Preliminares




Capítulo Trinta e Dois
Preliminares


Dormi por esgotamento. Por vontade que não era. Acordei naturalmente às oito horas. Senti um forte vazio ao me ver no espelho e ver o reflexo das horas que chorei ontem. Passei uma das mãos na nuca e abri a torneira da banheira. Queria ver como seria a reação de todos.

Ah é mesmo, todos tinham se esquecido. Não duvido nada que amanhã mesmo, muitos de seus amigos perguntem onde ele poderia estar. Duas noites não dormidas no dormitório da Lufa-Lufa era de mais. Sentei na beirada da banheira de porcelana branca. Derrubei alguns sais comprados em Paris, trazidos da minha tia quando foi visitar uns parentes antes de ingressar em Hogwarts.

Aquele aroma de lavanda me deixava totalmente longe dali. A meia janela aberta foi invadida por mais um daqueles pássaros malditos. Ao vê-lo entrar, quis pegar minha varinha e pulverizá-lo. Mas fazia parte do plano, mesmo que ainda me aterrorizassem. Voou até minha coxa.

Vamos, Hermione, pegue-o. Não irei pegar. Vamos logo antes que ele voe. É assustador. Um conflito de idéias invadiu minha cabeça.

Antes de ameaçar bater as asas novamente, o peguei no ar e o desembrulhei. Era um aroma diferente, como se fosse um coquetel de rosas. Aquele cheiro com a lavanda exalada da água quente da banheira, era para deixar qualquer pessoa totalmente louca, mas comigo era diferente, não tinha sensibilidade. As palavras surgiram lentamente.

Tão surpreendente é o amor,
Aparece sempre sem avisar,
Muito insinuante e sedutor,
Depressa começa a enfeitiçar.
Encantador e também invasor,
Nem pede licença para entrar,
Começa a penetrar sem pudor,
Deseja o coração arrebatar.
E quando domina o interior,
Não é mais possível disfarçar,
O brilho do olhar é revelador,
O melhor agora é se entregar.
Dennys Távora


Agora, você pára e me diz se isso não é totalmente perturbante?! Aquele idiota do Belby. Se ele pensa que irá conseguir mais do que alguns beijinhos comigo, está muito enganado.

Vamos a guerra.

Tomei meu banho demorado de mais. Vesti minha roupa de batalha, minha roupa de "hoje eu consigo o que eu quero sem passar por uma vadia". Ele gosta de ler, gosta de ficar enfurnado numa biblioteca e gosta também de versos macabros. OK, vamos jogar do seu jeito, mas hoje, eu pego aquele colar.




I hate it when a guy doesn't get the door,
Eu odeio quando um cara não abre a porta,

Even though I told him yesterday and the day before.
Mesmo quando eu disse a ele ontem e no dia anterior.

I hate it when a guy doesn't get the tab,
Eu odeio quando um cara não paga a conta,

And I have to pull my money out and that looks bad!
E eu tenho que gastar meu dinheiro e isso soa ruim!



Uma saia preta, uma blusa rosa num decote um tanto avantajado. Um salto alto e a desculpa de estar um pouco calor apensar dos quase dez graus fazendo lá fora. Saia não, uma calça um pouco mais justa. Isso, aí eu poderia ir com aquela blusa que eu tanto gosto. Lógico, um salto para não parecer 'a baixinha da turma'.

Tomei aquela minha poção de perfeição dos cachos e coloquei meu casaco. Passei meu gloss e me olhei a última vez no espelho. Desce e arrasa. Parecia ter ouvido meu espelho falar, fazendo meu ego quase sair flutuando.

Fiz o caminho da procissão até o Salão Comunal. Desci todas as escadas, encontrei com Kim no meio dos corredores, como sempre e logo depois, com Deena e Verônica. Logo de cara, marcaram um passeio a Hogsmeade. Ainda tínhamos que comprar aquele produto da Zonko's, queria clarear meu cabelo o quanto antes.

