O Veneno que eu Tomo



Capítulo Vinte e Seis
O Veneno que eu Tomo


Era quase uma da manhã, quando Slughorn subiu no palco, pela terceira vez – A primeira foi para anunciar o "começo do baile", a segunda foi um agradecimento a todos e um discurso que só faltou todos dormirem ali – agora, seria para fazer, finalmente, o encerramento. Baile mais chato, impossível. Disse quase meia hora, agradeceu a cada pessoa de extrema importância que estava compartilhando o mesmo oxigênio naquele salão que estava começando a ficar abafado, agradeceu a nossa escola, a Dumbledore e tudo mais.

Depois de aplausos, a música continuou e as pessoas começaram a migrar para fora dali. Minerva tinha acabado de chegar com Snape. Estava simplesmente furiosa. Todos nós – quando me refiro a todos, eram todos mesmo – estávamos sentados numa grande mesa a pedido de alguns professores. Aproximou-se da mesa soltando fogo pelas narinas, junto com Snape que também parecia digno de matar alguém.

- Quando chegarmos a Hogwarts, eu quero todos vocês na minha sala. – Disse num tom ameaçador.

- O que aconteceu, professora? – Perguntou McLaggen.

- Em Hogwarts, em Hogwarts. – Repetiu mais algumas vezes e saiu de perto de nós como se estivesse com repulsa.

Duas e meia da manhã, segundo o relógio de David, chegamos em Hogwarts. Todos nós, seguidos por Minerva, Snape e Dumbledore foram até a sala dela. Eu, David e Antonio já sabíamos todo o sermão. Queríamos era saber como irão fazer para descobrir quem fez tal p. com Parvati. Mandou que sentássemos nas carteiras. Hogwarts estava congelante.

- Aconteceu uma coisa muito desagradável naquele baile. – Começou a dizer Minerva. – Uma coisa totalmente sem nenhum escrúpulo, poderia até ter causado a morte de uma de nossas alunas. – Alguns gemidos, alguns comentários. – Parvati Patil, após beber novamente seu copo, acabou sendo envenenada. – Abaixei meu olhar e depois, o mirei em Jane, nosso foco investigativo. – E por pouco, graças aos senhores Goldstein e Scott e a senhorita Granger, poderia não ter agüentado.

- Nós sabemos que foi alguém que está nessa sala. – Disse Snape. – Então, antes que usemos de medidas drásticas, queremos saber quem foi o culpado. – Ninguém se pronunciou.

- Professor. – Harry tinha levantado a mão. – Como sabem que foi algum de nós? Pode ter sido qualquer pessoa daquele salão.

- Potter, você sabe o que é Eramá (N.A: Má Hora.) Belga? – Perguntou Snape. Nem eu sabia o que era aquilo.

- Não, senhor. – Respondeu.

- Sabe o que é Erva de Enlheos? (N.A: Confusões, ilusões) – Negou novamente. – A combinação dessas duas ervas causa um dos venenos mais perigosos. E essas ervas são plantadas nas estufas da escola. Não há em mais nenhum lugar, são de uso exclusivo de Hogwarts, são usadas como inseticidas e o sétimo ano estudará venenos no final do livro. – Todos ficaram praticamente surpresos.

- Então, eu acho que o culpado deve se pronunciar antes que todos paguem por isso. – Soltou Minerva. Teve alguns protestos, Dumbledore tomou a frente da professora e pediu que os ânimos fossem acalmados.

- Acho que muitos aqui não vêem a gravidade disso. – Disse o velho bruxo juntando as pontas dos dedos. – Se isso for um tipo de vingança, ou até algum tipo de brincadeira, acho que essa pessoa não sabe que a senhorita Patil só retornará as aulas daqui a um mês. – Limpou a garganta. – Então, teremos alguém ou preferem ficar a noite inteira dentro dessa sala para esperarem alguém se cansar de brincar e contar logo o que fez? – Nunca tinha ouvido Dumbledore falar daquele jeito, acho que muitos ali pensaram desse modo. – Iremos dar um tempo para pensarem. – Saíram da sala. Tlec. Estamos trancados.

- Quem foi o idiota que fez isso? – Perguntou Draco já explodindo.

- Será que não foi você, Malfoy? Sempre querendo chamar a atenção para si. – Perguntou Harry levantando-se.

- Hey, não vamos brigar aqui. – Entrevi no mesmo momento, me colocando no meio dos dois que já iam começar a se matar. – Falando sério, quem fez isso?

- E você acha mesmo que irão confessar, Granger? – Perguntou Cho, surgindo das últimas carteiras da sala.

- Lógico que não, mas se a pessoa não contar por livre espontânea vontade, iremos contar quem foi. – Disse Antonio levantando-se e ficando ao meu lado.

- E por acaso vocês sabem? – Perguntou Gina com desdém.

- Temos nossas suspeitas. – Respondeu.

- Não pode sair acusando qualquer um. – A porta quase explodiu. Era Snape. Parou na frente de nós e cruzou os braços.

