Mais um sonho



Mel vê que o olhar de Igor dança entre os dois, é evidente que o garoto não está entendendo nada. Ela vê que o homem moreno é muito alto, bem mais alto que ela e pra falar a verdade sua fisionomia não lhe é estranha. Mas isso não dá a ninguém o direito de destratar uma pessoa – eu poderia muito bem dizer quem sou eu, mas acho que isso não vem ao caso. Não com alguém que simplesmente entra na casa alheia se usar um pingo de educação e confronta as pessoas desta forma! Eu que pergunto, quem é você e o que faz invadindo a propriedade desta forma? – ela diz com mais coragem do que realmente sente enquanto sua mão instintivamente vai até sua varinha


Victor Krum olha para a mulher, desconcertado. Ela só pode estar brincando, desde seus dezessete anos que ninguém pergunta quem é Victor Krum!


Ele vê que a mulher empunha a sua varinha e neste momento ele sorri. Victor Krum duvida que ela consiga vencê-lo se ele decidir pará-la, mas lhe agrada ver a forma como ela defende a propriedade dos Weasleys


Antes que ele responda algo e deixe o clima mais tenso ainda, ele vê uma figura loira se aproximar


Oi Krum – Draco diz – pelo jeito você desistiu do almoço, mas vamos entrar, deixe as crianças brincarem mais um pouco antes de você levar seu filho


Filho? – Mel não contém o espanto – esse garoto tão educado é filho dele? – Seu olhar dança entre o menino e o apanhador e ela não pode deixar de notar a semelhança. Mesmo assim a seu ver não parece que um garotinho tão meigo pudesse ser filho deste troglodita


Victor olha indignado pra ela. É impressão minha ou ela insinuou que sou mal educado? Ora, Krum, você realmente foi muito mal educado, você se atirou pra ela como se fosse um balaço apenas porque ela estava conversando com o Igor. É claro que ela o achou mal educado!


Ele mal nota Hermione chegar – oi Victor, já vi que você conheceu a Mel


Na verdade não fomos apresentados – ele murmura, envergonhado – eu a vi conversando com o Igor e bem... achei que ela fosse...


Não se preocupe – Hermione o interrompe – a Mel é amiga da família, mas já que vocês não se conheceram formalmente, eu faço as honras. Melody, Victor Krum, Victor Krum, Melody


Mel olha para ele e sente seus olhos se arregalarem – você é Victor Krum?


Onde você esteve nos últimos dez anos? – Draco fala de forma irônica e leva um cutucão da esposa – ah é mesmo, no mundo trouxa, desculpe


O ex apanhador olha incrédulo para a mulher a sua frente, incrédulo e sem jeito. Incrédulo porque há muito tempo que ele não passa por uma situação onde alguém não o conheça e sem jeito porque ele a julgou mal, ele por uma fração de segundo pensou que ela fosse alguma jornalista inescrupulosa que de alguma forma havia conseguido entrar na casa dos Weasley e tentava tirar alguma coisa do seu filho


Vamos dar um pulinho lá dentro – Hermione o tira do devaneio – assim dá tempo para os meninos terminarem essa partida


Não sei de devo – Victor Krum fala meio sem jeito, ele sente o olhar da mulher queimar a sua face


Ora Krum, vamos lá – Draco diz – a senhora Weasley vai ficar ofendida se souber que você veio e não entrou pra comer alguma coisa ou comida para um batalhão. Além disso, o Rony Weasley também está por aqui, tenho certeza que ele vai te colocar a par das ultimas novidades do campeonato inglês


Victor Krum fica meio sem jeito, mas ele não pode fazer uma desfeita dessas. Então ele entra acompanhado pelo casal Malfoy e por Mel


XXXXX


Pouco depois o apanhador se despede de todos, finalmente ele vai levar seu filho pra casa. Ele olha para a mulher a quem ele tratou tão mal – eu lhe devo um pedido de desculpas – ele diz, desconcertado – é que... Bem... – ele baixa os olhos - eu e meu filho... A gente não teve um começo muito normal – ele vê que Mel o fita com curiosidade. O apanhador fica em dúvida se deve ou não falar, mas ele sente que deve uma explicação para o seu comportamento – é uma longa história, mas o fato é que eu só conheci meu filho há poucos dias e isso foi um prato cheio para os repórteres. Eu vi você, uma pessoa desconhecida, conversando com ele e pensei que você fosse um dos abutres da imprensa


Mel fica meio sem jeito, afinal ela não deixa de ser uma jornalista, mas ela não fala nada a respeito disso – tudo bem – ela diz – eu também não fui muito educada com você


