Orgulho e Oportunidade Farta





Capítulo Vinte


Orgulho e Oportunidade Farta


Dane-se que podia ser a noite mais feia e chata que eu já presenciei na minha vida; Apenas ficar observando aqueles olhos abaixados sobre as letras dos livros, apenas pensando que, agora, estava no conforto do meu quarto, apenas analisando como seu cabelo podia ser tão desarrumado mas ao mesmo tempo tão charmoso.

Apenas divagando que estava ficando pirada e que sua vida não é um conto de fadas! Acorda, Hermione! Você está falando de Draco Malfoy!

- É assim. Essa Poção da Paz deve ser mexida um número exato de vezes. – Ergueu seu olhar para mim; Estava em outro mundo, não ouvia nada, mas absorvia tudo. – Tá me ouvido?

- Uhum... – Disse num pequeno sorriso.

Tinha meu queixo apoiado na minha mão, deitada na cama, rodeada de livros, Draco a minha frente, sentado numa das beiradas.

- Então, o que eu disse? – Abriu um sorriso malicioso.

- Que a Poção da Paz deve ser mexida um número certo de vezes. – Mirei meus olhos no livro que estava a minha frente. Disfarcei o sorriso, mordendo os lábios.

- Na prova, vai cair isso, uso da poção da verdade, algumas poções reveladoras e sobre os criadores. – Folheou o livro. - Lógico, se for igual a minha.

- Coisa que duvido muito. – Sorriu de volta.

- Por que está pedindo a minha ajuda? Você sempre foi a melhor em tudo.

Eu sempre fui, não sou mais. Tenho que dar toda a razão a Draco, não estou mais tão preocupada com livros e estudos como eu estava há um tempo atrás.

- Eu- – Hesitei. – estava com dúvida em poções. – Umas das piores desculpas que poderia sair da minha boca. - Pelo menos uma, não? – Ri de nervoso.

- Mas você está freqüentando as aulas vespertinas, não é? – Concordei. – Para o sétimo ano, que eu sabia, a maioria dos alunos usam como muleta, já que as aulas matinais nem estão acordados para prestar atenção. – Engoli seco, tossi e folheie as páginas velhas do livro.

- Não, eu não. – Respirei fundo. – Eu não sou uma dessas pessoas, Draco. Apenas Poções que me enrosquei no começo do ano. – Sorri falsamente.

Vamos dizer que ficamos mais alguns minutos estudando. Eram mais de duas da manhã. Não estávamos realmente cansados, uma pequena dor nas costas e as pontas dos meus dedos não agüentavam mais nada. Então, jogamos os livros no chão e só Deus sabe como foi bom ficar naqueles maravilhosos beijos de Draco Malfoy.

***


Parecia que a praia era pouco, estava sentada em minha cama, mergulhei a mão no oceano e peguei uma estrela do mar, marquei a página do livro que estava lendo e o joguei na água. Coloquei as duas mãos na nuca, e relaxei. O leve levar das ondas estava me deixando tão relaxada. Sorri, ao longe, golfinhos pulavam mais de dez metros da água, fazendo aqueles barulhinhos fofos. Espera, desde quando golfinhos fazem sons de despertadores?!

Acordei jogando meu despertador no chão. Um sonho totalmente esquisito. Descobri minha cabeça, o sol entrava pos vitrais da janela e quase me cegava. Pintaram o quarto de laranja mais do que já era. Em passos dolorosos, fui até o banheiro. Eram quase sete e meia da manhã quando coloquei meu uniforme, peguei meus livros e desci as escadas. Prendia uma trança um pouco desajeitada. Não deu tempo para preparar aquela poção para fazer maravilhas ao meu cabelo.

Um batalhão de alunos do primeiro e segundo anos quase me levou para o jardim. Entrei no Salão Principal com uma ponta de mau humor. Sentei-me ao lado de Deena e de Parvati, as outras, não estavam lá e nem me importavam.

- Bom dia. – Soltei já servindo com um copo de suco de abóbora.

- Bom dia. – Responderam juntas, sem tirar os olhos de seus livros.

