Zoológico e Little Hangleton

Zoológico e Little Hangleton



30 – Zoológico e Little Hangleton

O dia seguinte da festa de Natal estava extraordinariamente tranqüilo em Hogwarts. Os convidados acordaram tarde se espreguiçando da noite bem dormida depois da deliciosa festa e da farta comida.

Harry acordou tão tarde que achou que tivesse perdido a hora do café da manhã. Quando desceu para tomar o café na companhia dos amigos o salão ainda permanecia cheio, todos conversavam animadamente trocando impressões da noite anterior.

-Vamos retornar à Sede logo mais à tarde. – Informou Moody para que todos ficassem preparados para a volta. Depois chacoalhando a cabeça de um lado para o outro disse: - Definitivamente estou ficando louco. Podemos ir e vir a Hogwarts a qualquer hora agora com o Portal aberto. Ainda não me acostumei com essa idéia. Só na cabeça de Dumbledore para fazer uma passagem dessas. Cabeça brilhante a dele. – Os amigos riram da atitude do ex-auror.

-Você só está cansado Alastor. – Disse Arthur. – Por sinal eu também.

Depois de se empanturrarem com as deliciosas guloseimas do café, os garotos dispararam para a cabana do velho amigo.

-Ah! Lembraram-se que eu existo é? Resolveram vir me visitar? – Perguntou divertido o meio gigante quando os garotos entraram na cabana escancarando a porta sem se preocuparem em bater.

-Ah! Pára com isso Hagrid, nos vimos à noite passada, ta lembrado, ou o vinho nublou sua mente? – Falou Rony implicando com a bebedeira que o guardião de Hogwarts tomara.

-É, acho que tomei um pouquinho a mais, só isso. – Respondeu sem jeito, pois havia tomado um porre fenomenal. – Mas já estou muito bem. – Finalizou sorrindo.

-Estava com saudade. Ficar só dentro da Sede é muito chato, e pouco podemos sair. Mas agora as coisas mudaram! – Falou Harry. – Agora você vai de vez em quando à Sede Hagrid?

-Agora vou Harry, ficou mais fácil. Eu sempre tive vontade de ir visitá-los, mas diga-me, como eu poderia usar pó de flu com todo esse meu tamanho, arrebentaria qualquer lareira e não posso aparatar. Não tenho licença. Mas não dá para ficar longe de Hogwarts muito tempo, não quero deixar o Gropinho sozinho, coitado... Ele não tem mais ninguém. E também tem o Bicuço, agora ele fica mais tempo com o Grope. E o mais importante, não quero deixar a professora McGonagall sozinha nesses tempos. Não, eu não faria isso. O professor Dumbledore sempre contou comigo e eu vou continuar cumprindo com minhas obrigações, agora ainda mais. – Comentou sério e cheio de orgulho.

E assim a conversa fluiu, com os garotos contando para o amigo um pouco do que estavam fazendo. Não dava para contar tudo em pouco tempo de conversa, mas mesmo assim eles resumiram o que tinham feito principalmente a história de Bellatriz. Daí em diante o assunto principal girou sobre o mau caráter de Severo Snape, da indignação que ainda sentiam. Cada vez que Hagrid pronunciava o nome do dissimulado professor ficava vermelho de raiva.

-Se ele cruzar meu caminho eu vou achatar ele, vou mesmo. Mesmo que tenha que passar o resto da minha vida em Azkaban. E não me venha com sermão Harry, eu farei isso mesmo você não gostando do resultado. Eu não vou ficar quieto, nisso você pode apostar. Matar Dumbledore... Vê se pode... Depois da mão estendida que ele ofereceu a Snape. No final Harry, você tinha razão... Severo Snape não prestava mesmo.

-É... Eu sempre falei que ele não era o que aparentava ser. E vocês me diziam: “bobagem ele é professor de Hogwarts e Dumbledore confia nele”. Pense comigo Hagrid: o que Snape fez com a primeira chance se foi lhe oferecida a segunda? Você não percebe que sempre existiu algo de errado?

-Tudo bem. Tudo bem. Você estava certo. Mas eu vou pegá-lo, pode apostar nisso. – Falou decidido.

-Não precisará fazer isso. Eu não quero vê-lo em Askaban, Hagrid. Você é meu amigo! Eu mesmo darei conta de Snape e pode levar o tempo que for necessário. Mas ele pagará pelo que fez. – Completou taciturno.

Harry olhou para todos os lados inquieto.

-Que foi Harry? – Perguntou Hagrid.

-Não sei. Uma sensação de estar sendo observado. Estranho.

-Bobagem. Não tem nada aqui que possa nos ameaçar. Foi só impressão, esqueça isso. – Bom, é melhor vocês irem andando. Pelo que sei professor Moody quer voltar para a Sede ainda hoje. Vamos. Eu os acompanho até o castelo por via das dúvidas.