Espero conseguir me redimir – o apanhador diz – meu filho fez amizade com as crianças e, bem, eu fui convidado pra aparecer por aqui nos almoços de domingo, eu prometo ser mais educado da próxima vez


E eu prometo não te ameaçar com a varinha – Mel sorri. Afinal ele não é tão grosso assim


XXXXX


Mais tarde na mansão Malfoy


O casal se recolhe. Igor foi embora com o pai e Draco sabe que as meninas estão tristes, elas vão sentir falta do amigo. É incrível como suas bruxinhas são sociáveis, ao contrário dele quando tinha a mesma idade. Suas amizades sempre foram escolhidas a dedo, valores como o sangue e a família eram prioritários para que Draco pudesse se relacionar com alguém e não eram muitas pessoas que se encaixavam no rígido código dos Malfoy


Ele se pega pensando no menininho loiro. Draco seria capaz de qualquer coisa para que ele fosse filho de Hermione. Deve ser incrível ter um garoto. O loiro ama suas meninas, mas seria legal ter um filho homem. Ele sente que chegará um momento em que não poderá ajudar tanto com suas filhas, elas estão crescendo e Draco duvida que alguma delas se sinta a vontade para conversar com ele sobre assuntos femininos e ele sabe que se tivesse um menino haveria essa cumplicidade, a cumplicidade que ele nunca chegou a ter com seu pai


O loiro luta para tirar esse pensamento da cabeça. Por mais que ele quisesse um garoto, Draco sabe que não suportaria passar por tudo que passaram quando Annie nasceu, nunca mais em sua vida ele quer sentir a angústia e a impotência que sentiu ao perceber que poderia perder sua esposa e sua filha. Ele sabe que se tocasse no assunto Hermione seria a primeira a dizer que poderiam tentar, que o fato de ter acontecido uma vez de maneira alguma significaria que deveria acontecer de novo, mas Draco não quer arriscar, ele não se perdoaria se algo acontecesse e depois poderia ser que viesse outra menina que seria igualmente bem vinda e amada.


Ele se prepara para se recolher, Draco quer passar no hospital para ver como Elly está antes de ir para o trabalho, o loiro só espera que haja alguma melhora e que a sobrinha desconhecida chegue logo antes que seja tarde demais...


XXXXX


Draco acorda meio sobressaltado, ele olha para o lado e vê que Hermione não está lá. O loiro estranha, já que ele havia avisado que gostaria de passar no hospital para ver Elly. Draco sabe que Hermione o acordaria para para que ele a acompanhasse, o casal nunca perde as oportunidades de estarem juntos. Ele olha desanimado para seu quarto e logo percebe que está num daqueles sonhos. O quarto continua igual, mas ele sente que há algo diferente


Ele se levanta com um suspiro, já que ele está lá não há nada a fazer a não ser tentar descobri algo sobre a sua vida paralela e o que fazer para evitá-la


Ele se troca e se dirige a sala de jantar onde vê o pequeno loiro. O menino toma seu café da manhã sozinho e por um instante Draco se lembra do menino que ele mesmo foi. Quantas vezes isso não aconteceu com ele nesta idade? Tomar café sozinho sendo servido pelos elfos, sentindo falta de alguém para conversar? Nesta idade Draco ainda não sabia, mas com o tempo ele acabou descobrindo que isso acontecia toda vez que seu pai se tornava violento, sua mãe ficava com Lucio no quarto tentando acalmá-lo para que Draco não sofresse as consequências


Pelo menos isso não acontece com o menino que está na sua frente. Draco não sabe como é esta vida dos sonhos, mas uma coisa ele tem certeza, ele nunca seria capaz de maltratar uma criança


Oi papai – o menino diz sorrindo, mas Draco conhece crianças o suficiente pra saber que esse não é um sorriso verdadeiramente feliz – a mamãe já chegou?


O loiro olha para o pequeno sem saber o que dizer, então ele decide agir como agiria com suas bruxinhas, sendo o mais sincero possível – eu não sei, eu acabei de acordar – ele vê que o menino abaixa a cabeça – tudo bem com você?


O pequeno loiro balança a cabeça afirmativamente, mas Draco conhece crianças muito bem pra saber que há algo errado, ele se aproxima do menino – você não parece bem, não quer me contar o que aconteceu?


A mamãe vai ficar chateada comigo se eu contar – ele praticamente sussurra


Draco respira fundo, ele não precisaria ser pai de duas meninas pra saber que o menino fez algo errado a seus olhos e aos olhos da misteriosa mãe também. Então ele diz – você fez algo errado?


