Nagine




33 – Nagine


Na Sede.

-Nossa, Hogwarts está lotada. Tem gente por tudo quanto é lado. Os gramados da propriedade esta parecendo o acampamento da Copa Mundial de Quadribol. – Reclamou Harry nervoso. – Não gosto que fiquem me olhando como se eu fosse uma aberração. Quando eu passo os olhares me seguem para onde quer que eu vá. É muito chato! Até procuro não andar muito pelo castelo. – Reclamou Harry, pois sentiu que estava sendo notado muito mais que antes.

-Isso, Harry, você vai ter que enfrentar hoje, amanhã e depois, vai ter que passar por isso. Além do mais você já é bem grandinho para lidar com essas coisas, e vai se encontrar com Rufo também, portanto é melhor ir se acostumando com a idéia. – Disse Lupin recostado numa das confortais poltronas da Sede.

-Vá com a capa de invisibilidade. – Sugeriu Neville inocentemente.

-Não posso ficar me escondendo debaixo da capa a vida toda, nunca fiz isso! Remo tem razão, tenho que enfrentar a situação.

Fevereiro

-Harry, você não acha que está na hora de ver se sua amiga já está na escola? – Perguntou Neville.

-Que amiga?

-A cobra, ora essa!

Harry olhou para Neville. Ir a Hogwarts lotada de bruxos não era bem o que ele gostaria de fazer. Só de pensar em transitar entre os alojados na escola ele já ficava agitado. Mas não teria como escapar dessa obrigação.

-É. Acho que está na hora sim. Então acho melhor irmos de uma vez por todas.

Harry já passara por muitas situações onde fora apontado e discriminado, porém sempre enfrentara essa adversidade, iria com certeza conseguir agora também.

Naquele entardecer muito frio, porém sem a constante neve que teimou em cair durante dias seguidos Harry e os amigos saíram da sala precisa para ver se a cobra já tinha aparecido. Não tinha jeito de escapar disso, nenhum de seus amigos podia falar com cobras. “Quem sabe hoje teremos alguma resposta”. – Pensava Harry enquanto se agasalhava para sair no clima gelado.

Enquanto caminhava entre os abrigados ouvia-os fazendo comentários alguns elogiosos e por vezes até grosseiros sobre ele. Procurou com todas as forças não ouvir o que diziam, mas uns eram tão indiscretos que além de falarem o apontavam. O mesmo bruxo de barba rala e atarracado que causou a confusão nos portões do castelo parou com toda arrogância na frente de Harry.

-Ta na hora de você dar um jeito nesse Lord não sei das quantas. – Disse o bruxo cutucando com o dedo indicado o peito Harry. – Até quando vamos ter que agüentar esses desmandos?

Foi o que bastou, Harry com brutalidade, o que não era de seu feitio, afastou o dedo do bruxo de seu peito e respondeu a altura.

-Ta na hora de vocês tomarem vergonha na cara e fazerem alguma coisa também. Vai treinar, vá aprender a lançar feitiços e não esperar que todos façam tudo por você. Que é?, se você gosta de sossego eu também gosto! Não sou seu pai e muito menos seu guardião portanto não me cobre responsabilidade que não tenho. Nunca mais se dirija a mim dessa forma. – Retalhou o garoto em alto e bom som com os olhos verdes brilhando de indignação.

Com isso Harry deu um basta no ousado mágico, mas os sussurros aumentaram mais ainda. Muitos se mostravam indignados com a resposta do garoto, outros achavam que ele estava coberto de razão.

-Então nos ensine! – Gritou uma bruxa com idade que regulava com a da senhora Weasley.

-Faça o pedido ao senhor Ministro. Isso é obrigação do Ministério da Magia não minha. Não sou professor e muito menos auror. – E continuou andando deixando um clima tenso atrás de si.

-Harry Potter, Harry Potter, um minutinho por favor. – Chamou uma voz. Havia alguma coisa naquela voz que lhe lembrava um certo mal-estar. – Que prazer em vê-lo. Pode me responder algumas perguntinhas?

E lá vinha ela correndo abanando a mão para chama a atenção do garoto para que ele espera-se. Não que era necessário abanar a mão para chamar atenção, vestida de verde berrante com largo cinto vermelho e roxo, e sapatos amarelos, chamava atenção em fazer o menos esforço.

-Claro. – Respondeu Harry com calma já identificando a dona da voz – Rita Skeeter.

-Ah! Mas que ótimo! O que foi que você achou do ataque ao Beco Diagonal? – Perguntou já com a pena-de-repetição-rápida suspensa no ar.

-Cuidado Harry. – Disse Hermione às suas costas.

-Deixe-o, Mione, ele sabe o que faz. – Responde Gina ao lado da amiga.

Harry com toda calma pegou a pena-de-repetição-rápida que estava suspensa ao lado de Rita e numa atitude que espantou os amigos, fez bem-me-quer, mal-me-quer com as pluminhas da pena que voaram em todas as direções. Depois amassou o talo a intervalos regulares e a devolveu a uma espantada Rita o que restou da pena-de-repetição-rápida. A pena mal se equilibrava no ar, não conseguiria escrever uma frase em linha reta e muito menos uma palavra que fizesse sentido. Depois conjurou pena, pergaminho e um tinteiro, entregou tudo para a audaciosa repórter e respondeu:

-Escreve ai: ‘Foi um horror’ e ponto final. Nem uma palavra a mais e nem a menos.

-Vou acabar com você Harry. – Ameaçou a repórter entre os dentes depois de ver o que restou das sua querida pena-de-repetição-rápida.

-Estou esperando. Cuidado Rita “Steeker”, cuidado com o que você escreve, estou de olho em você.

-Meu nome é Rita Skeeter, SKEETER. – Gritou corrigindo o nome e batendo o pé no chão a lá Hermione.

-É mesmo? – Respondeu sarcástico. – Bem... A julgar como você inverte os fatos a seu bel prazer, não deveria ficar chateada se inverterem seu nome também. É o toma lá da cá.

Envergonhada a jornalista com o rosto tinto de rubro saiu correndo empurrando a todos que estavam no seu caminho.

-Aí Harry, deu o troco com toda categoria à Rita. Bem que meu pai costuma dizer: “Não acredite em nada se não puder ver onde fica o cérebro!”. E essa pena-de-repetição-rápida era um horror! – Disse Gina.