No mesmo instante, as corujas invadiram o Salão. Quinta feira, dia de correio, foi que pensei enquanto pegava alguns bolinhos e a manteiga que estava lá longe. O Profeta Diário caiu sobre os livros de Deena, e algumas cartas caíram sobre os livros de Parvati. E eu, era normal não receber nada. Uma coruja piou alto de mais, Parvati mirou e arregalou os olhos. Sua expressão era de terror, abriu a sua boca e soltou num berro:

- HERMIONE! – Era um pouco tarde de mais.

Um pacote do tamanho de uma cabeça, caiu sobre a tigela de sopa de ervilha que estava – tragicamente – na nossa frente. Espirrou em mim, Parvati e Deena, em cima dos livros, em cima da mesa e alguns respingos no chão. Ao vermos que estávamos imundas, gritamos. Várias pessoas riram, inclusive a Weasley e suas cachorrinhas adestradas que estavam alguns metros de nós.

– ... eu avisei. – Soltou limpando o caldo de seus olhos. Eu e Deena estávamos mais encharcadas de sopa do que Parvati.

- Pega, acho que é pra você. – Soltou Deena com um extremo desprezo. O embrulho estava ao lado, pingando a suculenta sopa de ervilha.

- Você acha...? – Perguntei de forma irônica. Com alguns guardanapos em cima da mesa, tentei me limpar, mas vi que só um banho resolveria, peguei minha varinha e apontei para meu cabelo e meu rosto, num instante estava me sentindo limpa novamente, tirei meu sobre tudo e meu suéter, os limpei da mesma forma e sugeri que fizessem isso com seus livros antes que fiquem marcados para sempre.

Peguei o embrulho, o limpei também, bem que o que estava escrito por fora, de uma caneta trouxa, tinha borrado a ponto de manchar minha mão. Desamarrei e tirei o papel escuro. Era uma caixa preta, com pezinhos em dourado, um cadeado da mesma cor e um com bordas desenhadas a mão, parecia flores e folhas. Em cima, uma carta amarrada com meu nome.

- O que é? – Perguntou Parvati arrumando seus livros. Abri a carta e, com os olhos, percorri toda as letras escritas a mão.

Levantei-me no mesmo instante, peguei a caixa, e minha bolsa.

- Eu vejo vocês depois. – Sai do Salão o mais rápido possível.

A bolsa insistia em cair do meu braço. Não era para menos, só faltava correr pelos corredores. Relia a carta quantas vezes fossem necessárias para comprovar que não era um sonho. A minha primeira aula era adivinhação, não fazia questão de assisti-la, nem que eu tenha que me explicar mais uma vez com McGonagall, eu tinha que ver o que tinha naquela caixa.

Entrei no meu quarto jogando minha mochila na primeira poltrona que avistei. Fechei a porta e me sentei na cama arrancando os sapatos. Deixei a caixa a minha frente, cruzei as pernas em cima daquele colchão e mais uma vez, li a carta.


Querida Hermione,

Como está? Aqui na Ordem está tudo bem. Acho que a coruja demorou em te mandar esse embrulho. Sabe, as corujas daqui estão ficando bem velhas. Deve estar se perguntando o porque de nós estarmos te mandando isso e não a Harry ou a outra pessoa. Essa caixa foi encontrada junto com os corpos de seus pais, na noite que eles morreram. Acho que a pessoa que deveria abrir, seria você, já que agora, é sua. Estamos mandando só agora porque foi complicado "pegar emprestado" da policia trouxa.

Faça bom proveito!

Beijos.
Ninfadora Tonks, Ordem da Fênix.

P.S: O sol irá brilhar esses dias, será uma maravilhosa descoberta.



Ótimo. Está trancada e não mandaram a chave. O cadeado podia até ser forçado por uma criança que arrebentaria. Saquei minha varinha e o abri rapidamente. Tirei o cadeado e abri sua tampa. Revelou uma caixa estofada com veludo vermelho. Uma bailarina surgiu, rodopiando ao som de uma música irritante. Tinha alguns compartimentos, gavetinhas e caixinhas. Parecia um porta jóias, mas estava complemente vazio. Fechei a caixa aborrecida. Li novamente a carta, "O sol irá brilhar esses dias, será uma maravilhosa descoberta", Tonks andou bebendo, só pode. O sol entrou pela janela aberta, refletiu sobre a tampa da caixa que bateu atrás da folha, parecia que tinha enxergado algumas coisas além das palavras em tinta nanquim naquela carta. Num salto, levantei da cama. Fui até a janela e coloquei a carta contra o sol.

