Fenrir Greyback



28 – Fenrir Greyback

Sujos e machucados os combatentes acompanhados por Tonks chegaram a Sede ao entardecer se arrastando, mancando, aconchegando os membros feridos ou tentando estancar o sangue que escorria dos ferimentos. Eles estavam realmente acabados.

-Eu ainda vou pegar esse monstro do Snape. – Comentava Harry com Gina cheio de raiva enquanto a amparava mesmo com a ardência e dor que sentia nas queimaduras das pernas.

Gina, coitada, apesar dos lábios partidos tentava responder a Harry, porém ficou muito preocupada com a raiva que o namorado estava externando. Iria conversar com ele sobre isso; aliás, tinha que conversar com ele sobre aquela história de Voldemort sentir dor quando tentava invadir-lhe a mente.

-Vou te ajudar nisso, Harry. – Falou Rony que ouvia a conversa do amigo com a irmã.

-E você pára de falar que você vai fazer isso e aquilo, senhor Harry Potter, pois eu e o Rony já falamos que estamos com você. – Reclamou Hermione.

-E trate de ser o mais cauteloso possível. Perder um membro da Ordem agora seria terrível. Não podemos nos dar esse luxo. – Emendou Gina tocando os lábios feridos. – Aí! Como dói minha boca.

-Que foi hein!? Todos agora acharam de implicar comigo é? – Falou bravo. – Já sei que vão comigo. Mas que coisa!

Os ânimos estavam exaltados.

Molly veio ao encontro deles correndo e gesticulando desesperada pela porta aberta da sala de estar, ficou apavorada olhando o estado dos garotos.

-Que foi que aconteceu? Vocês estão todos machucados! Arthur? Onde está meu marido? O que aconteceu com ele?

-Nada, Molly querida. Ele foi levar Quim e Moody a St. Mungus, eles foram seriamente feridos pelos comensais. Não aconteceu nada com ele, está inteiro e bem. – Tonks informou com calma para não deixar a senhora Weasley mais nervosa do que já tinha ficado ao ver o estado dos garotos. – Você vai ver, já-já ele chega. Acho bom chamarmos Madame Pomfrey, esses garotos estão bem feridos, nada de grave, é verdade, mas acho melhor.

-Não precisamos incomodá-la. Eu mesmo faço isso.

-Tem certeza Molly, eles estão bem machucados.

-Claro! – E continuou. - Eu sabia! Eu sabia que essa visita não ia dar certo. – Reclamava Molly enquanto retirava a abençoada caixinha de primeiros socorros da parte de cima de um armário da cozinha. – Vocês não têm jeito mesmo, chamam encrenca onde quer que vão.

-Bom... Vocês não poderiam estar em melhores mãos, então vou para o Ministério. A coisa vai ferver hoje por lá. Até mais. – Disse Tonks e despediu-se fazendo um aceno com os dedos sujos.

-Ai, mamãe. Vai devagar com esse negócio, isso dói, sabia? – Reclamou Gina enquanto a mãe passava um líquido púrpura nos lábios partidos da filha.

-E vocês ainda reclamam por que quero que fiquem dentro de casa! Olhem só para vocês! Todos machucados! Hermione, que seus pais vão falar? Que não cuidei de você! – Falava alto enquanto agitada mandava a garota se sentar mais perto para desinfetar o corte que tinha na perna. – Hermione cerrava os dentes para não reclamar da ardência horrorosa que sentia.

-Mamãe! Quer parar de reclamar! Não somos nós que chamamos encrencas, são elas que nos perseguem. – Reclamou Rony com o rosto contorcido pela queimação causada pelo mesmo líquido púrpura que a mãe usara anteriormente em Gina e agora passava nos cortes do braço e tórax do filho com um chumaço de algodão.

-Não são vocês que chamam as encrencas. – Disse Harry. – Sou eu.

-Que seja. Que seja! Mas vocês estão sempre arrebentados. – Continuou a reclamar a senhora Weasley. – Bom... Pelo menos desta vez não é necessário chamar Madame Pomfrey, eu mesmo posso dar um jeito nesses ferimentos. – E continuou a reclamar até as orelhas dos garotos ficarem vermelhas de tanto fala, fala.

-Venha cá Neville. – Chamou Molly. – Sua avó com certeza me azararia se visse do jeito que você está.

-Não senhora Weasley, ela ficaria feliz em saber que presto para alguma coisa.

-Preste atenção você menino. Você presta para muita coisa, ouviu. – Respondeu Molly severa com o dedo indicador em riste e olhando fundo nos olhos do garoto ¬que demonstrava baixa auto-estima.

Gina, já medicada e aparentemente inteira passava a dita cuja pasta alaranjada nas pernas queimadas de Harry que fazia caretas por causa da dor.

-Obrigado Gina. – Disse Harry puxando a namorada para dar um beijo.

-Hein! Vocês querem parar de se beijarem a toda hora e na frente de todo o mundo. – Reclamou Rony.

-Você não tem nada que ver com isso. Beije a Hermione se está com tanta inveja. Além do quê beijo Harry sempre que quiser. – E voltou a beijar Harry.

-Eu beijo Hermione, para seu conhecimento. Mas não fico beijando na frente de todos. – Continuou Rony inconformado com a atitude de Gina.

-Já chega. – Advertiu Molly com um sorriso tanto para Gina, por demonstrar seu amor sem vergonha e para Rony pelo ciúme que sentia pela irmã. – Crianças! – Pensou e disse. – Tomem a poção e depois toda a sopa. – Mandou colocando um enorme parto de sopa na frente de cada um. – Não quero saber de desculpas senhor Harry Potter. – Finalizou com as mãos na cintura vigiando até que viu todos os pratos vazios novamente.