Os garotos não conseguiam parar de rir, e o riso contagiou muitos dos que acompanharam a vingança de Harry contra a repórter que não respeitava nada e nem ninguém.

E mais uma vez naquela tarde os comentários voltaram - “Admiro esse menino” – “Ele já sofreu muito” – “Ele deveria respeitar os outros”, e uma outra pessoa respondeu: “E ele respeita, você é que não o respeita” – “Que sem educação!”. Na verdade Harry nunca conseguiria agradar a gregos e troianos, ninguém consegue e ele sabia muito bem disso.

-Vamos. - Chamou os amigos com um sorriso brincando nos olhos.

-Você não deveria responder assim Harry àquele bruxo. – Disse Neville. – A comunidade mágica gosta muito de você.

-Tudo bem, eu entendo, também gosto deles. Mas eu que não sou abrigado a agüentar desaforo de ninguém. A comunidade bruxa é problema do Rufo. Não quero mais responsabilidade do que já tenho ok?

-É, acho que você está certo. – Respondeu o quando já estavam chegando perto da cabana de Hagrid.

-Ola meninos. – Cumprimentou Hagrid to sorrisos para os jovens amigos. – Dificuldades para chegar até aqui, Harry?

-Lógico né, Hagrid. Esse povo é folgado demais, acha que tudo agora é minha obrigação. É engraçado por que até a pouco tempo eu andava pelo Beco Diagonal e ninguém ficava me apontando; foi só Voldemort atacar que todos começaram a me cobrar. – Desabafou de uma vez só.

-É. Imaginei que isso fosse acontecer, tudo por causa daquela reportagem ‘o eleito’ e coisa e tal. Mas vamos ao que interessa. Sua amiga está enrolada nos fundos da cabana dentro de um caixote que coloquei para ela por causa da neve, chegou aqui semana passada e lá ficou. Ainda bem que nem tentou chegar perto de mim.

-Obrigado Hagrid.

Harry se aproximou do caixote e chamou a cobra.

-Ah! Você chegou! Pensssei que eu fossse ter que ficar aqui para sssempre. – Reclamou a cobra.

-Não sabia que você já estava aqui. Descobriu alguma coisa?

-Sssim. Ela mora do outro lado desssa floresssta. Muito longe daqui. Lá tem um lago, e é nessse lago que ela irá tomar sssol. Por enquanto essstá dentro da cassa daquele que é seu dono. Ela sssó sssaiu umasss duasss vezesss desssde que achei ao lago e asssim messsmo muito rapidamente.

-E como a mato?

-Já lhe dissse. Agora vou embora para sssempre. Boa sssorte menino que sssobreviveu.

-Obrigado pela ajuda. – Despediu-se Harry. – Em língua de cobra.

-E ai? Que foi que ela disse? – Perguntou o meio gigante que ficara em pé atrás do jovem amigo antes que qualquer outro pudesse perguntar.

-Tem algum lago do outro lado da floresta, Hagrid?

-Ah! Não sei. Esta floresta é muito grande, não a conheço toda. Só conheço a parte que faz parte da propriedade.

-Precisamos saber disso. Pode verificar para nós?

-Posso, mas vai demorar um pouco, com toda essa gente por espalhada aqui.

-Por que Harry? – Perguntou Gina.

-Ela me disse que Nagini vive do outro lado da floresta e que tem um lago onde toma sol no verão.

-Isso quer disser que vamos ter que esperar até o verão. – Espantou-se Neville.

-Não, apenas até o sol começar a aparecer o que não deve demorar muito já que estamos no final fevereiro. Mas vamos ter que esperar sim. Não temos como agir com ela enfiada na casa de Voldemort.

Voltaram à escola acompanhados por Hagrid, o que significou que nenhum dos acampados teve coragem de falar um “a” sequer.

***

-Acho melhor só ir os adultos, vocês garotos ficam dessa vez.

-A senhora me desculpe, senhora Weasley, mas eu vou sim. Vou fazer tudo que for necessário para acabar de uma vez por todas com as Horcruxes. Sinto muito. Além do que, tem mais uma Horcrux que não faço a menor idéia do que possa ser. Então vamos dar um fim na cobra antes de partir para a outra busca.

-Eu vou junto. – Avisou Rony.

-Eu também. – Neville.

-As meninas dessa vez vão ficar. – Disse Carlinhos.

-Não, não vamos não senhor, nós vamos junto também. – Disse Hermione que trocará um olhar inconformado com Gina que já estava em pé em sinal de protesto contra a opinião do irmão.

-Não, não vão. Agora é diferente. Sabemos o que vamos enfrentar.

-E daí? – Retrucou Gina com as mãos na cintura. – E você não vai falar nada Harry?

Mas Gui respondeu antes de Harry.

-E daí Gina, minha querida irmãzinha, me diga o que você pode fazer numa luta corpo a corpo se for necessário? Dessa vez não haverá varinhas para duelos. Nós teremos é que matar a cobra de um jeito ou de outro.

-Carlinhos tem razão Gina. – Respondeu Harry olhando calmo para a namorada.

Gina, diante das explicações do irmão e concordância do namorado se conformou em não participar da busca. Afinal, o que ela com toda sua altura e seu delicado porte físico poderia fazer, e com Hermione não era diferente.

-Está bem. – Disse conformada. – Mas vou esperar por vocês na cabana de Hagrid, vocês querendo ou não e vou querer saber de tudo.

-Vou estar junto com a Gina. – Disse Hermione.

-E quando vocês decidiram isso, posso saber? – Voltou a falar Molly.

-Pode, claro. Agora mesmo. – Respondeu Harry com todo respeito que sentia pela carinhosa senhora. – Olha, a cobra não vai se deixar ser capturada tão fácil. Não é uma luta ou guerras de varinhas, será uma luta corpo a corpo e precisamos de ajuda.

-Vamos todos para Hogwarts e de lá Hagrid nos levará. Acho que só ele poderá nos conduzir. Mas teremos que esperar ver o que ele consegue descobrir. Nem ele sabe onde é o tal lago.