- Todos, menos: Potter, Granger, Scott, Goldstein, Conley, Córner e Malfoy, podem sair. – Queriam eliminar cabeça por cabeça. Ficamos para as emifinais, que emocionante. Todos saíram e o último fechou a porta. – Antes que eu tenho que usar alguma poção da verdade em alguém aqui, quero que confessem.

- Mas nós não... – Harry começou a dizer, mas com um movimento da mão de Snape, parou.

- Potter sempre envolvido em tudo. A Granger dando uma de salvadora mas de heroína, nada tem. – Andou em passo lentos, com as mãos nas costas. – Mesmo não querendo acreditar, Malfoy, eu sei que você sempre está no meio alguma coisa podre. Agora você, Scott, acho que só está aqui por ter a infelicidade de ter chamado a Granger para ir ao baile. Você, ela e o Goldstein ajudaram a senhorita Patil, não é mesmo? – Concordamos. – Eliminando vocês três, sobra o quarteto maravilha.

- Professor, eu não tenho nada a ver com isso. Eu nem estava naquela parte do salão quando aconteceu! – Defendeu-se Draco.

- Eu acredito em você, Malfoy. – Harry sussurrou algo como injustiça. – Qual é o seu argumento de defesa, Potter?

- Eu não fiz isso. Por que eu envenenaria a Parvati? Eu não tenho nada contra ela. – Soltou, mordi a lábio inferior, queria falar logo em Jane.

- Eu estou suspeitando que alguém aqui sabe mais do que eu. – Mirou seu olhar em Antonio. – Quem foi, Goldstein?

- Eu não tenho certeza, professor. – Abaixou o seu olhar para o chão. Snape se se aproximou no seu olhar frio e profundo. Estava preocupada que Antonio falasse alguma besteira.

- Fale. – Não disse nada, apenas olhava para o chão. – FALE! – Gritou. Abriu a boca para dizer, mas a porta abriu novamente de supetão.

- Severo, venha. Há um assunto mais importante a ser discutido. – Disse Minerva pálida como um lençol.

- Eu volto a ter essa conversa com vocês depois. – Saiu da sala rapidamente, a porta se fechou.

- Depois... – Soltou Draco repetindo, pegando seu smoking de cima da mesa e indo até a porta. Estava aberta. – Irão ficar aí mesmo, idiotas? – Saiu.

- É melhor ficarmos, se Snape voltar e não nos encontrar aqui ele...

- Fique sozinho, se quiser. – Respondi rapidamente a Harry, que me olhava surpreso. Olhei dos lados, peguei Antonio e sai daquela sala.

Aquele garoto estava uma pilha de nervos. Estava suando por todos os lados, os olhos agitados e os movimentos um pouco atrapalhados. Em passos mais do que rápidos, fomos até as escadas principais. Ele sussurrava "idiota, burro, ignorante". Queria ter calma, mas não conseguia.

- Você deveria ter falado! – Soltei subindo as escadas.

- Ter falado o quê?! Imagine se não fosse ela?! Eu tava ferrado! – Elevou as duas mãos no rosto e parou de subir as escadas.

- Antonio, me escuta. – Peguei nas suas mãos e as tirei do rosto. – Cara, você ia fazer mais do que o certo. A Parvati tá mau por causa daquela vadia minúscula!

- 'Ce tá mesmo pirada! – Continuou andando. – Se eu falasse alguma merda, todos iam cair de pau em cima de mim! – Não respondi mais nada. Paramos no andar que nos separaríamos.

- Olha, amanhã com certeza, a protuberância no meio da cara vai chamar todos nós para começarmos novamente aquela nossa conversa totalmente amigável, então, fica calmo essa noite e não conte a ninguém, ouviu?

- Não dá pra ficar calmo! – Quase gritou. – Só de pensar no que aquela vagaba é capaz de fazer só por – procurou a palavra – vingança, me dá calafrios e uma incrível vontade de socar a primeira pessoa que eu vejo na minha frente.

- Contanto que não seja eu... – Comentei para mim mesma. – Pense que amanhã você pode ver a Jane bem longe de nós, bem longe. – Dei ênfase a última palavra. Segurei nos seus ombros fazendo erguer seu olhar para mim. – É um inferno, eu sei. Se quiser eu falo, deixa tudo por minha conta.

- Nada, Hermione. – Deu alguns passos para trás colocando as mãos dentro dos seus bolsos da calça e abriu um pequeno sorriso. – Agora, a briga é comigo. – Virou-se e começou a pegar seu caminho rapidamente.

Respirei fundo ainda parada naquele lugar. Juntei as duas mãos com meus braços caídos e dei um pequeno sorriso ao vê-lo dobrar o corredor. Comecei a pegar meu caminho para a torre dos monitores. Perto das escadas, Draco estava debruçado numa das janelas que formavam arcos. Parei a cinco metros dele. Olhei para os dois lados e depois para ele, dei um passo e logo se virou ao ouvir meu sapato fazer aquele barulho irritante. Fui até ele e peguei na sua mão subindo as escadas para meu quarto. Ao entrar, jogou-se na poltrona e passou as duas mãos no rosto. As mangas da sua camisa branca estavam erguidas, já estava sem sua gravata borboleta deixando alguns botões aberto.

