Estremece e Faz Efeito



Capítulo Vinte e Quatro
Estremece e Faz Efeito



Tinha acabado de acordar. Resolvi dormir um pouco à tarde para compensar a semana inteira de aulas matinais e vespertinas. Tive dois trabalhos exaustivos e aulas práticas que me deixaram totalmente desconcertada.

Era sábado. O tão esperado sábado da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. A semana simplesmente voou. Tive tempo de escolher meu vestido, mas deixei várias coisas de lado como algumas horas de estudo que tinha prometido a mim mesma. Mas eu acho que eu fiz o certo.

O único assunto que surgia nos corredores, era sobre esse baile. Todos os casais estavam uma pilha de nervos. Eu era uma dessas pessoas. Sentada numa das minhas poltronas, olhando fixamente para aquele vestido em cima da cama, os sapatos ao lado.

Um sentimento um pouco brega surgiu dentro do meu peito. Apenas queria que me minha mãe me visse agora. Apenas queria ter sua aprovação desse vestido. Queria que meu pai me recriminasse e falasse para que nem chegasse perto das bebidas – ele sempre fazia isso. Era uma pessoa tão engraçada, mas com o passar do tempo, o que mais sinto falta, são das intermináveis dicas e conselhos que cada um me dava.

Nunca irei me esquecer quando minha mãe tocou no assunto de sexo comigo. Pedi que não continuasse e que já sabia o essencial. Foi terrível. Quando meu pai conheceu meu primeiro namorado, pude ver nos seus olhos todo aquele ciúme esquisito que apenas os pais sente de suas filhas.

Como eles faziam falta. Um dia, que me arrependo amargamente, mandei que sumissem da minha frente que nunca mais queria ter pais como esses, apenas porque não deixaram eu fazer uma droga de uma poção. Idiota, não dava valor. Compreendo que não tinha sofrido nada desde quando entrei em Hogwarts. Oh, não vamos entrar em valores mais avançados.

Queria roer minhas unhas mas poderia estragar meu esmalte escuro. Sentei-me em frente minha penteadeira e comecei a arrumar meu cabelo lentamente. Estava um silêncio de corroer a alma de qualquer um. Bichento se esticava naquela macia e fofa almofada roxa.

Mais uma vez, senti aquela sensação estranha. Pare de pensar nisso, Hermione. Essa será uma das noites mais importantes de sua vida, caia na real. Com o cabelo praticamente bem arrumado, tomei uma poção fixadora com um gosto simplesmente horrível. Maquiagem, perfume, cremes. Brincos compridos de argola, uma pulseira delicada e deixei meu pescoço livre. Coloquei meu vestido e me olhei em frente ao espelho.

Suspirei me livrando de pensamentos tontos e sorri.

Ouço alguém bater a porta. Mirei instantaneamente no relógio, ainda eram sete e meia. David combinou de nos encontrarmos as dez para oito, já que as carruagens saiam as oito e meia. Estava adiantado. Abri a porta prestes a falar que ainda não estava pronta, mas me deparei com Draco, parado com uma cara de bobo, descendo todo seu olhar pelo meu corpo até a ponta dos meus pés. O puxei no mesmo momento para dentro.

- Seu doido! Fica parado na frente da porta?! – Soltei fechando a porta lentamente.

- Hermione, você está- – Estava num Armani preto de muito bom gosto, seu cabelo arrumado de um jeito que poderia jurar que tinha uns dois potes de gel. Como estava sem salto, estava muito mais alto; seu sapato, provavelmente um absurdo de caro, tinha um pequeno salto.

- Draco, eu ainda não terminei de me arrumar. – Me sentei novamente a frente do espelho e passei um brilho nos lábios e dei uma ajeitada na minha franja.

- Vou ficar com ciúmes. – Cruzou os braços e abriu um pequeno sorriso maroto.

- Por que ficaria? – Esfreguei os lábios e abri outro sorriso.

- Ficando linda apenas para o Scott? – Riu. - Que perda de tempo. – Ruborizei levemente, olhando para o anel que estava quase me esquecendo.

- Não estou bonita para ele. – Me levantei e coloquei os braços sobre seus ombros e juntando as mãos atrás de sua nuca.

- Ah não? Então, tudo isso é para quem? – Colocou as mãos na minha cintura.

- Para mim. Quero me sentir bonita. – Vi seu olhar um pouco desapontado. – Agora vá, não quero que David chegue e dê de cara com você. – Me soltei pegando minhas sandálias.