Arthur chegou à Sede tarde da noite exausto. Apesar do frio, sua testa estava manchada de suor; vestígios da batalha em Askaban.

-Arthur! Você me deixou preocupada, por que não voltou logo?

-Não podia deixar Quim e Alastor sem ajuda Molly querida. Estou bem.

-E como eles estão?

-Quim está com algumas costelas quebras e Alastor ganhou outra cicatriz no rosto e ainda está desacordado em não parece nada bem, os medibruxos estão em preocupados. Mas precisaram ficar no hospital pelo menos até amanhã. Dei uma passadinha no Ministério, Rufo está furioso com a fuga dos comensais; quer por que quer saber como eles conseguiram invadir a prisão com tantos guardas de plantão. Como eles conseguiram? Que pergunta idiota! Aparatando e matando a torto e a direito. Ora essa! Tonks ainda está lá. Coitada, Rufo bravo não é fácil de se encarar.

-O que Voldemort vai fazer agora Senhor Weasley? – Perguntou Harry mudando completamente de assunto uma vez que já havia tido noticias dos amigos da Ordem.

-Não sei Harry. Vamos esperar para conversar com Quim e Lupin e nos prevenirmos. – Nossa Harry, esses seus sonhos são realmente muito úteis. – Comentou Arthur.

-É. Mas se tivesse sonhado um dia antes teria sido melhor. – Falou Neville. – Aí teríamos tido tempo de inutilizá-los aqueles desgraçados. Opa... Desculpa Harry, não deveria ter dito isso.

-Não precisa se desculpar. – Respondeu automaticamente para o amigo. - Senhor Weasley, eu lancei os novos feitiços em dois comensais. – Contou Harry.

-Lançou é? – Perguntou Arthur interessado. – Como?

-Quando eles passaram correndo perto de onde eu estava caído, depois que aquele comensal gordo soltou Aleto; não me lembro do nome dele. Estava com tanta raiva que lancei o feitiço não verbal. Só não sei se deu certo, foi a primeira vez que fiz isso. Será que acertei em algum deles? – Perguntou ansioso.

-Saberemos de uma forma ou de outra se deu certo. Hoje não temos como saber.

-Já chega de conversa. Todos para cama! – Mandou Molly.

-Não, mamãe, estamos bem! – Disse Rony.

Mas os garotos mal se encostaram às cobertas já estavam dormindo. Gina e Hermione não foram se deitar, apesar de ainda um pouco doloridas se sentiam agitadas demais para irem para a cama. Voltaram para a cozinha para fazerem companhia para o senhor e senhora Weasley.

-Porque não foram se deitar também? – Perguntou Molly quando as meninas entraram na cozinha.

-Não dá para ficar deitada mamãe. Estamos muito agitadas. – Respondeu Gina.

-Entrem meninas, me acompanhem numa xícara de chocolate, está gostoso. – E comentou satisfeito bebericando o chocolate quente. - Vocês estão realmente ficando boas em duelos. Atacaram com muita categoria e firmeza. Continuem treinando e serão ótimas duelistas e quem sabe aurores. – Elogiou Arthur mastigando uma torrada coberta com geléia que escorria pelos lados.

-Não sei se quero ser auror, senhor Weasley. Penso em seguir uma carreira onde possa ser mais útil a comunidade mágica. Talvez eu seja medibruxa, ainda não pensei muito no assunto.

-Uma bela carreira. Envolve muito estudo é claro, o que não é nenhuma dificuldade ou novidade para você. Mesmo assim, você seria uma ótima auror. – Concordou Arthur e se voltando para a filha.

-Eu ainda não me decidi, papai. Tenho pensado bocado nisso, sou ótima em poções e feitiços, mas quero pensar mais sobre o futuro. Ainda tenho bastante tempo para isso.

-Não as incentive, Arthur. Elas não devem participar desses combates. Os pais de Hermione me mataram se acontecer alguma coisa mais séria com ela. Só você saiu inteiro dessa vez. – Suspirou aliviada.

-Senhora Weasley, meus pais sabem que estou embrenhada nessa guerra. Ta certo que eles não gostaram muito da idéia, mas respeitam minha atitude. Fique tranqüila que eles entenderão o que vier acontecer comigo. Expliquei a eles o perigo que não só nós, bruxos, mas todos os não bruxos correm com a volta de Voldemort e o inferno que pode virar o mundo se ele conseguir seu intento. Ficaram bastante assustados. Eles não imaginavam que sendo trouxas correriam perigos também.
Então expliquei aqueles estranhos acontecimentos que ocorreram no verão passado. Infelizmente só serviu para deixá-los mais nervosos. – Finalizou com um suspiro.

-Molly querida, entenda de uma vez por todas. Nós temos que lutar pelo nosso lugar nesse mundão de meu Deus. E você também tem que ser forte, não se esquive disso. Vai chegar o dia em que você também terá que duelar, portanto é melhor colocar isso na cabeça desde já. – Disse firme o marido.

Um baque surdo vindo da sala de estar interrompeu a conversa até então descontraída na cozinha.

Arthur, agindo por instinto saiu correndo na direção do barulho com a varinha na mão seguido por Gina e Hermione também armadas. Uma massa ensangüentada estava caída na frente da lareira.

-Que! Mas... Lupin? Lupin, é você? Pelas barbas Merlin. O que te aconteceu homem? – Perguntava Arthur ajoelhado ao lado do amigo que praticamente inconsciente não respondeu nada, apenas soltou um longo gemido.

-Meu Merlin! Vou chamar Madame Pomfrey... Vamos colocá-lo na cama primeiro. Ajude-me Arthur. Gina, abra a porta do quarto, sim? Hermione, arrume a cama. – Distribuir tarefas era com a senhora Weasley mesmo.

