Par



Capítulo Dezenove
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Sair das alfinetadas de Gina foi a melhor coisa que eu fiz nos últimos dias. Poderia, muito bem, ficar ali e ouvir mais algumas coisas idiotas, ficar provocando-a, ficar jogando na cara que sempre serei melhor em tudo, mas ficar batendo na mesma tecla por muito tempo enche o saco. Não que eu encare provocar os outros como um passatempo divertido que eu fácil me enjôo, mas faz parte integralmente da dinâmica da vida.

Tudo aquilo tinha me tirado a única ponta de fome que eu tinha. Nem perdi meu tempo indo até o Salão Comunal para, além de nem tocar na comida, ser alvos de comentários. Subi as escadas dos dormitórios, entrei no meu e sem demora, tomei um banho. Enfeiticei a esponja para não molhar os curativos. Quando água batia em alguns cortes, ardia feito fogo.

Tomara que cicatrizem até o baile, me recuso a ir com as mãos enfaixadas.

Coloquei meu pijama, peguei meus livros, e migrei para o quarto de Draco, sem ser vista por ninguém. Ao bater na porta, abriu de supetão, pegou no meu braço e me puxou para dentro com uma brutalidade sem tamanho.

- Está tudo bem com você?!

Segurou nos meus dois braços.

- Calma, Draco. Está tudo bem sim. – Deixei meus livros em cima da sua cama junto com minha bolsa. Envolveu-me num forte abraço, me deixando sem reações.

- Eu fiquei completamente atordoado quando disseram que você foi atacada por uma criatura, eu não podia- – Pegou em meu rosto e meu deu rápidos beijos e depois me abraçou novamente.

- Draco, me solta, está tudo dolorido! – Obedeceu se desculpando.

- Por que o imbecil do Potter não te protegeu?! – Soltei-me respirando fundo e me sentando na sua cama enquanto o loiro tentava abrir um buraco no chão, andando de um lado para o outro.

- Ele não tem a obrigação de salvar ninguém, principalmente eu. Fiquei ali porque eu- – Dei algumas gaguejadas e não terminei. – Bom, dane-se, estou bem viva não estou?

- E o que aconteceu com suas mãos?

- Eu nem sei o que fizeram, eu nem tive coragem de olhar.

Draco estava visivelmente preocupado e furioso. Nesse caso, não sabia se era comigo ou com Harry. Para ele, Harry tinha que ser meu guarda costas incondicional que me protegeria até de uma brisa mais forte, mas mim, Harry apenas seria mais um aluno nessa merda de escola que poderia ou não, me salvar um dia.

Analisando meu passado, poderia dizer que Harry ultrapassou – a tempos – esse simples aluno a mais na escola.

- Vim aqui para estudar e não para ficar levando sermões.

***


- Só irá dar certo se você colocar dentes moídos de sanguessugas, entendeu?

As palavras de Draco já entravam com dificuldade na minha mente; Ao fim de cada palavra, tentava mostrar que estava bem, mas não estava mais agüentando.

– Está cansada, não é?

- Não, não. – Já ia guardando os livros, mas o impedi. – Eu tenho que aprender essa droga de conteúdo senão eu posso me ferrar na prova. – Insistiu e guardou.

- Chega por hoje. – Me dei por vencida. - Você foi atacada por uma criatura, passou horas desacordada.

Deixamos tudo organizado para que logo eu fosse para meu quarto. Ficamos nos olhando por alguns minutos; sorrisos bobos nos rostos, como se quiséssemos ficar um pouco mais ali. Lentamente, engatinhei pela cama, o deitei, o empurrando com uma mão em seu ombro, fiquei em cima de seu corpo, com minhas pernas cercando seus quadris, coloquei uma mecha atrás da orelha e lhe dei um pequeno beijo.

Colocou a mão na minha nuca e me virou para debaixo do seu corpo. Passou a mão a minha cintura, desceu para minha coxa e assim foi. Loiro que me deixava louca. Era isso que eu pensava.