Seu cabelo sem todo aquele gel, deixado caído nos olhos de um jeito totalmente especial. Tirei minha sandália na sua frente e comecei a tirar meu colar, meus brincos. Prendi meu cabelo com um lápis que encontrei. Caminhei até ele e sentei no braço daquela poltrona num leve sorriso no rosto.



Story of my life.
História da minha vida.

Searching for the right.
Buscando o que é certo.

But it keeps avoiding me...
Mas ele me evita...

Sorrow in my soul,
Tristeza na minha alma,

Cause it seems that wrong.
Porque parece que o errado.

Really loves my company.
Ama a minha companhia.


He's more than a man
Ele é mais que um homem

And this is more than love,
E isso é mais que amor,

The reason that the sky is blue.
A razão pelo qual o céu é azul.

The clouds are rolling in.
As nuvens estão passando.

Because I'm gone again
Porque eu me fui novamente

And to him I just can't be true.
E para ele eu não consigo ser verdadeira.



- Eu acho que você me deve explicações. – Soltei num tom engraçado cruzando os braços.

- Você que me deve explicações. – Pegou no meu braço e me derrubou em seu colo.

- Primeiro você. – Disse colocando as mãos na sua nuca, num leve sorriso. – O que estava fazendo com a Luna quando vocês, subitamente, sumiram?

- A gente tava caçando borboleta, Hermione, não dava para perceber?! – Foi grosso o bastante para eu levantar de seu colo e dar alguns passos para dentro do quarto.

- Um simples: não é da sua conta, seria muito mais educado. – Cruzei os braços e dei as costas para ele.

- Ok. Não é da sua conta, Hermione, satisfeita? – Serrei as sobrancelhas ainda sem encará-lo.

- Está disposto a me atacar até quando? – Disse num tom irônico.


And I know that he knows I'm unfaithful,
E eu sei que ele sabe que eu sou infiel,

And it kills him inside.
E isso o mata por dentro.

To know that I am happy with some other guy.
Saber que eu estou feliz com outro cara.

I can see him dying...
Eu posso ver ele morrendo...



- Eu sei lá. – Soltou o que ar que prendia. - Apenas me explica o que você foi fazer no Departamento de Ministérios. – Estava num tom um pouco grosso. Foi até a minha cômoda onde tinha uma jarra de água com alguns copos. Minha espinha pareceu estar congelada. – Acho que você sabia que era proibido.

- Não é da sua conta. – Soltei depois de alguns segundos. Achei que ia achar graça, rir da minha cara e pedisse para contar outra, mas nada disso fez. Ficou em silêncio. Podia ouvir o copo sendo colocado em cima da bandeja novamente, sua respiração alta e lenta. Alguns passos pelo quarto e nada mais.

- Está encrencada com alguma coisa? – Disse numa voz um pouco rouca, mais perto de mim.

- Não. – A reposta foi imediata. – Não quero falar sobre isso, Draco, por favor... – Pedi descruzando os braços e segurando as pontas dos dedos. Senti como se colocasse as mãos em volta de minha cintura e me envolvesse, sentindo como se ele fosse meu porto seguro.


I don't wanna do this anymore.
Eu não quero mais fazer isso.

I don't wanna be the reason why!
Eu não quero mais ser a razão do por quê!

Everytime I walk out the door
Toda vez que saio pela porta

I see him die a little more inside.
Eu o vejo morrer mais um pouco por dentro.

I don't wanna hurt him anymore,
Eu não quero machucá-lo mais,

I don't wanna take away his life!
Eu não quero pegar a vida dele!

I don't wanna be...
Eu não quero ser...

A murderer.
Uma assassina.



Tombei a cabeça para frente e ele entendeu como se isso fosse para começar a encher meu pescoço daqueles beijos. Mas a última coisa que queria agora, era a presença de alguém a mais dividindo o metro cúbico comigo. Separei-me e soltei o ar que prendia.

- O que foi? Fiz alguma coisa...

- Não é com você, Draco. – Virei-me para ele. – É comigo. Parece que não consigo mais enganar ninguém. – Cai nos ombros.

- Enganar? Está se referindo da gente? – Vi nos seus olhos, uma ponta de decepção. – E como você acha que eu me sinto toda vez que você me trata como se me repugnasse na frente dos outros?

- Mas você sabe que não é verdade. – Peguei nos seus punhos, ficando mais próxima dele.


I feel it in the air,
Eu sinto no ar,

As I'm doing my hair,
Enquanto faço meu cabelo,

Preparing for another day,
Me preparando para outro dia,

A kiss up on my cheek.
Um beijo na minha bochecha.

He's here reluctantly
Está aqui relutantemente

As if I'm gonna be out late
Se eu vou estar atrasada

I say I won't be long,
Eu falo que não vou demorar,

Just hanging with the girls.
Só passeando com as garotas.

A lie I didn't have to tell.
Uma mentira que não precisava contar.