Madame Pomfrey chegou sem demora e seguiu preocupada para o quarto que já conhecia.

-Nossa! Quem será que atacou esse homem? Ele não disse nada Arthur? – Perguntou Papoula preocupada.

-Nada, só gemeu até agora. Não disse uma palavra.

Na manhã seguinte como era de se esperar foi um alvoroço só na Sede. Harry, já plenamente recuperado ficou nervoso ao extremo quando viu o estado do velho amigo de seu pai.

-Senhor Weasley, que foi que aconteceu com Remo? Por que ele está tão machucado?

-Não tenho a mínima idéia Harry. Temos que esperar que ele acorde para que possa nos contar o que houve. Madame Pomfrey disse que dentro de mais algumas horas ele vai acordar. Apesar de estar muito machucado, não corre risco de vida. – Respondeu preocupado mas calmo.

Harry, estava mais preocupado que o costume, três importantes integrantes da Ordem da Fênix estavam seriamente machucados e até agora não tivera nenhuma noticia de Moody nem de Quim. Ele ficou ali, apoiado na porta do quarto de Remo durante um bom tempo esperando que o amigo acordasse. O que não foi assim tão cedo. Remo só despertou no meio de madrugada.

-Papoula?

-Lupin! – Respondeu Madame Pomfrey correndo para o lado do enfermo. – Quem bom que você despertou! Por Merlin o que foi que aconteceu com você? Está sentindo alguma dor?

-Dói tudo, desde os fios de cabelos até a unha do pé. Chame Arthur, por favor. – Disse com voz risonha.

-Chamo. Mas antes tome esta poção revigorante, vai se sentir melhor logo-logo; deixe-me trocar os curativos primeiro.

Saindo do quarto tropeçou num monte que estava apoiado na parede com as pernas esticadas, coberto por um pesado cobertor. Harry havia adormecido enquanto estava de prontidão esperando alguma reação do amigo. Gina bem que tentou tirá-lo dali e levá-lo para a cama, mas ele não se deixou convencer pelos argumentos da namorada. Queria estar por perto para conversar com Remo tão logo ele despertasse. Madame Pomfrey o acordou e disse que podia entrar no quarto e seguiu para o quarto do casal Weasley.

Harry entrou no quarto completamente desperto arrastando o coberto que trazia preso em volta do corpo.

-Remo? Você está bem? O que foi que aconteceu? Você está todo machucado!

Lupin esboçou um meio sorriso para o jovem amigo.

-Estou bem Harry e vou melhorar, não se preocupe. Madame Pomfrey está cuidando muito bem de mim. – Respondeu sorrindo.

Arthur e Molly vestindo o roupão e robe em cima das roupas de dormir entram esbaforidos no quarto.

-Por Merlin, Lupin. Que foi que aconteceu homem?

-Calma, o sangue não era todo meu. Foi uma briga feroz. Briga de lobisomem sempre é muito sangrenta. E quanto ao sangue... Bem, nós não usamos varinhas, usamos as nossas armas: unhas e dentes, sabem como é né? – E depois de um longo suspiro disse num fôlego só. – Matei Fenrir "Lobo" Greyback.

-O quê? – Foi a pergunta que todos no quarto gritaram ao mesmo tempo.

-Co... Como? Por Merlin! – Disse Arthur.

-Bom... A história é velha. Estou nessa missão desde o ano passado quando Dumbledore me deu a incumbência.

-Por isso você some de vez em quando! – Exclamou Molly.

-É. Tenho me encontrado com o grupo de lobisomem, tentando trazê-los para o nosso lado; era uma missão grande importância e não podia ser deixada de lado. Se eu me afastasse depois que Dumbledore se foi, poderia parecer que tudo não passava de uma brincadeira, de um capricho e eu não queria que eles pensassem assim. Pois bem, eu continuei. Uns três ou quatro deles já estão do nosso lado, esses nunca morderam ninguém e têm mais alguns que estão começando a entender que estamos certos, o lado do bem quero dizer, pois estão vendo que nem tudo que Greyback fala se escreve. Eles estavam ficando irritados com a pressão de Greyback continuava fazendo sobre eles. Fazia promessas e não cumpria e quando isso acontecia, eu entrava na jogada mostrando que tudo que Fenrir dizia eram mentiras e que ele só se interessava por aquilo que o favorecesse, que ele não se interessava com o que acontecia com nós. Mostrava que da mesma forma Voldemort faria o mesmo com todos. Ou seja, eu mostrava a perversidade dos dois. Mas sempre fazia isso quando o Fenrir não estava por perto, claro. Tem sempre alguém disposto a me contar o que ele dizia ou fazia quando eu não estava por perto.

***
Flashback

-Que você está dizendo? Que eu não me incomodo com nossos amigos? De onde você tirou essa idéia? Você está louco? – Perguntou Fenrir ironicamente.

-E não se incomoda mesmo. O que você já fez por nós? Mostre-me um só fato, onde você nos ajudou?

-Vê se pára com isso! Voldemort é um sujeito bom. Ele fará tudo por nós. Ele livrará o mundo dos trouxas e sangues ruins, vamos poder atacar, morder a vontade. Quer coisa melhor que isso? Esperem para ver. E vocês seus tolos, têm que ficar do meu lado e não dar ouvidos para esse lobisomem que nunca mordeu ninguém. Você não honra a nossa classe! – Disse acusando Lupin destilando raiva.