- OK, eu vou dormir! – Me separei dele, deixando frustrado a ponto de rir. – Não reclame, da próxima vez, você vem até meu quarto. Aí, você determina quanto tempo quer ficar, OK?

Sai rapidamente em silêncio, atenta a qualquer mínimo ruído.

***


Descobri uma pequena deficiência ao segurar a pena. Madame Pomfrey disse que já deveriam ter passado os sintomas da poção, e pediu que eu não fizesse esforço com as mãos. Como não fazer esforço com as mãos?! Era como impedir que um rio seguisse seu curso, que um hipogrifo não voasse ou até de um duende ser pequeno.

Era hora do almoço; me sentei, como de costume, com as meninas. O assunto predominante era o maldito Baile. Digo maldito porque já estava enchendo a todos. não tinha uma alma viva ou morta que não falasse sobre esse assunto, a qualquer hora, em qualquer lugar.

- Você irá mesmo com o Ernesto, Verônica? – Perguntou Parvati interessada.

- É maravilhoso! Eu nem esperava! – Riu.

Estava concentrada no movimento que fazia com meu garfo naquele purê, fazendo um desenho de uma carinha feliz.

De repente, mais um daqueles pássaros voaram na minha direção, chamando a atenção de algumas pessoas. Pousou na borda do meu copo, esperando que eu o pegasse.

- Pegue, Hermione, antes que ele voe.

- Eu não. – Disse com desdém. - Vocês sabem que esses recados aí estão começando a me assustar.

- Hermione, nenhuma de nós pode pegar algo que mandarem para você. Pegue logo! – Ordenou Kim. Vencida, peguei o pássaro e o desembrulhei. Agora, tinha essência de tulipas, era facilmente reconhecida por mim porque tia Josefinne tinha uma plantação no seu jardim.

"Já dizia Camões que o 'Amor é fogo que arde sem se ver. É ferida que dói e não se sente. É um contentamento descontente. É a dor que desatina sem doer.'"

Mais assustador, impossível. OK, vocês devem achar que quem vos fala deve ser um poço de individualidade, de falta de sentimentalismo e pouca compreensão ao próximo. Quero saber se isso acontecesse com vocês: todas as manhãs, vocês receberiam recadinhos em pássaros enfeitiçados com versinhos arcaicos e sem um remetente. É mais do que assustador. Dei para que lessem, riram, fizeram comentários fofos e disseram que eu tinha um admirador secreto.

- Meu Merlin, em que ano estamos para ainda existir esse negócio de admirador secreto?!

- Ai viu... Quem dera ter um cara que me mandasse todos os dias pássaros como esses... – Comentou Deena sonhadora.

- Se eu descobri quem é esse desgraçado, vou fazer engolir esses pássaros até dizer chega! – Dei um murro na mesa.

- Nossa, Hermione, cadê seu romantismo? – Perguntou Kim.

Não respondi, apenas respirei aborrecida apoiando meu cotovelo nas costas das mãos. Olhei por todo o salão, ficava me perguntando quem era o 'sem graça'. Estava começando a me encher.

***


Agora, eu não poderia escapar das aulas vespertinas. Tinha que ficar pelo menos em três, como McGonagall tinha me obrigado. A sineta tocou, entrei em Runas Antigas. Já tinha a base da matéria, já sabia quase todo o necessário. Na porta, esbarrei com David Scott e enfim, vi que teria que me sentar junto com o mesmo, nas únicas cadeiras vagas.

- Sobramos... – Comentou se sentando comigo. Um pequeno aceno de cabeça revelou meu aborrecimento.

Já não queria ter as aulas matinais, imaginem só as aulas vespertinas! Perder minha preciosa tarde ficando com a bunda totalmente quadrada.

- Não tinha parado de freqüentar Runas? Resolveu voltar?

