirou os olhos.

– Tá bom, tá bom... vocês venceram. Conto tudo no Natal. – Os outros não disfarçaram um certo alivio. – Mas não vamos ficar parados até lá, vamos?

– Nãnn – retrucou Andrew – claro que não. Mas por onde exatamente vamos começar?

– Primeiro, indo para um lugar mais discreto, Andy – falou Danna juntando a mochila e lançando um olhar para umas duas colegas de dormitório que pareciam estar próximas demais deles. – Mas acho que agora temos de ir para a aula.

– Isso! – Confirmou Mel, consultando o relógio de pulso. – Podemos conversar mais tarde na Sala de Estudos.

Os meninos concordaram e seguiram as duas para fora do Salão Principal.

– Bem – comentou Hector – pelo menos, nós temos aula de Transfiguração hoje!

– O que é que tem em ter aula de Transfiguração? – Quis saber Mel.

– Ora, é uma oportunidade para ficarmos de olho no Widenprice.

– É comum quando a gente está em aula, Hector – Andrew falou segurando o riso por causa das caretas de Mel – ficarmos “de olho” no professor.

– Não foi o que eu disse? – Confirmou o menino com um sorriso maroto.

Mas Archibald Widdenprince deu a mesma aula de sempre, naquele dia. Como, aliás, em todos os dias. Não que as aulas fossem ruins, mas nunca acontecia nada nelas que os garotos pudessem identificar como o indício de qualquer coisa maligna. Em compensação, os cinco passaram a dedicar-se o dobro nas aulas de Defesa contra as Artes das Trevas. Afinal, nunca se poderia saber quando iriam encontrar com o espião. O professor Throop, famoso por alternar momentos bonachões com um imenso mau humor, andava tão orgulhoso do grupo que até tinha falado em pedir numa reunião de professores que as detenções de Hector, Josh e Andrew fossem relaxadas. E, na última aula, elogiara tanto o desempenho de Mel que Caroline tinha acidentalmente derrubado o tinteiro sobre seus próprios pergaminhos, num acesso de raiva.

Por isso, Mel saiu o mais rápido que pode da aula. Como os meninos tinham aula de Poções lá nas masmorras não poderiam vir buscá-la e ela, mesmo que não tivesse medo, não estava nem um pouco a fim de ter de encontrar Caroline e as amiguinhas nos corredores. Chegou ofegante na Sala de Estudos onde os três garotos já a esperavam.

– Cadê a Danna? – Perguntou se jogando sobre o banco.

– A Medéia pediu para falar com ela – respondeu Andrew.

– Mas ela não fez nada, não é? – Tinha uma certa ansiedade na voz de Josh.

– Claro que não, Josh – Hector revirou os olhos como se nunca tivesse ouvido uma barbaridade maior.

– Ah... bom – disse Josh, decepcionado como se esperasse alguma dica – é que a Medéia nunca pediu para falar comigo...

Mel e Andrew começaram a rir.

– Cara, eu espero que isso tenha cura – disse Hector com falsa solidariedade e um risinho cínico no canto da boca.

– Não enche. – Josh fez um bico emburrado e sentou para trás na cadeira.

Mel lançou um olhar para a mesa em que ficava o professor que deveria cuidar a sala de estudos no fim da tarde. Pelo visto, ainda não tinha chegado.

– Quem é a vítima de hoje? Vector ou o Throop? – Perguntou tirando os livros da mochila.

Andrew consultou um horário guardado entre seus pergaminhos.

– Não, o Vector vai cuidar amanhã. Hoje é o Flitwick.

– Bem que podia ser o Widenprice – Hector soltou um lamento.

– Hector – Andrew assumiu um ar professoral – Widenprice não vai receber a Bellatrix Lestrange para o chá aqui na Sala de Estudos.

Hector fez uma careta.

– Bem, ele pode cometer um deslize, não pode?

– E você tem certeza que é ele? – Mel cruzou os braços sobre a mesa e o encarou.