-Não! Não ouçam o que ele diz. – Retrucou Lupin falando mais alto que normalmente. - Vocês estão redondamente enganados se acham que Voldemort vai ajudá-los. Ele só pensa nele. Vocês serão uns fantoches nas mãos dele e serão obrigados a atendê-lo, só para satisfazer seus desejos, isso é o que vai acontecer. Serão seus capachos. É isso o que vocês desejam? Ele não tem compaixão por ninguém, nem pelos comensais da morte que fizeram e fazem tudo por ele. Lucius está preso, Aleto e Avery também, e o caríssimo Lord fez o que para ajudá-los? Até Bellatriz está presa! Que ele fez? Nada. – Lupin sabia que estava pisando num terreno perigoso em comentar que Voldemort não fizera nada para libertar os presos, mas sabia que tinha que arriscar.

-Cale a boca Lupin. Você é traidor da nossa espécie. Você se juntou com a turma do velho caduco do Dumbledore. Bem que Voldemort me avisou sobre suas atitudes, ele está muito bem informado. – Gritou Fenrir Greyback avançando em Lupin. – Ele sempre sabe tudo o que acontece dentro daquela escola de débeis mentais amantes de trouxas e sangues ruins.

-É? Informado por quem? – Lupin não poderia perder essa oportunidade, de descobrir quem era o informante de Voldemort.

-Severo Snape. – Cuspiu Fenrir na cara de Remo como se fosse uma grande vantagem.

-Ah! Certo. Severo Snape. Obrigado pela informação. Claro, não podia ser outro. E você está por dentro de tudo não é?

-Estou. – Respondeu inflando o peito cheio de orgulho e nem desconfiou que entregarem o nome do espião do Lord. – E você, ensinado Artes das Trevas. Olhem, olhem o que Lupin já fez. E vocês vão acreditar nele? – Gritava empurrando com força o peito de Lupin pra trás. – Você numa teve a decência de morder ninguém.

-Decência? Você chama de decência contaminar alguém? Você é mau caráter Greyback tão perverso como Voldemort, você não presta. Quando você ajudou um dos que estão aqui? Vamos me aponte um, um só e eu paro de discutir com você. Vamos... Aponte um deles Fenrir! – Desafiou Lupin apontando o dedo indicador para o lobisomem que o tinha contaminado quando criança. – Vamos, mostre coragem.

Fenrir Greyback sabia que não tinha como provar para os companheiros de espécie que ele podia fazer alguma coisa que pudesse ajudá-los. Ele mesmo já era dominado pelo Lord das Trevas e se abusasse seria castigado. A ameaça que receberá de Voldemort fora clara: “Fenrir, ou trás os lobisomens para o meu lado ou você sofrerá as conseqüências”. Ele estava avisado, e bem avisado. Ele tinha que atender o Lord de uma maneira ou de outra, mas não tinha argumentos com que convencer os companheiros para aderirem ao lado das Trevas. Com medo ele observava que os lobisomens olhavam para ele com desconfiança. Muitos já mostravam sérias dúvidas sobre seu comportamento, e a fala de Lupin só ajudava a piorar sua situação. Ele na verdade estava ficando cada vez mais enrascado e o Lord não fazia nada para o ajudar. “Maldito Lupin” – pensava.

Em contra partida sabia que Lupin jogava limpo. Ele não prometia nada, mas também não mentia, é verdade, porém mostrava que se eles entrassem para o lado das trevas seria mais aterrador. Contava aos outros lobisomens que quanto mais se aliassem ao lado do mal, mais seriam procurados e caçados sem descanso. Justificava que se unissem ao lado do bem ou se pelo mesmo que se ficassem na deles, não teria por que o Ministério caçá-los. Que argumento o Ministro usaria para caçar quem não tivesse se aliado ao Lord Voldemort? Que justificativa Rufo daria para caçar os que não cometeram nenhum crime?

A duvida estava estampada nos rostos dos lobisomens que olhavam ora para um ora para outro com se assistissem a um jogo de tênis de mesa.

-Pára com esse negócio de levar os nossos para o seu lado. Pára de me meter em encrencas e pára de falar mal de Voldemort.

-Parar de te meter em encrencas? Quer dizer que a sua situação já está complicada, é? – Disse sentindo uma grande satisfação.

-Pára Lupin, você já foi longe demais. Você não o conhece como eu. Você não sabe com quem está mexendo e nem do que ele é capaz.

-E você pensa que eu gostaria de conhecê-lo? Quanto mais longe eu me manter dele melhor é para mim. Louco é você! – Digam-me? – Perguntou para os lobisomens que se mantinham divididos olhando ora um ora outro acompanhando a discussão. – Me digam quando foi que vocês viram o Ministério me caçando ou pondo minha cabeça a prêmio. Contem-me quando e eu paro de argumentar. E quanto a Fenrir, o que me dizem? Só peço que vocês pensem por vocês mesmos, que façam o que quiserem, mas por que vocês querem, e não incitado por ele. – Finalizou apontando para Greyback furiosamente.

Fenrir Greyback ficou em palavras, esse era o argumento final para que os lobisomens se unissem ao lado do bem. Ele, Fenrir era caçado em todos os cantos de Londres, sua foto estava espalhada pelos bares e pubs bruxos e toda comunidade mágica tinha conhecimento de todas as suas maldades. O Ministério não lhe dava sossego.

-Sua cabeça está a premio, Fenrir. A premio! – Berrou Lupin.

-Eu vou te matar Lupin. Eu vou te matar. – E voou para cima de Lupin dando início a uma briga sangrenta.”


***

E Lupin continuou...