Não poderia esquecer do plano. Plano, plano, plano em primeiro lugar. Nos sentamos no nosso lugar de costume. Como era sábado, era raro encontrar o Salão cheio, todos gostavam de dormir até mais tarde.

Sabe aquele vazio que você sente toda vez que alguém fala alguma coisa que fez ontem e você lembra daquilo que você não quer? Então, senti várias vezes. O assunto era: como chegamos no jantar se a última coisa que lembramos era do almoço. Eu tinha que entrar na conversa, concordar com tudo antes que me interne por estar louca.

Ao longe, vi McLaggen e o Marcus entrando no salão. Conversavam amigavelmente, rindo e tudo mais. minhas mãos começaram a suar que quase engasguei com o suco de abóbora quando vi eles se sentarem rodeados de meninas, algumas quase se jogando em cima deles. Era ridículo toda essa popularidade.

- Hermione, tudo bem aí? - Perguntou Kim rindo. Limpei a garganta me voltei a elas.


Where are the hopes, where are the dreams?
Onde estão as esperanças, onde estão os sonhos?

My Cinderella story scene.
Minha cena da história da Cinderela.

When do you think they'll finally see...
Quando você pensar eles finalmente verão...



- Por que não estaria? – Kim abaixou seu olhar prendendo o riso.

- Perdeu alguma coisa por lá? – Perguntou Verônica na sua ironia que me dava ódio. Tinha perguntado, porque eu tinha voltado a olhar para lá.

- Não, apenas pensando. – Estava apoiada com uma das minhas mãos segurando aquele copo e a outra sobre a mesa. Tinha que agir, o quanto antes.

Esperamos mais um pouco após todas terminarem. McLaggen e Marcus se levantaram, cada um com uma menina em seus braços. As 'sortudas do dia'. Coisa mais ridícula. Como eu irei saber se eles irão a Hogsmeade?! Eu preciso ir mas também preciso ficar de olho neles, especialmente no meu querido poeta Marcus.

Queríamos ir logo. Kim disse que ainda tinha que passar no quarto para pegar seu dinheiro. Pedi que fosse com Verônica e deixasse Deena comigo que tinha que resolver algumas coisas urgentes. Arrastei aquela loira um pouco desengonçada comigo até o caminho traçado por aqueles dois infelizes. Trajeto confuso que só vendo, sempre há passos exagerados atrás deles. Entramos num dos corredores mais desertos de Hogwarts, no terceiro andar, perto da sala dos troféus.

- Bom, meninas, temos que resolver algumas coisas, nos encontramos em Hogsmeade, OK? – McLaggen era o porta-voz dentre os dois.

As garotas, um pouco decepcionadas se despediram e pegaram um outro caminho. Entraram na sala de Troféus. O que eles irão fazer lá? Dane-se. O importante é que eles irão a Hogsmeade.


That you're not not not gonna get any better...
Que você não não não não vai melhorar...

You won't won't won't you won't get rid of me never.
Você não não não não irá se livrar de mim nunca.

Like it or not even though she's a lot like me.
Goste disso ou não, mesmo que ela se pareça muito comigo.

We're not the same!
Nós não somos a mesma!



Desci as escadas até o Salão Principal. Mesmo com pedidos para ir um pouco mais devagar, não ouvi Deena. Num dos corredores, acabei colidindo com Ron, estava também um pouco apressado e segurava três livros em mãos. A coisa mais sinistra que já vi na minha vida.

A combinação de: Ron, livros e sábado, era bizarro. Vi o rosto totalmente corado de Deena quando o ruivo nos cumprimentou como qualquer outra pessoa, mas para ela, era O Ron lhe cumprimentando e não qualquer outra pessoa.

- Irão a Hogsmeade? – Perguntou apressado já começando apegar seu caminho.

- Lógico, você vai? – Perguntei para o desespero da garota.