***

Por uma força tarefa imensa organizada pelo Ministério, o Beco Diagonal estava sendo reconstruído e com isso muitos dos asilados em Hogwarts começaram a voltar para suas residências. Nos terrenos da escola não se via mais as barracas que durante muitos dias coloriram o gramado coberto de neve. Agora só permaneciam no castelo aqueles que realmente não tinham para onde ir, e as famílias que tinham crianças pequenas ou ainda os medrosos demais para abandonar o lugar onde se sentiam em segurança. Todos eles dessa vez foram acolhidos dentro da escola, pois agora havia espaço disponível.

Harry agora passava mais tempo em Hogwarts que na Sede. Ele e os amigos voltaram a ocupar o antigo quarto por onde tinham acesso pelas escadarias da sala comunal da Grifinória. Quando explicou para os adultos da Ordem que preferia ficar alojado na escola não escutou como esperava, negativas.

A senhora Weasley com a desculpa de ter umas férias na cozinha, também aderiu à ida para Hogwarts, e é claro com a matriarca indo passar uns dias na escola os moradores da Sede também se mudaram. Ta certo que essa mudança não era tão definitiva assim, eles ora ficavam no castelo, ora ficavam na Sede. Minerva McGonagall e a senhora Figg gostaram bastante de ter os amigos mais chegados por perto e não só os desabrigados que ainda povoavam a grande construção.

Harry, pensativo, caminha pelo salão principal apinhado de bruxos refugiados, já não se importava mais com os comentários que faziam toda vez que passa, porém a verdade era que não havia mais tantos assim. “Está melhorando”, pensava - “Acho que se acostumaram em me ver”. Parou de repente, a sua frente estava Percy.

-Harry, posso falar com você?

-Você já falou com seus pais?

-Não, ainda não tive tempo. Sabe como é né?

-Não, não sei. Então aproveite o tempo que você está parado aqui na minha frente e vá lá falar com eles; sua mãe está sentada em companhia da professora McGonagall como você pode ver. – Falou sério sem responder a pergunta que lhe foi feita e seguiu seu caminho sem se incomodar com o que Percy poderia pensar.

Percy ficou parado embasbacado com o olhar perdido no vazio deixado pelo melhor amigo de seu irmão. Sentia vergonha, e essa vergonha o estava deixando mortificado. Seu pensamento ia e voltava sempre no mesmo ponto: “Como pude ser tão idiota em não acreditar no papai?”. Mas mesmo assim, não conseguiu reunir coragem suficiente para chegar perto da mãe de que longe observara a cena.

Março chegou com o tempo mostrando nítidas melhoras. A neve que caíra sem dó nem piedade durante o inverno foi dando lugar a uma chuva fria de princípio de primavera. Os dias melhoravam a olhos vistos. Os gramados da propriedade já começavam aos poucos aparecer com um verde novo e brilhante. Estava chegando a tão esperada hora de se encontrarem com a maldita cobra.

No caminho para a casa de Hagrid, Harry parou de repente:

-Já venho. – E saiu correndo de volta ao castelo deixando que os amigos continuassem o caminho.

Depois de muitos minutos...

-Onde você foi? – Quis saber Gina assim que o namorado se reuniu a eles novamente.

-Fui até a Sede pegar uma coisa que havia esquecido e não queria deixar para depois.

-O que?

-Nada de importante, Gina. – E lhe deu um beijo para finalizar a pergunta.

-Conseguiu descobrir alguma coisa Hagrid? – Perguntou Rony quando entraram na cabana do amigão e se acomodavam nas grandes cadeiras.

-Conseguiu. É longe pra burro, vamos ter que andar um pedação. Mas ainda temos que esperar, ela com certeza ainda não sairá de casa. Ta frio.

-Não vamos andando, vamos com vassouras.

-Eu sei, eu vou junto com vocês. Vou voando. Pedi permissão para professora Minerva e ela consentiu. – Disse todo feliz.

***

No princípio de abril com o tempo melhor do que fizera nos últimos meses...

-Se isso é um lago eu como meu chapéu! Isso é um charco!– Disse Gui cheio de nojo observando ao redor.

-Isso aqui fede. – Reclamou Neville tapando o nariz com a manga da capa e os olhos lacrimejando. – Essa água é pura podridão. Credo!

-Só um animal como Nagini consegue viver aqui. Nojenta como ela só.

-Fiquem quietos, vocês estão falando demais. – Alertou Carlinhos.

-Cobras não escutam! – Disse Neville. – Li nos livros que elas não têm ouvidos.

-É? E como Harry fala com elas? – Respondeu Rony.

-Elas sentem o vibrar dos sons, é por isso que Harry consegue se comunicar com elas. Cada sílaba tem uma vibração diferente. Harry não ouve as palavras, ele sente a vibração e entende o que elas dizem. – Explicou Lupin.

O lugar aonde Nagini tomava sol, que a cobra amiga de Harry dissera, era uma lagoa que ficava entranhada na floresta, muito distante do perímetro da propriedade da escola. Na verdade não era mais que uma poça suja.

Harry e os amigos repassavam em pensamento o que haviam estudado sobre os répteis.

“Animais têm hábitos previsíveis”. Lembrava-se de ter discutido isso com Hermione nas incontáveis vezes em que conversavam sobre o assunto. “Os répteis têm sangue frio e, portanto sentem necessidade de se aquecerem ao sol”.

“Ela só sairá do calor da casa quando o sol aparecer. Então irá onde está acostumada. Como ela pertence a esse homem que você diz ser perverso, ficará o mais próxima possível dele”. Contou a cobra do zôo.

Eles não sabiam, mas algumas centenas de metros dali era o quartel-general do Lord Voldemort. Mas também não importava.

-Fiquem quietos. – Pediu Harry. – Se ela aparecer poderá sentir as vibrações no ar e ir correndo avisar Voldemort. Precisamos nos esconder, mas onde?

Lupin e Gui conjuraram uma grande cabana onde podiam se esconder sem problemas, até Hagrid que não era uma criatura pequena, cabia nela. Do lado de fora não se notava a barraca que, conjurada com um material especial refletia a natureza em volta. Era o esconderijo perfeito, podiam ver sem serem vistos.

-Legal Remo. Preciso aprender a fazer isso. – Elogiou Harry.

E ali eles ficaram o restante do dia e os dois dias seguintes sem que a maldita cobra desse as caras. O quarto dia amanheceu bem ensolarado, e naquele dia por volta do meio dia Lupin fez sinal para os demais se aproximarem. E lá vinha ela rastejando seu corpo de pelo menos três metros de comprimento pelo terreno fétido e imundo, por onde passava deixava curvas marcadas no chão. Tranqüilamente se aproximou do charco, mergulhou ficando com a cabeça para fora da água, saiu da água e ficou enrolada no lugar onde mais batia o sol que banhavam o local.