Sorriu. Apenas aquele sorriso me acalmou. Um sorriso que revelou aqueles dentes alvos e perfeitos, combinando com todo o resto daquele rosto esculpido por alguém que jogou o molde fora. Adoradora inconstante de amores platônicos, tive que sacudi a cabeça algumas vezes para aterrissar na Terra novamente.

- É, eu tenho que me dedicar mais aos estudos. – Não saia espalhando para todo mundo que você virou uma vagaba nos estudos, Hermione.

Lembrei das palavras de Kim: "começamos a conversar numa aula aí que dividimos e pronto."

- Soube o que aconteceu ontem. – Apontou discretamente para as minhas mãos.

- É, foi horrível. Que bom que não estava lá. – Sorri falsamente.

- Se eu estivesse, não ia sair correndo, acho que ajudaria vocês. – Que herói.

- Diante daquela criatura, acho que muitos pensaram isso mas o medo falou mais forte e suas pernas passaram a ser seus cérebros... – Rimos.

- Mas você e o Potter foram muito corajosos, pelo que disseram.

- Estamos numa Escola de Bruxaria, pelo menos o básico de defesa teríamos que saber. – Completei abrindo os braços.

- Com certeza. – Abriu mais um daqueles sorrisos.

***


A sineta tocou, a aula foi exaustiva a ponto de quase dormir na carteira. Sempre que o professor não olhava, trocávamos bilhetinhos no meio da aula. Algumas piadas toscas, algumas conversas sobre gostos. Ué, estávamos nos conhecendo, tá legal?! Parecia ser um garoto introvertido, mas no papel, era totalmente contrário. Contou até sua vida amorosa, o que mais me interessava.

Organizei as minhas coisas, acabou por ficar apenas nós na sala inteira.

- Irá ao baile? – Perguntou.

- Não sei, eu já não sabia, aí aconteceu esse acidente e fiquei ainda mais na dúvida.

- Deixa que eu carrego para você. – Pegou meus livros e os carregou, apenas me incumbia de colocar minha bolsa no meu ombro.

- Eu também não sei se eu vou. Irá para onde?

- Não sei, qual a sua próxima aula?

- Estudo Avançado de Transfiguração. – Era chato, cansativo e ainda por cima, com McGonagall, mas estava com David Scott, por que não ir?

- Ah, a minha também. – Ri.

Fomos até a sala de McGonagall, mais uma vez, sentamos um do lado do outro. Durante a aula, observei que ele conseguia entender bastante sobre o assunto, deixando até a professora impressionada. Com dois períodos de Estudo Avançado, matava minhas três aulas.

A sineta final bateu.

- Finalmente... – Soltei para mim mesma, mas ele tinha ouvido.

- Não gosta de transfiguração? – Se respondesse que não, perguntaria: tá fazendo o que aqui, então?

- Lógico que sim! – Disse um pouco alto de mais. - Mas é que estou completamente quebrada de ontem e eu queria seriamente uma cama. – Menti.

- Ah, claro, você deve estar realmente cansada. – Sorriu mais uma vez.

Pare de me torturar assim, seu desgraçado.

Quase me peguei divagando sobre seu sorriso novamente, enquanto andávamos até o salão comunal onde ele ia estudar e eu ia subir as escadas. Paramos em frente a porta principal, ele me entregou meus livros e respirou fundo.

- Bom, se pretender fazer sempre essas aulas, é só me avisar que dividimos, OK? – Concordei com a cabeça retribuindo seu sorriso maravilhoso.

- Obrigada. – Lentamente, ele se inclinou e deu um beijo na minha bochecha.

O mundo não está totalmente perdido, Hermione, ainda há moleques educados, lentos, mas educados.

- Nos vemos depois. – Sorriu. Ah, pare de sorrir.

Subi as escadas num meio sorriso, segurava meus livros contra o peito feito uma garota boba, apaixonada pelo dono do sorriso mais perfeito que já vi. Andei pelos corredores do quarto andar, pensando apenas como seriam produtivas minhas tardes.