- Se eu consegui encontrar o idiota do Neville pra entregar isso. – Apontou para os livros.

- Eu o vi – Deena se manifestou. – Eu o vi na-na-n-na – Lhe cutuquei para ver se saia da mesma palavra. – perto da torre de astronomia, disse que ia falar com a professora Sinistra. – As últimas palavras fluíram tão bem que não parecia aquela Deena falando.

- Ah, obrigada, Dee. – Dee? – Depois, se não estiver ocupada, podemos ir ao Três Vassouras, vai todo mundo. – Ela concordou num sorriso leve no rosto. – E você também, Mione.

- A Gina vai? – Concordou. – E não vai desgrudar do Harry? – Concordou rindo. – Não, obrigada.

- OK, vejo vocês depois. – Sorriu para Deena largamente, fazendo a garota quase ir ao chão. Ao sumir de nossos olhares, mirei meus olhos na loira, erguendo uma das sobrancelhas.

- Nega, continuando negando que você não tá caidinha pelo Rony... – Eu ri, ela apenas me repreendeu.

Encontramos com Kim e Verônica na porta do Salão Comunal. Rapidamente, fomos até as carruagens. Por pouco não ficamos sem uma.


And yeah yeah yeah I'm a lot to handle!
E yeah yeah yeah Eu sou muito pra lidar!

You don't know trouble but I'm a hell of a scandal.
Você não sabe o que é um problema, mas eu sou um 'belo' escândalo.

Me I'm a scene, I'm a drama queen!
Eu sou uma cena, eu sou uma rainha do drama!

I'm the best damn thing that your eyes have ever seen.
Eu sou a coisa mais foda que seus olhos já viram.



Ao descermos, vimos que uma fina camada de neve já conseguia cobrir a fina grama que tinha por toda a parte. Coisa mais do que anormal. Estávamos no meio de novembro. A neve deveria cair lá pro meio de dezembro, mas quem está ligando?!

Nem tive tempo de apreciar a paisagem, fui grosseiramente arrastada para a Zonko's. Tinha uma multidão de alunos no terceiro ano encantados com cada coisa maluca e proibida que era vendido naquele estabelecimento. Ao me verem, alguns tentaram disfarçar. Um aluno, colocou no lugar e tentou fugir de mim.

- Hey, garoto. – parei a sua frente, abaixando a sua altura. – Se tive que esconder alguma coisa de mim, – Peguei aquilo que estava segurando e coloquei na sua mão. – que seja em Hogwarts, não aqui. – Lhe dei dois tapinhas em seu ombro e segui meu caminho. Tentar dispersar aquela imagem de apavoradora de criancinhas era sempre bom.

Quase atropeladas pela multidão, conseguimos comprar, cada uma, dois frascos daquele shampoo milagroso que poderia mudar a cor do nosso cabelo com um pensamento inútil. Demoramos mais de meia hora. Ao sair da loja, avistei Marcus e McLaggen entrando no Três Vassouras, seguido por algumas meninas, aquelas mesmas que se jogavam em cima deles.

Ron se aproximou de nós num sorriso, estava disposto a pegar essa loira de novo. Pegou na mão de Deena e entrelaçou seus dedos dando um pequeno sorriso para as restantes.

- Você irá entrar, Ron? – Perguntei engolindo seco.

- Tô esperando o Harry e Gina, por que? – Perfeito.

- Já volto! – Disse num tom feliz e sorridente. Entreguei aquela sacolinha para que Verônica segurasse.

Ao entrar no bar, um grande cheiro de multidão invadiu minhas narinas. Estava quase jeito a não ser pelos bancos suspensos que tinham em volta do balcão. Tirei meu casaco pelo calor abafado que lá fazia e passei entre várias pessoas recebendo assobios, cantadas de mau gosto e tudo mais.


Alright! Alright, yeah!
Certo! Certo, yeah!



