Um momento entre pai e filhas



Na escola das meninas Malfoy


Athena observa as crianças brincarem. Definitivamente ela nasceu pra isso. Ela sorri enquanto vê a pequena Annie dividir alguns feijõezinhos de todos os sabores com Arthur. A professora não deveria admitir, mas aquela menina é uma das suas alunas favoritas, poucas vezes ela viu uma criança tão doce como ela


Uma das coisas que Athena sempre faz é procurar saber um pouco sobre a vida de seus alunos, não apenas por curiosidade, mas para saber melhor com o que vai lidar. Crianças são doces, mas às vezes podem ser terríveis também, não que crianças sejam terríveis por si só, mas ela sabe que se forem criadas do jeito errado aliado a fatores externos e um pouco de mau gênio e temos então pequenos tiranos que acham que podem tudo e cabe aos professores ajudar as famílias a educá-las como se deve. Por isso ela gosta tanto da sua profissão, por isso ela se dedica a conhecer e ajudar seus alunos


E talvez por isso ela tenha percebido que há algo estranho com a pequena Annie, ela não sabe direito dizer o que é, mas já faz alguns dias que a menina não é a mesma. Não que ela pareça triste ou doente, mas Athena notou que de vez em quando, principalmente quando ninguém está olhando, ela parece pensativa de uma forma que não e comum para uma menina da sua idade


Seu devaneio é interrompido quando a chamam dizendo que alguém gostaria de conversar com ela


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Um pouco antes, nas empresas Malfoy


Já faz algum tempo que Draco desistiu de tentar trabalhar. Normalmente ele consegue separar seus problemas pessoais do seu trabalho, o loiro sabe que é o leme daquela empresa e que se ele não fizer a sua parte logo as pessoas também irão deixar a desejar no seu trabalho. Afinal, se o dono da empresa e o maior interessado não se esforça, por que os empregados deveriam se esforçar?


Mas neste momento ele não está nem um pouco preocupado com isso. As palavras duras de sua filha mais velha não saem da sua cabeça. Ele sente um bolo no estômago ao pensar na sua doce Annie morta e neste momento ele se lembra da misteriosa febre que ela teve


Sem pensar em mais nada, ele decide sair. Sem se lembrar sequer de avisar a Blaise ou tomar o chá que a sobrinha de Elly tão gentilmente lhe deixou


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No hospital St Mungus


Hermione ainda tenta processar a estranha visita que a secretária do seu marido recebeu. Na sua visão seria mais fácil Merlin em pessoa aparecer do que seu ex professor de poções


Não que ela não ache que Severo Snape não possa ajudar, Hermione sabe que ele tem esta capacidade, mas ela acha difícil que ele saísse da sua reclusão para fazer esse tipo de coisa


A morena não tem dúvidas que existe o dedo de Harry Potter nesta história, mas ela não consegue imaginar quais armas ele usou para convencer Snape a colaborar


Ela sacode a cabeça para tirar estes pensamentos e vai cuidar da sua ronda, fazendo uma nota mental de contatar seu amigo depois do trabalho. Harry tem algumas explicações para dar


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Na escola das meninas Malfoy


Athena segue para a sala da diretora fazendo uma retrospectiva mental do que poderia ter acontecido para alguém vir falar com ela sem, no entanto, achar nada que pudesse levar a isso. Ela bate na porta e entra dando de cara com um homem loiro de porte altivo, um homem que ela não conhece


Pois não, senhor... – ela se dirige ao homem


Malfoy, Draco Malfoy – Draco responde se apresentado a professora da sua caçula – eu sou...


O pai da Annie, muito prazer, eu sou Athena Binns – Athena fala abrindo um sorriso como acontece toda vez que pronuncia o nome da menina, depois ela fica séria – aconteceu alguma coisa? – ela pergunta preocupada, afinal não é muito comum que os pais dos seus alunos apareçam no meio da aula


Draco olha para a professora meio sem jeito, assim como Hermione a sua primeira impressão é que ela é uma mocinha jovem demais para lidar com tantas crianças e, além disso, ele não tem nenhum motivo para estar lá, a não ser uma vontade incontrolável de estar com sua pequena