– Já discutimos que ele é a nossa melhor opção. Temos a dica daquele jornal que dá a entender que um antepassado do Widdenprince esteve envolvido com Artes das Trevas e que provavelmente acobertou o tal do Erasmus em Hogwarts.

– Hector! Ter indícios de que o bisavô de alguém gostava das Artes das Trevas, não faz dessa pessoa um Comensal da Morte – contemporizou Mel.

– A Mel não deixa de ter razão – confirmou Andrew.

– Mas, Andrew, foi você que achou a pista – Josh voltou para a conversa.

– É – confirmou Hector – e nós não temos outro suspeito.

Mel pensou um pouquinho enquanto acompanhava com os olhos o minúsculo professor de Feitiços entrar na sala e seguir para a sua mesa.

– Você tem certeza de que quem estava falando com a Bellatrix era um homem, Hector.

O garoto largou os ombros. Já repassara mil vezes o som esquisito daquela voz na sua cabeça. Uma voz rouca, anasalada, como se algo a distorcesse.

– Não... não tenho... mas acho que é o mais provável.

– Por quê?

– É uma espécie de intuição.

– Ou machismo – rebateu a menina.

– Danna chegou – avisou Andrew para desviar a atenção dos dois, mas no segundo seguinte o menino estreitou os olhos, parecendo incomodado.

Danna estava na porta da Sala de Estudos, acompanhada por Rupert Bothwell. Ela olhou rapidamente para o lado em que estavam sentados, despediu-se do menino da Sonserina com um tímido aceno de cabeça, e seguiu para a mesa deles com os olhos grudados no chão. Sentou ao lado de Mel e começou a tirar os livros.

– O que a Medéia queria com você, Danna? – Perguntou Josh.

– Aquele cara da Sonserina estava te incomodando? – A frase de Andrew saiu ao mesmo tempo que a do amigo e fez Mel arregalar os olhos.

Danna puxou uma pena de dentro da mochila.

– Não Andy, ele só me acompanhou das masmorras até a porta – falou sem dar muita importância. – E a Medéia só queria me fazer umas perguntas, Josh.

– Sobre o que? – Mel voltou a atenção para a amiga.

– Sobre as Selkies.

Os outros quatro trocaram olhares intrigados.

– O que ela queria saber sobre o seu povo? – Perguntou Andrew.

Danna deu de ombros.

– Ela perguntou um pouco sobre tudo. Disse que era muito curiosa, que poucos livros falavam sobre o assunto. Que não se encontrava quase nada que falasse sobre os poderes dos descendentes. Essas coisas.

– Ela queria saber sobre os seus poderes? – Perguntou Josh.

– Você contou a ela sobre os seus poderes? – Andrew parecia francamente preocupado.

– Você tem poderes diferentes? – Mel a olhava com os olhos parecendo pratos de tão arregalados.

Danna riu.

– Eu não contei nada, Andy. Na verdade, ela meio que... já sabia. Ela só queria confirmar e eu não menti.

– Que poderes são esses? – Quis saber Hector.

– Nada de mais – disse Danna dando de ombros – a maioria deles está relacionada com a água. Tipo: falar com seres aquáticos, nadar em grandes profundidades, suportar o frio... Só isso.

– Só isso? – Admirou-se Josh. – Uau! Você é uma foca mesmo – a menina sorriu – mas isso é muito legal. Puxa, ia ser muito maneiro ter uns poderes assim.

Mel e Hector trocaram um olhar preocupado e Andrew também não pareceu participar do entusiasmo de Josh. Nenhum dos três confiava que a professora Medéia tivesse feito aquelas perguntas por simples curiosidade. Sem falar na estranheza de uma sonserina estar se interessando pelos poderes de uma mestiça. Danna sentiu a inquietação dos amigos.

– Não acho que tenha havido nada de mais nas perguntas dela, sé é o que querem saber – afirmou.

– Mesmo assim, não deixa de soar estranho – falou Mel, pensativa.