-Então, ontem à noite enquanto eu estava em mais uma seção de doutrinação acentuando as falhas dos dois, Fenrir apareceu e ouviu tudo. Começamos a bater boca violentamente, ele me acusou de estar inventando histórias, que ele nunca abandonaria os amigos de espécie, que Voldemort era fiel aos que lhe ajudavam e isso e aquilo. Já tínhamos discutido outras vezes; nunca nos demos bem e vocês sabem bem o por quê. Daí a discussão chegou ao seu auge, ele me atacou e eu não fiquei quieto. Virou tudo uma confusão só. Éramos dois grupos nos engalfinhando. Nisso Fenrir pegou uma faca de prata e partiu para cima de mim com toda fúria que possuía. Se ele me matasse ficaria tudo bem para o lado dele, ele reconquistaria a posição de prestigio que sempre teve entre os de nossa espécie. Todos o respeitariam mais por medo que por consideração. Nessa altura todos nós já estávamos cobertos de sangue. Na verdade eu não estava me saindo tão bem quanto queria, ele é bem mais forte que eu. Nisso sobrou uma oportunidade única, com a mão escorregadia por causa do sangue a faca escapou de suas mãos. Não pensei duas vezes, peguei uma das setas de prata que estava em meu bolso e parti pra cima dele. Enterrei a seta em seu peito sem dó nem piedade. Pronto, ele se foi. O pior lobisomem de todos os tempos está morto. Mais uma baixa para o Lord das trevas. Confesso que estou me sentindo extremamente bem com essa morte. Sou o que sou hoje por causa dele. Agora tenho que continuar com as conquistas e conseguir mais aliados. A missão não acaba aqui, mas sem dúvida será mais branda.

-Por Merlin... – Disse Arthur, passando as mãos pelo rosto, como se ele mesmo tivesse participado da luta.

-Fale outra coisa Arthur, é a terceira vez seguida que você fala a mesma coisa. – Comentou Lupin sorrindo enquanto segurava os músculos das costelas que doíam com o movimento.

-Nossa Lupin, por que você não nos contou dessa missão? Poderíamos ter ajudado...

-Como Arthur você me acompanharia nas “visitas”? Não. Claro que não, não tinha como. Era uma tarefa minha. Eu tinha que dar um jeito. E dei, apesar de sair dela um pouquinho machucado. Mas agradeço a sua boa vontade.

-Você chama tudo isso de “um pouquinho machucado”? Chega de visitas. Deixem Lupin dormir mais um pouco. – Mandou Papoula entregando para o professor uma das famosas poções. - Estão sempre machucados, quando não é um é outro. Por Merlin! – Continuava a resmungar. - Quando será que isso vai acabar!

-Bom dia Remo. Está melhor? – Cumprimentou Harry entrando no quarto.

-Ah! Estou sim. – Respondeu enquanto tomava o gostoso mingau de aveia.

Harry aproximando-se da cama, mas parou olhando com olhos arregalados para Remo, ele ficou sem ação com o aspecto do amigo.

-Porquê está me olhando desse jeito? – Perguntou assustado. – Não me olhe como se eu fosse um trasgo vestido de bailarina. – Lupin ainda não tinha se visto no espelho.

-Nossa! Você ta todo colorido. Tem curativo espalhado por você todinho de tudo quanto é cor. Acho que Madame Pomfrey está fazendo tratamento de caixinha de lápis de cor com você.

-Sério? Ta tão esquisito assim? – Perguntou preocupado.

-E se ta! Ta é muito engraçado também. – E riu com gosto da aparência do amigo.

Não demorou muito e um a um dos moradores da Sede foram entrando no quarto. Os garotos, realmente espantados com a aparência que Lupin apresentava, ficaram divididos entre a vontade de rir e ficarem sérios em respeito ao ex-professor.

-Ta, podem rir. Harry já me disse que estou muito engraçado.

Tonks que fora avisada durante a manhã cedo do acontecido entrou no quarto toda esbaforida com os cabelos verdes e todo arrepiado de preocupação com o namorado. Não, cabelo azul, liso e curto, não, agora amarelo cacheado e comprido... Abraçou-o.

-Que aconteceu Remo? Você está tudo esfolado! – Ela era realmente sutil como uma revoada de hipopótamos. – Remo, porque você está com todos esses curativos coloridos. – Ele riu.

Os cabelos da auror mudavam de cor a cada exclamação que fazia, foi vermelho intenso até o preto azulado em questão de minutos, o que causou curiosidade em Gina e Hermione. Tonks explicou mais tarde, depois de questionada pelas amigas, que as constantes alterações na cor dos cabelos era assim mesmo. Cada vez que ficava emocionalmente abalada não conseguia controlar as alterações, mas que isso acontecia somente quando a preocupação era ligada a alguma pessoa querida. “À vezes fica como um arco-íris de 24 cores”, contou.

-Arco-iris só tem 7 cores Tonks. – Contrapôs Hermione que recebeu um olhar de reprovação dos amigos. “Que importava quantas cores tinha o arco-íris?”

-Daqui a pouco eu conto tudo de novo. Vamos esperar que os membros da Ordem cheguem, assim conto de uma vez só. Quanto aos curativos...

-Ai! Ta bem, ta bem, eu conto. Minha nossa... Quanta curiosidade! – Reclamou Madame Pomfrey. – É uma nova forma de tratamento, é isso. Fiz um curso mês passado sobre a cura através das cores e estou aplicando com muito sucesso. O restabelecimento dos pacientes é acelerado e o humor melhora sensivelmente. Não é mesmo Lupin? – Comentou olhando para ex-professor que sem dúvida apresentava ótimo humor.

-Harry disse que estou parecendo uma caixinha de lápis de cor. – Contou Remo que olhava para divertido Harry. – “Fofoqueiro”. Leu nos lábios do garoto que pronunciava sem emitir som.

Depois do meio dia, Gui, Fleur e Carlinhos chegaram à Sede se juntando ao restante do pessoal que já havia chegado visitar o amigo enfermo. A história foi repetida e perguntas respondidas.