Na verdade não – Draco diz – bem nada grave pelo menos, a Annie esteve meio adoentada uns dias atrás, então eu aproveitei uma folga no trabalho pra dar um pulinho aqui e ver se tudo está bem


A professora sorri, é bom ver que os pais de seus alunos se preocupam com o bem estar dos mesmos, embora a sua intuição diga que há alguma coisa mais – a Annie está muito bem, eu lhe garanto. Pelo menos no que se refere a sua saúde – ela para meio sem jeito e ela nota que Draco percebe, então Athena acha melhor falar – mas de uns dias pra cá eu notei que ela está mais calada e à vezes parece triste quando ninguém está olhando


A senhorita acha que aconteceu alguma coisa? – Draco pergunta meio cismado – talvez tenha havido uma briga com algum coleguinha – ele diz pensando que a sua filha é uma garotinha muito amorosa e sensível e que talvez algum incidente pequeno possa tê-la magoado


Não que eu tenha visto, mas acho difícil – a professora logo completa – a sua filha é uma garotinha muito meiga e todos os colegas a adoram


Draco fica feliz em ouvir a professora de Annie falar da sua filha com tanto carinho, mas ele não se espanta. Todos gostam de Annie, assim como a sua garotinha gosta de todos. É raro a sua caçula não se dar bem com alguém. Corrigindo, Draco nunca viu Annie não se dar bem com alguém


Em todo caso, se notar algo estranho, por favor, avise – Draco diz se sentindo meio mal por ter interrompido a aula sem motivo aparente – a escola tem como entrar em contato comigo


Fique tranquilo, senhor Malfoy – Athena diz – a sua esposa me pediu a mesma coisa da última vez que a vi. Vocês serão avisados caso aconteça algo, o que eu espero sinceramente que não aconteça


Será que tem algum problema se eu levá-la agora? – Draco diz num impulso. Ele sabe que as meninas não podem ficar perdendo aula, mas neste momento estar com as suas filhas é mais importante


De forma alguma – Athena diz, embora não seja muito comum que isso aconteça – a Annie é muito inteligente e eu posso passar os deveres que ela perder amanhã. Por favor, me acompanhe


Muito obrigado, senhorita Binns – Draco diz enquanto acompanha a professora da sua caçula


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No Ministério


Harry se prepara para sair. É um pouco mais cedo do que seu horário habitual, mas como as coisas estão calmas ele vai se permitir este luxo. Afinal o ministério lhe deve mais horas extras do que seria capaz de pagar, isso sem falar nos serviços prestados quando ele sequer era um auror


Ele ouve alguém bater na sua porta – entre – Harry diz torcendo mentalmente para que não seja algum problema que faça seus planos de sair mais cedo irem por água abaixo


Para a sua surpresa é Hermione quem entra sorrindo – atrapalho? – ela pergunta


Claro que não – o menino que sobreviveu diz – a que devo esta surpresa? Aconteceu alguma coisa?


Na verdade aconteceu – Hermione diz – eu recebi uma visita muito estranha no hospital ainda a pouco e algo me diz que você tem muito a ver com isso – ela vê que Harry a fita com curiosidade, então continua – você pode me dizer por que diabos nosso ex professor de poções resolveu aparecer no hospital e me atolar de perguntas sobre a Elly?


Ah, isso – Harry sorri. Ele imagina como Hermione ficou espantada ao receber a visita do ex-morcegão das masmorras – bem – ele diz – o ministério acabou concluindo que foi apenas um acidente com poções, mas eu conheço você muito bem pra acreditar nas suas suspeitas, então decidi continuar a investigação por conta própria e como eu precisaria de uma ajuda...


Mas ele? – Hermione questiona – por que entre todas as pessoas da face da terra, Harry Potter teve que escolher justo a pessoa que mais detesta?


