A Mansão dos Black

A Mansão dos Black



10 – A Mansão dos Black

- Oi, Neville. Você está bem? Soubemos o que aconteceu.
- Tá tudo bem. Mas vocês sabem, né? É difícil..

Depois do jantar, ainda sentados em volta da mesa, Rony voltou ao assunto. Os adultos da Ordem ficaram calados, ouvindo a explanação do garoto.
- Harry. Olha, presta atenção... Estive pensando no Medalhão e no R.A.B., e veja o que achei nesse livro sobre as Famílias Bruxas mais Tradicionais. - Lembra-se no final do ano, quando você nos mostrou o bilhete do falso medalhão?
- Claro. Mas que tem isso? Só sabemos que a Horcrux que achamos era falsa e que a verdadeira foi roubada por R.A.B., como dizia o bilhete e nada mais.
- Pois é. Eu fiquei pensando um bocado nisso, sabe. E vi nesse livro aqui. Ele falava sobre um parente dos Black. Era um tio do Sirius – “Alfardo Black”.
- Rony... Sirius me contou que foi esse tio que lhe deixou uma boa herança.
- É? Isso não está escrito aqui no livro. – Ahhh! Acho melhor deixar pra lá. Acho que tô pensando besteira. Deixa, cara. Não é nada não. – Disse desanimado, jogando-se na cadeira.
- Rony, acho que na situação em que estamos precisamos de toda ajuda possível e mesmo os pensamentos mais estapafúrdios podem ser de grande valia. – Falou Harry calmamente. Os gêmeos que estavam sentados perto concordaram.

Mais encorajado, Rony continuou.
- Tá. Olha, acho que é muito louco meu pensamento, mas aí vai. – Veja, o nome do tio do Sirius era Alfardo. Começa com “A”, Harry! E se ele tinha um nome do meio que começava com “A”, e ninguém sabia?

Harry ficou olhando para a cara do Rony, não sabendo no que pensar. Será? – Mas era realmente muito louco o pensamento do amigo.

- Não, acho que não, Rony, o tio do Sirius não gostava de Régulus.
- Mas é por isso mesmo, cara! E se deram o nome dele pro Régulus e o cara deixou a fortuna pro Sirius, o Régulus iria ficar furioso, não? Lembra-se que o Sirius contou pra gente que os pais dele gostavam mais do Régulus que dele?

Os adultos estavam espantados com o raciocínio do garoto. Realmente as crianças haviam crescido.

- Harry, vá buscar o Medalhão falso com o bilhete. Quero dar uma olhada. – Mandou Alastor.

O garoto não se levantou, apenas falou – Accio Medalhão e bilhete.
Rapidamente os objetos estavam nas mãos dele, que os passou para o Professor.

- Você não usa a varinha, Harry?
- Às vezes não.
- Desde quando?
- Sei lá! Acho que foi quando os dementadores me atacaram nas férias. Eu perdi a varinha e não achava, ai gritei Lumus e ela acendeu, foi quando pude localizá-la. – Disse dando de ombros. – De repente eu podia fazer isso. Por que, isso não é bom?
- Não, garoto, isso na verdade é muito bom. – Moody deu um sorriso satisfeito. Harry estava desenvolvendo poderes que só bruxos muito poderosos tinham. Isso era uma grande arma contra Voldemort. “Ahhh! Estamos com um trunfo, que o Lord das Trevas não tinha conhecimento” – pensou.

Alastor ficou olhando o pergaminho e leu para todos.

“Ao Lord das Trevas
Eu sei que eu já terei sido morto quando você ler isto, mas eu quero que você saiba que fui eu quem descobriu seu segredo. Eu roubei a Horcrux real e pretendo destruí-la assim que puder.
Eu enfrento a morte na esperança de que quando você se encontrar com seu igual você será mortal outra vez.
R.A.B.”.