-Hagrid, podemos ir e vir agora a qualquer hora, já se esqueceu? – Disse Harry feliz da vida.

À volta para a Sede ficou a cargo de cada um. Molly e Arthur foram pelo Portal logo após o almoço. Arthur queria se esticar um pouco e esvaziar a mente. Na verdade ele estava bastante cansado, as atividades da Ordem mais as tarefas do trabalho o estavam deixando esgotado. Moody mais despreocupado retornou para sua residência onde passou o restante da tarde observando seu espelho dos inimigos. Os garotos depois de receberem ordem expressa de Moody para retornarem para a Sede às dezoito horas aproveitaram a tarde sobrevoando Hogwarts. Hermione depois de dar algumas voltas na vassoura se enfiou na biblioteca deliciando-se com os velhos e empoeirados livros. Os gêmeos e Lino retornaram ao Beco Diagonal para arrumarem as novas invenções, esperando as vendas que com certeza fariam para a festa da noite do Dia de Ano.

-Foi a coisa mais incrível que aconteceu essa passagem, vocês não acham. – Comentava Neville tão feliz quanto Harry.

-Nem me fale. Poder estar em Hogwarts a qualquer hora é o máximo.

À noite os moradores da Sede receberam a visita de Quim, Tonks, Héstia e Emelina que ficaram sentados na sala de estar conversando sobre as breves férias que tiveram em Hogwarts, o que serviu para deixar todos mais animados.

-Bom, tenho duas novidade não muito agradáveis para dar a vocês. – Começou Quim depois de terem jogado conversa fora despreocupadamente.

-Que foi agora? – Perguntou Arthur já pressentindo algo grave.

-Nada grave. Apenas... Bom... Primeiro é que... Hum... Como Rufo não conseguiu falar com Harry no castelo ficou tão fulo da vida que colocou toda a rede de pó de flu sob vigilância. Ele quer saber onde você se esconde. – Falou encarando Harry.

-Que vigie! – Respondeu calmo. – Podemos aparatar e temos vassouras. E com isso ele só reforça ainda mais minha vontade de continuar longe dele. E me faça um favor Quim, de esse recado a ele. – Pediu. – É o fim da picada ele querer me vigiar.

-Sinto muito Harry, se eu der esse recado a ele, não vou mais poder trabalhar para a Ordem. Ele me colocará a ferros se desconfiar que somos amigos. É melhor ele ficar pensando que vai conseguir descobrir seu paradeiro através da rede de flu. Já foi um trabalho dos diabos eu me justificar por estar em Askaban no dia da invasão.

-Harry, o Ministro é teu fã. – Comentou Tonks divertida. – E bem persistente não?

-Pois está agindo errado! Eu não quero falar com ele. Sei que não vou poder escapar sempre, mas enquanto eu puder evitar, me manterei bem longe dele.

-Segundo. Você não vai gostar Harry. Bem... O pedido de inocentar Sirius Black com as fotografias de Rabinho não resolveram. O Ministro se negou terminantemente a inocentá-lo sem ter Pedro Pettigrew ao vivo e a cores. Mas veja, não é que ele não acreditou nas fotos, ele até ficou impressionado quando as recebeu, mas ele que por que quer o rato para levá-lo a julgamento e jogá-lo em Askaban.

Com a notícia dada por Quim, os amigos esperaram o grito de revolta de Harry. Eles tinham conhecimento do grande desejo do amigo em provar a inocência de Sirius, era ponto de honra para o garoto. Mas a reação esperada não veio, Harry se manteve quieto, com os olhos voltados para o chão.

-Ta. Tudo bem. Esse cara é um idiota mesmo. Um filho da... – Mas parou a palavra ai mesmo quando escutou um “shhh” de Molly. – Mas isso não vai ficar assim. Vou entregar Pedro Pettigrew pessoalmente ao nobre senhor Rufo Scrimgeour, esse projeto de Ministro! É... Parece que esse Ministro é uma cópia do anterior, não é mesmo? E depois ele quer minha ajuda, vai querendo! Mas não vai ter mesmo... Para ele só existe a rua de mão única, a dele.

Apesar da aparente calma, seus olhos verdes estavam brilhando de indignação, os punhos fechados. Era a segunda vez que não acreditavam nele; primeiro foi o covarde do Cornélio Fudge, que mesmo tendo consciência da volta de Voldemort preferiu ignorar o fato por puro medo, gerando com isso uma grande confusão na comunidade mágica, e dessa vez agora.

-Harry, por favor, não vá...