- Eu – Virou-se para mim com uma mão no bolso, parecia ter pegado alguma coisa. – queria que você usasse. – Pegou uma caixinha em veludo preta. Larguei minhas sandálias e fui até ele num olhar confusa. Abri lentamente e revelou um anel simplesmente maravilhoso. Tinha brilhantes e pedras pretas. Era discreto mas lindo, o anel mais fabuloso que tinha visto. Levei uma mão a boca e soltei uma leve risada.

- Eu não posso aceitar, Draco. – Fechei novamente.

- Cala a boca, Hermione. Você irá aceitar. – Disse imponente, pegou de minha mão e o colocou em meu dedo direito.

- Mas e se David-

- O Scott é um lesado que só vendo, ele nunca irá associar isso a nenhum outro cara, imagina só a mim. – Riu.

- É lindo, obrigada. – Sorri levemente. Nos encaramos por alguns segundos.

Como estava baixinha. Queria agradecê-lo do devido jeito, mas já tinha me maquiado e não queria que deixasse nenhuma marca de batom em seu rosto que, cada vez, parecia ainda mais alvo.

- Te encontro lá, OK? – Deu um salto de onde estava e saiu quase sem ser notado.

Analisei aquele anel. Era mesmo lindo, caro que só vendo, mas eu acho que para a tradicional família Malfoy, não é nada. Não se esqueça desse detalhe: Família Malfoy, a família das trevas mais conservadora que eu já vi. Coloquei minha sandália e peguei um casaco comprido preto. Olhei-me novamente no espelho e sai do quarto mandando um beijo para Bichento. Desci as escadas rapidamente colocando o casaco.

Devia ter escolhido outro vestido. Estava um frio só.

Era um frente única aberto até o fim das costas. Preto e longo. Na saia, havia alguns bordados em canutilhos também pretos. Olhei no relógio do castelo e vi que estava dez minutos adiantada. Desacelerei os passos. Estava com os olhos mirado nos jardins. Os vaga-lumes voltaram a iluminar quase todo o caminho. Mais à frente, encontrei Antonio. Tinha acabado de virar num dos corredores e nem tinha me visto. Gritei seu nome, parou e me esperou.

- Deixa eu ver a minha pegadora mais linda. – Analisou toda minha roupa, abri o casaco e fiz um sorriso sem jeito. – Preferia ir com você, será que a Patil topa ir com o David?

- Não brinca. – Ri. – Você também tá muito elegante. – Ele riu sarcástico e colocou as mãos na calça de seu smoking.

- Opa, vô pega todas.

- Não magoa a Parvati, chega de ver minhas amigas chorando por causa de canalhas que não sabem que as outras pessoas também têm sentimentos. – Cruzei os braços.

- Canalhas? – Olhou para mim confuso. – Olha lá, hein. – Rimos. – Soube? O MacMillan e a Fibby voltaram.

- O quê?! – Soltei rapidamente completamente incrédula.

- E eles irão ao baile. Pelo jeito, seu plano não deu muito certo. – Caí nos ombros respirando fundo. – Cara, os planos, para dar certo, tem que ser com o Tonyzão aqui.

- Pelo menos, eu tentei.

- Reza pra não dá treta entre ele e o Malfoy. – Riu, mas eu não achei graça. Era verdade, e se o Ernesto quiser se vingar?! Meu Deus, eu fui o pivô de tudo! – Seria engraçado, mas eu acho que sobraria para todos que forem. Tipo, chega de se ferrar por causa desses idiotas.

- Com certeza. – Soltei cogitando nas possibilidades dessa tal briga trágica acontecer e a culpa virar-se apenas sobre a minha cabeça. Encontramos com Kim e Deena.

Kim estava num vestido nada chamativo azul, justo com pedras por todos seu decote. Seu cabelo preso valorizando seus cachos e uma sandália que conseguia deixá-la mais alta do que eu. Deena estava bem discreta, usava um vestido prateado com um entrelaço de tiras nas costas, coque com uma tiara de brilhantes e uma pulseira combinando com os discretos brincos. Não sei como não estavam sentindo frio.

Cumprimentaram Tony que logo perguntou onde estava Parvati. Responderam que estava vindo, tinha esquecido sua bolsa. Resolvemos esperá-la, mesmo eu estando ficando 'a ponto de morta'. Aquele era o único caminho para o Salão Principal, então, todos passariam por ali.