Tonks, que até então estava calada, apoiada nos ombros de Remo, disse:
- Depois que Régulus abandonou o Lord das Trevas, foi morar junto com os pais. Logo depois morreu, não sabemos como, se foi morto pelos comensais ou pelo próprio Lord Voldemort. Sirius estava morando na casa dos avós de Harry; foi para lá depois de uma discussão violenta que teve com o pai por não aceitar ser partidário das trevas. A briga foi feia.
- Quanto tempo ele ficou por aqui, Tonks?
- Não sei Moody, eu estava na escola ainda. Talvez minha mãe saiba. Ela não se dava bem com eles, mas se você perguntar a ela...
- Farei isso.

- Professor Moody. – Começou o Menino que Sobreviveu. – O Régulus, sendo mesmo o R.A.B., indo morar na Mansão, será que não levaria o medalhão verdadeiro consigo?
- Pode ser, Harry. Se o Régulus for realmente o R.A.B., há uma grande chance que ele tenha escondido o medalhão lá sim. – Disse Tonks. – Acho bom darmos uma verificada na casa toda. Se acharmos o medalhão, se confirma a teoria de Rony.
- Então vamos para lá amanhã de manhã, ok? – Quem vai?

Foi uma algazarra. Todos queriam ir. Depois de muita conversa, definiu-se que todos iriam, porém não seria possível fazer a verificação num só dia. Seriam necessários alguns dias para poderem fazer toda a vistoria. A mansão era enorme...

Naquela noite, quando estavam indo para o quarto, Neville, que até então se mantivera calado durante as conversas que tinha presenciado, perguntou para Harry e Rony:
- Hei... Que são essas tais de Horcruxes que tanto vocês estavam falando lá na cozinha? Não entendi nada...
- Bom, já que você vai ficar aqui, acho bom te contar...
E explicou com a maior calma e com ajuda de Rony tudo que estava acontecendo.

Neville escutou tudo com muita atenção, no final disse:
- Harry, pode contar comigo para o que der e vier. Não sou lá muito bom como você, Hermione, Rony e Gina, mas prometo me esforçar, ok?
- Obrigado, Neville, toda ajuda é bem-vinda.

No dia seguinte pela manhã, depois de um belo café, todos estavam prontos para aparatar na frente do Largo Grimmauld 12. Cada um tinha uma mochila nas costas.
Harry estava nervoso. Sempre que se falava da Mansão do Largo Grimmauld ele ficava assim.

- Neville, você já tem licença para aparatar?
- Já. Fiz o exame há alguns dias, logo depois que fiz dezessete anos.
- Bom. Vá com Harry, do contrario você não entra na mansão. – Diz Lupin. – Segure no braço dele.
- Porque eu, Remo?
- Porque você é o dono da casa agora, oras!

E assim, em poucos minutos estavam todos na frente aos números 11 e 13 do Largo Grimmauld. Logo a porta na Mansão apareceu e todos entraram. Mal chegaram ao corredor e a gritaria começou...

“Amantes de trouxas”... “Sangue ruim, saiam da minha casa”. E ia por aí afora as palavras da velha senhora no quadro.

Não existia algo mais chato do que aquela gritaria toda na passagem pelo corredor. Era um drama! Toda vez que o quadro da Senhora Black ouvia passos era um barulho que doía fundo no ouvido. E a gritaria começava sempre que Tonks, a desastrada auror estava junto, inevitavelmente ela conseguia fazer barulho, aí já viu, né? Tinham que correr para fechar as cortinas, único jeito de o “quadro calar a boca”.

Essa situação sempre irritou Harry Potter desde a primeira visita à Mansão. Não deu outra. Mal passou pelo corredor, virou-se apontou a varinha para o quadro...

- Pronto, agora não teremos mais nenhuma gritaria.
- Mas o que você fez, Harry? – perguntou Lupin sentindo o silêncio repentino.
- Um feitiço, li no livro do Príncipe Mestiço.
- Que feitiço é esse?
- Um feitiço bem útil. Feitiço Adesivo Permanente. Mas acrescentei o Silêncio nele. – Disse, dando de ombros. – Agora podemos correr, gritar, que essa chata não vai mais berrar como doida. – E continuou. - Oras! Já que o quadro tá grudado de vez na parede, grudei a cortina de vez nele, simples! E deu um de seus sorrisos enviesados.