Because we both know
Porque ambos sabem

Where I'm about to go,
Onde estou para ir,

And we know it very well.
E nós sabemos muito bem



- Se você não falasse que não consegue mais enganar ninguém, eu falaria. Mas – Soltou-se de mim. – por que eu irei insistir com uma gata que não quer nada comigo? – Riu. Pegou seu casaco. – É o lance físico, algumas noites que nada mais do que alguns beijinhos e nada concreto.

- Não força a barra, Draco.

- Quem disse que eu tô forçando a barra, Hermione? – Arrumou seu casaco em cima do braço e mirou seu olhar em mim. – Vamos fazer assim: greve até cada um colocar a cabeça no lugar, OK? – Abriu a porta do quarto, fez uma referencia e colocou-se para fora. – Tenha bons sonhos, princesa. – Odiava sua ironia. A porta se fechou e eu deixei uma lágrima cair.

Tinha que organizar minha vida. Olhei para os próprios dedos e deixei mais lágrimas rolarem. Pare com isso, Hermione, você não pode estar chorando por ele. Aquele seu perfume, por menos de dez minutos que tinha ficado ali, tinha grudado no quarto inteiro. Dormirei pensando exclusivamente naquele que não quero. Aquele vestido estava pesando em meu pescoço. Fui até o banheiro. Molhei o rosto, os pulsos e bebi um pouco de água. Deixei a banheira enchendo.


Our Love, his trust.
Nosso amor, sua confiança.

I might as well take a gun and put it to his head.
Posso muito bem pegar uma arma e apontar na sua cabeça.

Get it over with,
Dar cabo nisso,

I don't wanna do this...
Eu não quero fazer isso...

Anymore (anymore)
Nunca mais (Nunca mais)



Abri minha gaveta de pijamas. Procurei aquele que tanto amava. Senti como se meu dedo enroscasse em alguma coisa. procurei o que era e levei um grande susto até dando alguns passos para trás. Era aquele maldito pingente. Como ele foi parar ali?! No meio de todas as minhas roupas?! Passei as duas mãos no cabelo. Alguma coisa dentro de mim disse que era bom avisar logo Tonks daquilo.

Muitas coisas doidas estavam acontecendo. Peguei pergaminho e um lápis, nem tive a praticidade de pegar uma pena. Escrevi um rápido bilhete no chão, minhas mãos tremiam. Ao terminar, o dobrei e enrolei. Fui até a gaveta e procurei o colar. Eu tinha certeza que o tinha colocado em cima daquela blusa rosa! Não, não era possível! Sumiu de novo. Revirei aquele quarto. Olhei em todos os lugares pelo menos três vezes.

Joguei-me na cama com o bilhete em mãos. O rasguei e o joguei do lado da cama. Estava numa expressão cansada e não queria sair daquela posição. Senti água nos meus pés. Tinha esquecido a torneira da banheira aberta.


I don't wanna do this anymore.
Eu não quero mais fazer isso.

I don't wanna be the reason why!
Eu não quero mais ser a razão do por quê!

Everytime I walk out the door
Toda vez que saio pela porta

I see him die a little more inside.
Eu o vejo morrer mais um pouco por dentro.

I don't wanna hurt him anymore,
Eu não quero machucá-lo mais,

I don't wanna take away his life!
Eu não quero pegar a vida dele!

I don't wanna be...
Eu não quero ser...

A murderer done.
Uma assassina.



***


O sol tingia todo o quarto das cores dos vitrais. Podia ver tudo porque não tinha pregado o olho a noite inteira. Estava com olheiras profundas. Pensava em cada coisa que conseguia me tirar o sono. Sentei-me na cama. Era domingo, às sete horas da manhã e eu estava completamente acessa. Pensei no desgraçado e maldito sermão que ouviremos quando chegar a hora da verdade. Pensei no desgraçado e maldito pingente. Pensei no desgraçado e maldito Draco e aquelas poucas, porém profundas palavras que me disse ontem.

Colocamos uma barra entre nós. Uma barra que a qualquer hora, a qualquer minuto, irá arrebentar porque – mesmo não querendo confessar – não consigo ficar muito tempo longe dele. Coloquei uma roupa típica de outono e fiquei dentro do quarto mesmo. Até que tenha, pelo menos, movimentação humana naquela escola. Limpei a caixa de areia de Bichento, arrumei meu guarda-roupa em ordem de cores. Tudo para ocupar minha mente de outras coisas. Expandir meus horizontes, nada muito fechado naquele quarto maldito.

Passei um lápis de olho fraco e um gloss leve. Quase nove horas, fechei minha jaqueta e desci as escadas em direção o Salão Comunal. Por todos que passava, sempre tinha aqueles comentários maldosos. Logo, encontrei com Antonio. Estava tão fofinho naquela blusa de lã preta, fechada até em cima. Não tinha pregado os olhos como eu, estava com profundas olheiras.

- Que inferno de noite. – Passou as duas mãos nos cabelos e ajeitou um anel que tinha no dedão.

- Eu também não tive uma das minhas melhores. – Tossiu e puxou aquele catarro que estava depositado no seu nariz para cima. Foi horrível.