Vimos McLaggen e o garoto estranho se aproximando de nós. Aquele loiro estava realmente maravilhoso naquela roupa. Aproximou-se ainda mais de nós e cumprimentou primeiro Kim com um beijo na sua mão. Apenas ergui uma das minhas sobrancelhas e cruzei os braços. Não queria que o ciúme me corroesse.

- Boa noite, Hermione. – Disse aquele garoto estranho. Eu ainda estava analisando o casal maravilha nos meus critérios pessoais.

- Boa noite. - Respondi rapidamente me virando para Tony. – Se a Parvati não chegar em dez segundos, eu mato ela. – Antonio me cutucou e apontou para meu lado.

- Esse não é o Belby? – Olhei levemente e ele sorriu.

- Acho que sim, não tenho certeza. Mas voltando: Eu juro que-

- Ah, desculpe a demora. – Disse Parvati no seu jeito de chegar aparecendo nos lugares. Estava num vestido azul bem claro e cintilante. Era um dos vestido mais bonitos que tinha visto, não tinha as alças e quase arrastava no chão. Antonio passou na minha frente e a cumprimentou.

- Está linda. – Disse num sorriso. Outro que parecia se jogar aos pés das mulheres. Cho Chang se aproximou num vestido tipicamente japonês e arrastou Belby para longe de nós. Acho que ainda guarda algum ressentimento do quinto ano, não sei.

- Estamos indo. – Disse Parvati, arrastando Antonio que sorriu para mim.

- Nós também! – Disse Kim grudando no braço do McLaggen. Lentamente, sumiram. Sobrou Deena e eu, uma olhando para a cara da outra. Foi até cômico.

Escutei gritos histéricos e risadas altas. Logo, Harry, Ron e David apareceram – O que David estava fazendo com eles? - Apenas os garotos, que ótimo. Vi, por cima do ombro de Harry, Gina, Jane e Fibby se aproximarem e logo ficarem ao seu lado.

Gina queria mesmo chamar atenção. Estava com um vestido rosa – Justo era pouco, não sabia como estava respirando. – o seu cabelo desbotado presto, algumas jóias provavelmente emprestadas por Harry, - porque ela nem tem dinheiro para pensar numa daquelas. Jane estava num vestido preto, quase fechado na frente, mas escandaloso por trás atrás, batia no fim do joelho – a pequena dica de McGonagall como: use vestidos longos, não foram adotadas por aquelas garotas. - Fibby num vestido azul claro, rodado até a canela. Os três garotos quase idênticos. Deena pareceu se esconder atrás de mim, cruzando os braços e colocando uma mão no rosto.

Aproximaram-se. Gina entrelaçou seu braço rapidamente no de Harry e depois deitou a cabeça em seu ombro, mirando um olhar reprovador sobre mim. David veio ao meu encontro, sorriu e me deu um beijo nos lábios. Ron parou ao lado de Deena, aquela menina era tímida de mais. Ron sorriu e pegou em sua mão.

- Oh, Harry, vamos indo. – Soltou Gina numa voz diferente. Conseguiu tirar Harry dos meus olhos, sendo seguida pelas suas amigas. Nós, mais Ron e Deena, andávamos em passos um pouco mais lentos.

Uma conversa tipicamente de pessoas descontraídas surgiu. Eu poderia estar solta como o vento por fora, mas estava presa num 'espartilho', não conseguindo respirar por dentro. Apenas o corredor de acesso ao Salão estava aceso. Filth estava em frente a grande porta, acariciando o pelo de sua gata em seu colo. Ele pediu que entrássemos rapidamente, resmungando como sempre.

Assim fizemos. Todos estavam ali. Só faltavam nós quatro. Todos os professores levantaram de seus lugares e desceram os degraus, parando ao lado de Dumbledore.

- Como todos já chegaram, acho que podemos ir. – Mirou seu olhar em Hagrid que penteava seu grosso e mau cuidado cabelo de um jeito complicado. – Hagrid?

- Claro, Professor Dumbledore, já está tudo pronto! – Guardou o seu pente de madeira dentro do bolso e arrumou seu terno velho.

Tinham cinco carruagens pequenas e duas grandes. As grandes, para professores, as pequenas para dois casais cada uma. Ficamos por último na fila, apenas quando entrei, vi que fiquei na mesma cabine que Harry e Gina. Sei lá, mas por algum motivo maior, eu pensava que alguém lá em cima ainda conspira contra mim. O caminho seria um pouco longo. A porta se fechou e o silêncio se manteve até a arrancada das carruagens de Testrálios – que ainda tinha uma incrível curiosidade para vê-los – foi violenta de mais, fazendo com que quase caíssemos do assento.