- Hermione! – Era Ron, correu até mim que parei no meio do corredor. – Está melhor?

- Depende, tenho que fazer alguma coisa? – Riu.

- Depende, está boa? – Ri também.

- Cansada e dolorida. Por que?

- Terá uma reunião hoje e-

- Eu vou, pode deixar. Tem que entregar os relatórios, não? – Concordou. – Eu durmo agora, e de noite estou bem disposta.

- E suas mãos? – Olhei para elas.

- Ainda estranhas, acho que o efeito da poção tá meio retardado. Queria ver o Hagrid mais tarde, será que ele está lá?

- Está, eu acabei de sair de lá com Neville. Perguntou de você e do Harry toda a hora.

- E- – Hesitei em continuar. – o Harry? Como está? – Ron abriu um pequeno sorriso e concordou com a cabeça.

- Tá até confabulando sobre você-sabe-quem.

- Por que?! Ele teve algum sonho? – Perguntei num salto.

- Não, não! Você sabe como ele anda paranóico com essas coisas... – Me senti mais aliviada. – A "reunião" será as oito, na mesma sala, ok? – Concordei, passou a mão na minha cabeça e voltou para seu caminho. Por que não ver Hagrid agora? Apenas deixei minhas coisas no quarto e troquei de roupa.

Tinha um ventinho gelado naquele lado do castelo. Passei pelo relógio, corri pela ponte e logo desci o pequeno morro. Era praticamente uma caminhada. Tirei meu capuz e dei batidas na porta; Ouvi vozes conhecidas vindo de lá de dentro.

- Oh! Hermione! – Disse Hagrid com uma faixa em sua cabeça.

Abriu a porta completamente e vi Harry sentado numa das grandes poltronas, evitou me olhar, apenas deu um grande gole na sua cerveja amanteigada.

- Eu volto depois, Hagrid. – Dei as costas num meio sorriso frustrado.

- Que é isso! É o Harry! Pode entrar! – Me puxou para dentro, meus pés arrastaram pelo chão. Parei na sua frente, engoli seco, como aquele gigante me colocava em cada situação... – E como está, Hermione?

- Um pouco cansada e minhas mãos ainda não estão totalmente boas. – Me sentou no grande sofá. – E você? Melhorou? – Minha voz estava tremula.

- Ah, sim. Os remédios da Papoula me fazem milagres! Dumbledore pediu que eu ficasse de cama e não dê aula, mas quem agüenta dentro dessa casa?! – Riu me servindo uma caneta de cerveja amanteigada.

Tome a iniciativa, Hermione, largue de ser uma menina mesquinha. Você tem que mostrar que está por cima da relação e que não guarda nenhum tipo de rancor excessivo, mesmo que esteja mentindo friamente.

- E você? – Virei-me para Harry depois de um pequeno silêncio.

- Meu braço ainda está dolorido. – Consenti com a cabeça lentamente voltando a Hagrid.

- Aquela Veela não estava normal. O Ministério está querendo sacrificá-la.

- O quê? O Ministério está envolvido? – Perguntou Harry num salto.

- Lógico. – Suspirou. – Desde Bicuço, eles estão de olho nas criaturas e qualquer problema que causarem, sacrifício.

- Que horror... – Soltei bebendo um gole.

- Ou Rony a irritou muito, ou estava mesmo com problemas. Nunca devia ter dado as costas para ela...

- Não é sua culpa, Hagrid. – Disse para confortá-lo.

- Não te interrogaram, não é Hagrid? – Perguntou Harry.

- Não! Ainda não, mas Dumbledore disse que viram aqui dentre hoje ou amanhã.

- Não diga que deu as costas para ela, poderão tirar seu cargo. Pode ter sido um descuido, mas-

- Eu sei, Hermione, Dumbledore me orientou. – Sorriu para mim. – Obrigado, devo meus agradecimentos a vocês que conseguiram capturar aquela Veela.

