Um aliado desagradável



Enquanto isso


Harry Potter encara Severo Snape. Ele não é mais um menino, mas o olhar que o antigo professor de poções lhe dá faz com que ele se sinta em uma sala de aula. Ainda é terrivelmente desagradável ficar cara a cara com este homem


Depois que Voldemort foi derrotado, Snape passou um bom tempo em Azkaban pelo assassinato de Dumbledore, até que uma carta escrita por Dumbledore foi achada e tudo foi esclarecido, o assassinato foi premeditado por ambos para que Snape caísse nas graças de Voldemort e pudesse ajudar Harry em sua batalha


A verdade foi descoberta quase por acaso. Um dia Harry foi fazer algo em Hogwarts e conversou por instantes com o quadro de Dumbledore que perguntou por Snape, o ex diretor perguntou se ele havia sido agraciado com a ordem de Merlin o que deixou Harry exasperado para dizer o mínimo, Dumbledore então disse que havia algo que eles não sabiam e pediu que Harry usasse a sua penseira, Harry então presenciou a conversa entre o ex professor de poções e seu mentor e em resumo a conversa mostrava o plano dos dois e tinha instruções precisas a Severo Snape para que o mesmo solicitasse que a penseira fosse usada quando tudo terminasse, o que evidentemente Snape não o fez


Não que o ex-mestre de poções ocupasse os pensamentos de Harry por muito tempo, mas de vez em quando o menino que sobreviveu se pegava pensando por que Snape não solicitou a penseira, isso lhe pouparia o tempo que ficou trancafiado na prisão dos bruxos que mesmo sem a presença dos dementadores não era exatamente um lugar agradável e Harry chegou à conclusão que ele não o fez por culpa, culpa por ter matado Dumbledore mesmo que isso fosse em comum acordo


Não posso dizer que é um prazer vê-lo, Potter – Snape vocifera – mas admito que estou curioso, o que o trás aqui?


Eu posso entrar? – Harry balbucia, sem jeito, definitivamente ele não gostaria de estar naquele local, mas Harry não é mais um menino, ele é um homem e homens fazem o que precisa ser feito


Severo Snape não diz nada, mas dá passagem para Harry que entra e não pode deixar de notar que seu ex-professor vive de modo modesto – sem delongas, Potter – Snape diz – o que você quer?


Harry respira fundo, ele sabe que as chances que Severo Snape aceite a sua proposta são praticamente nulas, mas ele precisa tentar. Então ele diz – eu vim fazer uma proposta, uma proposta de emprego


Se Severo Snape fosse outro tipo de homem provavelmente ele teria dado risada ao ouvir tal sentença, mas como ele não é, a única coisa que o ex-mestre de poções faz é lançar um olhar gélido ao menino que sobreviveu murmurando entre os dentes – e o que o faz pensar que eu quero um emprego? O que faz você pensar que eu preciso que você me dê um emprego? Caia fora!


Harry respira fundo, ele não pode dizer que não havia previsto esse tipo de reação muito menos o olhar intimidante que Snape lhe lança. Mas ele não é mais um aluno, então ele encara o professor – você poderia ao menos ouvir o que eu tenho a dizer?


O menino que sobreviveu prende a respiração por alguns segundos maldizendo o momento em que teve essa idéia estapafúrdia. É óbvio que Severo Snape nunca aceitaria algo proposto por ele e é óbvio também que ele sequer ouviria o que ele tem a dizer. No entanto ele solta o ar lentamente ao ouvir – você tem cinco minutos, Potter, e é bom que seja algo realmente importante


Harry se esforça para não sorrir, mal acreditando na sua sorte quando ouve a voz do sonserino


Você já perdeu trinta segundos, Potter – Snape vocifera – sugiro que comece logo se ainda quiser que eu ouça


Então ele respira fundo e conta sobre o que aconteceu com a secretaria de Draco Malfoy e o faz sem esconder nenhum detalhe sequer. Ao terminar o relato ele vê que Severo Snape o fita em silêncio, um silêncio que para Harry parecem horas, até que Snape diz – e o que você espera que eu faça, Potter? Você mesmo já disse que não encontraram nada suspeito


Harry reprime um sorriso. Ele conhece Severo Snape bem o suficiente pra saber que se ele não tivesse ficado interessado, ele simplesmente o colocaria pra correr. Então ele diz – o fato dos aurores não terem encontrado nada não significa que não houvesse nada, você sabe melhor do que eu que existem poções que são praticamente indetectáveis para alguém inexperiente


Você está querendo dizer com isso que as pessoas que trabalham com você são incompetentes? – ele diz sem esconder a ironia na sua voz


Eles são perfeitamente competentes – Harry diz lutando para que sua exasperação não apareça em sua voz – a questão não é essa – ele respira fundo – é que o caso não é assim tão importante aos olhos do ministério, é apenas uma senhora que teve um acidente com poções. O fato é que ela nunca fez uma poção na vida, então por que ela iria começar com uma que poderia lhe matar? E que poção seria essa?