It's hard to remember how it felt before,
É difícil lembrar como era antes,

Now I found the love of my life.
Agora encontrei o amor da minha vida.

Passes things get more comfortable,
As coisas passam, ficam mais confortáveis,

Everything is going right.
Tudo está dando certo.



Evitava olhar para Harry, mas podia ver que seu olhar vagava de mim para fora dali. Era constante. Me sentia incomodada, encostei minha cabeça no ombro de David e soltei o ar que prendia.

- Eu sempre sonhei com isso, Harry. – Soltou Gina num jeito carinhoso dando um beijo na sua bochecha e acariciando a ponta de seu cabelo, perto de sua nuca.

- Gina, um pouco de espaço, por favor. – Abri um pequeno sorriso ainda com meu olhar mirado lá fora. A ruiva se desgostou e bufou. Cruzou os braços e ficou com o olhar baixo. Queria gritar um "Segura essa, idiota!" mas me contive.

Aquele pequeno balanço estava me enjoando aos poucos. Mexia levemente naquele anel. Meus pensamentos vagaram das reais intenções de Draco com esse anel a até como aquela ruiva sem sal precisa perder, seriamente, alguns quilos. Cruzei as pernas levemente, David encostou seu queixo na minha cabeça e olhou para o mesmo lado do que eu. Gina nos observou com um mero sorriso nos lábios, parecia estar tramando alguma coisa, era assustador só de pensar.

Hermione, pense: você não deve absolutamente nada a ninguém, então, não se preocupe com o que esse prego enferrujado poderá fazer. Pense que daqui alguns minutos, estará na maior festa bruxa da década. Pensa que você tem esse privilégio, pensa que você é uma das escolhidas. Mais um questionamento que veio em minha cabeça. Será que fui escolhida como eu sou ou como eu era? Sempre que me pegava perguntando sobre isso, sempre ficava com uma ponta de dor de cabeça.

Esqueça esses assuntos. Olhei mais profundamente para fora, podia ver a Londres trouxa, pelo menos alguns pedaços iluminados por debaixo das especas nuvens. Senti que as carruagens começaram a descer lentamente. Respirei fundo e me ajeitei naquele assento. Olhei para Gina, ainda estava com os olhos cravados feito estaca em mim.

- Onde comprou esse vestido? – Perguntou para mim. Harry e David começaram a prestar atenção na nossa conversa, o herói já sabia no que ia dar, já David, apenas observava.

- Por que quer saber? – Gina riu.

- Nada. – Olhou para fora.

- E o seu? Sua mãe que fez? – Perguntei num sorriso maroto, Gina me encarou séria como se fosse uma leoa defendendo sua caça. Eu saberia muito bem como isso seria resolvido nos tempos de antigamente, mas agora, esperava acontecer.

- Minha mãe não faz minhas roupas. – Respondeu num tom ameaçador para qualquer outra pessoa. – Por que quer saber? – Ri e olhei para fora.

- Nada, achei que combina com seu tom de pele. – Gina virou os olhos e grudou no braço de Harry. Senti a carruagem pousar. Finalmente estávamos em terra, isso me aliviava quase que por inteira. Pousaram numa das ruas desertas de Londres. Estava muito má iluminada e não havia nenhum carro na rua.

A porta se abriu e Hagrid mandou que todos descessem. Em Londres, estava mais frio do que do que em Hogwarts. Pediu, que rapidamente, fossemos para dentro antes que virássemos picolés. Era uma loja velha, com uma inscrição dita como "homeopatia". Um bom disfarce.

Lá dentro, mais escuro do que lá fora. Dumbledore acendeu sua varinha e mandou que todos o seguissem. Em uma fila indiana, tomamos cuidado para não esbarrar a canela em nenhuma das caixas espalhadas por lá. Paramos em frente uma cabine telefônica, incrivelmente, no meio daquela sala imunda. Dumbledore passou para dentro do Ministério, e, casal por casal, fez o mesmo.

Para variar apenas um pouco, fui uma das últimas novamente. Quando entrei no grande átrio do Ministério da Magia, abri um pequeno sorriso aparentando uma criança deslumbrada com o pouco que sabia da vida. Meus olhos brilhavam com todas as velas que iluminavam aquele grande salão. Já estava repleto de pessoas, muito bem arrumadas. Os elfos faziam e serviam as comidas.


And after all the obstacles,
E depois de todos os obstáculos,

It's good to see you now with someone else.
É bom te ver com outra pessoa.