-Você podia ter feito isso com todos os outros, menos comigo Lupin! Afinal posso muito bem te ajudar, oras bolas! Afinal passei a gostar um bocado de carne mal-passada! – Disse lambendo as pontas dos dedos com se saboreasse a mais deliciosas das iguarias.

-Que brincadeira mais fora de hora, senhor Guilherme Weasley. – Reclamou Fleur dando tapinhas carinhosos no ombro do marido.

-Que é? Que foi que eu disse de errado? Carne mal-passada é gostoso mesmo. – Respondeu risonho.

Gui reclamou um bocado por Lupin ter guardado segredo dele também, afinal ele poderia ter sido muito útil na campanha como mais um “amigo de classe”, apesar de não sido de fato contaminado. Não havia resposta para essa colocação, e ficou o dito pelo não dito. No final da tarde cada um pegou seu caminho para casa para descansar. Era um final de sábado muito frio.

Domingo pela manhã Lupin recebeu autorização da curandeira para se levantar desde que permanecesse sentado, quieto e não cometesse abusos. Sair de casa, nem pensar. Tinha que ficar em repouso para que seu restabelecimento se desse mais rápido.

Moody, já plenamente recuperado e pronto para outra chegou à Sede com um jornal dobrado nas mãos. Hermione observando a expressão do rosto cheio de cicatriz de Alastor na hora se pôs em pé. Algo tinha acontecido e era coisa grande.

-Harry acertou, não professor?

-Não sei do que você está falando, mas veja. – E jogou o jornal em direção à garota que ágil como uma águia apanhou-o no ar.

-Mais uma notícia sensacionalista do Profeta Diário. – Comentou abrindo o jornal depois de dar uma ligeira olhada na foto da manchete. – Os Comensais da Morte de Voldemort, esgueirando-se através das sombras, invadiram Azkaban, mataram os guardas da entrada e conseguiram entrar na prisão causando a maior confusão. Fizeram uma invasão bem organizada. Resgataram do cárcere os companheiros das artes das trevas, anteriormente presos. O Lord das Trevas não compareceu pessoalmente à prisão; quem comandou invasão foi o comensal já conhecido Nott, segundo informações do diretor do presídio. Os Comensais da Morte que escaparam de Askaban foram: Lucius Malfoy e Avery. Mataram mais de uma dúzia guardas e deixaram muitos feridos que estão internados em St. Mungus, correm risco de vida; mais de 31 guardas foram a nocaute. O lado das trevas teve cinco baixas, mas nenhum deles conhecidos. O Ministério suspeita que estavam dominados pela maldição Imperio. Só não libertaram Bellatriz, pois não conseguiram reverter a memória da comensal. A inútil continua presa sem ter noção da realidade. Um Medibruxo foi chamado para ver as condições físicas da comensal. – E continuou a ler. - “Aleto foi encontrada parada à beira do penhasco chorando muito perto do buraco onde ficava o portão de Askaban sem saber o que fazer. Ninguém sabe explicar o porquê da comensal não ter fugido com os comparsas. Ela foi recolhida à cela e lá permanece sem entender o ocorrido. Interrogada, com poção veritaserum disse que tentou aparatar, mas que nada aconteceu. Diz também que havia muitas borboletas que atrapalharam sua visão. O fato é que a Comensal da Morte deve estar mentalmente perturbada”. Borboletas em Askaban? Comensal da Morte chorando! Francamente! Mais um mistério para os aurores do Ministério investigar. Primeiro o aparecimento de Bellatriz Lestrange amarrada na frente da fonte dos Irmãos Mágicos, agora Aleto. Quem será que estará por trás desses misteriosos acontecimentos?”. – A garota corria os olhos pela notícia e resumia ao mesmo tempo para todos. – E blá blá blá... E segue descrevendo os episódios. Maiores detalhes: página 5, 8 e 13. Nada mais de importante. Não falam nada sobre nós termos estado lá. Graças a Merlin. – E passou o jornal para que os outros também dessem uma olhada nas fotos que se mexiam e lerem a noticia.

-Deu certo! – Exclamou baixinho Harry.

-O que deu certo, Harry? – Perguntou Moddy, que não sabia que Harry havia feito o feitiço não verbal.

-O feitiço não verbal que joguei, pegou nela. Ela não conseguiu aparatar. Voldemort continua sem um dos comensais.

-Não é muito, mas já é alguma coisa. – Comentou Rony.

-Me de o jornal. Ele vai ser útil para continuar com minha campanha. Nada poderia ter vindo mais a calhar nesse momento. – Pediu Lupin sorrindo para Gui, que determinado conseguirá persuadir o amigo em deixá-lo seguir junto na tarefa de trazer o maior número de lobisomem para o lado branco.

Os gêmeos e Lino entraram na sala, como sempre soltando piadinhas e rindo a valer sabe-se lá do que. Porém, pararam imediatamente quando olharam as caras dos que estavam na sala.

-Que foi? Porque essas caras?

Hermione com sua usual habilidade resumiu em poucas palavras o ocorrido em Askaban.

-O que? Vocês foram a Askaban e não nos chamaram?

-Não houve tempo Fred, foi tudo muito rápido. – Explicou Gina. – Além do mais, vocês não estavam aqui, e não dava tempo de chamar.

-Já vou avisando Harry, nós vamos juntos da próxima vez onde quer que você vá. – Avisou Fred de cara fechada, estava chateado por não ter participado da ida a Askaban.

-Eu não me conformo com minhas crianças correndo perigo. Eu não me conformo. Tem sempre alguém machucado, tem sempre alguém fora de casa. – Reclamou Molly.