- E ainda por cima, peguei uma gripe chata. – Queria rir mais estava com uma pequena dor de cabeça. – Hoje, vai ser O dia.

- Nem me fala. – Minha voz saiu tenebrosa quando vi Dumbledore vindo ao meu encontro.

- E logo de manhã... – Paramos ao encontro dele. Alguns alunos entortaram o pescoço. Eu sei, era incomum ver Dumbledore pelos corredores e ainda mais de manhã num domingo.

Só podia ser brincadeira. Pediu que apenas eu fosse a sua sala. Já pensei em tudo que poderiam me culpar, já que nessa história, parece que quem só se ferra sou eu. Fomos sem dar nenhuma palavra, passamos na sala de Minerva que parecia que também não tinha dormido. Fomos até o seu escritório. Subi aquelas escadas sentindo que tudo aquilo que eu tinha comido e bebido ontem, poderia voltar sem nenhum freio de mão.

- Acho que a senhorita recebeu muitas propostas de emprego, não? – Perguntou Dumbledore. meu olhar foi rapidamente para aquele centro de sala onde estaria o pingente, mas vi, que lá nem tinha mais aquele suporte de vidro. Beleza, agora tô ferrada de vez.

- Algumas. – Respondi depois de voltar à realidade.

- Presumo que já saiba o porque de estarmos chamando a senhorita aqui.

– Para falar a verdade, nem tenho idéia. – Se fazer um pouco de cínica sempre ajuda, em qualquer das situações.

- Admiro sua coragem, Senhorita Granger. – Soltou Minerva na sua voz cansada.

- Por que, professora?

- Um aluno veio ontem ao meu encontro e disse que foi a senhorita que envenenou Parvati Patil. – Meu queixo caiu.

- Lógico que não fui eu! Eu ajudei a Parvati quando ela precisou! – Apontei para meu próprio peito. Até poderia ter uma pequena idéia de quem tinha sido. – Quem disse isso?

- Pediu para seu nome não ser revelado, disse que – Dumbledore jogou um olhar sobre Minerva. – a senhorita poderia fazer alguma coisa contra essa pessoa. – Dei uma risada incrédula, colocando uma das minhas mãos na cintura.

- Por que eu envenenaria Parvati? Ela é minha amiga.

- A pessoa disse que a senhorita queria ir ao baile com o senhor Goldstein. – Dei mais uma risada.

- Eu e o Antonio somos apenas amigos! Eu não jogo baixo assim. Eu fui com David Scott, por que me preocuparia em envenenar o par do meu amigo? – Meneei com a cabeça.

- Então, essa acusação é totalmente surreal? – Concordei. – Mas, senhorita Granger, onde estava quando a senhorita Patil voltou à mesa? – Droga.

- Eu? – Enquanto reformulava as perguntas, palavra por palavra, em voz alta, pensava num jeito de me livrar dessa. Se alguém souber que fui para o Departamento de Mistérios, irão saber de tudo, perderei a cabeça em Hogwarts, e na Ordem, trataram para que todos meus membros sejam quebrados e moídos. – Como assim onde eu estava?

- Onde a senhorita estava quando foi "supostamente" colocado o veneno no copo de Parvati Patil? – Dei uma risada um pouco fria e passei uma mão pela minha nuca.

- Acho que no – Minerva me olhava com olhos de uma ave faminta apenas esperando um deslize da sua presa para dar o bote. - banheiro. É, o banheiro. – Sorri.

- Demorou muito para voltar?

- Um pouco, encontrei uma velha maluca que queria eu na sua equipe de contrabandistas do mercado negro de não sei o quê. – A mesma desculpa dada para David.

- Deve ser a Madame Through, Minerva. – Disse virando-se para a professora que consentiu com a cabeça cruzando os braços. – Ela não perde tempo.

- Com certeza, Alvo. – Se estiverem mentindo para pegar a minha mentira, não estão conseguindo.

- Então, não estava no salão quando isso aconteceu? – Neguei. – Eu acho que está falando a verdade, Senhorita Hermione. – Soltou juntando as pontas dos dedos. – Ontem, Severo nos disse que vocês sabiam quem tinha sido.

- Não temos certeza. – Estava me sentindo dez vezes mais aliviada.

- Mas quem seria essa suspeita? – Se eu contasse, metade da população de Hogwarts irá fazer a caçada nacional contra Hermione Granger.

- É melhor não falar, foi apenas um devaneio meu. – Ri, coçando a testa tentando disfarçar. Trocaram olhares frios e significativos, tive medo de captar a informação.

- Tudo bem, acho que já pode ir. – Virei-me soltando todo o ar que prendia. – Mas se quiser contar, estamos a sua disposição. – Tá bom que eu vou contar, deixa Antonio fazer isso. Meu olhar virou até o lugar pertencente ao colar e parei de andar, me virei lentamente apontando para lá e abri a boca para falar. – Sumiu, do mesmo jeito que apareceu, Senhorita Granger. – Nem precisei perguntar.

- Oh, OK. – Voltei a andar. – Professora, e a Parvati? Como está?