Sentei-me num daqueles bancos deixando meu casaco em cima das pernas cruzadas e encarnando uma postura madura e segura de si. Pedi uma garrafa de cerveja amanteigada e esperei observando todos ali. Tinha uns casaizinhos no canto, alguns bruxos de idade jogando baralho, alguns outros apenas jogando conversa fora. A maça de Hogwarts numa mesa de quase quinze pessoas do sexto ano, e numa das mesas perto da naquela, Marcus e McLaggen.

Vamos dizer assim que não demorei a ser notada. Eu e o Marcus trocamos olhares e sorrisos. Ele pediu – através de gestos – que eu me sentasse ali do seu lado, mas a última coisa que queria era ficar no meio daquelas meninas, que, sinceramente, eram apenas quatro de toda a legião de fãs daqueles caras. Neguei com a cabeça e minha caneca tinha acabado de chegar.

Mexi os lábios dizendo: Vem pra cá, você. – Apontei para o banco vazio ao meu lado e ele concordou, pegando sua garrafa e explicando aonde ia ao seu fiel líder. Despediu-se das meninas num tom galanteador que algumas gemeram e pediram para ele ficar, mas como preferiu a mim, veio sem demora e se sentou me cumprimentando.

- Não acredito que uma moça tão bonita assim, pode estar sozinha num lugar como esse. – Disse rindo, apontando para a mesa ao lado onde podia ouvir os xingamentos à mãe dos participantes.

- Já me acostumei. – Fiz o estilo mulher, e não menina. Bebi minha cerveja amanteigada e depois fiquei de frente para ele, chegando um pouco mais perto. – Sabe, eu ainda não te recompensei como devia... – Sussurrei num sorriso maroto nos lábios. Os hormônios masculinos pediam mais, dava para ver no seu olhar possesso sobre mim.

- E como você pode me recompensar? – Ouvi a porta se abrindo e aquelas vozes conhecidas. Afastei-me no mesmo momento que vi Harry entrando com uma mão na cintura de Gina, Rony e Deena logo atrás. Marcus se aproximou para já dar um beijo em mim, mas coloquei minhas mãos em seu ombro, interrompendo qualquer contato.

- Aqui não, tem muita gente. – Eles fizeram questão de sentar-se à mesa ao lado da porta.


I hate it when a guy doesn't understand.
Eu odeio quando um cara não entende.

Why a certain time of month I don't want to hold his hand.
Porque em um certo momento do mês eu não quero segurar sua mão.

I hate it when they go out and we stay in,
Eu odeio quando eles querem sair e nós queremos ficar em casa,

And they come home smelling like their ex-girlfriend!
E eles voltam cheirando suas ex-namoradas!



- Aonde, então? – Demorei um pouco a responder, sai de cima do banco e peguei minha garrafa pagando logo em seguida. – Você não está querendo fugir. – Me pegou pela cintura e me colocou no meio de suas pernas.

- Marcus, é sério. Aqui não. – Ele me soltou para não ter que empurrá-lo. – A gente se vê.

- E se eu não te encontrar? – Perguntou quase gritando num sorriso.

- Eu te encontro. – Sorri de volta saindo dos seus olhares e do bar.

Já tinha jogado a vara com a melhor isca possível. O peixe já estava quase mordendo, mas não podia ser aqui, tinha que ser naquele lugar que eu queria. Coloquei meu casaco e joguei minha garrafa na primeira lata de lixo que encontrei. Ouvi meu nome ao longe, Verônica e Kim estavam saindo da Dedos de Mel.

- Vamos até o Cabeça de Javali?

- Ótimo, preciso de uma bebida. – Tinha que esclarecer as idéias. Ia fazer uma coisa tão banal, mas necessária.