"Arranque a última gaveta." Surgiu claramente quando exposta ao sol. Um truque um pouco velho e óbvio, exatamente por ser óbvio que Tonks o usou, para que ninguém mais lesse. Fui até a caixa e puxei a última gavetinha, estava emperrada. Depositei toda minha força usando quase as duas mãos. Quando finalmente consegui abri-la, caí da cama rolando ao chão. Voltei a mim e, ajoelhada no chão, peguei a caixa e a sacudi. Caiu um pingente com uma pedra vermelha, uma grande pedra vermelha. O peguei e analisei bem de perto, não tinha nada de mais além de valer um pouco mais do que alguns galeões.

Quanto alvoroço para nada. Sacudi mais uma vez e caiu um pedaço de pergaminho dobrado em partes que só Deus sabe quantas. Após meio minuto apenas para abrir, reconheci a letra de Tonks novamente no pergaminho.

"Esse é o Pingente do Orgulho e da Oportunidade Farta. Não sabemos como sua mãe estava segurando um objeto mágico quando morreu. Queríamos saber se você sabe algo sobre isso."

Ah, mamãe, você me coloca em cada uma.

***


Meu segundo período era Poções, me aprecei para não ficar para fora, ou correr o risco de entrar quando a prova já tivesse começado.

Vamos dizer, que essa é a prova mais temida que já fiz. Pode decidir meu futuro. Sentei-me ao lado de Parvati que estava uma pilha de nervos. Snape entrou na sala como se costume: batendo portas, fechando janelas, mandando que todos calassem essas bocas antes que ele mande todos tomarem uma poção que implorariam para ter suas vozes de volta.

Entregou as provas de sete folhas determinando quarenta minutos.

***


Essa foi o tipo de prova que você se pergunta como saiu viva depois do tempo estipulado pelo professor. Algumas questões eu tinha certeza, outras fazia uma leve idéia, outras foram na bica de meio de campo que se eu acertar, serei a pessoa mais sortuda do mundo. Saí da sala rapidamente, ainda estava pesando em como eu ia descobrir sobre esse "pingente completamente não apresentado a mim".

Minha próxima aula, era Aula Prática de Feitiços Avançados. Sempre nessas aulas, alguém saia para ir direto à enfermaria. Juntei-me com Parvati, Kim, Deena e Verônica. Fomos até a Sala Avançada. Só temos essas aulas de quinze em quinze dias, é nossa segunda. Na primeira, foi engraçado:

Flash-Back:

- SENHOR LONGBOTTOM! ABAIXE JÁ ESSA VARINHA! – Pela terceira vez, gritava o professor Slughorn. Antes professor de Poções, agora de Feitiços Avançados. Estávamos bem animados para nossa primeira aula, Neville estava sendo usado como um exemplo de feitiços de substituição. – PELO AMOR DE MERLIN! NÃO É EM MIM QUE VOCÊ TEM QUE MIRAR!

- De-desculpe, professor. – Toda Grifinória do sétimo ano estava reunida.

- Vamos tentar de novo, ok?? – Perguntou se recompondo. Estávamos quase rolando de rir. – E VOCÊS! – Apontou para nós. – Não me deixem mais nervoso do que já estou! – Prendemos nossos risos. – Mire naquele corvo, está vendo? – Foi atrás de Neville e colocou a mão em seu ombro. – Pense em alguma coisa que você queria que se transformasse aquele corvo. – Fechou os olhos e se concentrou. – Quando estiver preparado, diga: Substituis Corvo. – Sussurrou. Afastou-se lentamente, nós, alunos quase sem neurônios inteiros de tanto rir, estávamos nos controlando.

- SUBSTUTUIS CORVO! – Gritou Neville. O corvo, lentamente, tomou a forma de uma taça de sorvete, mas o bico e rabo permaneceram como eram. Todos nós começamos a rir novamente.


Fim do Flash-Back.

Entramos na sala e logo colocamos as nossas mochilas nas carteiras que nunca usamos, formando um circulo amplo para que lá, possamos nos aventurar com nossas varinhas. Aos poucos, todos entraram na sala seguidos por Slughorn já aborrecido. Deixou dois livros e algumas anotações na sua mesa e se colocou no meio do círculo.