O estomago de Harry afundou. “É tudo minha culpa”, e de fininho saiu da sala se refugiando no quarto, precisava ficar um pouco a sós. Era difícil ouvir a senhora Weasley reclamar sempre das mesmas coisas. Por um lado ele achava que entendia, era o sentimento de mãe que falava mais alto. Imaginava que se sua mãe fosse viva também teria a mesma atitude. Porém graças a Voldemort não podia ter essa certeza. Mas por outro lado ele não pedirá para ninguém entrar na guerra que a seu entender era só sua.

Gina reagiu imediatamente à reação do namorado.

-Você fica aqui. Deixe que Gui converse com ele. – Disse Carlinhos segurando-a sentada a seu lado. – Ele precisa entender que reações de mãe são sempre assim, as melhores possíveis.

Gui, que tinha uma percepção mais aguçada saiu à procura do jovem amigo e entrou-o no quarto e foi dizendo se rodeios e nem meias palavras:

-Pare de pensar bobagens. Ela é assim mesmo, mas gosta de você como gosta de nós. Ela não te culpa de nada, entenda isso, ok? – Gui foi duro e seco. – Sei que é difícil para você, mas precisa entender isso.

-Mas ela tem razão. Tem sempre algum machucado por minha causa. E essa guerra é só minha.

-Não se faça de criança, por que você não é. – Disse Gui firme olhando para Harry. – Isso acontece não é de hoje. Enquanto não pusermos um fim definitivo nessa história, isso vai continuar acontecendo conosco, com outras famílias, e depois outras, e mais outras. Você acha mesmo que se Voldemort acabar com você vai sossegar? Ele ficará tão cheio de si que vai continuar a acatar, e aterrorizar todo mundo com mais vontade ainda. Não é com você ficando desse jeito que vai dar jeito na situação. E essa guerra não é só sua. É de todos nós!

-Mas está difícil, Gui. Daqui a pouco ela vai me olhar com raiva. Vai me odiar!

-Não, vai não. Ela vai te olhar como olha um filho. Vai ser sempre assim Harry. Olha, você nunca soube o que é ter mãe, e elas sempre reclamam, sempre. Reclamam por que você comeu demais e ficou com dor de estomago, e reclamam por que não comeu e está com dor de estomago. Ela sempre vai achar alguma coisa para reclamar, chamar atenção, ou sei lá mais o que. Todas as mães são assim. Elas te curam de um ferimento reclamando por que você se machucou, mas te cuida com amor. Mãe, é tudo igual, só muda de endereço.

Harry achou graça das comparações que Gui fez.

-Não sei nada sobre isso Gui. Minha tia só soube gritar comigo a vida inteira.

-E minha mãe vai continuar a gritar com você a vida inteira, por um simples motivo, por que ela gosta de você e te quer bem. Vem... Vamos voltar para a sala. Não demora muito você vai ter a prova viva de tudo que te falei.

Harry, meio resistente, meio encabulado seguiu Gui para a sala e pegou o assunto no meio...

-Como Quim está? – Perguntava Molly para Moody.

-Tem algumas costelas quebradas, mas vai ficar bem. Deverá sair do hospital amanhã. Os medibruxos não o deixaram sair hoje por causa das dores que ainda sente ao respirar.

Molly suspirou.

-Venham... Vamos almoçar. Harry, não quero saber se está ou não com fome, apenas coma. Entendeu mocinho?

Harry e Gui trocaram um olhar.

-Dia onze de novembro devia entrar para nossa história. – Comentou Moody do nada entre uma garfada e outra.

-Porque diz isso, Professor. – Perguntou Neville.

-O dia em que Remo J. Lupin matou Fenrir "Lobo" Greyback, o lobisomem sanguinário. Grande dia!

Remo não achou que era motivo para tanto, mas se manteve calado.

-Estranho ninguém ter comentado ainda. Não saiu nada no jornal. – Disse Hermione, que como de costume lia linha por linha do Profeta Diário sempre que tinha oportunidade.

-E nem vai sair. Voldemort não vai deixar que isso seja ventilado. Seria o mesmo que admitir estar enfraquecendo. – comentou Gui.

-E como ele conseguiu impedir?

-Sumindo com o corpo do lobisomem, claro. – Disse Carlinhos.

-Voldemort não deve estar nada feliz. – Comentou Harry com o olhar perdido. – Será que não estamos abusando da sorte? – Finalizou preocupado.

-Se ele não está feliz, Harry, o problema é dele e não seu ou nosso. Foi ele que começou toda essa maldita guerra que estamos vivendo, então que agüente as conseqüências. – Comentou Arthur sério.

-É, mas pode vir coisa pior por ai, não é? – Disse Molly.

-Bom... Eu me sinto muito bem por ele não estar feliz, mas nós vamos continuar abusando sim. – Disse Remo se pondo em pé.

-Pode se sentar, Lupin. – Mandou Molly. – Nada de ficar em pé; ainda é muito cedo para...

-Só vou ao banheiro Molly. – Respondeu risonho.

-Ah! Hum... Bem...– Desculpe. – Disse sem jeito enrolando a ponta do avental.

-O Harry, você pode me explicar duas coisinhas? – Perguntou Gina.

-Posso. Que é? – Respondeu sentindo de alguma maneira o que vinha.

-Primeiro. Não estou gostando nada, nada dessa raiva que você demonstra às vezes. Isso pode ser prejudicial. E segundo: que história é essa que se Voldemort tentar invadir sua mente sentirá extrema agonia?

-Bom... Esse tipo de raiva não me será prejudicial por que ela é direcionada. Eu fico com raiva pelas maldades que vejo, isso é normal em qualquer ser humano. E sobre a agonia de Voldemort, é que quando ele me possuiu no Ministério...

-Como é que é? Ele te possuiu? – Perguntou Hermione.