Descemos a rua principal, viramos na pequena ladeira e logo o avistamos. Como o Três Vassouras estava fervilhando, alguns alunos do sétimo ano preferem ir ao pub, mesmo achando o lugar duvidoso. Ao entrarmos, ouvimos o sininho irritante que fica em cima da porta. Estava mais cheio que o normal. Sentamos em uma mesa perto da porta, qualquer coisa além da nossa imaginação sombria, era rapidinho para passar fora dali. Pedimos três garrafas individuais de Vinho com Pimenta Explosiva.

Era o coquetel mais requisitado daquele lugar. Era interessante ver como a pimenta pipocava dentro da garrafa, tinha que tomar com cuidado para não engoli-las e fazer um belo estrago dentro do seu estomago. Reconhecemos várias pessoas de Hogwarts.

Uma delas, me chamou ainda mais atenção. Draco queria se mostrar ao me ver, queria se mostrar o bonzão. Pansy estava quase sentada no seu colo, naquelas mesas tombadas com sofás carcomidos. Quando viu meu olhar reprovador, discreto mas muito reprovador, lhe deu um profundo beijo que só faltou arrancar sua roupa ali mesmo.

Meu queixo caiu, procurei a me distrair com outra coisa, como a história louca que Kim contava.


But I found my hopes I found my dreams!
Mas eu encontrei minhas esperanças, meus sonhos!

My Cinderella story scene.
Minha cena da história da Cinderela.

Now everybody's gonna see!
Agora todo mundo verá!



Nossas bebidas chegaram. Dei um profundo gole que senti as pimentas tocarem em meus lábios. Kim pediu que fosse com calma, isso era vinho e poderia me deixar bêbada. Mas eu não ficava alterada tão fácil assim. Acho que com duas garrafas dessas, preocupações à parte e mais um filho de uma puta comendo a desgraçada da Pansy na minha frente, me deixaria completamente doida.

Engraçado, né? Ele conseguia me tirar do sério. Levantou-se, me deixando ainda mais confusa, disse que ia até o banheiro mas todos que freqüentavam esse lugar, sabiam que nem um homem usava aqueles banheiros.

Estava pedindo, estava provocando. Parecia que tinha entendido seu recado. O banheiro ficava lá em cima, perto da estalagem. Jogou um olhar sobre mim e depois olhou para cima. Subiu pulando de dois em dois degraus. Estava esperando por mim.

- Hã, eu acho que – Fingir que ia vomitar. – acho que vou – Coloquei as duas mãos na boca e me levantei.

- Hermione! – Chamou Kim se levantando.

- Não, fica aí! Eu vou ficar bem! – Disse entre os dedos. Atropelei algumas pessoas e subi as escadas rapidamente. Lá em cima, ninguém. Fui de porta em porta, não conseguia encontrar Draco. Estava quase voltando quando senti um braço me puxar para dentro de uma sala apertada, era um armário, um armário de vassoura. – Parabéns, Draco. Além de esse lugar feder a peixe nem conseguimos nos mexer. – Ele segurou na minha cintura e desceu até o passador do cinto da minha calça.

- Melhor assim, não? – Sussurrou roçando seus lábios nos meus.

- Cara, você é maluco e se alguém pegar a gente aqui? – Perguntei mexendo minhas mãos com dificuldade e indo ao seu peito.

- Falo que você passou mal e eu fiz uma respiração boca a boca. – Eu ri.

Ele passou a mão por debaixo da minha blusa, passando até perto do meu sutiã descendo pelas costas e começou a beijar meu pescoço.


That you're not not not gonna get any better...
Que você não não não não vai melhorar...

You won't won't won't you won't get rid of me never.
Você não não não não irá se livrar de mim nunca.

Like it or not even though she's a lot like me.
Goste disso ou não, mesmo que ela se pareça muito comigo.

We're not the same!
Nós não somos a mesma!



- Eu não sei se você que é totalmente louco por me trazer aqui ou – fechei os olhos enquanto ele mordiscava minha orelha – ou eu que ainda te dou ouvidos... – As últimas palavras saíram tão fracamente que eu ainda duvido que tenha as falado.