-É agora. – Sussurrou Carlinhos. – Vamos, sejam prudentes, por favor. – Pediu para os amigos.

Saíram da cabana. A cobra imediatamente sentiu a presença de estranhos e ergueu a cabeçorra olhando em volta com a língua bifurcada agitada fora da boca.

-Harry Potter, meu messstre essstá a sssua procura.

-Quero você, não seu mestre. Você está cercada.

-O que você quer de mim? – Perguntou Nagini.

-Quero sua cabeça num espeto. – Disse Harry desaforado sibilando alto.

-Sssó o que tenho a fazer é pegá-lo e levá-lo a meu mestre. Chegue maisss perto, quero você, Harry Potter. – Respondeu a cobra atrevida.

-Não vai conseguir.

-Vou conssseguir. Possso matar quem chegar perto de mim. Chegue maisss perto Harry Potter terei prazzzer em levar você para meu Messstre. – Disse Nagini com o pescoço já em pé.

E os amigos foram chegando perto cada vez mais da cobra, cada um por um lado. Ela não sabia para onde olhar e movia o pescoço em todas as direções.

-Peça para ssseu amigosss para ssse afassstarem. Eu vou atacar o primeiro que ssse aproximar de mim. – Nagini estava ficando inquieta, desenrolou-se e voltou a entrar na água podre.

-Cuidado. – Alertou Hagrid. – Ela pode sair em qualquer lugar e pegar alguém desprevenido.

Todos ficaram a uma distância que achavam ser segura do lago, observando a agitação da água. Nagini apareceu quase que nos pés de Harry que instintivamente deu um grande salto para trás.

-Vou te pegar agora Harry Potterrr. – Informou a cobra a Harry. E deu o bote.

Felizmente o bote foi curto para a distância entre ela e o garoto. Mas agora ela estava em terra firme e era onde eles queriam que ela estivesse. Os amigos rodearam a monstruosa cobra tentando pegá-la. Porém ela era muito esperta. Veloz, com um novo bote agarrou Harry e o arrastou para dentro d’água. Ela não se atrevia a picá-lo, queria entregar o garoto ao Mestre inteiro.

Ninguém pensou em nada a não ser entrarem na água também. Tinham que tirar Harry dos anéis com que Nagini envolvia o garoto. Os amigos estavam atracados numa briga que não se sabia quem era quem. Por vezes uma cabeça aparecia à tona para respirar e voltava a desaparecer nas águas sujas. Gritos de dor ecoavam no ar. Gui grudado em Harry conseguia vez por outra erguer a cabeça do jovem amigo para que ele respirasse precariamente. Neville foi mandado a metros de distância do lago com uma rabada, ficou caído com a cabeça rodando e vendo estrelinhas coloridas. Rony e Carlinhos unindo forças tentavam afrouxar os laços com que Nagini mantinha o garoto que sobreviveu preso. Lupin socava a cobra com todas forças que tinha na tentativa de fazê-la soltar o garoto. Mas a cobra estava levando a melhor sem sobra de dúvida. Ela podia com todos eles de uma só vez.

Hagrid com um grande facão na mão e com a água pelos joelhos levantou o rabo de Nagini e com um golpe rápido cortou um grande pedaço de seu rabo fora. Com a dor que sentiu ela soltou Harry e avançou num bote certeiro contra Hagrid. Suas mandíbulas se fecharam em volta da canela do meio gigante que apavorado tentava se libertar dando grandes socos no corpo da cobra. Com o susto o facão voou longe.

-Hagger não. Hagger não. – Ouviu-se uma voz gutural falar num arremedo de inglês.

Grope, o gigante meio irmão de Hagrid os havia seguido farejando Hagrid. Entrou no lago que não batia mais que nos seus calcanhares arrancou a cobra da canela do irmão de uma vez só com uma de suas manoplas e sacudiu o maldito réptil no ar que vôo bem uns quatro metros acima de sua cabeça. Depois segurando o irmão pelas axilas o pos em pé.

Hagrid desabou no chão. Totalmente sem sentidos.

A cobra caiu no chão com um baque surdo, nitidamente atordoada com a força com que Grope a jogou para o alto.

Harry, tomado por uma coragem que não sabia possuir e, com a ajuda Rony, Neville, Gui, Lupin e Carlinhos correram até o animal.

-Cuidado, cuidado...

-Sai da frente da boca dela, sai da frente da boca dela...

-Segura ela no chão, segura, segura...

Não se sabia quem falava, pois todos gritavam ao mesmo tempo. Com as mãos escorregadias com a lama fétida conseguiram fazer com que Nagini ficasse presa ao chão sob seus corpos sujos.

Harry puxou a espada de Godric Griffindor que trazia presa nas costa, fincou a lamina no crânio da cobra que estrebuchou e morreu.

-Tenho sua cabeça presa na espada de Godric Griffindor, e não num espeto. – Gritou Harry para o corpo inerte da cobra.

Uma grande quantidade de sangue vermelho tão escuro que se podia jurar que era negro saiu pelo buraco que a espada deixou na cabeça de Nagini. No momento em que o sangue tocou o solo virou uma pedra bastante esquisita. A forma lembrava um rosto deformado com a boca aberta.

-Não se atrevam a tocar nessa coisa. – Preveniu Lupin que já havia presenciado as várias vezes que Harry sofrerá conseqüências após destruir uma Horcruxes.

-Você ruim. Você morrer. – Gritou Grope vendo que Harry havia matado o animal que um dia fora o bichinho de estimação do Lord Voldemort.

-É o veneno dela. Está matando ele. – Desesperou-se Harry que agora estava agachado perto de Hagrid.

Em seis anos de amizade com o meio gigante nunca o vira doente. Já o tinha visto chorando, reclamar do Ministério, ficar cheio de cortes profundos no rosto, mas nunca inconsciente.

-Precisamos fazer alguma coisa. – Gritou.

-Vocês fiquem aqui, vou buscar Madame Pomfrey. – Disse Lupin e desaparatou imediatamente segurando uma das vassouras.

-Onde você arrumou essa espada Harry? – Perguntou Carlinhos.