- Do mesmo jeito. Seus pais já estão vindo para Hogwarts. – Quando os pais querem cuidar das crias, sobram pro primeiro que os receber.

Saí do escritório num leve sorriso. A culpa, pela primeira vez, não foi minha e eu livrei minha cara quase sem nenhum esforço. Coloquei as mãos dentro dos bolsos traseiros da minha calça jeans e peguei o rumo para o Salão Comunal. No meio do caminho, vi Harry em passos rápidos, com os olhos grudados no Profeta Diário, vindo na minha direção, provavelmente sem me ver. Mordi o lábio inferior e apenas dei dois passos para a esquerda, ficando na mesma linha que ele. Abri um pequeno sorriso e olhei para um outro lado que não fosse para frente.

Colidiu comigo com toda a força. Quase caí no chão. Fingi estar um pouco brava. Ele tirou o jornal da frente dos olhos e soltou o ar que prendia.

- Não olha por onde anda, Harry? – Perguntei num sorriso malicioso.

- Não, Hermione, não! – Passou por mim voltando a ler.

- Eu sei que quando os garotos pensam em mim, eles ficam assim, longe... – Ri cruzando os braços, apenas olhando ele andar.

- É, vai sonhando. – Alcancei seus passos quase correndo.

- Não preciso sonhar, isso é fato! – Mirei meu olhar sobre o jornal e meu queixo caiu. Peguei da sua mão com uma brutalidade imensa, parei e comecei a ler. Harry virou os olhos e olhou para cima indo ao meu encontro.

- Não era mais fácil pedir? – Ironizou.

"LXIº BAILE: UM FRACASSO"
Por Barnabás Cuffe.

"LXIº baile dos Bruxos de Londres, organizado por Horário Slughorn – professor da escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts – foi o empurrão para despencar da ponta do penhasco. A noite reuniu vários nomes que se julgam 'bruxos de qualidade', dentre eles alguns nomes como Edna Thruman, dona da primeira fábrica de poções falida há quase duzentos anos. Também a presença de quase toda a trupe do Ministério, um deles se destacou: Alastor Moody com seu mau humor, esmurrou o fotografo do Jornal (foto). A escola Hogwarts teve sua primeira presença e parece que já arrumou encrenca. Uma de suas alunas acabou envenenada por uma poção colocada em sua bebida; Nada se sabe, até agora, do estado da aluna, mas Minerva McGonagall e Severo Snape, professores de Transfiguração e Poções, respectivamente, a acompanharam junto com a enfermeira da escola até o Hospital St. Mungus. Fontes concretas até afirmam ter sido um dos seus próprios alunos. A escola de Magia Francesa Beauxbatons teve apenas uma representante, sua diretora Olímpia Máxime...".


Meu queixo caiu. A foto era de Moody, com sua bengala, indo para cima do fotografo do Profeta Diário.

- Se já acabou de ler... – Pegou da minha mão.

- Eu não posso acreditar que aquela história saiu no jornal! – Soltei ainda o seguindo.

- Alguém deve ter contato. – Voltou a folhear o jornal.

- Algumas de suas amiguinhas? – Perguntei quase rindo, Harry não gostou muito, abriu a boca para protestar. – Não, nem experimente, lembre daquela nossa aposta? Se você pegasse Gina se esfregando num coroa qualquer, eu poderia falar o que eu quisesse e você não poderia falar nada. – Ri.

- Eu não apostei nada com você.

- Ah, Harry. Dá o braço a torcer pelo menos uma vez! – Disse numa voz diferente da minha habitual. Coloquei as mãos para trás, trançando os dedos, um sorriso de menina boba que apenas conseguia sair quando estava com ele. – Você sabe quem fez aquilo com a Parvati? – Não respondeu. – Sabe?

- Não. Mas você deve saber, ou está apenas arrumando algum motivo para colocar a culpa na Gina ou em outra garota que esteja no meu caminho.

- Vamos com calma, cicatriz. – Harry me olhou de canto de olho estranhando o apelido. – A Gina não é uma pedra no meu caminho. – Paramos um de frente para o outro. Dobrava o jornal num sorriso de não acreditar muito. – É a minha solução. Ela vai se queimar, o quanto antes. – Passei a mão por debaixo do seu queixo.

- Não sei o que os caras vêem em você.

- O que você vê? Isso que me importa. – Vamos, Hermione, cutuque a onça com vara curta. Depois fica chorando dizendo que ele disse a última coisa que pensava que ouviria sair de sua boca e blábláblá.

- O que eu vejo? – Concordei. Dei um passo para frente, assim como ele fez. Harry estava bem mais alto do que eu, meu queixo quase estava levantado. – Eu garota mimada.

- Mimada?

- Que age feito uma criança.

- Criança?

- Uma garota liberal de mais.

- Liberal? – Ergui uma de umas sobrancelhas.

- Determinada a ponto de machucar amigos. – Ri olhando para os lados. – Acordou um dia e disse que ia mudar completamente, deixando todos de boca aberta. Dá festas legais, tem resposta para tudo e não economiza na sinceridade.