And it's such a miracle that
E é um milagre que

You and me are still good friends.
Você e eu ainda somos bons amigos.

After all that we've been through,
Depois de tudo que passamos,

I know we're cool.
Sei que estamos bem.



O assoalho, antes de madeira, estava coberto por um carpete vermelho. As lareiras cor dourada estavam enfeitadas com flores da mesma cor. Mesas com algumas cadeiras, em toalhas douradas e prateadas rodeavam o salão. À frente das estátuas, foi colocado um pequeno palco onde uma orquestra de duendes estava tocando uma música sonolenta.

Ao nosso encontro, o professor Slughorn se aproximou nos seus trajes nada chamativos com seus braços abertos, dando um caloroso abraço em Dumbledore. Eram inevitáveis comentários sobre tudo que lá estavam acontecendo.

- Bom, alunos, representem muito bem nossa escola, OK? – Disse num sussurro, quase ninguém ouviu, mas quem estava ligando?

Minerva jogou um olhar ameaçador em Ernesto e Fibby que trocavam caricias mais picantes, impossíveis. Ao meu lado, parou Draco com o braço dado a Luna. Trocamos olhares e sorrisos discretos. Ao longe, pude ver Ron borbulhar; queria partir Draco em mil pedaços e espalhá-los pelo mundo.

Nos sentamos numa mesa junto com Parvati e Tony. Deena foi arrastada por Ron até a mesa onde estariam aquelas adoráveis pessoas. Kim se sentou numa mesa separada com McLaggen – particularmente, poderia ter escolhido um smoking melhor. – mais aquele garoto esquisito do Bebly e Cho.

Draco, Luna, Pansy e Zabini sentaram-se em outra mesa. Os professore,s todos reunidos uma das mais privilegiadas mesas. Antes de me sentar, David pediu para tirar meu casaco. Estava totalmente envergonhada. Não sabia se aquele vestido era recatado de mais, exagerado de mais, ou provocante de mais. Ao tirar, abriu um largo sorriso. A cabeça de Harry virou, instantaneamente, para onde eu estava. lógico que percebi, foi o único lugar que olhei. Dei um pequeno sorriso maléfico e me sentei.

- Oh, Hermione! Seu vestido é lindo! – Soltou Parvati num gritinho histérico.

- Ela fica linda de qualquer jeito. – Sussurrou David mordendo minha bochecha levemente e me dando um beijo.

Não perdi minhas contas contando quantos assuntos sugiram. Em um momento, David levantou-se com Tony para pegar as bebidas. Logo, trouxeram FireWhisky, em quatro pequenos copos.

- Por que não trouxeram algo mais forte...? – Brinquei rindo com Parvati.

- Um pouquinho, só pra esquentar. – Disse Tony sentando-se ao lado de Parvati e sorrindo para mim.

- Mas vão com calma, McGonagall disse que-

- David, ela sabe muito bem que parecemos desesperados quando vemos bebidas, mas não extrapolamos. – O interrompi dando um gole que desceu queimando.

- OK, certo. – Passou a mão pelo meu ombro deixando o copo em cima da mesa.

Estava vendo como aquela festa seria um tanto quanto monótona. Ao longe, reconheci algumas caras que já tinham sido capa de Profeta Diário e outros jornais e revistas bruxos.

Reconheci Kingsley Shacklebolt, aquele espião na Londres Trouxa, li uma matéria sobre ele no final do ano passado, quando essas coisas faziam parte da minha vida integralmente. Também vi alguns jogares de Quadribol do time da Irlanda e da Bulgária, mas Vitor, não estava lá.


We used to think it was impossible,
Nós costumávamos pensar que era impossível,

Now you call me by my new last name.
Agora você me chama pelo meu novo sobrenome.

Memories seem like so long ago,
As memórias parecem que foi há tanto tempo,

Time always kills the pain.
O tempo sempre acaba com a dor.



- Oh, não. Aquela é a Mafalda Hopkin! – Soltou Tony colocando uma das mãos no rosto e se abaixando naquela cadeira.

- O que tem ela? – Perguntou Parvati o obrigando a sentar direito.

- No começo do ano, tive uma audiência com ela... Quase que não volto para Hogwarts. – Afundo-se ainda mais, perguntei porque; antes de responder, esticou o pescoço e sentiu-se mais aliviado ao ver que ela tinha pegado outro caminho. – Fiz a língua na minha prima de seis anos inchar feito um balão, depois de ter quase feito ela estuporar.