Eu não detesto o Snape – Harry retruca – quer dizer, pelo menos não tanto agora. Eu não sou mais um garoto, Mione, eu sei reconhecer que, apesar de ser uma pessoa intragável, ele fez muito por nossa causa e sei reconhecer também que ele é a maior autoridade de poções que nós conhecemos e que se existe alguém que pode descobrir que tipo de poção foi usada, esta pessoa é Severo Snape


Eu concordo, Harry. Mesmo assim é difícil de engolir – Hermione diz – não que eu esteja reclamando, mas devo confessar que praticamente não consegui trabalhar pensando no que você fez pra convencê-lo a ajudar


Harry sorri – eu apelei para os sentimentos dele. Por incrível que pareça Snape tem algum sentimento por seu marido, afinal ele fez um voto perpétuo para protegê-lo. Não posso dizer que ele gostou disso, mas concordou em me ajudar


Harry Potter! – Hermione sorri – então você praticamente fez chantagem emocional para conseguir ajuda do Snape? Isso é tão sonserino! Parece algo que o Draco faria, nunca você


Chame do que quiser – Harry diz meio sem jeito – o fato é que funcionou, não foi. E se tem alguma poção estranha nesta história, nós vamos descobrir, eu tenho certeza – ele olha para a amiga – você sabe dizer se a Elly tinha dinheiro?


Tinha o suficiente pra viver de forma confortável – Hermione responde – você acha que alguém pode ter feito algo assim por causa de dinheiro? Planejar um acidente desta natureza, não seria mais fácil simplesmente usar um avada e matar a pessoa? Por que se arriscar com algo que poderia não dar certo, como aconteceu neste caso?


Avadas são cada vez mais raros agora, Mione – Harry diz – e depois poderia gerar suspeitas, mas eu já vi muita coisa e digo. Um dos motivos mais comuns para uma morte suspeita é dinheiro, e nada melhor que fazer parecer um acidente pra não ter nenhum tipo de problema


Acho que você pode tirar esta hipótese das suas teses, Harry – Hermione diz – a Elly era uma das pessoas mais altruístas que eu conheço. Ela vivia bem, mas sem luxo e sempre ajudava quem precisava. Eu posso apostar minha varinha que sua conta no gringotes é bem modesta


Que seja – Harry diz com um suspiro. Hermione pode até estar descrente, mas a sua experiência diz que o que aconteceu com esta senhora foi um crime e como todos os crimes existe um motivo por trás – de qualquer forma espero que o morcegão não seja muito desagradável quando você o encontrar


Eu também espero – Hermione diz enquanto se despede do amigo. Ela vai pra casa esperar as suas bruxinhas chegarem


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Enquanto isso


Draco e suas duas bruxinhas passeiam pela Londres trouxa. Embora elas tenham achado estranho, Lizzie e Annie adoraram a surpresa. Elas sabem que sair mais cedo da escola sem nenhum motivo aparente não é algo que acontece com muita frequência, aliás não é algo que acontece nunca


Elas já foram ao cinema e riram muito das reações do pai, mesmo não sendo a primeira vez que Draco assistia um filme trouxa pra ele ainda é algo muito estranho, já as suas filhas pelo contato com os parentes de Hermione já estavam mais acostumadas com isso


Depois do filme eles comeram um belo lanche em uma lanchonete que segundo Hermione é bem famosa no mundo trouxa – e agora o que vocês querem fazer? – Draco pergunta e vê que as meninas se entreolham como se conversassem em silêncio numa cumplicidade que apenas os irmãos têm – o que foi? Não estão gostando?


Então Lizzie despachada como sempre diz – claro que estamos, pai. Você sabe que a gente acha legal vir à Londres trouxa com você


É engraçado ver como até hoje você ainda se espanta com essas coisas – Annie completa com um sorriso que faz com que o loiro tenha que engolir o bolo que se forma em sua garganta


Mas você e a mamãe detestam que a gente falte aula – Lizzie toma a palavra novamente, ela parece pensativa –uma vez eu vi num filme trouxa que o pai levava um garotinho pra fazer tudo o que ele gostava e depois dizia que ele e a mãe iam se separar


Draco olha espantado para a sua primogênita enquanto luta com um violento acesso de tosse – o que é isso, Lizzie? É claro que eu e a sua mãe não vamos nos separar! Que idéia!