I thought I had control,
Pensei que eu tivesse o controle,

But I slipped, and I don't, and I don't know where to go.
Mas eu me enganei, e eu não, eu não sei aonde ir.

I thought I knew it all,
Pensei que eu soubesse disso tudo,

But all I do is think about the next time I see you...
Mas tudo o que eu faço é pensar na próxima vez que eu vou ver você...

I thought I had control,
Pensei que eu tivesse o controle,

But we kissed, and I slipped and I don't know where to go.
mas nos beijamos, e eu me enganei, e eu não sei aonde ir.

All I really know...
Tudo o que eu realmente sei...

It's getting too emotional!
é ficar sentimental demais!



- Tirem seus sobretudos! Sueters! Gravatas! Tirem tudo que estão lhe apertando! – Disse abrindo os braços, tirando seu casaco preto e arregaçando as mangas. – Estão esperando pelo quê? – todos nós o obedecemos. – Vamos, quero uma aula descontraída! E senhor Longbottom, limpou as orelhas hoje para escutar perfeitamente o feitiço a ser ensinado? – Todos riram. – Peguem suas varinhas!

Deixei meu sobretudo sobre minhas coisas, coloquei minha gravata dentro de um dos bolsos, mas senti algo de estranho, um volume a mais. Reconheci aquele pingente. Como ele veio parar aí? Eu lembro muito bem de tê-lo colocado dentro da caixa novamente. Mirei meu olhar em todos que estavam prestando atenção no que exatamente Slughorn dizia e voltei a olhar para o pingente.

Orgulho e Oportunidade farta. Será que eu devo? Olhei de novo para todos e vi que ninguém notaria minha falta por mais alguns segundos. Tirei um colar que estava em meu pescoço e coloquei o pingente nele, quando coloquei no meu pescoço senti alguma coisa tão estranha dentro de mim que quase desmaiei. Segurei-me nas carteiras para não ir ao chão.

- Está tudo bem, senhorita Granger? – Perguntou Slughorn, parando sua explicação, fazendo todos aqueles prestarem atenção apenas em mim.

- Oh sim, pro-professor. – Coloquei o colar para dentro da camisa arregaçando as mangas logo em seguida. Misturei-me aos alunos e comecei a prestar atenção na aula.

***


- Agora, formem filas! Homens à direita, mulheres à esquerda! – Fizemos o que tinha pedido. Fiquei a frente de Antonio que meneava com a cabeça, como se não acreditassem. – Prendam os cabelos, meninas. – Pediu indo a nossa direção. – Mas! – Gritou. – Prendam como eu lhes ensinei! – Quando falava desse jeito, parecia outra coisa, menos professor. Com um movimento da nossa varinha, prendemos nossos cabelos num coque alto. – Ótimo! A pessoa na sua frente será seu adversário, quero que vocês se concentrem apenas neles e em mais ninguém. Irão tentam ler a mente de seu adversário, descobrir seus segredos mais íntimos... – Assobios e risada. – Podem deixar que depois, eu irei deixar o uso um feitiço de alteração de memória! – Rimos mais uma vez. – Por favor, não façam uma lavagem cerebral na pessoa! Não estamos a ponto disso! Vamos lá, estiquem suas varinhas! – Esticamos. – Se concentrem, fechem os olhos se forem preciso! – Fechamos. – Ao três, Digam: Legilimens, em alto e bom som! – Nos concentramos ao máximo. – Um, dois, três!

- Legilimens! – Gritamos. Um flash de luz azul clara entrou na cabeça de cada um fazendo com que alguns até perderem o equilíbrio. Uns, foram parar no chão, outros se seguraram em qualquer coisa que encontraram.

Minha mente começou a ficar turva, minha cabeça pesada e quando dei por mim estava olhando uma paisagem totalmente diferente. A voz do professor ficava cada vez mais longe.


When you came to me,
Quando você veio pra mim

Yeah, I thought you'd be like every other guy that I'd ever met,
É, eu pensei que você fosse como todos os outros caras que eu já conheci.

We'd hang for a while then I'd soon forget you...
Nós ficaríamos um pouco juntos e eu te esqueceria logo...

