Despertando o espião



Na casa dos Potter



- O que? – Hermione diz mais alto do que pretendia, por sorte as crianças estão em outro quarto, pois a última coisa que ela quer é falar sobre o sumiço de Draco na frente das filhas – você está me dizendo que o professor Snape foi para Joanesburgo pra tentar descobrir o que aconteceu com meu marido?



- Ele não é mais nosso professor, mas basicamente é isso – Harry diz sorrindo – essa foi exatamente a minha reação quando descobri o que ele pretendia fazer. Quer dizer, eu fui um pouco mais discreto, não quis arriscar tomar uma reprimenda dele. Como chefe dos aurores, isso não cairia bem, se é que me entende



Hermione sorri, ela entende muito bem, mesmo que o professor já tenha ido a sua casa e tenha um certo relacionamento com Draco, ela não consegue ficar totalmente a vontade com ele – mas voltando ao assunto – ela continua – eu comentei com ele sobre o que estava acontecendo, mas nunca imaginei que ele iria tomar uma atitude como essa



- Espera aí – Harry interrompe a amiga – você está querendo dizer que fez confidências a Severo Snape? – ele não resiste em provocá-la



- Claro que não, Harry, que ideia! – Hermione diz, ela para por um momento – quer dizer, ele estava no hospital quando Annie chegou com uma febre que não passava, eu estava no ministério com você e demoraram um pouco para me localizar e o professor Snape ficou com ela até que eu chegasse – ela vê que Harry faz uma expressão incrédula – eu sei – ela diz – é difícil imaginar o Snape fazendo companhia para uma criança doente, mas acredite, a Annie consegue tirar o melhor de cada um, como eu não sei. O fato é que nós acabamos conversando e eu disse que provavelmente a febre deveria ser consequência da falta de notícias do Draco



- E isso fez com que o famoso morcegão saísse da toca para procurar o Draco – Harry completa ainda boquiaberto. Ele sabe que a filha caçula de Hermione é uma criança muito meiga e cativa a todos, mas nunca em sua vida ele pensou que isso pudesse afetar o tão temido mestre de poções



- Não fale assim! – Hermione diz tentando conter um sorriso – o senhor Snape está ajudando bastante, mas quanto à Annie basicamente foi isso mesmo, pelo que eu estou percebendo



- E ela está bem? – Harry pergunta, ele sabe que a garota tem a saúde frágil



- Sim, agora está – Hermione diz – a febre passou sem explicação, mas ainda me preocupa – ela suspira – eu sei que ela sabe que algo está errado e a Lizzie, bem daquele jeito que você conhece, já me colocou contra a parede e fez questão de dizer que sabe que algo está errado



- Eu sei que você não é uma mulher a quem eu possa dizer que tudo ficará bem levianamente – Harry diz segurando a mão da amiga – mas acredite, se tem uma pessoa que pode descobrir o que está acontecendo, esta pessoa é o Snape, vamos acreditar que tudo ficará bem



Hermione olha para o amigo, ela precisa desesperadamente acreditar nisso, por isso ela sacode cabeça para espantar as lágrimas e diz apenas – obrigada...



XXXXX



Em Joanesburgo



Snape observa o seu uísque de fogo, o segundo da noite. Ele está no bar há bastante tempo, mas ainda não falou com ninguém, tudo que ele faz é observar, ele quer conhecer o território antes de fazer qualquer coisa



Ele vê vários homens de negócios que aos poucos foram chegando para uma bebida relaxante. Pelo que conhece de seu ex-aluno, Snape sabe que provavelmente Draco seria um deles, ele tomaria uma bebida com alguns parceiros de negócios em seguida iria para o quarto conversar com a sua família



Então Snape se prepara para começar a sua missão, não uma missão de vida ou morte como as que enfrentava como agente duplo, mas uma missão que vai trazer novamente o sorriso para o rosto de uma garotinha que embora ele ainda não tenha percebido já se tornou muito especial



O mestre de poções faz um discreto sinal para o garçom que prontamente vem em sua direção dizendo de forma solícita:



- Mais alguma coisa, senhor?