Hermione revirou os olhos.
- De novo, Harry? Você ainda está com o livro?
- Claro, ele é útil, não? Ainda mais agora.
- Mas Harry, você disse que tinha escondido o livro na sala precisa!
- Tá, Mione, eu sei que disse, mas o peguei de volta, ok? O livro era do Snape, e tem muitas anotações nele que podem ser úteis. O cara é muito inteligente e vamos usar as armas que forem necessárias para combater a todos eles, tá? Vai que precisamos de uma poção rara, pode estar nele a receita. Agora que Snape se revelou...

Todos se calaram. A mera lembrança do acontecido ainda não havia cicatrizado. Mas cicatrizaria?
Eles duvidavam que um dia pudessem se esquecer do Professor Dumbledore. O velho professor era querido demais, tanto na escola como dentro da comunidade mágica. Sempre tinha uma palavra de alento para quem quer que fosse. Ele era realmente especial...

Hermione ficou calada. Ela não tinha mais argumentos para discutir com Harry sobre Snape. A situação toda mostrou que Harry sempre estivera certo em relação ao Professor de Poções.
Ficou apenas olhando para ele. Ele não iria se render aos desejos de ninguém. Havia um brilho diferente em seus olhos, um brilho de decisão já tomada.

Todos se dirigiram para a cozinha, que por um mero acaso tinha passado a ser a sala de reuniões.

Harry chamou alto:
- Monstro?
E o elfo apareceu resmungando.
- Não, não, Não. Harry Potter pirralho de novo não... De novo não. De novo não...
- Cala boca, Monstro.
Harry, mais determinado que nunca a manter a segurança da casa, foi duro com Monstro. O que mais uma vez desagradou sua melhor amiga.
- Escute, Monstro. Não quero que você saia de casa e nem que fale com qualquer pessoa que se chame Black ou que tenha parentesco com os Black. Aliás, não quero que fale com ninguém sem que eu esteja sabendo. Entendeu? E preste muita atenção, eu não estou brincando, se você me desobedecer te entrego para o Departamento para Regulamentação e Controle das Criaturas Mágicas.
- Monstro entende e obedece. – disse, fazendo uma reverência quase até o chão com má vontade evidente, xingando Harry Potter de pirralho e mais um monte de coisas.
- Harry, você não pode... – ia dizendo Hermione.
- Posso, Mione, posso e faço. Mione, escuta, você até pode querer dar continuidade à sua empreitada do F.A.L.E., realmente eu acho que você deve. Mas Monstro nunca fará parte dela. E lembre-se que ele já nos traiu, ok? E além do mais não quero Bellatriz entrando lareira adentro e nos pegando de surpresa. Tenho que me proteger e proteger a todos, ok?

Depois do clima tenso que se formou entre os dois amigos, as atenções se voltaram para Hermione que começou a falar. Ela era a mais organizada de todos.

- Olha. Acho que deveríamos começar pelos andares superiores. – E Gina completou...
- Tem muita coisa que nem sabemos que existe aqui. A casa é muito grande e tenho certeza que tem um monte de buraco que pode servir de esconderijo. Temos que virar tudo do avesso!

Nem todos da Ordem estavam participando, mas Tonks e os gêmeos fizeram questão de ajudar. E assim começou; dividiram-se em dois grupos.

Quando eles entravam num aposento, parecia que um tufão passava por ali, tudo era tirado do lugar, virado e revirado, desmontado e montado novamente. Arrastavam móveis, tiravam as gavetas do lugar, passavam as mãos dentro das cômodas e guarda-roupas.

Rasgaram inúmeros travesseiros e colchões - “Reparo” eram escutados sucessivamente por todos os lados.