But this is something new.

Mas isso é algo novo.

I was not prepared to wonder where you are when you're not with me.
Eu não estava preparada para me perguntar onde você estaria quando não está comigo.

This feels so crazy...
Parece algo tão louco...




Estava em pé, ao lado de uma grande árvore. O dia estava claro, a grama verde mas coberta de folhas. Meninos brincavam naquela casa de campo, um deles era impossível não reconhecer. Lá estava Tony com seus seis, sete anos de idade correndo de um lado para o outro com os olhos vendados. Havia mais cinco meninos com ele, muito mais velhos.

Tony caiu no chão ralando o joelho. Retirou a venda e fez uma cara de choro olhando o sangue escorrer de seu corte.

- O que foi, Tonyzinho?! Já cansou?! – Disse o mais velho se aproximando dele com deboche.

- É uma mulherzinha mesmo! – Brincou o outro rindo com os olhos.

A cena mudou. Agora estava numa sala de jantar. Lá estava o pequeno Tony com oito anos de idade comendo sozinho, aos olhos de uma governanta muito má intencionada. No mesmo momento, seu pai e sua mãe adentraram a sala gritando e batendo as coisas. Mais uma discussão, sussurrou o pequeno Tony colocando as duas mãos no ouvido. A governanta retirou as mãos dele dos ouvidos e se inclinou ao seu lado dizendo que isso não é educado quando se está a mesa.

Várias cenas rápidas passaram na frente dos meus olhos. Uma passou mais lenta. Era a imagem de Tony entrando junto com seus amigos num prédio um pouco velho com uma bandeira dos Estados Unidos hasteada no seu jardim e uma grande inscrição numa placa de mármore: Escola Secundária do Estado de Louisiana.

Mais imagens até que senti o chão duro sob minhas costas. Abri os olhos dando um profundo suspiro. Sentei-me rapidamente levando uma das mãos na minha testa e logo vendo Tony se apoiar no chão com os olhos arregalados e uma expressão muito assustada.

Meus olhos também se arregalaram e como se uma faca entrasse no meio peito, eu deitei no chão novamente, me apoiando.


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I thought I had control,
Pensei que eu tivesse o controle,

But I slipped, and I don't, and I don't know where to go.
Mas eu me enganei, e eu não, eu não sei aonde ir.

I thought I knew it all,
Pensei que eu soubesse disso tudo,

But all I do is think about the next time I see you...
Mas tudo o que eu faço é pensar na próxima vez que eu vou ver você...

I thought I had control,
Pensei que eu tivesse o controle,

But we kissed, and I slipped and I don't know where to go.
mas nos beijamos, e eu me enganei, e eu não sei aonde ir.

All I really know...
Tudo o que eu realmente sei...

It's getting too emotional!
é ficar sentimental demais!




Vi a minha vida em dez segundos. Os dez segundos mais demorados que já passei. Voltei a aquela sala quase gritando. Tony sentou-se no chão me olhando com lágrimas nos olhos e uma expressão calejada.

- Ótimo trabalho... – Disse o professor me ajudando a ficar de pé e dando leves tapinhas nas minhas costas. Tony não se movia, me olhava com o mais pesar que alguém me olhou. Andei na sua direção ainda um pouco tonta e estendi uma mão.

Demorou em aceitar, mas quando aceitou, não se levantou mas sim, me puxou para um forte abraço, caindo de joelhos a sua frente, no meio de suas pernas. Fiquei totalmente sem reação enquanto aquele moleque chorava em meu ombro. O resto da sala estava bem compenetrado em suas tarefas que nem ligou que estávamos ali.

Minhas mãos procuraram suas costas e também me pus a chorar deitando minha testa em seu ombro.

- Você sofreu... – Sussurrou em meu ouvido soluçando.

- Não queria que você visse isso, Tony, me desculpe... – Soltei também soluçando e ofegando.

- Vocês querem tomar uma água? – Perguntou o professor se abaixando do nosso lado.

- Obrigado, professor. – Soltei me levantando e puxando Tony comigo.

Saímos da sala. O moreno tossia, tentava disfarçar o choro. Enfiou as duas mãos no bolso e foi até os arcos das janelas. Olhou toda a paisagem lá fora. Eu me apoiei de costas para todo aquele cenário lindo e fiquei o olhando, vendo sua reação.

