Momentos Sirius e Lince



- Pronto. – falou Lince cansada, jogando-se ao lado de Sirius no sofá da casa Cresswel, ela vestia uma roupa confortável e leve, uma saia longa de tecido esvoaçante na cor verde cana e uma blusa de alças finas preta, virou-se para Sirius e falou. – Já está tudo pronto para o casamento, a decoração já está arrumada, só faltam as comidas e as bebidas, mas isso só vai ser arrumado no dia e já comprei meu vestido.

- Quer dizer que amanhã há esta hora Harry estará casado. – murmurou Sirius a olhando com um certo brilho maroto.

- Sim. – respondeu ela o olhando desconfiada. – Fico tão feliz por ele, os dois sofreram tanto merecem ser felizes.

- Como é seu vestido? – perguntou Sirius sorrindo chegando mais perto de Lince.

- Verde-água. – respondeu ela o olhando nos olhos, Sirius fez uma careta de curiosidade e ela continuou. – E mais nada, vai ser surpresa, nem adianta tentar descobrir como é.

Sirius observou o quanto à voz dela saiu divertida, ele amava vê-la feliz e odiava quando ela ficava triste, passou a mão pelo rosto delicado dela, às vezes não acreditava que ela era tão forte e decidida, a aparência dela era de uma boneca de porcelana, daquelas delicadas que parecem de verdade, mas ele sabia que por trás dos traços finos e travessos existia a mulher mais maravilhosa que ele já vira.

- Está me olhando com cara de bobo, de novo. – comentou Lince sorrindo.

É, ele tinha esquecido do quanto ela gostava de jogar com ele, sempre o instigando, não podia dizer que não gostava, mas naquele momento ele queria fazer uma coisa mais interessante com a boca dela, foi com esse pensamento que ele se aproximou e a beijou apaixonadamente, pedindo com a língua passagem para aprofundar o beijo, no que foi atendido prontamente, a sentiu se afastar bruscamente e soltou um gemido de protesto antes de abrir os olhos e vê-la já de pé olhando pela janela, ele olhou também e viu que chovia, ele sorriu, sabia o que ela faria.

Lince estava se sentindo cada vez mais quente à medida que Sirius a beijava, estava prestes a se aproximar mais um pouco dele quando ouviu um barulho a muito conhecido, estava chovendo, ela sorriu e se encaminhou para a porta de saída, a chuva estava grossa e lhe molhou o corpo rapidamente a deixando encharcada, ela amava a chuva, a chuva lhe fazia sentir como se estivesse lavando a alma tirando de dentro de si todos os problemas, quando se viu sozinha em outro país, sem amigos e com o peso do mundo em suas costas seu único consolo foi a chuva, abriu os braços e levantou o rosto deixando que os pingos tirassem dela todas as lembranças ruins, para que a sua nova vida que estava prestes a começar fosse livre de todo e qualquer pesadelo.

Sirius observou do hall de entrada da casa Lince andar até o meio do extenso gramado e abrir os braços levantando o rosto, ele sabia como ela se sentia quando estava debaixo da chuva, adorava ver o quanto à expressão dela se desanuviava quando ela deixava os pingos da chuva cair por seu corpo, durante muito tempo não soube como ela conseguia suportar ver um por um de sua família morrer bem na sua frente e não poder fazer nada, quando perguntou pra ela, ela simplesmente respondeu que deixava que a chuva levasse todos os seus problemas embora. A chuva também lhe trazia lembranças dos tempos de Hogwarts…
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Flashback

Sirius já estava cansado disso! Fazia quase um ano que namorava Lince, e de repente ela começou a sumir sem dar explicação, ele não se importava de que ela fosse onde quisesse, mas estava chovendo e ele pensou que eles poderiam ficar juntos, sentados de frente a lareira um aquecendo o outro, mas não! Ela sumiu todas as vezes que choveu durante a semana mais chuvosa que ele já tinha visto na vida! Estava desesperado, sua mente já começava a fantasiar imagens de Lince com outro homem, era torturante, será que ela o estava traindo?