O menino nega com a cabeça, Draco continua – então eu não vejo porque sua mãe ficaria chateada e se ela for ficar eu converso com ela e explico que você não fez nada errado


Vocês vão brigar – o menino argumenta – e eu não gosto quando vocês brigam


Draco respira fundo, ele não precisaria ficar muito tempo neste sonho maluco pra perceber que ele e sua suposta esposa não vivem muito bem e que logicamente o menino sofre as consequências disso, a tristeza é evidente no olhar do pequeno loiro. Ele se pega pensando em suas bruxinhas que vivem em uma família estável e são felizes. Draco não pode deixar de sentir pena deste filho que ele tem nos sonhos, então ele chega perto do menino e acaricia seus cabelos, ele não tem o costume de mentir para seus filhos e não vai começar agora mesmo que isso seja apenas um sonho, então ele diz


As brigas entre adultos acontecem, Órion – ele vê que o menino o encara com um ar de quem já sabe disso há muito tempo – nem sempre a gente concorda com tudo – Draco continua – mas se é algo que eu tenho que saber, você precisa me contar, você precisa fazer a coisa certa. Me diga, o que você fez?


O menino fica em silêncio por um instante e Draco pode perceber que ele está pensando. Não é difícil imaginar que ele se sente mal com essa situação, é como se o pequeno vivesse sob constante tensão, como se ele fosse uma espécie de joguete entre seus pais nesta sua estranha vida.


Então o menino finalmente diz – Eu não fiz nada, pai. A mamãe e que disse que eu não podia falar... A Lizzie veio aqui...


Draco luta para não deixar seu queixo cair. A Lizzie? A sua Lizzie? Ele fala para si mesmo. Então ela existe nesta vida...ela estava sozinha? – ele pergunta querendo mais pistas


O menino balança a cabeça afirmativamente – ela disse pra mamãe que precisava falar com você e a mamãe... – ele abaixa a cabeça – disse pra ela ir embora


O que? – Draco fala mais alto que gostaria


Vocês vão brigar de novo – o menino fala e Draco vê que os olhos do loirinho lacrimejam – eu não quero que vocês briguem


Draco abraça a criança. Há muito tempo ele não vê um serzinho com tanto sofrimento no olhar, ele percebe que este pesadelo não é apenas dele o menino também vive seu pesadelo particular


Pai – o menino diz – a mamãe vai voltar, não vai?


Draco olha para o loirinho. Ele não sabe o que responder, não passa pela sua cabeça o que aconteceu. Ele não pode mentir para o menino, então ele tenta desconversar – por que a gente não assiste televisão enquanto espera?


O menino olha pra ele como se Draco tivesse dito um palavrão – não, papai, a gente não tem aquela coisa! A mamãe não deixa, você sabe disso!


O loiro olha para o menino, desconcertado. A televisão é um dos muitos objetos trouxas que ele aprendeu a gostar, ele se lembra que suas bruxinhas têm seus programas preferidos e ele mesmo também tem. Será que a sua suposta esposa é uma daquelas bruxas puro sangue que odeia tudo que é trouxa? Ele não pode deixar de pensar


Draco não sabe direito o que fazer. Na verdade ele não consegue se sentir completamente a vontade com o menino, ele tem muitas perguntas, mas não sabe como fazê-las sem que o pequeno desconfie. Mas ele está acostumado com crianças então ele sabe que a melhor forma e tirar informações é através de brincadeiras, então ele diz – já que sua mãe não gosta da televisão a gente pode ir brincar no seu quarto enquanto esperamos


Por um momento os olhos do menino brilham, mas o brilho se apaga quando ele diz – se o quarto estiver bagunçado a mamãe não vai gostar e ela vai brigar com os elfos e eu não gosto quando ela briga com eles, eles são bons pra mim


Neste momento o semblante do loiro se ilumina. Os elfos, é claro! Ele sempre pode perguntar algo para os elfos, se a Lizzie existe nesta vida eles devem saber do paradeiro do restante da sua família


Mas antes que ele possa levar seu plano em pratica ele escuta a voz de uma de suas filhas. Ele sabe que está acordando, então o jeito é torcer para que da próxima vez que seus sonhos acontecerem ele se lembre de interrogar seus elfos




NOTA DA AUTORA


Finalmente eu apareci, não se preocupem que eu não fui abduzida nem desisti das fics, o final do ano foi meio complicado no trabalho e depois eu viajei. Agora estou aproveitando o final das férias pra adiantar um pouco as fics, como são quatro infelizmente não consigo postar logo, mas estou escrevendo sempre.


Espero que tenham gostado do capítulo, está curtinho mas foi feito com o maior carinho pra vocês.


Beijos e até o próximo

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