-Fui buscá-la na Sede. Pedi para professora McGonagall deixá-la comigo. – Explicou Harry enquanto Lupin não chegava com ajuda.

Não demorou mais que dez minutos Lupin voltou com a curandeira na garupa de sua vassoura que sem perder tempo começou a cuidar de Hagrid.

-Temos que levá-lo para a escola. Vamos. – Chamou incentivando Lupin e Gui que eram os homens de maior porte.

Com o feitiço Mobilicorpus, Lupin ergueu aquele corpo imenso e com ele e Gui segurando cada um numa das mãos de Hagrid desaparataram para os limites da escola. De lá levaram Hagrid amarrado por cordas invisíveis, leve como algodão suspenso entre as duas vassouras para a ala hospitalar.

-Vamos gente, precisamos sair daqui o quanto antes. Vai que o Lord sente o que aconteceu com a cria dele. – Disse Rony.

-Vamos logo gente. – Apressou novamente Carlinhos.

-Espera... Quero a cabeça da cobra. – Disse Harry.

-Quê? – Espantou-se Carlinhos.

-É. Vou precisar da cabeça dela.

E com os enojados amigos em volta cortou a cabeça da Nagini, mete-a num saco e foram embora do lugar mais nojento que já vira na vida.

Chegaram a cabana de Hagrid e sem contar às meninas que aflitas esperavam por eles parada na porta da cabana correram para o castelo.

-Que foi? – Perguntou Hermione que corria em direção a Rony. – Rony, você esta fedendo! – Reclamou.

-Deixa de frescura Mione. A maldita cobra atacou Hagrid. Ele está desacordado.

-Me conta tudo Harry? – Pediu Gina enquanto corria.

-Depois Gina. Primeiro temos que ver com o Hagrid está.

Entraram desabalados pelos corredores com bruxos que entravam e saiam do castelo e seguiram para ala hospitalar onde entraram derrapando.

-Fora. Todos vocês, fora. – Gritou Madame Pomfrey. – Estão imundos. – Tomem um banho e voltem imediatamente para cá. – Agora. – Foi o último berro que deu.

Mas rápido que um piscar de olhos estavam todos limpos e cheirosos e rumaram para a ala hospitalar.

Madame Pomfrey juntou quatro camas para poder acomodar Hagrid, ele estava muito pálido e desacordado. Tinha a respiração rasa com a boca entreaberta e ressonava. Harry tocou uma de suas mãos, estavam geladas.

-Ele vai ficar bom não é Madame? – Perguntou Harry ansioso.

-Temos que esperar a poção fazer efeito. Enquanto isso... Disse com um olhar misterioso. - Vou examinar vocês, que estão com uma aparência péssima. Você primeiro Carlinhos, é o mais velho. Gui e Lupin já foram dispensados. – Contou automaticamente.

E revirou os caçadores pelo avesso até ter certeza de que estavam todos bem. Colocou na mão de cada um deles um copo com uma poção dentro e mandou que tomassem.

-Vão para a Sede. É ordem de Alastor Moody. Podem ir, Hagrid não acordará antes de amanhã.

Sorrisos brilharam nos rostos dos garotos.

***

-Professor. – Gritaram juntos quando entraram na sala de estar da Sede. – O senhor está bem?

-Ola. É bom ver vocês novamente. É, parece que dessa vez quase acabaram comigo. Fiquei descordado um bom tempo. – Respondeu com um rosnado. – Mas terei que tomar cuidado de agora em diante, tiraram mais um pedaço de mim. – E levantou a camisa até altura das costelas para que os meninos vissem a parte que estava faltando. – Ainda dói um bocado quando me movo. Mas soube que vocês saíram numa caçada. Conseguiram? – Perguntou por fim mudando de assunto.

Harry sacudiu o saco que carregava na mão.

-A cabeça dela. – Contou.

-A julgar pelos hematomas não foi muito fácil. Contem-me tudo.

E naquele final de tarde contaram para uma platéia silenciosa de respiração suspensa como tinha sido a caçada, o que Nagini falou, que estavam perdendo a luta até que Grope chegou e que sem saber ajudou mais do que tinha imaginado.

-E o que você vai fazer com isso ai. – Perguntou Moody indicando com a cabeça o saco no chão.

-Vou guardar. Mas preciso de um feitiço para não ficar fedendo e não apodrecer.

Carlinhos fez um movimento com a varinha e uma película que parecia vidro envolveu a cabeça da cobra.

-Pronto, não apodrecerá e nem ficará fedendo.

-Tem muita coisa que tenho que aprender ainda. – Disse Harry baixinho.

-Não se preocupe você aprenderá. – Disse Moody.

***

Semanas mais tarde...

Um pergaminho negro escrito em vermelho vivo com letras garrafais foi cravado na porta do gabinete do Ministro da Magia com um punhal de prata, o punho era uma cobra enrolada.
Uma multidão que estava no Ministério naquela hora da manhã parou para ler o recado; tapavam a boca com a mão.

HARRY POTTER
PRECISAMOS CONVERSAR. MARQUE A HORA E LOCAL.
VOCÊ SABE COMO ME AVISAR.
LORD VOLDEMORT

***

-É. Demorou. Ousadia é a marca registrada dele. Cuidado, isso está me cheirando a cilada. – Disse Quim que entregou uma cópia do bilhete para o jovem amigo.

-Olha só a manchete do Profeta Diário. – Disse Tonks entregando para ele a foto do recado que o Lord das Trevas enviara.

-É claro que é uma cilada. – Resmungou Moody que tirara a cópia do bilhete das mãos de Harry.

-Pronto. Ta feita a confusão. Agora a comunidade bruxa inteira vai ficar esperando meu encontro com ele e vai me cobrar mais do que nunca!

-Mas você não vai marcar esse encontro, não é? – Perguntou Molly nervosa.

-Claro vou, isso iria acontecer mais cedo ou mais tarde.

-E onde você vai marcar esse encontro? – Perguntou Gui.

-Em Hogwarts.

-Você ta doido? – Disse Lupin. – Com todos aqueles bruxos que estão por lá que não conjuram descentemente nem um palito de fósforo!

-Bom... Então eles vão precisar deixar a escola se não quiserem se machucar. É simples. Além do mais a maioria já voltou para suas casas. – Respondeu.