Foi pensando nessa possibilidade que ele resolveu tomar uma atitude, pegando o Mapa do Maroto, artigo feito com a ajuda da própria Lince, ele a seguiu por todo o castelo, não sabia para onde ela estava indo, parou de andar, surpreso, quando viu que ela estava saindo do castelo, mas naquele temporal? Sirius pensou por um instante e colocando um feitiço impermeabilizante no mapa foi em direção ao saguão de entrada e saiu no encalço dela.

Após andar na chuva por um tempo indeterminado Sirius a avistou no meio do jardim um pouco antes da árvore que ele e os amigos adoravam se sentar e relaxar, ela estava parada com o rosto levantado, ele se aproximou um pouco cautelosamente, quando chegou perto o suficiente viu que ela sorria e mantinha os olhos fechados, chegou bem perto, mas sem tocá-la.

- Estava imaginando quando chegaria. – falou Lince sorrindo, abaixando os braços e o olhando, surpreendendo Sirius.

- Você sabia que eu estava te seguindo? – perguntou Sirius abismado.

- Desde que sai da torre da grifinória. – respondeu Lince alargando mais o sorriso.

- O que está fazendo aqui? – perguntou Sirius, pensando que já devia saber que nunca iria conseguir segui-la sem que ela percebesse.

- Meu tio Mike morreu. – respondeu Lince, uma lágrima escorreu de seu olho, apesar de toda a chuva Sirius percebeu e aquilo fez seu coração apertar dolorosamente odiava vê-la triste. – Grayback o matou, ele se recusou a entrar para o exército de lobisomens do Voldemort.

Voldemort! Odiava aquele nome! Era o homem que estava fazendo sua garota chorar, Sirius não suportava vê-la triste, mas ultimamente era como ele mais a via, mais e mais membros da família Cresswel eram mortos e Lince via todas as mortes sem exceção, era uma tortura para ela e para ele também, sentia o coração sangrar toda vez que a via olhando para o nada, pois sabia que ela estava vendo a morte de mais algum parente.

- Eu sinto muito. – falou Sirius acariciando o rosto dela, era a única coisa que podia fazer, ficar ao lado dela.

Lince deu um sorriso triste e fechou os olhos surpreendendo-se do quão confortador era aquele simples gesto.

- A chuva sempre me chamou a atenção. – falou ela, sua voz embargada pelo choro que estava segurando desde que saiu da sala comunal, ela não choraria na frente de ninguém além dos amigos. – Desde pequena eu sempre ia tomar “banho” de chuva, me acalma, quando meu avô morreu, eu me senti perdida, eu tinha quatro anos e me lembro como se fosse hoje, eu estava no meu quarto e de repente vi o vovô caindo da cadeira com a mão segurando o peito, ele parecia sentir muita dor, pisquei os olhos e estava no meu quarto chorando com minha mãe desesperada tentando chamar minha atenção, eu corri até o quarto do vovô, mas não adiantou nada, ele já estava morto, foi a primeira vez que meus poderes se mostraram.

Lince fez uma pausa, Sirius a olhava admirado, ela não era de falar muito sobre coisas tristes, respirando fundo ela voltou a falar:

- Estava chovendo muito naquela noite, eu não agüentei ficar no quarto do vovô e sai correndo para fora de casa, tropecei em uma pedra e caí de joelhos, minhas mãos estavam na terra, levantei o olhar para o céu e chorei, fiquei um bom tempo ali, após alguns minutos me senti melhor, sentia como se toda a angustia se esvaísse, meu avô sempre gostou da chuva também, ele estava muito doente do coração, e um dia quando eu disse que não queria que ele fosse embora para sempre ele me olhou e disse olhando pela janela, “está vendo a chuva?” eu acenei que sim, “quando eu me for e você sentir muita saudade é só pensar em mim que eu estarei bem perto de você, através da chuva eu vou voltar a abraçá-la e a confortá-la em meus braços, minha menina”.

Sirius não conseguiu conter uma lágrima, então era por isso que ela sumia toda vez que chovia?