- É, isso aí.

- Ah, esqueci: orgulhosa que só vendo. – Olhei com desde meneando com a cabeça.

- Só isso? Achei que pensava que eu fosse um monstro. – Ri.

- Nem os monstros fazem o que você faz. – Continuou andando. Isso mesmo, Hermione, teve a resposta que mereceu, quem manda fazer perguntas dignas de respostas desse nível?! - Mas – parou e voltou a me olhar. – talvez um dia a princesinha abra os olhos e enxergue que existem outras pessoas além dela nesse mundo.

- Cala a boca. – Soltei lentamente abaixando o meu olhar para o chão. Mais lições de moral. Parecia que todos estavam mesmo a fim de dar aquele sermão pra cada palavra errada que eu diga. Sumiu dobrando o corredor. Soltei o ar que prendia e comecei a tomar meu rumo para o Salão Comunal, tomar logo meu café da manhã.

Ao chegar, vi que apenas Kim e Verônica estavam sentadas nos bancos. Kim estava com olheiras profundas – quem não estava? – e verônica estava quieta, lendo as noticias do Profeta Diário, não se impressionava com nada. Sentei-me, falando um bom dia fraco e me servi de suco de abóbora e bolinhos.

- Notícias da Parvati? – perguntou Verônica.

- Na mesma. – Respondi rapidamente. Kim ergueu seu olhar para mim e negou com a cabeça.

- Sabe o que estão dizendo por aí, né? – Perguntou a mim.

- Não, o que? – Perguntei já até tendo idéias adversas sobre o motivo.

- Que foi você que fez aquilo com ela. – Eu ri.

- Eu já me expliquei com Dumbledore, eu nem estava no salão quando aquilo aconteceu! – Quase gritei para que todos que estavam ali, escutassem e parassem de me olhar torto. – Provavelmente foi uma daquelas idiotas que disseram isso. – Kim me olhou profundamente e olhou para o prato. – Eu não acredito. Você prefere acreditar nos outros ao invés em mim?! – Soltei num tom de desaprovação.

- Você é capaz de cada coisa pra conseguir o que você quer... – Comentou Verônica.

- Você também? – Perguntei me virando para ela.

- Me desculpe, Hermione. – Voltou a ler o jornal. Saí da mesa deixando tudo como estava. Em passos duros, saí também do Salão Comunal. Estava sob a mira de muitos olhares cruéis, alguns comentários e algumas vaias. Parecia que a noticia tinha explodido em Hogwarts inteira. Não sabia mais a quem recorrer. Parei um minuto, onde estava Deena? Minha mente estava realmente muito fértil aquela manhã.

Não, não. Ron era decente. Decente. Ele não faria nada que se arrependeria depois, no seu futuro "renamoro" com a Luna. Será? Pare de pensar tais coisas banais, Hermione. Pense no seu nome correndo de boca em boca como praticamente "uma assassina" de Parvati Patil.

Subi as escadas. Nem sei aonde ia. No caminho, encontrei com Antonio novamente. Estava pálido e mais cansado ainda. Aproximou-se de mim com as sobrancelhas serradas.

- Acredita em mim, não é?! – Perguntei antes de qualquer coisa.

- Claro que acredito em você. – Bocejou. – Acreditar em quê? – Virei os olhos.

- Você não ouviu os boatos?! Estão dizendo que eu envenenei a Parvati. – Antonio riu.

- Povo burro mesmo, não é? – Riu mais uma vez.

- O problema é que até as minhas amigas duvidam de mim! – Cruzei os braços. – Quero só ver se a Deena também duvidar de mim... E por falar nela, você viu ela por aí?

- Não. – Bocejou. – Eu nem consigo enxergar um palmo na frente do nariz de tanto sono. – Se espreguiçou.

- Tony, tô preocupada. – Soltei olhando para o chão. – Será que você pode ir lá contar tudo que você sabe? Dumbledore me perguntou, mas eu nem tive coragem de dizer. – Minha voz estava um pouco forçada assim como a minha expressão. Não queria que a bomba explodisse nas minhas mãos.

- Tô me preparando emocionalmente e fisicamente para isso, Hermione, tudo ao seu tempo.

- Não quero botar pressão mas é que só faltam os ovos e tomates para ser escorraçara no meio dos corredores. – Parei a sua frente e fiz uma expressão preocupada ao máximo. – Se você contar, vão esquecer assim – estralei os dedos – de mim. – Olhou para mim erguendo uma das sobrancelhas e virou os olhos.

- Tá, tá. Eu irei lá contar tudo que eu sei, mas se eu precisar de colo depois, vou recorrer a você exclusivamente, dando um pé no traseiro daquele paspalho do Scott. – Ri e lhe dei um abraço com um pequeno sorriso nos lábios.

Separei-me indo a outra direção. Antonio, com toda certeza, ia tentar livrar minha cara naquela mesma hora. Eu podia contar com aquele garoto. Pelo menos, a culpa não será mais minha. Subi as escadas das Masmorras dos Monitores. Ao girar a maçaneta do meu quarto, ouvi passos lentos estiquei meu pescoço e vi Deena descendo as escadas bocejando.