– Não comecem – gemeu Josh, mas os outros o ignoraram.

– Acho que, apesar do Widenprice – continuou Mel – deveríamos ficar de olho na Medéia.

– Não – sibilou Josh – nós já tínhamos concordado que era o Widenprice. O Hector disse que ouviu um homem e... Mel, você é muito preconceituosa, viu?

Foi Andrew o primeiro a falar depois do silêncio constrangido que se seguiu.

– Se ela não é má, Josh, você não tem porque ficar preocupado.

O menino baixou a cabeça. Não conseguia aceitar a disposição dos amigos em sempre achar que as coisas ruins tinham que estar necessariamente ligadas à professora. Só porque ela dava aula de Poções? Porque era da Sonserina? Isso não justificava. Ela era boa professora. Quase sempre gentil com todo mundo e... era bonita. Não podia ser má. Mas ele achou tinha sido grosso com Mel e acabou pedindo desculpas. O grupo voltou, por algum tempo, a atenção para as tarefas que tinham para fazer, esperando que o mal estar se dissipasse. Então ninguém notou quando Hector ergueu a cabeça do dever e fitou o horizonte como se tivesse acabado de receber uma benção direta dos céus.

Danna foi puxar um livro para confirmar sua resposta na redação de Astronomia e deu de cara com o olhar beatificado do garoto.

– O que foi?

– Eu já sei... – os outros três o olharam imediatamente – eu sei como podemos ter certeza de quem é o espião.

– Como? – A pergunta saiu quase em uníssono.

Hector sorriu.

– Bem, acho que chegou a hora de eu me apoderar da minha herança.

– Aconteceu alguma coisa com o seu pai, cara?

– Não seja bobo, Josh. Estou falando da minha herança. Do que é meu de direito por ser o último dos Marotos. E vai ser nesse Natal que eu vou pegá-lo.

Mel arregalou os olhos em entendimento.

– Você está falando do mapa? – Hector confirmou sorrindo largamente. – Mas como pode ter certeza de que vai conseguir? Não acho que depois de contar tudo o que a gente sabe, o Harry ou mesmo o seu pai vão querer que esse mapa venha para suas mãos?

– Uma coisa não tem nada a ver com a outra, Mel. Eu posso contar sobre o que descobrimos, mas eles não precisam ficar necessariamente sabendo que o mapa está comigo.

Mel fez que não com a cabeça já prevendo o que o amigo estava tramando.

– De que mapa vocês estão falando? – Perguntou Andrew que, como Josh e Danna, parecia confuso.

– Um pequeno segredo de família que vai melhorar muito a nossa vida aqui dentro – respondeu Hector. – Não me olhe assim, Mel. Eles deviam ter incluído este mapa no meu material escolar, quando eu vim para Hogwarts no ano passado.

– E no que este mapa pode ajudar a respeito do espião? – Questionou Josh.

Dessa vez, nem Mel conseguiu se segurar em sorrir com alguma malícia para o amigo. Podia não concordar com os métodos de Hector, mas com certeza ter nas mãos o Mapa do Maroto seria a melhor forma de se tentar descobrir quem era o espião. Ou pelo menos, quem tinha hábitos estranhos o bastante, para ser suspeito.


******************************


– Tosco!

Draco entrou no vestíbulo da Mansão retirando as luvas, o gorro e a manta e chamando pelo elfo. A Inglaterra nunca seria tão fria quanto os arredores de Durmstrang, mas ainda assim conseguia fazer dias excepcionalmente gelados. Dezembro mal começara e já havia neve e chuva o bastante para se estar desejando pegar a primeira chave portal disponível para uma praia tropical. Tosco não atendeu imediatamente ao chamado fazendo com que Draco virasse os olhos, contrariado. Ele bateu a neve que se acumulava sobre a capa e seguiu para uma das salas intimas que ele estava usando como aposento. A maior parte da Mansão permanecia escura e desabitada, mas Draco conseguira, com cuidado e um pouco de poção polissuco, ir até algumas lojas no Beco Diagonal e reformar pelo menos as peças que estava usando. Não fora uma reforma extensa, mas já lhe dava algum conforto. O mais difícil tinha sido desentranhar o cheiro de mofo e abandono que tanto o incomodavam, mas já havia conseguido avanços.