- E o que a pobrezinha te fez? – Perguntou David num tom engraçado.

- Nasceu. – Respondeu rudemente, bebendo sua bebida em um gole só.

Olhei em volta do salão. Vi que a mesa de Harry e companhia, estava realmente animada. Várias vezes, a calma do salão era invadida pelas risadas altas. McGonagall ia ter um filho se continuarem com essa feira de peixe. Acertei em cheio, levantou-se de onde estava e logo foi dar aquela bronca silenciosa naquele grupinho exaltado. Pensei que apenas os atingiria, mas caminhou até nós também.

- Irão ficar sentados até quando? – Perguntou num sussurro juntando as mãos finas.

- Estamos esperando um pouco professora, a festa nem ao menos começou. – Soltei me inclinando um pouco à frente.

- Lembre-se que não vieram aqui apenas para beberem o que quiserem. – Afastou, com a ponta do dedo, o copo de perto de Tony que já engolia seco. – Levantem, dancem. Pensem que aqui, nesse salão, estão os nomes mais renomados de toda a sociedade bruxa. Quem sabe algum de vocês já saiam daqui com seu emprego de sucesso tamanho garantido? – Ergueu uma de suas sobrancelhas e lançou seu olhar frio em cada um de nós. Retirou-se indo até a mesa de McLaggen e depois se sentou.

- Eu não vou ficar correndo atrás dessas pessoas. – Indagou Parvati cruzando os braços. – Não vim aqui para isso.

- Acho que – Mirei meu olhar em McGonagall, que apenas pela sua expressão, estava mandando que nos levantasse. – é melhor a gente se dispersar pelo salão. – Peguei na mão de David e o levantei dali. Arrumei meu vestido e me enfeie no meio das pessoas.

Vi todo o tipo de gente.

Peruas gordas com jóias até nos dentes conversando com seus amigos compridos em seus trajes um pouco curtos e se sentindo um máximo. Podia observar que a maioria daquelas pessoas eram aurores. Ao longe, vi Moody conversando com Lupin. Meu sangue congelou. Apertei levemente a mão de David que acho que nem percebeu. Tonks estaria ali, não poderia desviar do assunto que deixaram ambas as duas sem algumas noites bem dormidas – pelo menos, a mim, sim.


Remember Harbor Boulevard
Lembra do Harbor Boulevard

The dreaming days, where the mess was made.
Os dias em que sonhávamos, quando a confusão estava feita.

Look how all the kids have grown,
Veja como toda a molecada cresceu,

We have changed but we're still the same.
Nós mudamos mas ainda somos os mesmos.

After all that we've been through
Depois de tudo que passamos

I know we're cool.
Sei que estamos bem.



A música ainda era sonolenta, mas parecia que daqui a pouco, ia trocar para alguma banda um pouco mais animada. Segurava as duas mãos de David, que andava atrás de mim. Abria espaço entre as pessoas. Cada um, me olhava de um modo diferente. Alguns com reprovação, outros pareciam que arrancavam minha roupa apenas com os olhos, tinham outros que me olhavam com olhares maternais e sorrisos carinhos. Esses sim eram os piores.

- Oh, presumo que seja Hermione Granger. – Disse uma voz velha e feminina. Virei-me junto com David que também estava um pouco surpreso. Lembrava do rosto daquela senhora, mas não fazia as associações necessárias para lembrar quem seria. Tinha os cabelos bem claros com os olhos profundos, as marcas de idade eram bastante visíveis. - Griselda Marchbanks. – Estendeu a mão. Apertei gentilmente, também estendeu a David que fez o mesmo. – Eu li seu histórico, Srta. Granger. Achei fabuloso! Fantástico! – Dei um pequeno sorriso.

- Desculpe, mas eu não lembro da senhora. – David ficou atrás de mim, com uma das mãos na minha cintura, analisando a conversa com um pequeno sorriso no rosto.

- Claro que não se lembra. Acho que nunca tivemos contado. – Riu. Colocou sua bolsa preta bordada em pedras preciosas, no seu pulso e juntou as mãos cobertas por luvas finas, também pretas. – Sou juíza da suprema corte. – Meu queixo caiu levemente. – Acho que uma garota com esses históricos em uma escola tão conceituada como Hogwarts, seria de um imenso prazer se a senhorita fizesse parte da minha equipe. – Meu queixo caiu ainda mais.

- Como o quê, senhora? – Perguntei engolindo seco.