Os gêmeos batiam nas paredes com os nós dos dedos para ouvirem se não tinha algum som de oco, indicando algum esconderijo muito bem disfarçado. O mesmo era feito no assoalho.

Atrás da cabeceira da cama da Senhora Black, mãe de Sirius, na parede, encontraram uma entrada secreta. Estava cheia de papéis. Tinham que dar uma olhada com calma, podia ter alguma coisa importante. Dentro dele havia também uma caixa que Monstro inesperadamente tentou tirar das mãos de Rony. O garoto gritou e Harry veio ver do que se tratava.

- O que está acontecendo, Monstro?
- É da minha senhora, Monstro vai guardar, para ninguém pegar.
- Quero ver o que tem aí dentro. – E pegou caixa. – Monstro, vê se entende de uma vez, eu sou seu senhor agora.
- Monstro entende e atende. – E saiu arrastando os enormes pés, com as orelhas murchas, resmungando e xingando Harry Potter de amante de sangue ruim.

Harry deu a caixa para Remo verificar o que continha.

Tonks, que metia a mão em tudo quanto era buraco que achava, acabou sendo picada por uma enorme aranha preta e peluda. Fez um escândalo, abriu o berreiro. Mas era mais para tirar a tensão que se instalara nos amigos do que por dor realmente. Molly, sempre atenciosa, tinha o antídoto numa caixinha de primeiros-socorros bruxo, que levava consigo para todo lugar.

Rony azulou do quarto quando ouviu – aranha. Não apareceu mais durante o restante do dia.

No final da tarde estavam todos exaustos e marrons, mas os lugares por onde passaram, limpos.
Depois de um belo banho e terem tomado uma sopa, dormiram mal se encostaram à cama.

No dia seguinte não foi diferente. A maratona continuou no segundo piso. Acharam ninhos de fadas mordentes, tiveram que desinfetar o lugar. Uma trabalheira danada.

Quando terminaram de verificar o segundo piso, tomaram banho, já que a sujeira era visível no rosto de todos. Harry sentou-se desanimado na cozinha enquanto aguardava o jantar. Gina, percebendo o “ânimo” dele, sentou-se ao seu lado.
- Que foi, Harry? Perguntou, fazendo um carinho nos ombros dele.
- Ahhh! Gina, não tem nada aqui. Já reviramos quase tudo e não achamos nada. Régulus não trouxe nada para cá, não.
- Mas ainda falta o térreo, não falta? Então, ainda temos esperanças.
- Não, Gina. Acho que R.A.B. não é o Régulo.

Todos já estavam sentados em volta da mesa e comentavam que apesar do esforço não tinham tido progresso nenhum. Era evidente o desânimo nas feições de todos.

Rony soltou uma de suas pérolas – Bom, pelo menos a casa tá limpinha agora, não? E não tem aranhas. - Sorriu satisfeito.

Rony e Hermione estavam cada vez mais unidos, sempre se sentavam um ao lado do outro. Ele a olhava de uma forma diferente. Harry vinha notando que os dois trocavam olhares carinhosos. “É. – Estava demorando para esses dois se acertarem”. Pensou, apertando a mão de Gina.

Mas nada animava aquele povo. Só restava descansarem para começarem no térreo no dia seguinte.

Arthur e Moody chegaram muito tarde naquela noite e aproveitaram que não tinha muita gente por ali, a não ser Lupin e Molly que tomavam chá e conversavam, para dar uma olhada nos papéis achados e na caixa. Os papéis eram mais relatórios e contas do Banco. – “Nossa, tinha muito dinheiro. Será que essa dinheirama estava no banco ainda”? Era possível, já que a Senhora Black morreu antes de Sirius. Vai ver que Sirius nem sabia disso. E Harry era o herdeiro dele. Então o dinheiro seria do menino.

A caixa só foi aberta com Alorramora, e continha uns badulaques sem valor algum.

Moody e Arthur decidiram que iriam ao banco Gringotes verificar a situação e levariam Harry, junto com o testamento.

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