- Fala, - beijou minha boca e depois arrancou minha jaqueta. – fala que essa não é a fantasia de qualquer pessoa?

- Dar uns amassos num armário fedorento num bar suspeito habitado pelas trevas? – Draco riu tirando sua jaqueta incrivelmente cara e passando a mão pela minha cintura e depois pela minha perna. – Isso para você é excitante? – Ri pegando em seu rosto e passando a língua em seus lábios e lhe dando um profundo beijo.

- Mas você está gostando, não?

- Preferia que fosse no seu quarto, - Passou a mão por debaixo da minha blusa novamente. – com lençóis de seda, - arrancou sua jaqueta. – a luz de velas e - peguei no cinto da sua calça.

- E...? – Nos olhamos.

- E vinho, muito vinho. – Disse docemente.

Draco abriu um pequeno sorriso e virou os olhos desistindo. Eu abaixei minha blusa e peguei minha jaqueta. Era difícil a movimentação ali. Cada vez que nos encontramos, mais quente ficava. Eu não estava mais me segurando.


And yeah yeah yeah I'm a lot to handle!
E yeah yeah yeah Eu sou muito pra lidar!

You don't know trouble but I'm a hell of a scandal.
Você não sabe o que é um problema, mas eu sou um 'belo' escândalo.

Me I'm a scene, I'm a drama queen!
Eu sou uma cena, eu sou uma rainha do drama!

I'm the best damn thing that your eyes have ever seen.
Eu sou a coisa mais foda que seus olhos já viram.



Sabe, eu 'me guardei' para um cara totalmente especial, que eu não acordasse no outro dia com uma amnésia alcoólica e eu tivesse que explicar tudo que tinha acontecido na noite passada. Agora, eu não sei se esse cara totalmente especial é o Harry ou o Malfoy.

- Eu vou indo. – Peguei no seu rosto e lhe dei um rápido beijo bruto.

- Eu desço pela outra escada. – Abri a porta com dificuldade colocando a cabeça para fora.

Tudo que eu precisava era disso, estava com a cabeça totalmente melhor. Baguncei meu cabelo, passei a mão pelo rosto e arregacei as mangas. Fingi estar doente, fingir não estar muito bem. Seria ótimo, assim, já saímos desse lugar.

- Como você está? – Perguntou Verônica preocupada de mais.

- Você demorou de mais, pensamos que tinha acontecido alguma coisa de grave.

- Já estávamos subindo para ver o que aconteceu.

- Relaxa, gente. – Me sentei e me apoiei nos braços. – Acho que foi aqueles ovos do café da manhã, eu disse que não estavam com uma cara muito boa... – Sussurrei ainda caída nos braços.

- Sabe, até pensamos que o Malfoy tinha feito alguma coisa com você. – Riram. Eu ergui minha cabeça e dei um sorriso amarelo olhando a mesa que lá se encontravam, Draco tinha acabado de descer.

- Se ele fizesse alguma coisa comigo, ele não teria mais aquilo no meio das pernas. – Que pecado.

- Mas ele é um pedaço de mal caminho, Hermione, fracamente! Você tem que concordar com a gente. – Disse Kim rindo.

- Lógico que é. Só uma cega para não reparar nele, mas – Mais uma vez, tinha meus olhos mirados nele. – é Draco Malfoy, o imundo do Draco Malfoy que nunca encostaria um dedo.

- Sei. – Concordou Verônica quase rindo. – aquele ali, eu encostaria um dedo, uma perna, tudo. – Brincou e logo depois suspirou.

- Vocês me assustam. Vamos sair daqui, acho que já vou voltar a Hogwarts. – Soltei colocando a mão sobre a barriga. Pagamos e logo saímos.