- Estou formando uma nova equipe, não sei ainda quem chamar. No começo, apenas com trabalhos leves na corte, depois, vejamos como se sai, e poderá pegar algum cargo como inquisitora, avalista, qualquer coisa ligada ao meio. – Nada disso me interessava. – Eu sei que ainda faltam meses para completar seus estudos, mas na minha equipe, já tem seu lugar – Consegui, em menos de um minuto, aquilo que a maioria queria: um emprego. – garantido.

- Eu – Olhei David. – vou estudar a proposta.

- Manteremos contato, OK querida? – Sorriu pegando nas minha duas mãos que estava juntas, abaixada. Peguei David e sai dali. Fomos um pouco mais distante de todas aquelas pessoas.


And I'll be happy for you
E eu vou ficar feliz por você

If you can be happy for me.
Se você conseguir ficar feliz por mim.

Circles and triangles,
Círculos e triângulos,

And now we're hanging out
E agora saímos juntos

With your new girlfriend.
Com a sua nova namorada.

So far from where we've been,
Tão longe de onde estávamos,

I know we're cool.
Eu sei que estamos bem.



- Você vai aceitar, né? Esse é um cargo maravilhoso! Eu dava um braço pra poder ter metade dessa oportunidade! – Soltou David de maneira tão empolgada que me deprimiu.

- Não sei, David. Parece ser muito trabalho, para nada.

- Acabei de ver que a garota maravilha já foi puxar o saco de alguém... – Reconhecia aquela voz de longe. Gina tinha acabado de se aproximar; Estava sem Harry, uma coisa rara de se apreciar.

- Ao contrário, nem precisei. Agora, se você não usar de toda sua habilidade nas questões "puxa-saquismo", não conseguirá nada. – Cruzei os braços. David meneou com a cabeça e olhou para os lados.

- Aí que você se engana. Meu pai trabalha numa das mais importantes repartições de tudo isso aqui, eu não preciso puxar o saco de ninguém. Já você, filha de – cruzou os braços e fez uma expressão de duvida. – dentistas? – Riu. Aquilo vez com que meu sangue começasse a queimar minhas veias com a intensidade que estava correndo.

- Fale o que você quiser, mas toque no nome deles. – Segurei para não partir a cara dela ao meio. Pensei no local que estávamos e que não seria muito legais puxadas de cabelo no meio daquele carpete tão limpinho. Esbarrei em seu ombro puxando David comigo, mas Gina colocou uma de suas mãos no peito de David e impediu que ele continuasse a andar.

- Cuidado, viu? Ela morde. – O puxei com mais força sentindo ainda mais meu sangue subir. Gina deu uma risada maléfica, colocando uma das mãos no queixo. Não voltei olhar para trás. Soltei o ar que prendia algumas vezes a mais. Senti-me um pouco tonta ao parar. David parou a minha frente e ergueu meu queixo.

- Acho que elas não vão muito com a tua cara.

- Eu odeio elas. – Disse cruzando os braços e mirando meu olhar matador, novamente, naquela mesa.

- E por quê? Um dia resolveu odiar quem não se desgrudava? – Joguei um olhar sobre ele. – O quê...? Eu reparava, tá? Você e Gina Weasley não se desgrudavam. Estavam sempre na barra do sobretudo do Potter, sempre sendo o grupinho de heróis. – Descruzei meus braços e olhei totalmente confusa para ele.

- É assim que você me via? – Fiquei um pouco decepcionada. Não era isso que dizia, nunca tinha visto esse seu jeito um pouco "agressivo". Sempre, na minha presença, era o mais carinhoso, o mais atencioso.

- Hã... Não, mas – Tossiu. – estou com sede, você não está? – Pegou em minha mão e me arrastou para a grande mesa de bebidas que, cada pote ou jarra, estava com um feitiço de reposição, para que nunca faltasse. David serviu uma bebida dourada, assim como a decoração de toda a mesa.

- O que é isso? – Olhei para o copo depois de dar um gole.

- Néctar com Licor da Irlanda. – Disse num sorriso.

- E como sabe disso? – Perguntei rindo.

- Sou um especialista em degustação de bebidas esquisitas. – Me fez rir. – Brincadeira, tava escrito num papel ao lado.

- É delicioso. – Dei mais um gole grande.

- Vai com calma. – Abaixou lentamente o copo da minha boca. Concordei levemente com a cabeça ficando na ponta do pé da minha sandália e lhe dando um leve beijo um sorriso.