Com um sorriso malicioso, me escondi no vão da porta e a deixei passar. Estava tão longe que nem tinha me visto. Em passo silenciosos lhe dei um susto colocando as mãos em seus ombros. Quase rolou as escadas. Ajeitou seus óculos em cima do nariz e soltou o ar que prendia levando a mão ao peito.

- Desequilibrada. – Soltou nervosa, apenas ri.

- Então, senhora Deena, que eu saiba, seu quarto é bem longe daqui. – Cruzei os braços e encostei a parede.

- Eu acabei dormindo no quarto do Rony. – Bocejou mais uma vez.

- E – olhei para trás. – o que aquelas quatro paredes presenciaram? – Deena virou os olhos.

- Nada. – Meu queixo caiu.

- Como nada? – Quase gritei.

- Nada. – Mais clara, impossível.

- Nada de nada?

- Nada de nada. – Descia as escadas acompanhada de mim. – Ele me mostrou cada coisa idiota, histórias em quadrinho, algumas coleções de figurinhas, até estudados, mas foi bem melhor assim.

- Eu não sei em quem eu bato primeiro. – Comentei para mim mesma. – Ele pelo menos te beijou?

- Não. – Respondeu calmamente, como não se importasse.

- Não? – Dei uma risada incrédula.

- De jeito nenhum. Nem tentou; De dez palavras, onze eram sobre Luna ou relacionadas ao assunto. – Meneei com a cabeça.

- Eu não posso acreditar nisso! Ele chama a garota pra ir ao seu quarto e nem um beijinho de boa noite saiu?! – Negou. – E eu acho que você preferiu assim, né?

- Cara, ele é apaixonado pela Luna! Apenas foi vitima de uma armação. – Meu sangue congelou. Elas não sabiam dessa história e não precisavam saber. – E a Parvati?

- A mesma coisa. Por favor, não acredite no que você vai ouvir pelos corredores.

- E o que eu irei ouvir pelos corredores?

- Comentários de mau gosto. Até a idiota da Kim e imbecil da Verônica acreditaram neles ao invés de mim. – Soltei o ar que prendia.

- E está nervosa com elas por causa disso?

- Lógico. Não diziam ser minhas amigas? – Olhou para o chão. – Tô até vendo, você também irá preferir acreditar aqueles idiotas...

- Eu nem sei a versão deles para isso. – Paramos nas escadas. – Eu tenho que tomar um banho! Sou a única louca que ainda está com o vestido da festa. – Olhou para si mesma. – Vai se encontrar com o David? – Cai nos ombros. David, aquele garoto.

- Sei lá. – Soltei voltando pelo caminho que tínhamos feito.

- Não se esqueça: Ele é seu namorado, ouviu? – Fiz um sinal que tinha ouvido e outro para mandá-la para o inferno. Ouvi suas risadas até dobra no próximo corredor. Voltei a subir as minhas escadas, desta vez, ia tentar colocar a cabeça no travesseiro. Passei uma das mãos na maçaneta quando ouvi meu nome. Rosa Zeller, aluna do terceiro ano da Lufa-Lufa, subiu as escadas ofegante. Entregou-me um papel rapidamente e voltou a descer as escadas. Li rapidamente e chamei para que subisse de novo.

- Quem te deu isso aqui? – Perguntei séria, aparentando estar furiosa.

- Eu não tenho culpa! Apenas me mandaram entregar.

- E o que eu perguntei, idiota?! Quem mandou isso? – Admito, fui um pouco grossa. Os olhos da menina se encheram de lágrimas. – Quem mandou?

- Eu não sei!

- Esse papelzinho não apareceu como mágica na sua mão. – Amassei o papel de tanta raiva. – Quem mandou? – Ela começou a chorar; Meu Deus, estava amedrontando a menina. – Pare de chorar, eu não estou te torturando nem nada! Quem mandou isso?

- Eu recebi da Orla Quirke, ela disse que foi um garoto da Grifinória que mandou! – Saiu correndo choramingando.

Era mais um daqueles bilhetes que tanto amava. Podia ter as mais belas intenções, mas de intenções como essa, o inferno está cheio. Mais um escabroso poeminha sem nenhum remetente. Ao tentar descobri, botei uma menina do terceiro ano a chorar e ameacei, mentalmente, a vida de outra. Alunos da Grifinória. Tenho que pensar em alunos da grifinória que tenham uma pequena tara por esses poeminhas de outro mundo.

"Amar é sofrer um instante de saudade é sentir um segundo de ciúmes, viver um momento de paixão."

Amar. Amar? Quem aqui está tocando em amor?! Pelo amor de Deus, esse cara deve ser um maníaco sexual que está a espreita, apenas esperando que eu fique sozinha para dar o bote fatal. Não pense desse modo, Hermione. Pode ficar paranóica e nunca mais sair à noite para nem fazer uma ronda. Limpei as idéias repetindo algumas vezes "calma, calma, preciso me acalmar", massageando o centro da testa e entrando em meu quarto.

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