Então esse é o ponto, Potter – Severo diz com ironia – você não pode contar com o ministério, então resolveu procurar o auto exilado professor de poções, acertei?


Em parte – Harry admite, ele vai jogar limpo e ser o mais sincero possível – eu poderia falar com alguns dos que trabalham comigo e eu tenho certeza que eles continuariam investigando, mas pra isso eu teria que tirá-los de outros casos, poderia falar também com Hermione ou mesmo com o Draco, eu tenho certeza que eles iriam me ajudar. O problema é que eles estão emocionalmente envolvidos, a vítima era secretária do Malfoy há anos e se encontra gravemente ferida no St Mungus


Entendo – Snape murmura e Harry quase sorri, ele sabe que ao mencionar o nome do antigo pupilo de Snape, o taciturno professor de poções não ficaria totalmente indiferente


Suponhamos, veja bem eu disse suponhamos, que eu aceite – Snape diz de forma impassível – você disse que isso seria um emprego. Até onde eu sei mesmo o chefe dos aurores não pode sair contratando pessoas assim


Algumas coisas mudaram no ministério – Harry diz com olhar superior – eu não posso contratar funcionários, é claro. Mas como chefe dos aurores posso contratar alguém para um trabalho temporário se eu achar que isso é imprescindível para a investigação


E suponho que eu seja imprescindível – Snape diz


Se não fosse assim, eu não estaria aqui – Harry responde tentando ignorar o sarcasmo na voz do ex-professor


Bem... – Snape diz olhando para Harry como um gato a um canário – e supondo que eu sendo imprescindível, eu deva ganhar algo para colaborar. O que você tem a oferecer que eu almeje, Potter?


O menino que sobreviveu respira fundo. Ele sabe muito bem que não tem nada que Severo Snape almeje e que mesmo que tivesse seu ex-professor de poções é orgulhoso demais para admitir, mas isso não significa que não haja algo a fazer e é por isso que ele diz – eu conheço você Snape. Eu sei que não almeja dinheiro ou glória, se você quisesse isso poderia ter aceitado a ordem do Merlin ou poderia estar atuando como um mestre de poções que é. Eu não gosto de você e sei que a recíproca é verdadeira, mas sei que você é bom no que faz. Eu estou dando a oportunidade de ajudar o Malfoy, por incrível que pareça hoje eu posso chamá-lo de amigo. Ele mudou muito, se tornou um homem de bem e ficou realmente abalado com o que aconteceu – ele para por um minuto e então continua – e eu vou ser absolutamente sincero, tem alguma coisa por trás desta história. Foi um acidente acidental demais, digamos assim


Tudo bem Potter, eu vou ajudar você e antes que me agradeça devo deixar claro que faço isso pelo Draco – Snape diz, impassível


Eu não esperaria que fosse de outra forma – Harry olha para o ex-professor – mas obrigado mesmo assim


XXXXX


Na Bulgária


Victor Krum e o filho comem silenciosamente, ele gostaria de ser uma pessoa mais aberta e ter um diálogo com o filho com mais facilidade, o ex-apanhador nota que o seu menino continua calado, é como se ele estivesse amedrontado com alguma coisa


Ele se lembra das palavras de Hermione sobre os ferimentos do garoto e neste momento tem que fazer muita força para não deixar a sua ira transparecer. Fique calmo, Krum. Ele fala para si mesmo. Não é o garoto que você deve assustar, mas sim a pessoa que o feriu


Tudo bem pai? – ele ouve o menino perguntar e não pode deixar de dar um leve sorriso como acontece todas as vezes que Igor o chama de pai


Tudo, filho. Eu estava pensando, você gostaria de fazer uma viagem? Assim a gente pode se conhecer melhor – ele diz e se espanta ao ver o menino fazer uma cara de puro pavor – o que foi, Igor? Você não quer?


Bem – o menino se esforça pra não gaguejar – eu acho que não agora, não é que eu não queira viajar com você – ele logo completa – mas ficar em casa seria melhor pra gente se conhecer, afinal eu tenho que me acostumar com tudo por aqui também


Como você quiser – Victor diz escondendo uma ligeira decepção. Ele gostaria muito de um tempo a sós com o menino e pra falar a verdade lhe intrigou a forma como ele recusou tão de cara. De fato seu menino tem mais mistérios do que ele gostaria de admitir, mas uma coisa Victor Krum tem certeza, ele vai fazer de tudo para desvendá-los


XXXXX


Nas empresas Malfoy


Draco tenta se concentrar no trabalho. Ele precisa fazer isso, o loiro tem consciência que está deixando a desejar nos últimos dias. Primeiro o acidente com sua secretária, depois a febre misteriosa da sua caçula. Se fosse em outra época o loiro tiraria isso de letra, mas não agora, não há nada na face da terra que o deixe mais preocupado do que uma das meninas doente, principalmente se tratando de Annie