-Você vai precisar falar com Rufo para esse pessoal deixar a escola. Eles não vão sair por vontade própria, estão lá por medo. – Sugeriu Carlinhos.

-Continuo achando que lá não é o lugar ideal. – Concordou Arthur com Lupin.

-Não. Harry está certo. Em Hogwarts ele estará em casa e Tom Riddle terá que pedir licença para entrar, será hospede.

-E você acha que ele vai respeitar isso, Hermione? Ele atacará no momento em que colocar os pés para dentro do portão e não estará sozinho. Pode esperar.

-Eu também não. Vocês... – Não terminou a frase, foi cortado por Lupin que em pé respondeu...

-Não ouse pensar que não estarei com você, Harry! – Reclamou Lupin. – Por que vou estar! – Lupin já se sentiu nervoso, o tão esperado momento havia chegado.

-Estarei com você. – Disse Gui.

Não foi preciso perguntar nem falar mais nada, olhares sinceros e acenos de cabeças mostraram a Harry que ele não enfrentaria a situação sozinho. Todos integrantes da Ordem estariam junto com ele.

-Teremos mais amigos, Gina, Rony, Neville, reúnam a AD. Passem todos os feitiços que sabemos inclusive os feitiços combinados. Tudo quanto é tipo de azaração que possa impedir o desempenho físico é aconselhável. Como não usaremos maldições imperdoáveis vamos tentar minar o desempenho deles. Os gêmeos têm umas coisinhas muito úteis que podem ser usadas.

-E você acha que o pessoal da AD pode ajudar? São só crianças Harry! – Exclamou a senhora Weasley.

-Não somos crianças. – Retrucou Gina. – Já defendemos o castelo junto com os professores quando os comensais o invadiram, e saímos inteiros. – Bom... Também tem uma coisa de bom em acharem que somos crianças. Então seremos crianças bem travessas. – Disse com um sorriso levado no rosto.

-Não foi o pessoal da AD, foram vocês. – Lembrou Tonks que estivera presente no dia do ataque.

-E como vão conseguir reuni-los? – Perguntou Arthur.

-Edwiges e Píchí podem dar conta disso. – Disse Rony.

-Podemos também mandar aqueles aviõezinhos tipo memorando que são usados no Ministério. Sugeriu Fred. – Acho até que é mais rápido, posso dar um jeito nisso.

-Está chovendo muito, então seria bom impermeabilizá-los. – Sugeriu Gina.

-Eu faço isso. Então vamos começar a mandá-los. Venham. – Chamou Hermione. – Temos que começar a escrevê-los.

E assim a sala de reuniões mais uma vez foi ocupada pelos garotos que compenetrados escreviam bilhetes e bilhetes para depois mandá-los pelo jardim.

-Pronto, agora vamos esperar as respostas.

-Que foi? – Perguntou Hermione a Harry.

-Tem algo estranho aqui. É segunda vez tenho essa sensação, parece que tem alguém nos olhando, sabe como é?

-Não tem ninguém aqui. – Disse Gina. – É impressão sua.

-Uma impressão bem real, se quer saber.

Hermione trocou um forte aperto de mão com Rony, que entendeu imediatamente. Harry estava ficando cada dia mais nervoso.

Harry parou de falar, olhava para todos os cantos da sala de reunião procurando de onde tinha vindo a estranha sensação de estar sendo observado.

-O problema é se os pais deles deixarão que eles participem de treinamento de combate e o principal, eles vão querer? – Argüiu Hermione sensata, voltando a atenção para as mensagens.

-Só vamos saber quando conversarmos, não é mesmo? Vocês vão ajudar a passar todos os feitiços para eles, ok? – Falou Harry se referindo aos amigos. – Depois faremos treinamento de combate mesmo com a ajuda dos integrantes da Ordem. – Explicou olhando para Moody que acenou com a cabeça.

-Você não vai estar junto? O pessoal não vai aceitar se você não participar. – Alertou Neville preocupado.

-Vou, claro, mas para ensinar a todos a conjurar o feitiço patrono de forma descente do contraio vamos sucumbir na frente dos dementadores. Vocês dão conta dos novos feitiços muito bem.

Nos dias que se seguiram foi difícil agüentar e controlar a ansiedade e esperar as respostas do pessoal da AD. Harry não desgrudava os olhos das janelas, até que numa noite clara de céu estrela chegou um dos aviozinhos. Ansioso Harry pegou a primeira resposta, era de Cho Chang. A resposta era curta: “Sinto muito Harry, não quero fazer parte disso que está para acontecer. Li no Profeta Diário o recado que Você-sabe-quem lhe mandou. Desculpe-me”.

No mesmo dia mais tarde chegou outra coruja com novo bilhete: “Sinto muito Harry, mas não quero me envolver. Meus pais são trouxas e não vão entender essa história”. – Agora foi a vez de Justino Finch-Fletchley dar a negativa.

E assim, respostas e mais respostas foram chegando todas negativas.

-Não fica assim Harry. – Pediu Gina. – Você já deveria saber que esse bando de maricas não enfrentariam nada.

-Não chegaram todas as respostas ainda, com certeza chegará alguma dizendo que concorda. – Falou Hermione tentando animar o amigo.

-Eu entendo Mione, mas por um momento pensei... Sabe, depois das reuniões da AD e tudo mais...

Harry não guardava rancor, mas mesmo assim ficará chateado. Para si mesmo dizia que esse sentimento era muito baixo, e que todos tinham o direito de fazer escolhas. Aprendera isso com o professor Dumbledore. Mas guardara esperança, enfim...

Mione estava coberta de razão, a próxima carta era dos irmãos Creevey. – “Estamos com você Harry. Onde nos encontramos?”. Logo depois a coruja de Luna: “Já começaram a treinar? Ninguém me avisou! Estou indo para Hogwarts agora mesmo”.

-Neville, acho melhor ir esperar sua namorada em Hogwarts. – Sugeriu Rony.

-É. Acho melhor fazer isso mesmo, ela não vai nos encontrar lá, e não vai entender nada.

Neville, nesses últimos meses de convivência com o pessoal da Ordem da Fênix havia amadurecido sensivelmente. Não era mais o garoto bobão de rosto redondo, agora entendia mais o que estava fazendo e acompanhava o raciocínio das conversas que participava sem fazer muitas perguntas. Sua avó estaria sentindo muito orgulho do neto, com certeza.