- Por que você não me contou? – Não me olhava.


It's a strange feeling
É estranha a sensação

To care about someone, I guess I never really did ‘til I met you, boy.
de se importar com alguém. Eu acho que nunca me importei mesmo até te encontrar, garoto.

How was I to know how you would affect me?
Como que eu ia saber o quanto você iria me afetar?

They say I talk too much,
Dizem que eu falo de mais,

I talk too much about you,
que eu falo demais de você,

The definition of being out of control and I don't
da definição de estar fora do controle, e eu não

wanna feel this anymore.
quero sentir mais isso.


- Eu nem contei pro Ron, muito menos para o Harry. – Cruzei os braços. – Não tenho coragem de contar para ninguém.

Ficou em silêncio. Passou uma das mãos por debaixo do nariz e voltou a enfiá-la dentro do bolso.

- Não quero que me vejam como uma coitadinha que- - Engoli o choro. – que perdeu os pais em plena adolescência e que precisa de toda a atenção.

- Por isso que você ficou tão mudada? – Concordei. – Hermione, você devia ter contado.

- Não, Tony. – Limpei a garganta e me apoiei na janela. – Estudou nos Estados Unidos?

- Ah, um tempo aí que minha mãe foi fazer sei lá o que na terra do Tio Sam.

- Era legal?

- Você não viu? – Sorriu marotamente.

- Acho que sim. – Sorri de volta. – Mas deu para ver que seus pais não eram muito presentes.

- Meus pais eram foda. Enchiam-me de presentes, de roupas, de coisas mas não carinho, sabe?

- Hã, não muito. Meus pais sempre foram os melhores. – Sorriu docemente e passou o braço por volta do meu ombro me trazendo pra perto.

- Te admiro.

- Por que? – Me deu um beijo na testa e olhou o horizonte.

- É forte o bastante para esconder esse puta segredo de todo mundo.

Sorri e comecei a conduzi-lo de volta para a sala de aula.

***


Tinha acabado de passar o almoço. Eu estava na biblioteca. Uma coisa muito rara de se ver. Já tinha selecionado três livros, estava à procura do quarto a respeito desse pingente do Orgulho e da Oportunidade farta. Vamos ver o que, supostamente, minha mãe poderia estar fazendo com ele.


I thought I had control,
Pensei que eu tivesse o controle,

But I slipped, and I don't, and I don't know where to go.
Mas eu me enganei, e eu não, eu não sei aonde ir.

I thought I knew it all,
Pensei que eu soubesse disso tudo,

But all I do is think about the next time I see you...
Mas tudo o que eu faço é pensar na próxima vez que eu vou ver você...

I thought I had control,
Pensei que eu tivesse o controle,

But we kissed, and I slipped and I don't know where to go.
mas nos beijamos, e eu me enganei, e eu não sei aonde ir.

All I really know...
Tudo o que eu realmente sei...

It's getting too emotional!
é ficar sentimental demais!



A sineta tocou, estava acabando de retirar os livros com Madame Pince que fez vários comentários sobre minha ausência. Corri para a sala de Runas Antigas. Ao entrar na sala, logo vi David, estava sentado ao lado de outro garoto. Caí nos ombros, me sentei à carteira ao seu lado, um pouco desanimada. Passei a mão, por cima da minha camisa, sobre o pingente que parecia arder um pouco. Se era um pingente do Orgulho e da Oportunidade farta, o que estou fazendo sentada sozinha?!

- Com licença, pode trocar de lugar comigo? – Perguntou o garoto que estava sentado ao lado de David. Oh, mera coincidência, Hermione.

- Cla-claro. – Sorri falsamente. Ele apontou para o lugar ao lado de David, me sentei abrindo um largo sorriso. A aula começou rapidamente com a entrada mais que triunfante da professora.

A sineta tocou já não era sem tempo. Durante a aula, quase dois rolos de pergaminhos com tantas coisas escritas, trocadas e respondidas entre eu e David. Estávamos sozinhos na sala, arrumando, por fim, nossas coisas.

- As aulas do Slughorn são realmente muito engraçadas. – Riu.

Não ria, você me tortura.