- Agradeça a ele, por ter estuporado ela. – Disse rapidamente, olhando para Harry.

- Não, agradeça a Hermione que conseguiu dominá-la.

- Mas você que pensou certo.

- Mas você agiu rápido. – Num momento, nos encaramos, as últimas palavras saíram lentas.

- Obrigado a vocês dois, e a Ron e a Neville também. Vocês foram corajosos, não como metade da classe que saiu correndo. – Ainda estávamos nos encarando. – Se não se importam, eu teria que alimentar as plantas carnívoras das estufas agora. – Nos levantamos no mesmo momento.

- Sem problemas, Hagrid. – Dissemos juntos, para ainda mais ficarmos nos encarando.

Nos dirigimos até a porta, Hagrid nos acompanhou até o castelo, depois, ele foi para estufas e nós para a interior do castelo.

- Eu vou-vou p-pra... – Começamos a dizer, estávamos perto das escadas principais.

- Fala você primeiro. – Disse Harry, mais rápido do que eu.

- Eu tenho que ir descansar. – Soltou seu ar demonstrando um pouco de frustração. - Tem reunião hoje, não é? – Concordou.

- Você irá? – Concordei. – OK. – Demos as costas e pegamos nossos rumos.

Parabéns.Você acabou de fazer papel de palhaça na frente dele, Hermione. Eu demonstrei medo, eu demonstrei que estou arrependida de ter falado todas aquelas coisas no dia da festa. O que ele deve pensar de mim?! Apenas que sou aquela pessoa que morre de amores por ele e não consegue nem ficar uma misera semana sem olhar na sua cara e suspirar pelos cantos.

Não estava rodeada de uma aura cor de rosa que demonstrava tudo isso. Malditos curativos. Queria me livrar deles o quanto antes. Ainda tinha aquela maldita reunião, com que cara eu vou aparecer lá? Pelo menos, tudo que estava empacado entre eu e Ron, está bem melhor, pelo menos uma coisa para dar certo dentre tantas que me tiram o sono.

Às sete horas da noite, fui para o jantar farto e proveitoso. Sentei no meu lugar de costume e vi que o clima entre todas ali, andava um pouco pesado, comiam quietas, o máximo de palavras eram três, quatro. Queria saber o que abalou aquelas criaturas falantes, para estarem a ponto de um velório. Me servi também atribuindo o corrosivo silêncio, até Deena quase berrar no meu ouvido:

- Chega! Eu não agüento mais! – Ajeitou seus óculos em cima do nariz e suspirou, seus olhares estavam mirados em Kim e Parvati, as duas não se olhavam, muito menos se comunicavam.

- O que aconteceu? – Perguntei para Deena que se recuperava de seu ataque.

- Essas duas aí... – Soltou com desdém. Parecia que todas ali não queriam tocar no bendito assunto, mas Verônica se pronunciou:

- O baile está deixando essas duas completamente paranóicas.

- Você diz isso, porque você já foi convidada, Verônica. – Disse Parvati apoiando seu queixo em sua mão, sem ao menos tocar na comida.

- Você deveria ser a última a falar qualquer coisa. – Indagou Kim do mesmo modo.

- E por que elas estão paranóicas, Verônica? – Juntas, viraram os olhos e soltaram todo o ar que prendiam.

- Ninguém, ainda, as convidou. – Soltei uma risada.

- Gente, relaxa. As inscrições não vão até o final da semana? Hoje é apenas terça feira! – Soltei ainda rindo. – Se isso acalmar vocês, eu também não fui convidada e não estou tão preocupada assim.

- E olhem que isso veio da garota mais desejada, no momento, em toda Hogwarts. – Brincou Verônica.

- Ah, lógico. – Ri. – A garota mais desejada, uhum. – Ri mais uma vez. – Relaxem, é a melhor coisa que vocês podem fazer.