- Querida, te encontrei! – Tonks. Só podia ser. Em movimentos lentos, me virei me separando de David. – Desculpe se atrapalhei, mas eu procurei esse salão inteiro por você! – Tonks não mudou um fio de cabelo se quer.

Estava um vestido roxo que parecia que não conseguia respirar. Mudou seu cabelo, na nossa frente, para um vermelho vivo, deixando David assustado por um momento.

- Eu vou ter que te roubar um pequeno momento do seu namorado. – Pegou em meu punho e me tirou de perto de David.

- Eu te vejo depois! – Soltei sendo arrastada por ela. Passamos por todo o salão. Ao final dele, tinha algumas portas. Entramos numa e vi que seria o banheiro feminino.

- Oh, acertei! Que bom! Sempre entrava no banheiro dos centauros... Só não errava dos duendes que a porta é de meio metro de altura. – Olhou-se no espelho, apertou os lábios e encolhei sua barriga. – Esse vestido me deixa gorda. Olhe, eu não posso usar nada sem alça, eu tenho ombros largos!

- Tonks, eu sei que você não me arrastou até aqui para que botar defeitos no seu próprio corpo. – Apoiei-me na pia, ficando de frente para ela e de costas para os nossos reflexos nos grandes espelhos com molduras trabalhadas a mão.

- OK, recebeu aquilo? – Concordei. – Viu o que tinha dentro? – Concordei novamente. – Já sabe o porque da sua mãe tava segurando quando morreu? – Neguei. – Hermione! – Soltou em advertência.

- Me desculpe. É que não deu tempo! – Tonks cruzou os braços.

- Eu sei que esse baile tira o sono de qualquer um, mas você tinha tempo suficiente.

- Não é isso. – Estava com receio de contar toda a verdade.

- Então, o que aconteceu? – Não respondi, apenas olhei para baixo. Ela pegou nos meus ombros e me sacudiu. – Hermione, o que aconteceu? – Perguntou num tom agressivo.

- Eu não sei, mas – Molhei os lábios. – eu o perdi. – Me soltou colocando uma das mãos na testa.

- Você- - Foi aumentando o grau de sua voz gradativamente. - conseguiu perder um dos artefatos mais importantes da história bruxa?! – Quase gritou.

- Tonks, me deixa explicar.

- Olha, Hermione, pensei que você tinha o mínimo de responsabilidade! Ele é grande, é vermelho, era bem fácil de se encontrar! – Andou pelo banheiro e soltou o ar que prendia. – O seu gato não comeu, não é? – Neguei.

- Mas eu não sei como-

- Imagina se cair em mãos erradas! Imagina só se o Draco Malfoy pegar aquilo! Imagina! – Congelei no mesmo momento. Isso, nunca tinha passado pela minha cabeça. E olha que Draco passou horas dentro do meu quarto com aquele pingente maldito dentro daquela caixinha preta. – A que fins deu esse pingente? – Colocou as duas mãos na cintura e esperou, no mínimo, uma explicação aceitável.

- Sabe, um dia, eu estava fazendo a ronda e-

- Seja breve, a festa tá rolando e nós estamos aqui.

- Tá com Dumbledore. – Tonks ficou pálida.

- E ele descobriu que era seu?

- Não é meu coisa nenhuma! – Me defendi. – Ele apenas estava comigo, mas meu, não é e nunca foi. Ele tinha sumido da caixinha e um dia, apareceu no chão de Hogwarts, como uma explosão.

- Quem sabe mais disso?

- Os professores, eu e o Harry. – Aproximou-se de mim.

- Se descobrirem que você estava com esse colar dentro da escola, você estará encrencada, Hermione. – Gelei.

- Mas vocês podem me tirar dessa, né? Vocês fazem parte da Ordem da Fênix! – Soltei num tom obvio e desesperado.

- Eu conheço Dumbledore, pouco mas conheço, ele irá fazer uma pesquisa minuciosa. Ele irá descobrir o quanto antes.

- Já está fazendo. Eu andei pesquisando e vi que é um instrumento das artes das trevas.

- Eu sei, eu sei. – Repetiu mais algumas vezes. – Mas ninguém pode saber que você sabe de tudo isso. Acho que você não contou a ninguém sobre seus pais, não é?

- Apenas a uma pessoa, mas ele é de confiança.

- Hermione, dá um jeito, pensa em alguma coisa. Esse é um segredo nosso, não conte a ninguém, tudo bem? – Concordei. – Bom, agora vamos voltar pra lá. – Abriu a porta e logo vi que a música tinha mudado, era um pouco mais agitada aos estilos formais.

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