No dia seguinte foi a vez de um aviãozinho chegar to encharcado. Dessa vez Harry nem menção fez de saber de quem era a resposta.

-Ah! Essa é a Angelina! Ela aceitou Harry. – Contou Rony. – Ela pede para avisar quando é para se reunir a nós.

-Bem, Harry, com isso somos em nove para treinarmos. Que você vai fazer agora?

-Primeiro preciso conversar com eles e explicar o mínimo do por que desses treinos.

E assim Harry no primeiro dia de encontro uma semana mais tarde explicou o motivo do treinamento. Estavam reunidos na sala da professora Minerva McGonagall que era bem grande e espaçosa, não havia mais necessidade de se esconderem na sala precisa, tudo que poderiam precisar fora disponibilizado pela professora. Além do que, estavam mais próximos de Madame Pomfrey.

-Olhem, não posso entrar em maiores detalhes; a história e longa. Vocês viram o que os comensais aprontaram no Beco Diagonal, aquilo foi uma retaliação por uma coisa que nós fizemos; Voldemort ficou muito bravo, e por isso me mandou aquele recado que vocês também viram no Profeta Diário. Mas é bom que saibam que se não quiserem participar estará tudo bem. Não vou ficar chateado, ok? – Harry calou-se, dando um tempo para que os quatro voluntários pensassem na situação.

-Eu já falei com estou junto com você, Harry, e não sou bruxo de voltar atrás á palavra dada. – Disse Colin que agora já era maior de idade tal como Gina.

-Achei que isso já tinha ficado claro quando vim. – Disse Luna como se olhasse através de Harry, parecia que conversa não tinha nada que ver com ela.

-Denis, você não é ainda maior de idade, acho muito perigoso você participar. – Falou Harry preocupado.

-Bom... Você vai descobrir que terá um bocado de trabalho se não me deixar estar junto. – Respondeu calmamente. – Vou estar junto quer você queira ou não.

Angelina disse que não esquecera o que passara pelas mãos de Malfoy por ordem do maldito.

A porta da sala onde estavam reunidos se escancarou batendo na parede com um grande barulho e uma afobada Alícia entrou acompanhada da senhora Figg.

-Aí! Desculpa o atraso. Minha mãe não queria que eu viesse. Demorei em convencê-la. – Falou Alícia da porta da sala. – Com o peito arfando. – Dá tempo de entrar para os treinamentos?

Harry não disse nada, apenas caminhou em direção à amiga e apertou-lhe forte a mão. Não precisava dizer nada, o rosto dele expressou tudo no sorriso que emitiu.

Os dez integrantes não demoraram a começar. Treinavam duro e sem descanso durante as tardes, por vezes um ou outro integrante tinha que fazer uma visitinha na ala hospitalar por apresentarem algumas escoriações, cortes fundos, algumas queimaduras e às vezes um pé ou braço quebrado. Mas não desistiam, tão logo estavam emendados voltavam à sala e começavam tudo de novo. Harry e os amigos não davam mole.

Por decisão dos integrantes da Ordem nem Denis, Colin, Luna, Alícia e Angelina, poderiam ficar indo e vindo de casa como era a intenção deles quando se reuniram no primeiro dia de treinamento. Assim eles ficaram novamente hospedados em Hogwarts, o que agradou em muito os garotos.

Quem não parava de reclamar era Madame Pomfrey que, embora consertasse todos que precisavam não se conformava com o que estava para acontecer e muito menos ver crianças envolvidas.

Para ajudar nos treinamentos Lupin passou em revista o castelo e conseguiram achar dois bichos-papões que os ajudariam muito para conjurarem corretamente o Patrono Corpóreo.

-Ótimo. – Disse Lupin para si mesmo. – Sabia que iria encontrar esses bichos com o castelo praticamente abandonado.

-Vocês precisam pensar em algo muito feliz e deixar que essa felicidade tome toda de você. – Instruía e incentivava sem parar Harry. Enquanto não viu que todos conseguissem conjurar um patrono corpóreo condizente não deu sossego para os colegas.

Hermione ensinava os feitiços conjuntos junto com Gina, Rony e Neville os novos feitiços; não era por que estavam em pouco que não iriam se dedicar, e aproveitavam para treinar junto com Angelina, Luna, Denis, Alícia e Colin, enquanto Fred, Jorge e Lino ajustavam os chapéus-escudo que cada um deles iriam ganhar.

-Deixe os chapéus de lado. – Pediu Gina.

-Não, precisamos achar uma forma deles não caírem das nossas cabeças. Se eles caírem numa luta não terão muita utilidade. – Respondeu Fred compenetrado no que fazia.

-Não vamos usar mais pó-coça-coça? – Perguntou Neville.

-Não. – Respondeu Jorge compenetrado no que fazia. – Vai que na correria certamos algum de nossos amigos.

-Vamos usar isso. – Informou Lino entregando para os garotos uma boa quantidade de bolinhas muito macia ao tato. – Vejam...

***

Numa noite fria mais extremamente agradável estavam conversando e rindo a beça no salão principal enquanto saboreavam um delicioso jantar. Um toc-toc anunciou de longe a chegada de Moody, andava com a mão segurando a parte ferida nas costelas, acomodou-se numa cadeira junto os garotos puxando para perto de si uma bandeja cheia de torta de carne.

-Harry, você já sabe como vai fazer para marcar aquele encontro? – Perguntou sem rodeios.

-Já. Ele disse que eu saberia, e eu já sei como.

-E posso sabe como vai fazer isso?

-Vou entrar na mente dele.

-Você não vai fazer isso, ele não vai deixar!

-Vai sim... A mente dele está aberta, posso entrar nos pensamentos dele, deixou de praticar oclumência. A outra forma é eu avisar por um anúncio no Profeta Diário, e não me espantaria se ele não estivesse pensando nisso. Seria uma forma de causar mais pânico na comunidade. – Respondeu Harry calmo.

-É, você têm razão. Assim o encontro ficará em segredo. Outra coisa, Harry, Rufo está chegando ao castelo para conversar com você.

-‘Ta bem. Vou falar com ele.– Resposta que deixou a todos de queixo caído. – Como soube?

-Quim me avisou.

-Você vai se dispor a conversar com ele? – Perguntou Fred.

-Vou. Não posso fugir a vida toda, sabia que esse dia chegaria. – Respondeu. – Hum! Professor, posso fazer uma pergunta?