O jantar continuou no mesmo clima, por mais que eu, Verônica e Deena pedíssemos que elas parassem, pelo menos um segundo, de pensar nesse baile, foi o assunto que mais rendeu. Era quase oito horas quando desci as escadas das masmorras dos monitores para ir até a sala de McGonagall, onde teria mais uma daquelas reuniões super interessantes. Pelo jeito, todos já estavam lá, não encontrei ninguém pelo caminho.

Trazia o relatório que eu e Ron, que fez a maior parte, fizemos. Apenas acrescente algumas anotações, e mais nada. De um tempo para cá, Ron tem se mostrado responsável, está até melhorando suas notas, segundo ele mesmo me disse um dia desses. Cruzei os braços de frio, devia ter colocado outra blusa. No corredor dos arcos para o jardim, pude observar a noite limpa e fresca que estava. Oras, uns minutos a mais pegando o caminho mais longo, não matarão ninguém.

Passei pelo jardim, parecia que uma legião de vaga-lumes da floresta resolveu iluminar todo aquele caminho. A lua estava pequena, porem muito convidativa para ficar horas ali. As folhas das árvores azuis marinhos, a grama rala quase turquesa e o cinza dos bancos estava numa cor bem clara. Dentre tudo que estou passando, ainda acho tempo para contemplar uma noite.

Parei na frente do pequeno morro onde podia ver quase todo o lago, parte da floresta, o caminho para a casa de Hagrid, a ponte e mais outras coisas. Cruzei os braços juntando-os ao meu corpo. A ponta do meu nariz estava perdendo a sensibilidade. Eu sabia, eu deveria ter colocado outra blusa. Apenas coloquei aquela por ser uma das mais bonitas, apensar de não gostar muito. Antes, pensaria primeiro eu meu conforto depois em sua importância estética. Mas isso, era antes como eu mesma disse. Antes, antes, antes! Tenho que me contentar com isso.

O relógio soou oito horas. As poucas nuvens do céu estavam se dissipando. Amanhã fará sol, ignorando o fato de que daqui alguns dias será outono.

- Hermione? – Chamou uma voz conhecida. – Filha, o que você ainda tá fazendo aqui?? – Era Antonio.

- Ah, eu estava- – Tentei me explicar, mas ele, nem pra isso, me deu tempo para terminar a frase:

- Dane-se. Vamos que só falta você! – Me agarrou pelo braço e me pos a correr até a sala de McGonagall. Realmente, só faltava eu.

- Trouxe? – Perguntou Ron sem cumprimentar ninguém.

- Olá, Ron, eu tô bem, obrigada por perguntar. – Brinquei dando as folhas em sua mão.

- Valeu, Hermione. – Correu para o meio da sala e entregou para McLaggen.

***


Eram quase meia noite quando Filth passou e mandou que todos aqueles adolescentes sem nenhum escrúpulo mental, fossem para suas camas. Percebi o quanto Harry me observava durante os quarenta minutos perdidos onde McLaggen não calava a sua boca, até me senti incomodada um certo ponto. Oh, esse, definitivamente, não deve ter amor a vida.

Indo junto a Ron para os quartos, observei que, no meio do caminho, Draco tinha pegado outra direção. Tentei, sem ser notada, ver ao máximo aonde ele ia.

- Sei lá, acho que vou me ferrar, como sempre. – Colocou as mãos nos bolso. – Não é, Hermione? – Nem ouvindo estava. – Hermione?

- Hmm? – Mirei meu olhar em Ron.

- Ainda tá nesse mundo?

- Oh, me desculpe, estava falando sobre o que?

- A prova de amanhã, se esqueceu? – Oh, não. A prova de amanhã. A prova que pode decidir meu destino nessa escola.