- Não obrigado – Snape recusa polidamente – pode colocar esta despesa na minha conta – ele vê que o garçom assente com a cabeça e se prepara para se retirar – só mais uma coisa – ele diz – eu soube que um ex-aluno meu está hospedado neste hotel e gostaria de surpreendê-lo, mas infelizmente ele não apareceu aqui. O senhor por acaso atendeu um homem loiro vindo da Inglaterra nos últimos dias? Ele está aqui a negócios



- Dezenas, senhor – o garçom responde sem pestanejar – nós recebemos hospedes do mundo todo, principalmente da Inglaterra e este é o hotel preferido para homens de negócios bem sucedidos, sinto não poder ajudar



- Não tem problema – Snape diz lutando para esconder a sua frustração. Ele sabia que não seria assim tão fácil, mas ele não pode evitar



- O senhor já tentou na recepção? – o garçom diz depois de pensar um minuto – nós não temos o costume de passar informações sobre os hóspedes, mas quem sabe se você disser que é um amigo talvez possam ajudá-lo



- Obrigado, vou fazer isso – Snape diz enquanto dá alguns nuques de gorjeta para o rapaz



O ex-professor se dirige a recepção, na verdade ele já havia pensado nisso, mas por algum motivo lhe pareceu que o bar do hotel fosse algo mais certeiro. Ele para no balcão e pigarreia, uma senhora aparece e pergunta:



- Boa tarde, senhor. Em que eu posso ajudá-lo?



- Boa tarde – ele diz tentando não soar como um professor exigindo uma resposta dos seus alunos – eu estou hospedado aqui e procuro o senhor Draco Malfoy



- Ah sim – ela diz enquanto observa rapidamente os registros – ele está aqui há alguns dias



- Eu poderia encontrá-lo? A senhora poderia avisar que eu estou aqui?



- Sinto muito, senhor – ela diz depois de um momento – há uma ordem bem clara que o senhor Malfoy não deve ser incomodado sob nenhum pretexto



- Entendo – Snape diz fazendo o possível para não deixar transparecer a sua surpresa – ele disse isso quando chegou? Talvez se ele souber que eu estou aqui...



- Infelizmente não posso fazer nada – a recepcionista o interrompe – as ordens foram bem claras, quando o senhor Malfoy se hospedasse ele não deveria ser incomodado por nenhum tipo de pretexto, mensagens, corujas ou pessoas. Está aqui na ficha da reserva



- Tudo bem – ele para por um momento – então acho que vou esperar que ele chegue, eu tenho certeza que o senhor Malfoy não queria dizer isso em se tratando de um velho amigo, seu antigo professor



A senhora fica em silêncio por um minuto como se analisasse se deveria ou não continuar, por fim ela diz



- Temo que isso não vá acontecer, ele está usando a lareira do próprio quarto e não usou a recepção em momento algum desde que se hospedou



Snape esconde a sua surpresa com a sua feição usada nas épocas de agente duplo enquanto diz – tudo bem, mas eu gostaria imensamente que caso ele apareça, a senhora avise que eu o procurei



- Farei isso – a senhora diz – mais alguma coisa?



- Não obrigado – ele fala enquanto se retira para os seus aposentos. A única coisa que ele pensa é que tem algo muito estranho nesta história e que definitivamente não é algo bom...



XXXXX



Na mansão Malfoy



Hermione olha pela lareira. As meninas exaustas da tarde na casa dos Potters foram dormir sem muita conversa, mas ela simplesmente não consegue. Ela sabe que será em vão, mas a morena simplesmente tem que ficar durante um tempo esperando notícias de Draco antes de finalmente sucumbir ao sono



Ela tem uma centelha de esperança agora, Hermione sabe que Snape fará o que for possível para descobrir o que aconteceu e como um bom sonserino não terá escrúpulos em usar qualquer tipo de artifício para isso. Ela só espera que ele consiga trazer boas notícias, mas ao mesmo tempo ela se pega pensando. Se Draco está bem por que ele não entrou em contato?