- Toda vez que chove, é como se eu ouvisse meu avô me chamando “vem minha menina, eu estou aqui”, eu me sinto como uma criança que caiu e ralou o joelho e consegue conforto no colo de seu avô querido. – falou Lince chorando, Sirius a abraçou e eles ficaram ali, sendo envolvidos pelos braços do avô dela.

- Eu sinto muito. – falou Sirius, depois de algum tempo, envergonhado. – Eu pensei que você… pensei tanta besteira.

Lince sorriu e o beijou, não gostava que pegassem no seu pé, mas não podia deixar de achar fofo o modo como ele tinha ciúmes dela, o beijo que era para ser simples e casual estava se tornando cada vez mais quente e provocante, Sirius já a apertava contra seu corpo e ela podia perceber no que aquilo ia dar se ela não parasse, mas não conseguia, seu corpo se movia sozinho, com um pequeno impulso enlaçou com as pernas o quadril dele, ele se moveu e segundos depois ela sentiu ser prensada contra a árvore que estava a alguns passos de distância, quando ele começou a descer a alça da blusa que usava ela parou o beijo e abaixando as pernas o afastou delicadamente.

- Aqui não, assim não. – murmurou ela ofegante.

Sirius se afastou relutante, mas entendeu o que ela queria dizer, ainda não era hora, ele a esperaria o tempo que fosse necessário, era difícil, praticamente impossível se controlar perto dela, mas o faria, ele a amava mais do que tudo. Juntos eles voltaram para o castelo, ambos silenciosamente prometendo-se fazer de tudo para permanecerem juntos.

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Sirius sorriu, era incrível como ela conseguia o fazer rir como um bobo alegre. Ele continuava a observando, a roupa dela estava totalmente encharcada e pregada no corpo, ele engoliu em seco, ela ainda conseguia deixa-lo sem fôlego, apesar de que ele sabia que não importava quanto tempo ficassem juntos ela sempre o deixaria sem fôlego, simplesmente porque a amava de corpo e alma.

Aproximou-se dela e a abraçou por trás beijando-lhe o pescoço, sentiu-a estremecer em seus braços, sorriu perante o poder que sabia ter sobre ela, no entanto seu sorriso desapareceu assim que ela se virou para ele e começou a desabotoar sua camisa, é tinha que confessar, ela tinha o mesmo poder sobre ele.

Lince ficou sentindo a chuva cair sobre seu corpo por um longo tempo, em sua mente passava tudo que passou até aquele momento e chegou à conclusão de que valeu a pena, por mais que tivesse sofrido, e sofreu muito, estar ali com o homem que amava e tendo ao seu lado seu afilhado, seus amigos, era maravilhoso, apesar de toda a falta que sentia da família e dos amigos que partiram não podia reclamar do fim que levou sua vida.

Ao sentir Sirius a abraçar por trás e beijar seu pescoço sentiu todo seu corpo estremecer e uma onda de calor perpassar cada célula existente dentro de si, e percebeu que aquele não era o fim e sim um recomeço muito feliz para sua vida, que até então não era vivida em toda sua plenitude, ela nos últimos anos não viveu apenas sobreviveu, apenas ao encontrar Anny e depois Harry e os outros que pode se sentir um pouco mais viva, mais humana, antes, tudo era escuridão, não conseguia ser feliz, e agora, agora nada mais a impediria de ser feliz, sorriu expressando toda a sua felicidade, sentiu Sirius a levantar com os braços e a carregar para dentro da casa, o beijo sufocante e quente que ele lhe deu tirou qualquer resquício de consciência que ainda poderia ter, quando deu por si já estava deitada na cama minimamente vestida com ele por cima dela, agora era hora de aproveitar a felicidade que custou tanto a conquistar, se esquecendo de tudo ela se entregou mais uma vez nos braços do homem da sua vida.


Oie Mat, que bom que não esqueceu da fic, estava sentindo falta dos seus comentários, esse é o penúltimo capítulo espero que goste, acho que o Sirius e a Lince mereciam esse cap, bem, beijo, e obrigado por comentar.

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