Draco tinha que dar a minha deixa, tinha que dar aquele beijo em Pansy. Podia não prestar nem o ar que respira, mas eu tô amarrada a ele, fazer o quê?! Verônica e Kim disseram que ainda ficariam por lá, tinham que comprar mais algumas coisas, mas eu tinha que levar minha farsa adiante. Disse que pediria a Hagrid que me levasse, que não estava passando bem.

Nisso, encontrei com Marcus e McLaggen saindo da Zonko's, podia pedir muito bem para aquele idiota me acompanhar e já, quem sabe, me levar até a sala de Dumbledore.

Separei-me das meninas que entraram no Três Vassouras e corri até Marcus pegando em seu braço.

- Desculpa, mas eu irei ter que roubá-lo de você. – Disse para McLaggen que riu para o amigo.

- Cara, o dever me chama. – Idiota, pensa que irá conseguir alguma coisa. – Vamos aonde?

- Para Hogwarts. – Ele me olhou como se não tivesse entendido. Nos separamos de McLaggen e seguimos em direção as carruagens.

- Para Hogwarts? Pensei que aproveitaria o sábado em Hogsmeade. – Fingi, agora, estar cansada.

- Sabe o que é, - Estava ainda mais grudada em seu braços. – eu não estava passando muito bem, vomitei e tal, tenho que ir para Hogwarts. – Ele não questionou, apenas me acompanhou.

Sentamos nas carruagens e apenas conversamos. Ele não queria uma aproximação numa carruagem e todo aquele balanço poderia me deixar enjoada e colocar meu jantar para fora, quem sabe. Era esperto de mais, isso me assustava. Ao chegarmos em Hogwarts, apenas alunos do primeiro e segundo ano habitavam os corredores e o Salão Principal.

Ele me acompanhou até o sétimo andar, onde de lá, ele passaria no Dormitório Masculino e eu passaria no meu quarto. Marquei as duas na frente do Salão Comunal. Estava dando certo. Parecia que todo o plano que tinha arquitetado essas noites estava indo como eu queria.

Subi as escadas das masmorras dos Monitores quando ouvi alguma coisa ser derrubada atrás da porta do meu quarto. Colei o ouvido da porta e mais uma vez, tinha tudo ido para o chão. Peguei minha varinha do bolso e abri a porta com uma força sem igual. Era Dobby, em cima da minha cômoda onde já tinha derrubado dois vidros de perfume. Abaixei a varinha no mesmo momento em que ele se escondeu e pediu piedade.

- Dobby! O que você está fazendo aqui?! – Perguntei me aproximando do elfo que fugia de mim.

- Amiga de Harry Potter brava com Dobby! – Corria pelo quarto desarrumando mais coisas e minha cama.

- DOBBY! Pára! Está destruindo tudo! – Subiu na cortina e a pôs a baixo, coloquei as duas mãos na cabeça e pedi que parasse mais uma vez.

- Dobby com medo! – Se encolheu atrás de uma poltrona. Era pequeno mas dava um trabalho sem tamanho. – Dobby com muito medo... – O peguei pelo aquilo que ele chama de roupa e o ergui, ele se protegia com os bracinhos finos.

- Eu não posso acreditar que um dia eu defendi elfos pentelhos como você. – O derrubei na cama. – Agora, sem histeria, pode me dizer o que está fazendo aqui? – Fechei a porta com a varinha e comecei a reconstituir aquilo que ainda tinha alguma forma. O carpete vermelho ia ficar cheirando perfume durante anos, aquele cheiro impregnava tudo.

- Não fica brava com Dobby, amiga de Harry Potter, por favor, não fica brava... – Tentava se proteger.

- Relaxa, Dobby, tenho cara de exterminadora de elfos? – Arregalou os dois olhos. – Calma! Brincadeira. – Tentei uma aproximação mais amigável. – Então, o que veio fazer aqui?

- Dobby veio atrás da oportunidade. – Me endireitei e olhei dos lados. – E trouxe um aviso.