A morena suspira e dá uma última olhada pela lareira antes de finalmente se recolher...



XXXXX



No quarto das meninas



Annie observa Lizzie que dorme o sono dos justos, as duas meninas vêm dividindo o mesmo quarto desde que o pai viajou e não deu mais notícias. Pra falar a verdade se fosse por ela, estariam dividindo o quarto também com sua mãe, não por medo ou algo assim, mas porque Annie sabe que a sua mãe está triste e preocupada. Não que a sua mãe tenha dito algo, mas não precisa, Annie simplesmente sabe e ela tem certeza que Lizzie também sabe disso



A pequena sabe que tem algo muito errado. Seu pai nunca deixaria a sua mãe preocupada nem ficaria tanto tempo sem dar notícias e não é apenas isso, ela tem algo em seu peito como se uma mão invisível apertasse a sua garganta e não a deixasse respirar. Annie sabe que tem algo acontecendo, ela não sabe dizer direito o que é, mas de uma coisa ela tem certeza, é algo que vai mudar completamente a vida da família...



XXXXX



De volta a Joanesburgo



Snape anda de um lado para o outro. As coisas estão ficando mais complicadas do que ele previu. Ele agora tem mais certeza que nunca de que há algo errado. Mesmo que Draco não tivesse uma família a quem se reportar, o mestre de poções sabe que interações sociais são de grande importância no mundo dos negócios e que Draco sabe disso mais do que ele. Definitivamente seu ex-aluno nunca iria deixar de cumprir esse protocolo



Snape sabe que ele precisa agir de forma discreta. Se ficar fazendo perguntas demais ele acabará chamando atenção para a sua pessoa e ele não quer isso de nenhuma forma. Ele não sabe o motivo deste sumiço, mas agora ele sabe que certamente não foi nada bom e várias hipóteses vêm em sua cabeça, desde sequestro a algum comensal que tenha escapado fazendo uma vingança tardia



Todo cuidado é pouco, os passos devem ser estritamente calculados e o primeiro deles é descobrir em qual quarto Draco está hospedado



Ele sabe que não pode simplesmente chegar e perguntar. Snape não pode se arriscar, isso poderia colocar seu ex-aluno em risco, mas ele é bom no que faz e por isso ele vai usar as cartas que tem na manga...



XXXXX



Enquanto isso na Inglaterra



Lizzie acorda, ela estranha não ver Annie a seu lado, a sua irmã vem dormindo com ela mais frequentemente desde que o pai viajou. Lizzie finge reclamar, mas ela também gosta do conforto que a presença da irmã lhe proporciona. Tirando os chutes, é claro



Então ela olha ao redor e percebe que não é apenas a sua irmã que não está lá, a sua cama não está lá, seus brinquedos também não, muito menos seus livros. Ela vê que está em um lugar que definitivamente não é o seu quarto.



Ela se levanta rapidamente e sai do quarto procurando a sua mãe e a sua irmã, Lizzie não as encontra e neste momento ela se dá conta que definitivamente esta não é a sua casa, a sala é bem menor, mais modesta, mas isso não a assusta, o que deixa a menina sem fôlego são as fotos, há várias sobre a lareira, a maioria dela e de Annie e também algumas fotos com a sua mãe, mas não há em local algum da sala alguma foto do seu pai. O que está acontecendo aqui? A menina pensa apavorada...





NOTA DA AUTORA



Mais um capítulo pra vocês, não vou fazer nenhuma promessa, mas se tudo der certo as postagens serão um pouco mais regulares a partir de agora. Não que eu vá postar toda semana, mas espero diminuir o tempo entre os capítulos



Espero que tenham gostado, até o próximo



Bjs


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