- É, e ainda mais se você tiver um cara como o Neville que só faz as coisas erradas! – Rimos. Enfiei meu último livro dentro da bolsa, sendo esperada por ele, saímos da sala e fomos até Estudo Avançado de Transfiguração em passos lentos numa conversa produtiva.

- Mas se não tiver mais Quadribol, não irá mais ter graça!

- Ah, vindo do batedor da Lufa-Lufa... – Meneei com a cabeça. – Devia ter alguma coisa que também incentivasse a metade feminina essa escola.

- Como o que? Tricô? – Riu.

- Ha-Ha... Muito engraçado, tá bom? – Soltei o ar que prendia.

- Desculpe, tinha que fazer esse comentário. – Riu mais uma vez. – Quando que termina as inscrições para o baile?

- Na sexta. – Respondi rapidamente. Isso toque no assunto que eu queria.

- Será que ainda dá tempo?

- Tempo para que? – Olhei para David que também olhou para mim.

- Da garota que eu quero levar aceitar meu convite?

Será isso uma indireta, Sr. David Scott? Pensei enquanto dava uma risada que quase todos os garotos queriam ter só para eles, modéstia parte.

- Sei lá, se ela for paciente. – Paramos no meio do corredor, um de frente para o outro, segurava na alça da minha bolsa, como ele.

- Mas eu não sei se alguém já a chamou. – Olhou para os lados e passou a uma mão na nuca.

- Já perguntou a ela se alguém a chamou?

- Não, e com que cara eu pergunto isso? – Riu. Voltamos a andar. Parece que não será dessa vez, Hermione. Se contente com isso. Maldito colar, parecia que estava queimando ainda mais. Passei a mão levemente sobre ele, já me sentindo incomodada.

Entramos na sala, seguidos por McGonagall pedindo que nós já nos sentassem porque a aula ia começar. Vamos lá, duas cansativas aulas. Nos sentamos nas últimas cadeiras. A sala estava cheia de alunos, uma coisa um pouco anormal. Abri a minha bolsa e cacei meu livro de Transfiguração Avançada. Droga, tinha esquecido. Justamente na aula da McGonagall que nunca ia deixar eu sair da sala nem se estivesse morrendo.

- Quero que um aluno vá, para mim, até a sala do professor Binns e entregue isso para ele! – Olhou para a sala inteira. – Senhorita Granger! – Que assustador. – Leve isso até a sala do professor Binns, por favor. – Fiz o que ela tinha pedido. Saí da sala quase desacreditada. Corri até as masmorras dos monitores, peguei meu livro e o enfiei debaixo do meu suéter, prendendo-o no cós da saia. Mais rápido ainda, fui até a sala do professor Binns e entreguei o que McGongall tinha mandado.

Ao entrar na sala, já pensei que ia ouvir um "demorou muito!", mas ouvi um "obrigado". Se eu não fosse tão supersticiosa assim, eu dizia que é influência desse pingente esquisito. Sentei-me novamente e tirei meu livro de dentro do meu suéter.

- Abram na página 289, eu quero uma leitura minuciosa sobre o texto que sortearei alunos para minhas perguntas.

Tentava ler, mas a única coisa que passava na minha cabeça aquele minuto era o maldito baile, o maldito convite que ainda estou esperando do David e esse maldito pingente que está voltando a esquentar. Alarguei minha gravata e abri um botão da minha camisa. Prendi o cabelo, ergui as mangas. Fiz isso tudo aos poucos, sendo notada por David. Ele pegou seu lápis e um pedaço de papel, e, com um olho em McGonagall e outro em mim, passou para cima do meu livro.


I get this feelin' inside my heart when
Eu tenho esse sentimento dentro do meu coração quando

You come around, and when we're apart then
você chega perto, e quando estamos aos pedaços.

I feel so torn up inside
Então eu me sinto tão ferida por dentro.

I've gotta get control of my life
Devo assumir o controle da minha vida



"Está com tanto calor assim, por que?"

Me inclinei aos poucos e, também de olhou na professora escrevi a resposta tirando meu sobretudo.

"E não está? Essa sala está um forno."

"Lógico que não, todos estão agasalhados. Voltando ao assunto do baile, me diz como eu posso chegar e falar com essa pessoa?"


Pensei comigo: Perguntou para a pessoa errada, querido. Li duas linhas do livro e voltei escrever.