Voltara para a Inglaterra já há quase dois meses e ainda não tinha chegado a uma conclusão do que ia fazer da sua vida. Tampouco se relacionara com qualquer pessoa desde que voltara. As únicas duas pessoas com quem ele tinha algum contato, depois de alguns encontros, ele decidira evitá-las. Severo Snape, seu antigo professor dos tempos de Hogwarts, continuava fazendo com ele o mesmo joguinho ambíguo que fizera nos tempos da guerra e Draco continuava sem saber de que lado ele realmente estava. Ter contato com sua tia Andrômeda seria ter de aturar mais sermões sobre como ele ainda podia ser salvo do “trágico” destino do Malfoy. Não. Preferiu manter-se sozinho. Estava acostumado, se as pessoas não estavam por perto para servi-lo e apreciá-lo, pelo menos que não ficassem por perto para aborrecê-lo.

– Tosco! – Chamou novamente entrando no corredor do segundo andar. “Onde diabos se meteu este elfo?”

Draco precisava de uma bebida para poder pensar. Estivera examinando a propriedade. Vinha fazendo isso desde sua conversa com Andrômeda. As palavras dela não lhe saiam da cabeça: “... você tem dinheiro para reconstruir tudo isso. Poderia até retomar o respeito da sua família, se ficasse do lado certo dessa vez”. Rangeu os dentes ao lembrar da última parte. Adoraria tornar a sua casa bela de novo, receber, ver sua propriedade ser admirada e invejada. Mas se “ficar do lado certo” incluía ter de engolir o idiota do Potter e os amigos... ele preferia... “Inferno!” Ele queria a sua vida de volta!

– TOSCO! – Berrou furioso. – Quando eu colocar as minhas mãos em você, você vai se arrepender de ter nascido, elfo miserável! Vou fazê-lo passar a noite pendurado na janela para o lado de fora preso pelos pés! TOOOSCOOO!

Ele entrou na sala em que costumava ficar quase derrubando a porta, enquanto arrancava a capa de sobre os ombros.

– Draco, não perca a paciência com os servos – A voz fria de Lucius fez com que Draco estacasse como se tivesse sido congelado. O pai estava em pé perto da janela e o olhava com um sorriso condescendente. Parecia mais magro, mais velho, mas ainda era o pai que Draco lembrava. – Quantas vezes eu já lhe disse que você deve mostrar força e puni-los sempre que necessário, mas nunca deve perder a classe?

Draco permaneceu quieto. Os olhos arregalados e o coração saltando na garganta.

– Ora, Lucius – uma voz de mulher fez Draco olhar para uma das poltronas. – O menino ficou anos longe da civilização. Não seja tão duro com ele. – Bellatrix sorriu maliciosa para o sobrinho, por sobre um copo de wisky de fogo.

– O que... – Draco finalmente recuperou a voz e os movimentos – o que estão fazendo aqui?

– Ora, Draco – Lucius deu um passo em direção a ele – isso é jeito de dar as boas vindas para a sua família? – Draco ofegou por um momento. – Não estou bravo por ter ido embora, filho. Na sua idade, eu provavelmente teria feito o mesmo. O que acha de... fazermos as pazes, hein?

Lucius fez uma expressão paternal e abriu os braços para o filho. Draco ainda demorou alguns segundos olhando para o que lhe era oferecido. Mas finalmente largou no chão a capa e soltando pesadamente o ar dos pulmões, caminhou até o pai e o abraçou. Bellatrix sorriu e ergueu o copo num brinde mudo. O rosto cheio de satisfação.



>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>><<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<
N/A: Bem, queridos, aí está o 23. Não ficou um de meus favoritos, mas era necessário que ele fosse exatamente assim.