-Foi. Ele tomou meu corpo. Na hora eu quis de verdade morrer, tamanha dor que senti. Mas quando pensei em Sirius, “ele” não conseguiu continuar me possuindo. Sentiu tanta dor que me largou no chão. Nunca senti um alivio tão grande.

-Quando você pensou em Sirius? Como assim? – Quis saber Neville.

-É que Sirius tinha morrido há poucos minutos e eu não queria aceitar o fato, então pensei com alegria que iria vê-lo novamente. Como esse pensamento Voldemort não conseguiu ficar dentro do meu corpo, pois eu mostrei amor, um sentimento que ele não tolera. Por isso o Professor Dumbledore costumava dizer que eu tenho a arma. Só não sei como é que vou usá-la...

-E por que você não nos contou isso antes, Harry? – Perguntou Hermione.

-Não sei, acho que me esqueci, já foi difícil o bastante lhes contar sobre a profecia.

A manhã do dia seguinte não foi igual a nenhuma outra manhã. O Profeta Diário trazia outra notícia bombástica, mas dessa vez causou contentamento para uma boa parte dos jovens bruxos. Hermione deu um gritinho:

-Gina, escute está notícia é para você. – Falou com um sorriso que ia de orelha a orelha.

“MINISTRO DA MAGIA COMUNICA A TODA COMUNIDADE MÁGICA QUE ESTANDO PREOCUPADO COM AS ÚLTIMAS NOTÍCIAS E VISANDO PROPORCIONAR MAIOR SEGURANÇA AOS JOVENS BRUXOS, DECRETA A MAIORIDADE PARA BRUXOS QUE JÁ TIVEREM COMPLETADO 16 ANOS E UM TERÇO.”

Hermione corria em volta da mesa balançando o jornal bem alto para não deixar que Gina lesse a notícia. Gina por sua vez, corria atrás de Hermione tentando alcançá-la.

-Me da Mione, me deixa ler. – Gritava excitada atrás da amiga.

Gina não cabia em si de contentamento, pulava no mesmo lugar quando finalmente conseguiu tirar das mãos de Hermione o abençoado jornal.

-Que? Dezesseis anos e um terço? Sou maior de idade, sou maior de idade. - Abraçou-se com Harry comemorando a novidade.

-Que confusão é essa. – Perguntou Carlinhos que entrou na cozinha com cara de sono.

-Sou maior de idade. Sou maior de idade. – Repetia Gina eufórica.

-Que negócio é esse de já ser adulta antes do tempo?

Recebeu como sempre as explicações de Hermione e só para provocar a irmã, disse. – Isso está não está certo. Eu tive que esperar até meus dezessete anos. Vou falar com Rufo, ele está insano!

-Larga mão de ser chato. – Disse Gina e se atirou nos braços do irmão, de quem recebeu beijos em ambas bochechas.

-É muito bom já ser adulta. – Disse Molly abraçando com um grande sorriso a filha. – Mas não agora significa que você deverá ter mais responsabilidade que nunca, minha filha.

-Eu sei mamãe. Mas é bom mesmo assim.

E Lupin parado no batente da porta começou a contar uma história.

-Pelas leis mágicas antigas os bruxos atingem a maior idade quando completam 15 anos. Foi instituída a idade de 17 anos para a maior idade por causa das preocupações constantes dos pais em relação a irresponsabilidade que apresentavam quando atingiam 15 anos. Então depois de reuniões muito tensa há 2 séculos, a Confederação Internacional dos Bruxos, elevou a idade para 17 anos, atendendo assim os anseios dos zelosos pais das comunidades bruxas do mundo inteiro.

-Mas o que aconteceu para a Confederação tomar essa atitude? – Quis saber Harry.

-Ah! Foi a irresponsabilidade; “bichinho” traiçoeiro a irresponsabilidade. Acontece que quando os jovens bruxinhos fazia 15 anos, saiam endoidecidos pelo mundo afora, desvairados e fascinados com a maior idade. Abandonavam suas casas e seus familiares, motivados por serem adultos. Mas o que eles não sabiam era que ser adulto não significava ser independente e nem auto-suficiente. Muitos se deram muito mal, mas muito mal mesmo. Houve muitas mortes. Eles não entendiam que ninguém vive sozinho. Quer se queira quer não, precisamos um do outro para tudo, mesmo nas mais insignificantes coisas. Então, os bruxinhos ficando com a família mais 2 anos alcançariam mais maturidade e responsabilidade. E parece que deu certo. – Finalizou Lupin.

Tonks chegou na Sede com novidades também.

-Você vai gostar de saber Harry, que Stanislau Shunpike foi solto de Askaban, Rufo acabou por acreditar nele.

Harry olhou para Tonks.

-Bom, não foi assim... É que ele resolver interrogá-lo com o veritaserum e descobriu que aquelas lorotas que ele contava era só para fazer farol para os colegas.

-Puxa. Esperto o senhor Ministro não? – Comentou Harry seco, pois já havia insinuado ao Ministro a situação.

***

20/01/2007 – 16h45

Como prometido ontem, lá vai o cap. 28.
Vcs estão vendo a capa? Depois de uma longa batalha “acho” que consegui colocá-la. Mas ninguém me deu retorno se então conseguindo vê-la. Me digam ta?

Beijos para esses meus fiéis leitores: Sô, Lili Coutinho, MarciaM, Black, Amanda Regina Magatti, Eline Garcia, Samara Ribeiro, Lola Potter.

Beijos também para os leitores que preferem ficar no anonimato.

A minha Beta ainda está viajando... Vichiii! Que viagem mais demorada! Então se encontrem erros, me avisem ok?

Quanto ao próximo cap.... Bem, espero postá-lo no prazo de sempre.

[]s e {}s

McGonagall

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