- Vamos por partes: que oportunidade? – Ele desceu da cômoda, subiu na minha cadeira que ficava em frente o meu espelho e pegou um colar qualquer que tinha dentro de uma caixinha.

- A oportunidade que todo elfo sonha. – O Colar, o Aimer.

- Como você sabe da-

- Boatos! Os boatos correm lá na cozinha, sabia? – Subiu na cama ainda com o colar na mão. – Boatos mais do que sinistros. – Estava num olhar calculador.

- Que boatos?

- Boatos de uma certa menina de cachos possui aquilo que todos nós queremos. – Meu queixo caiu.

- Quem disse isso?

- Dobby não sabe. – Pegou na minha mão e deixou o colar em cima dela. – Dobby só queria a oportunidade que todos dizem que é a mais bela do mundo.

- Não! – Me afastei dele. – Não é a oportunidade mais bela do mundo! Não é! – Quase gritava. – Esse colar maldito é um assassino isso sim! Ele só trás azar, Dobby! Nem pense em chegar perto dele, ouviu bem?! – Segurei nos seus bracinhos. Soltou-se de mim e foi até a porta. Começou a bater a cabeça constantes vezes.

- DOBBY BURRO! BURRO! – Gritava. Desse jeito, irá chamar a atenção de alguém com os ecos que essa torre dava.

- Dobby, pára! – Peguei em seu braço, o erguendo e o jogando na cama de novo. – Me promete que nem você e nem nenhum dos seus amiguinhos irá encostar nesse colar. – Ele ficou em silêncio lamentando. – Promete?! – Gritei.

- Dobby promete. – Beijou a cruz que fez com os dedos e me olhou choroso.

- E passa isso pra todos seus amigos e mandem parar de correr esses boatos, se chegar no ouvido de alguém com mais de um metro de altura, você morre.

- Ain. – Soltou em sinal de medo.

- OK, e o que você tinha pra me falar? – Ele se sentou à cama enquanto eu arrumava a bagunça que tinha feito.

- Dobby não sabe direito mas ouviu a Serpente dizer. – Parei o que estava fazendo e o encarei.

- Snape? – Me aproximei. Confirmou olhando os dedos. – O que ele disse?

- Dobby não sabe direito mas, ele disse que sabe quem não tomou o suco de abóbora no jantar de ontem. – Meu olhar ficou aterrorizado. – Ele sabe. – Me sentei ao seu lado olhando fixamente para o chão.

- E ele falou o que irá fazer? – Perguntei fracamente.

- Dobby não ouviu. Dobby só ouviu isso e mais nada. – Cruzei os braços e olhei aquele elfo desconfiada.

- Se você não ouviu mais nada, por que você veio me contar? Como sabia que eu poderia ser uma das envolvidas? – O elfo olhou dos lados, pegou a minha sandália e começou a bater com ela na cabeça, lhe chamando de burro novamente. Virei os olhos e a tirei de seu poder. – Dobby, é melhor você não me esconder nada. – Agachei ficando na sua altura.

- Dobby não pode falar. Dobby é fiel a Harry Pott- – Colocou as duas mãos a boca antes de concluir. Abri um pequeno sorriso malicioso.

- Ah, então você disse a Harry que ouvi Snape falando isso e ele mandou que me contasse? – Dobby começou a se alto flagelar de novo, agora, batendo na parte de madeira da cama e novamente tive que tirá-lo de perto. – Você não fez nada de errado, eu ia descobrir mesmo. – Sorri. – Obrigada, pode ir. Esqueça o colar, ele só atrai desgraça.

Dobby concordou se despedindo e saindo do quarto rapidamente. Analisei todo o quarto, tinha muita coisa para bota no seu devido lugar. Mas agora, estava pensativa para isso. Sentei-me numa das poltronas, agarrando as pernas e encostando a cabeça no encosto.

Snape estava sabendo, está muito arriscado fazer as coisas de qualquer jeito, tem que ser um trabalho de mestre.


Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.