É, foi idiota, desculpe – Lizzie diz – mas você há de convir comigo que seria mais fácil o inferno congelar do que a gente perder aula sem um motivo


Neste momento Draco vê que há muito de sua esposa na filha, ela possui a mesma lógica irritante de Hermione


Ponto para você – Draco diz e resolve ser sincero, pelo menos em parte – mas eu lhe digo que não aconteceu nada de anormal entre mim e sua mãe, mas bateu uma saudade imensa das minhas bruxinhas enquanto eu estava no trabalho e eu pensei minhas meninas são inteligentes o bastante pra perder um dia de aula e aproveitar o restante da tarde com seu velho pai


Você não é velho, papai – Annie diz e Draco engole a seco ao mesmo tempo em que tenta afastar seu sonho da mente


É, papai – Lizzie diz sorrindo – que a mamãe não ouça, mas eu já vi muitas mulheres olhando pra você, como se você fosse um doce muito gostoso. Como aquela ali, olha


Instantaneamente Draco se vira e vê uma jovenzinha que não deve ter mais do que dezoito anos o encarando. O loiro sente o rubor subir a sua face, talvez por não ter olhos para outras mulheres, ele nunca havia reparado nisso


Impressão sua, Lizzie – ele se vê a obrigação de dizer – essa menina tem quase idade pra ser minha filha


Que exagero pai! – quem fala desta vez é a sua caçula – você não tem idade pra ter uma filha deste tamanho!


Você quer que eu vá lá dizer que você é casado e que a minha mãe é ciumenta? – Lizzie diz já começando a ficar incomodada com a forma que a garota o encara


Não precisa, filha – Draco diz imaginando que a sua menina geniosa é bem capaz de fazer uma cena – quem se importa que ela olhe? Eu só tenho olhos pra sua mãe mesmo


Quando eu crescer quero um marido como você – Annie diz e Draco não pode deixar de lembrar que na vida dos seus sonhos ela não vai ter esta chance – você está bem, pai? – a pequena pergunta


Estou – o loiro olha para as garotas tentado disfarçar, o que é claro ele não consegue – quer dizer – ele conserta – estou meio preocupado com a bronca da mãe de vocês. Digamos que ela desconhece completamente essa nossa saída fora da rotina


Ih, pai! – Lizzie faz uma careta – espero que só você esteja encrencado


Lizzie! – Annie diz, escandalizada – não podemos deixar o papai em apuros


Valeu, minha linda – o loiro sorri para a sua caçula – e você mocinha – ele olha para a mais velha – obrigado pela solidariedade


Eu não disse que não vou defender você – Lizzie fala sem se abalar – só não vou assumir a culpa, afinal eu estava lá, inocente, assistindo a minha aula, quando de repente você fez questão de me tirar de lá – ela funga fingidamente – eu bem que não queria ir, mas você parecia tão carente...


Engraçadinha... – Draco sorri. A sua mais velha decididamente tem um humor bem sonserino – então vai deixar seu velho pai levar a bronca sozinho?


Isso pode ser negociado – Lizzie diz, pensativa – quem sabe se eu ganhar uma varinha


Draco quase revira os olhos. Algumas coisas nunca mudam mesmo, o tempo passa e Lizzie ainda continua louca pra ganhar a sua varinha – tudo a seu tempo, minha linda. Agora vamos pra casa




NOTA DA AUTORA


Parece que a cada capítulo eu bato meus próprios recordes de demora! Vocês podem até não acreditar mas eu fico muito chateada com isso, principalmente porque não consigo vislumbrar uma possibilidade de melhora na atual conjuntura. A minha esperança é que quando alguma das fics for concluída meu tempo com as outras aumente um pouco.


Mais uma vez eu agradeço pela paciência, espero que tenham gostado do capítulo e espero que mesmo com meus frequentes atrasos vocês deixem uma palavrinha.


Bjos e até o próximo

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Comentários (3)

  • CoralineBressan

    Cadêê? Por favorrr não demore tanto D: estou tãããão curiosa! Poooooor favorrrrrrrrrrrr

    2016-02-02
  • Aline Dias da Conceição

    Eu adorei!  Porém fiquei intrigada com a xícara de chá que foi deixada gentilmente na mesa do Draco... Sei não viu. Estou adorando sua fic!  Acompanho há vários anos e nunca me canso! 

    2015-10-06
  • Luiza Snape

    Eu acho que o Draco precisa conversar esse sonho com a Hermione! E acho que Hermione vai entender a aflição do Draco! 

    2015-09-30
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