-Certamente, ora essa. – Respondeu Moody com uma voz abafada, pois tinha a boca cheia de torta.

-É que eu fiquei pensando, sabe, naquela noite que interroguei Snape. Porque ele respondeu às minhas perguntas e não a de vocês.

-Não sei Harry. Já conversei com Lupin e Arthur sobre isso e não chegamos a conclusão nenhuma. É um mistério.

E mais uma vez o garoto que sobreviveu ficou sem respostas. “Acho que o professor Dumbledore saberia”, pensou.

-Professor, como foi que o Ministro ficou sabendo que eu estou aqui? – Perguntou Hermione.

-Percy. – Foi a resposta seca que recebeu.

Os irmãos Weasley reclamaram numa só voz: – O grande idiota!

E lá vinha ele, o Ministro da Magia, Rufo Scrimgeour, acompanhado de um homem corpulento com seu chapéu verde limão na mão – Cornélio Fudge. Harry não se mexeu, sentado estava e sentado continuou na mesa da Grifinória; conversava com os amigos sobre o desenvolvimento que estavam apresentando. Moody e Lupin nos últimos dias estavam ajudando a treinar os garotos e não tinham dó. Muitos se machucavam, mas não desistiam.

Rufo com seu andar coxeante, caminhava rápido em direção a Harry, provavelmente sentia receio que o garoto abandonasse o salão principal evitando-o.

-Boa Noite, Harry posso falar com você?

-Sente-se por favor. – Respondeu educadamente.

-Hã... Gostaria que fosse em particular, se você não se importar.

-Não há necessidade, senhor Ministro, todos aqui sabem de tudo.

-Hum... Bem... – E Rufo perguntou a queima roupa. – Harry, onde você pretende encontrar-se com Você-sabe-quem?

-Com Voldemort? Aqui mesmo, em Hogwarts. Por quê?

-Por que estava pensando que poderia ser no Ministério. – Ofereceu o Ministro.

-Não senhor, obrigado pelo oferecimento, mas vai ser aqui mesmo.

-Mas... Mas...

-Não senhor Ministro. Aqui estou na minha casa e conheço tudo, no Ministério não.

-Mas lá temos os aurores você estaria mais protegido, entende.

-Obrigado, mas não. Será aqui mesmo. – Voltou Harry a negar pela terceira vez seguida.

-Harry Potter, escute o que o Ministro fala, ele tem experiência, e sua opinião tem peso. – Intrometeu-se na conversa Cornélio Fudge que estava parado como um dois de paus ao lado de Rufo.

-O que o senhor faz aqui? – Perguntou Harry virando o rosto para o ex-ministro.

-Eu? Vim ajudar ora essa!

-Bastante atrasado, não é mesmo? Suas prioridades são muito estranhas. Primeiro fez aquela patifaria com o Sirius Black – meu padrinho, e depois se ‘convenceu’ que Voldemort não tinha retornado o que causou uma grande confusa na comunidade mágica. Acredito senhor Cornélio, que o senhor está sempre atrasado. – Respondeu o garoto deixando Cornélio com o rosto malhado de roxo.

-Nesse caso estarei aqui com meus aurores. – Afirmou o Ministro chamando a atenção para si novamente.

-Obrigado. Não quero o senhor presente quando me encontrar com Voldemort.

-Por que não? Quero ajudar! – Indignou-se o Ministro.

-O senhor já ajuda ficando longe. – Respondeu francamente.

-Te mandei vários recados para você, precisava falar com você, e não me respondeu a nenhum deles.

-Recebi todos seus recados, mas estava muito ocupado.

-Mesmo assim não me atendeu! E ocupado fazendo o que em nome de Merlin! – Respondeu Rufo bravo por Harry ter sido mais que franco.

-Entregando Bellatriz Lestrange de bandeja para o senhor, desmantelado a rede que os comensais mantinham através da loja de Borgin, destruindo a passagem por onde os comensais invadiram a escola... Como o senhor vê, estive realmente bastante ocupado. – Respondeu sincero.

A cada palavra as expressões de Rufo iam do espanto à indignação, não encontrava palavras para rebater as informações que Harry Potter lhe dava. Meses de questionamentos para descobrir os misteriosos acontecimentos e agora de uma hora para outra recebia as respostas para todas as dúvidas que tinha e vindo de alguém que ele nunca supôs em seus mais loucos sonhos que fosse o responsável.

-Sozinho? – Foi a única palavra que conseguiu pronunciar.

-Não senhor, com eles. – Respondeu Harry apontando para todos os amigos ali reunidos que escutavam a conversa na mais pura calma.

-São só crianças!

-Pois é, e fizemos o trabalho dos adultos. O seu trabalho. – Finalizou Harry.

-E aí? Beleza Harry? – Cumprimentou Tonks com sua usual espontaneidade sumindo quando notou seu chefe perto de Harry. Quim ao seu lado se mantinha passivo.

-O que vocês dois fazem aqui? – Perguntou Rufo entre dentes, entendendo na hora a ligação entre seus dois aurores e o grupo ali reunido.

-Acho que o senhor já entendeu perfeitamente bem nossa presença aqui, não? – Respondeu Quim de maneira usual, calma e baixa.

-E vocês me esconderam o tempo todo esse grupo que trabalha na clandestinidade? – Perguntou baixo o Ministro.

-É, foi, foi isso mesmo. – Foi a vez de Tonks afirmar.

Os cinco novos integrantes se mantiveram calados enquanto ouvia a conversa entre Harry Potter e o Ministro da Magia. Era melhor não dar palpites naquilo que não lhes dizia respeito.

***
13/05/2007 – 12h00

Antepenúltimo cap... É, a fic está finalmente terminando. Pena que meus planos não deram certo... Eu havia previsto postar o último capítulo exatamente no dia 08 de maio, quando a fic fez um ano. Mas nem sempre o que a gente planeja da certo.

Como sempre meus agradecimentos aos carinhos comentários, você são uns amorecos mesmo.
Sei que falhei nesse cap em não responder a todas as mensagens, tive contratempos que me impediram de ficar no micro tanto quanto gostaria.

MarciaM, Sô, Amanda Regina Magatti, Expert2001, Lili Coutinho. Obrigada queridos.

Àqueles que escrevem em pvt, obrigado também é claro.
[]s e {}s

McGonagall




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