Sobre o capítulo anterior: Muito obrigada a todos pela emoção dos comentários. Vcs fizeram uma autora feliz e gratificada.

Gente, eu sempre tento avisar todos por e.mail quando eu posto, mas muitos têm retornado, então, é só ficar atento ao título do capítulo, ok?


Morgana Black: Muito obrigada, Morg. Fiquei toda contente com o seu coment. Sobre o Sev, espero ter matado a sua curiosidade como a da Ana. Beijos!
Saliva: Adorei cada um dos seus comentários, Saliva! Obrigada pela leitura, pelos elogios e pelas notas :D. Vc fez uma autora muito feliz! Bjs!
Bruna Perazolo: Bruninha, você pode me chamar de má, mas o que mais adorei ler no seu comentário, foi a sua sensação de estar na fic errada. Hehe, era exatamente esse o objetivo. Mas o comentário em 5 partes me fez sorrir de orelha a orelha. Fiquei encantada com a forma como vc ficou tocado com o capítulo, Foi um elogio e tanto! Obrigada de coração, amiga! Beijo grande.
Charlotte Ravenclaw: Sim, querida, livro maldito é justamente o nome do Livro de Fausto. Matei sua curiosidade? Espero que sim. E quanto ao livro... aguarde e confie. Beijos amada!
Brunaa: :D :D :D Grande sorrisos, querida! Muito obrigada pelo comentário. Sabe que essa também essa é uma das minhas passagens favoritas. Acho realmente que o Tiago e o Harry teriam essa identificação e, talvez, até brincadeiras como estas. Um beijo!
Priscila: Valeu Pri. Eu também me emocionei escrevendo está primeira parte. Obrigada pelos elogios. Um beijo grande!
Gina W. Potter: Puxa, que responsabilidade, hihi. Mas é do tipo que deixa a gente super feliz, ainda mais que você “migrou” da My Girl para o Retorno. Obrigada mesmo e um beijo grande!
Nana Black: Que bom que valeu a pena a espera Nana. Sabe, se eu pudesse as atualizações seriam bem mais freqüentes, mas infelizmente o tempo nem sempre nos favorece como a gente gostaria. Que bom que, mesmo assim, vocês ainda não cansaram de mim. Muito obrigada pelos elogios. Beijão!
Victor Farias: Hahahaha!!! Não fiquei braba, não Victor. Pelo contrário, achei um elogio enorme, hihi!! Obrigada mesmo. Bem, a Ana é na verdade da Bel, eu sou só uma “madrinha” meio atirada que, sem a menor cerimônia puxei a personagem maravilhosa da fic dela. E acho que vc deve ter curtido ela nesse capítulo, não? Foi uma conversa de fã, hehe! Adorei conversar com vc. Beijo grande!
Bernardo: Desculpe a demora querido. Bem que eu queria que fosse diferente. Obrigada por comentar sempre, sua opinião sempre me deixa muito feliz. Um beijo grande.
Regina McGonagall: E aí? Gostou? Pensei em você escrevendo aquela parte. Lembrei do final maravilhoso da sua fic. Obrigada pelo carinho e os elogios. Beijão querida!
Belzinha: Feliz fico eu, Belzinha. Feliz por vc não ter se decepcionado em “dividir” a Ana comigo e por vc estar sempre por perto para ler, dar sua opinião e ainda corrigir as minhas bobagens. Te adoro, amiga!
Molly: Molly eu ri muito com a história da celebridade. Quem me dera? Talvez assim eu pudesse ter mais tempo para fazer o que eu gosto. E pode apostar que aí eu escreveria muito mais. Tem tanta história que vai ficando de lado por falta de tempo para pô-la no papel. Muitíssimo obrigada por todos os elogios, querida! Bjs!