Eu posso muito bem tirar uma nota satisfatória ouvir um pequeno sermão de Snape, McGonagall e na minha irritante consciência ou eu posso ir extremamente mau, ouvir um grande sermão de Snape, McGonagall e consciência, além de freqüentar as aulas vespertinas pelo resto do meu ano. Isso irá me matar aos poucos, de uma maneira calma e dolorosa.

- A prova deve tá pra matar qualquer um. Hoje eu viro a noite estudando.

- Ora, Ron Weasley perdendo sua noite de sono para estudar? – Brinquei.

- Prefiro perder uma a perder o resto do ano. – Bem observado.

Entrei em meu quarto me despedindo de Ron. Fiquei curiosa para saber aonde Draco tinha se enfiado. Colei o ouvido na porta para certificar-me que não tinha mais ninguém lá fora, que todos já tinham entrado em seus quarto. Ouvi a última porta se fechar. Rapidamente, peguei um casaco preto e o coloquei por cima de minha blusa, abri a porta colocando a cabeça para fora e olhando dos dois lados das escadas.

Fui até a corredor que ele tinha se separado do grupo. Olhei de todos os lados, não encontrava Malfoy, segui um possível caminho imaginário no qual ele poderia ter ido, e mais uma vez, nenhum fio de seu cabelo loiro.

Está correndo atrás dele, Hermione. Você está fazendo aquilo que você prometeu nunca mais fazer: correr atrás de um homem. Isso tem um nome: Ciúmes. Mesmo ele – o terrível é que sempre diz – dizendo que sou um poço de ciúmes, não admito de jeito nenhum.

A última coisa do mundo – Quantas vezes já disse isso?! – é me apaixonar por ele. Ele sempre foi uma pedra em meu caminho, muito difícil de se remover. Agora, eu não posso nem pensar no fato de não estar em seu quarto, que já fantasio coisas totalmente absurdas. Eu, aqui nesses corredores frios, só consigo pensar em uma coisa: Draco Malfoy.

Que grande palhaçada que você está fazendo, Hermione! Volte agora para seu quarto, não demonstre que pensou, mesmo que seja por um misero minuto, nele. São apenas coisas em sua cabeça, pensa nisso: coisas da sua cabeça. Virei-me balançando a cabeça de um lado para o outro, soltei o ar que prendia e enfiei as mãos dentro dos bolsos de meu casaco. Bati em algo. Abri os olhos levemente, vi um pescoço. Meneie a cabeça de um lado para o outro pensado que não podia ser verdade.

- Está perdida? – Era Draco, aquele maldito Draco Malfoy. Aquele que eu não desejava ver nos últimos segundos, mas foi meu real motivo para estar ali. – Ou veio atrás de mim? – Ergui meu olhar para ele e, novamente, soltei o ar que prendia.

- O que tá fazendo aqui? – Perguntei voltando a andar ao seu lado.

- Passei na cozinha, estava com fome. – Colocou as mãos em seus bolsos e observou as janelas. – E o você?

- Andando. – Respondi logo que perguntei.

- Andando? – Mirou seu olhar em mim.

- É, Draco! Não se esqueça que você ainda tem que me explicar poções. – Agarrei em seu braço e dei um largo sorriso, disfarçando o máximo.

Tenho que me libertar de Draco Malfoy. Estou presa a ele e não consigo mais me livrar.



PARABÉNS NAAH, FILHOTEE FOFA DA JUUOH *-*

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Comentários (1)

  • Flor do Inferno

     a frase que maiiiiiiiiiiiiiiiiiis me marcou nessa fic foi essa >>> A última coisa do mundo – Quantas vezes já disse isso?! – é me apaixonar por ele. Ele sempre foi uma pedra em meu caminho, muito difícil de se remover. Agora, eu não posso nem pensar no fato de não estar em seu quarto, que já fantasio coisas totalmente absurdas. Eu, aqui nesses corredores frios, só consigo pensar em uma coisa: Draco Malfoy.     aaaaa que perfeito, Mione esta gostando do Draco? Aaah adoroo esse casal

    2014-02-05
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