"Seja você, faça de um jeito que não se constrangerá muito. Imagina se ela recusar ou falar que já está acompanhada?!"

"Ok, tenho que ser eu e tenho que fazer de um jeito que não me constrangerá muito?"

"Sim."

"Quer ir ao baile comigo?"


Céus, ele me convidou! O colar estava começando a arder novamente. Tenho que descer das nuvens, não o olhe agora, não o olhe agora. Não quer constrangê-lo, não é mesmo?! Quem disse que eu estava ouvindo a minha razão? Lentamente, segurando o papel, mirei meu olhar no dele que tinha um sorriso calmo e sereno no rosto. Voltou a ler soltando o ar que prendia rapidamente.

Acho que está querendo uma resposta, e irá ter. Deixe só eu ler mais algumas vezes esse papel. Não se faça de tão fácil assim, aliais, custou para entender o que estava acontecendo entre a gente. Inclinei-me sobre a folha, mas no mesmo momento, senti algo a puxar para fora das minhas mãos.

- Professora... – Soltou David com seu olhar apreensivo.

- Oh, muito bom, senhorita Granger! – Abaixei minha cabeça sobre meus braços, em sinal de derrota. Agora, a minha crucificação pode ser feita sem nenhuma desculpa. – Que bom que a senhorita fez o resumo do texto! – Ergui minha cabeça no mesmo momento. – Está muito bom!

- Com licença, professora. – Peguei de sua mão e comecei a ler.

"A arte da Transformação Humana em Animal, vem dos tempos em que, a adestração não era..."

Deixei meu queixo cair. David apenas olhou para o papel e olhou para mim também assustado. E quem não estaria?! Estávamos conversando sobre assuntos super pessoais quando me aparece um texto sobre animagos.

- Muito bom, queria que todos fossem como a senhorita! – Abriu um largo sorriso. Sorri de volta num sorriso falso, tentando pensar como era possível. Quando a professora deu as costas, mirei meu olhar novamente no papel. Agora, tinha voltado ao que era antes com nossas conversas, perguntas e respostas. Inclinei-me novamente sobre a folha e escrevi logo aquele ok mais desejado de todos tempos. Ao ler, abriu um largo sorriso e amassou o papel, o guardando dentro da bolsa.

A sineta finalmente tocou. Respirei aliviada. Ainda estava um pouco boba com tudo que tinha acontecido. Aquele pingente ficou frio como um cubo de gelo, me deixando ainda mais incomodada. Tenho que me livrar dele o quanto antes. Arrumei minhas coisas e esperei David.

- Era eu que queria chamar? – Perguntei o deixando levemente corando. – Oh, me desculpe, estou fazendo aquilo que eu disse para você não fazer, me desculpe.


I thought I had control,
Pensei que eu tivesse o controle,

But I slipped, and I don't, and I don't know where to go.
Mas eu me enganei, e eu não, eu não sei aonde ir.

I thought I knew it all,
Pensei que eu soubesse disso tudo,

But all I do is think about the next time I see you...
Mas tudo o que eu faço é pensar na próxima vez que eu vou ver você...

I thought I had control,
Pensei que eu tivesse o controle,

But we kissed, and I slipped and I don't know where to go.
mas nos beijamos, e eu me enganei, e eu não sei aonde ir.

All I really know...
Tudo o que eu realmente sei...

It's getting too emotional!
é ficar sentimental demais!




- Não tem problema. – Sorriu. - Era você mesma, eu nem sabia como te chamar. Pensava que ainda estava com o Córner. – Soltei um suspiro de desaprovação. – Como você conseguiu disfarçar a nossa conversa?

- Ah, um feitiço. – Sorri falsamente. Queria eu saber como aquilo tinha acontecido.

Paramos na frente do Salão Comunal como sempre. Um de frente para o outro, ignorando alguns olhares e alguns comentários.

- Bom, eu vou estudar.

- Eu vou dormir. – Rimos. Inclinou-se deu um beijo nos meus lábios. Rápido, mas delicioso. Acenou quando já estava na metade do grande corredor.

Virei-me de costas com um largo sorriso no rosto. Estava dando tudo mais do que certo. Arranjei um par para o baile e quem sabe algo mais.





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