Kika: O Harry, na definição do Dumbledore, é uma pessoa extraordinária e eu, Kika, não discordo do Dumbie nesse caso. Agora, se ele é esse garoto incrível tendo o amor dos pais por apenas uma ano, imagina se ele pudesse ter tido nos outros. É por isso que a gente torce tanto por ele, né? Ele merece. E vou continuar agradecendo, Kika. Sempre. Bj!
Maria Luísa: Obrigada, obrigada! :D Claro que tinha que ter H/G, e eu lá me controlo? É uma doença, hihi (não estou buscando cura, viu?). Beijo grande!
Clow Reed: Brigadão, Rafa! Também achei cruéis os feitiços. Fazer a gente acreditar em algo com cheiro, sons, tato, seja o paraíso ou o inferno é algo que pode arrebentar qualquer um. Ainda bem que o Harry tem para o que e para quem voltar. É aí que está a força dele. Beijão querido!
Sônia Sag: Ahh querida! Muito obrigada, mesmo! Espero que seus colegas não tenham ficado olhando estranho para vc, hehe. Vc sabe o quanto sua opinião me deixa feliz. Um grande beijo e espero que tenha saciado um pouco a sua curiosidade a respeito do Morcegão!
Doug Potter: Brigadão Doug!
Nayane Souza: Hihi! Desculpe o susto Nayane, mas era essa a intenção. Fico feliz que apesar da doidice ninguém tenha parado no meio. Obrigada pelos elogios. Beijo!
MarciaM: Hahaha!! Toda poderosa e frasco inteiro de criatividade me fizeram rir muito. Nem uma coisa nem outra, Márcia. Mas fico muito feliz que vc leia as minhas doidices e ainda assim goste. Beijo grande e adorei conversar com vc!
GraziDSM: Lindinhaaa!!!! Vc ainda está perto de Porto? Eu estou aqui agora! Ia te mandar um mail, mas acabei me enrolando. Se ainda estiver, me avisa. Quem sabe a gente não consegue se ver, hein? Beijos amada!
Carline Potter: Minha linda!! Que saudade de vc! Como é que a informática pode ser assim cruel e me deixar sem seus coments, hein? E o pior, a gente nem tem conseguido conversar, tsc, tsc. Fiquei bem feliz em ler vc aqui de volta e na My Girl também. Desculpe as demoras, viu? Não é por vontade minha, eu garanto. Beijo grande!
Iris Potter: Puxa, Íris obrigada mesmo. Principalmente pela comparação com livros. Isso me deixou radiante. Beijo grande!
Ana: Obrigada, Ana! A comparação com a mestra JK só pode me deixar muito feliz mesmo. Um beijão!
Nicole Evans Tem razão, Ni, acho que fui cruel sim... mas não tinha outro jeito. Depois que os feitiços foram criados, eles só poderiam agir assim. Mas compensei um pouquinho nesse capítulo, não? Beijocas!
Andressa: Valeu Andressa! :D E pode ter certeza estou fazendo todo o possível para postar o mais rápido que posso. Beijo grande!
Carolshimi: Querida, obrigada mesmo pelo comentário e pelos elogios, fiquei toda sorriso que tenha gostado tanto. Fico feliz que mesmo com toda loucura do vestibular vc ainda consiga um tempinho para continuar lendo a fic. Um beijo enorme!
Dani: Obrigada pelos elogios, Dani. Que bom que gostou do capítulo 22, foi provavelmente o capítulo que deu mais trabalho até agora :D. Um beijo grande!
Géia: Ahh minha amiga! Obrigada! Sabe que hj mesmo o Gu me disse a mesma coisa que vc sobre o Harry e a Gina da fic? É muito gratificante saber que tenho conseguido não perder a magia das personagens. E pode apostar que recebo de bom grado os abraços Molly, viu? Ainda mais os seus. Beijo imenso, querida!
Flavia Marinho: Puxa, Flavia, brigadão, mesmo! Adorei seu comentário e o fato de vc estar lendo esta fic também. Um beijo carinhoso!

Obrigada por todos os acessos, votos e coments. Vocês são o máximo!
Beijos
Sally

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.