O loiro nunca vai esquecer como foi difícil o primeiro ano de vida da sua caçulinha, não foram poucas as vezes que ele se viu acordando no meio da noite apenas para se certificar que a pequena ainda respirava, definitivamente foram tempos difíceis


Ultimamente é difícil para Draco pensar em suas meninas sem que o garotinho loiro venha a sua mente. Poucas vezes ele viu em uma criança um olhar tão carente quanto o do seu filho nesta vida paralela. Aliás, apenas uma vez ele viu. Nele próprio quando se olhava no espelho na sua infância e o loiro se vê desejando desesperadamente fazer algo em seu futuro para que o pequeno exista e tenha uma vida digna como a que suas bruxinhas têm e ele sabe que isso só é possível se a mãe dele for Hermione


Uma das coisas que ele mais odeia em seus sonhos é nunca saber quando eles vão acontecer e, mais ainda, ele odeia não saber o que fazer para ter controle, isso para Draco Malfoy é o fim


Uma batida na porta interrompe o seu devaneio – eu já falei que você poderia tirar o dia de folga hoje, Blaise


Então Draco levanta o olhar e vê que não é Blaise Zabini, ele vê que uma mocinha adentra seu escritório dizendo – desculpe, senhor Malfoy. Eu pretendia me anunciar, mas não havia ninguém na ante sala


Não precisa se desculpar – ele diz encarando a jovem de forma curiosa – nós estamos com problema de pessoal nestes últimos dias, mas em que posso ajudá-la?


O senhor já ajudou mais do que eu poderia dizer, senhor Malfoy. Eu vim para agradecê-lo por tudo que fez – ela respira fundo – por minha tia


Você é a sobrinha da Elly? – Draco pergunta e vê a mocinha assentir com a cabeça – fico feliz que tenha vindo, a sua tia é uma pessoa muito querida não apenas aqui na empresa, a minha família gosta muito dela


E ela gosta de todos vocês... Desculpe, eu não me apresentei, meu nome é Jezebell Summer – ela diz estendendo a mão – muito prazer, mesmo que as circunstâncias não sejam exatamente prazerosas


Draco retribui o cumprimento – a minha esposa é a medibruxa responsável pela sua tia, pode ter certeza que tudo que é possível está sendo feito. Ela tem muitas esperanças que a sua tia recupere e consciência e se restabeleça


Espero mesmo que isso aconteça, eu vou ficar na cidade até que ela se recupere e depois vou cuidar dela – a garota enxuga uma lágrima – ela é o único parente que tenho, não suportaria perdê-la


Ei, o que é isso... – ele diz e se aproxima da mocinha oferecendo um lenço para que seque as suas lágrimas – a sua tia vai ficar bem, ela é uma mulher incrível, uma grande lutadora. Eu tenho certeza que a Elly vai conseguir


Obrigada – ela diz, soluçando – o senhor é um grande homem, exatamente como a minha tia sempre disse


O que é isso... – o loiro parece desconcertado com o elogio – você precisa de alguma coisa?


Acho que não – a mocinha diz – eu ainda estou tentando digerir tudo isso, mas obrigada mesmo assim


Espere um pouco – Draco diz e pega alguns galeões tome – ele estende as moedas para a garota


Ah não, senhor Malfoy – ela recusa – não posso aceitar


Por favor, aceite. Isso é parte do salário de Elly, eu sei que a sua tia tem contas a pagar, então se você puder fazer isso por ela... Você está na casa dela, não é mesmo – ele vê a garota assentir com a cabeça – seria bom que você mantivesse as coisas em ordem por lá, assim quando sua tia voltar ela vai estar confortável


Sendo assim obrigada, senhor Malfoy – ela exclama enquanto pega o dinheiro – obrigada mesmo


A porta se fecha e Draco diz para si mesmo. Que bom que a Elly tem alguém que se preocupa tanto com ela, a mocinha parece ter muita estima pela tia, espero que ela tenha como se manter durante este tempo. Em todo caso vou pedir a Blaise que a visite e veja se tudo está bem




NOTA DA AUTORA:


Finalmente o capítulo, pra variar peço desculpas pela demora. Eu escrevo sempre que posso, mas infelizmente meu tempo é escasso. Tenham paciência comigo e não se preocupem que eu não costumo deixar minhas fics pela metade.


Espero que tenham gostado. Bjos e até o próximo

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Comentários (2)

  • Mimi Potter

    huuummm interessante

    2014-10-28
  • Luiza Snape

    Eu quero o próximo cap, meu Deus diz que a Hermione vai ter o pequeno órion, senão eu tenho um ataque! E eu estou imaginando dois casais, Blaise e Elly e Melody e Vitor??? Brisei demais?! O Pequeno Igor parece ser bem interessante, tenho até um palpite sobre que seja / tenha sido o padrasto dele!:D Aguardo ansiosamente o próximo cap. 

    2014-10-25
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