-Fique tranqüila, Hermione. Não vou fazer bobagem, mesmo por que se fizer não vai resolver nada. De que adianta eu ir lá ao Ministério e falar umas verdades para essa besta? Nada. Só vou conseguir ficar mais nervoso e não pensar direito no que tenho que fazer ainda.

-O que nós temos a fazer. “Nós”. – Salientou Hermione.

-Harry. – Chamou Lupin. – Vou te ajudar nisso. Também quero acertar as contas com o Pedro. Você pode esperar? Vamos unir forças, pode ser?

-Pode. – Respondeu Harry lacônico, mas se referindo a primeira pergunta, não à segunda, porém não se preocupou em explicar. – Vamos mudar de assunto, isso é para depois, para muito depois. Vamos nos concentrar em Nagini e na residência dos Riddle agora.

-Quais são os planos de agora em diante, meninos? – Perguntou Tonks interessada na continuidade na procura pelas outras Horcruxes.

-Segundo Hermione teremos que estudar os hábitos das cobras. Tem um monte de livros lá na sala de reunião para descobrimos tudo a respeito delas. Já lemos tudo.

-Será que isso é necessário? – Perguntou a auror na dúvida.

-Acho que sim, Tonks. Olhe, como vamos dar o fim na cobra se não conhecermos os hábitos dos ofídios. – Respondeu Hermione antes de Harry.

-Que mais de diferentes há para ser descoberto além do que vocês já sabem? Em todo caso... – Deixou a frase no ar. Tonks fez uma colocação muito própria, o que deixou os garotos pensando. – Vou embora Lupin, já é tarde.

-Está bem. – Respondeu o namorado acompanhando-a até o jardim para aparatar já que agora não podia mais se utilizar a rede de flu.

Quando Harry chegou para tomar o café da manhã no dia seguinte, encontrou Hermione já estava com o nariz enfiado num livro enorme.

-Já Hermione?!

-Bom dia para você também. Muito que fazer. E você não vai ficar parado não. Pode começar a se mexer. – A ordem era clara.

-Mas Mione, já lemos e relemos esses livros, não há mais nada de interessante. Você já anotou tudo que precisamos.

-Eu sei. Mas agora eu queria descobrir um veneno, ou qualquer outra coisa que pudesse matar a cobra.

-Sei... Mas me diga uma coisa, Hermione? Como você vai fazer para ela engolir o veneno?

Hermione fechou o livro com um barulhão e com a testa franzida.

-É. Essa é a parte mais difícil. Não sei mais o que ler. E com certeza os livros trouxas não trarão nada mais informação do que as que já temos. – Respondeu levando os pergaminhos onde havia anotado os hábitos dos ofídios para a sala de reunião.

“Cobras - Ofídios”. As palavras não paravam de ficar martelando na mente de Harry. Ele não conseguia atinar o porquê. Ele estava deixando passar alguma coisa importante. Um trecho do diálogo com o professor Dumbledore lampejou na sua mente:

“É uma falha de Voldemort que você possa ver seus pensamentos, suas ambições, que você compreenda a língua das cobras e até lhes dê ordens...

Harry não dividira com ninguém seus pensamentos que há dias o deixava preocupado, principalmente as ditas palavras soltas que virava e mexia brilhava em sua mente. O que será que queria dizer? Ele tinha que descobri o seu significado. Sua intuição lhe dizia que essas palavras, era uma chave. Mas chave para quê? “Estou deixando passar alguma coisa”.

O garoto estava na sala de estar da Ordem com um grosso volume sobre répteis nas mãos, achava-se extremamente entretido. Apesar de já ter lido todos os livros, ele virava e mexia lia e relia as informações que já sabia de cor e salteado. Dessa vez ele só olhava a figuras, quando se deparou com uma gravura que já tinha visto ao vivo e a cores.

De repente os olhos Harry ficaram vidrados; ele já não estava mais ali. Seus pensamentos vagaram até o dia em que fora de favor ao zoológico no aniversário do primo. A conversa que tivera com a cobra veio-lhe à mente com uma velocidade espantosa. “Não liga, não. Ele não entende o que é ficar preso aí, dia após dia”. E fez-se a luz. Num milésimo de segundo seus pensamentos, que há dias incomodava, entrava numa sincronia prefeita.

“Compreende a língua das cobras” – Falou o professor Dumbledore.

“Vá ao zoológico” – Falou o espelho.

-O que foi Harry? – Perguntou Rony.

Mas o garoto estava tão entranhado em seus pensamentos que não ouvia a pergunta do amigo. Ele precisava fazer alguma coisa. Simplesmente precisava.

-É isso! – E deu um forte tapa na testa.

-Fala Harry. – Pediu Hermione num tom de voz bem mais alto que o normal. Ela conhecia o amigo o suficiente bem para entender de pronto que os miolos dele estavam funcionando a toda velocidade.

-Mas como não percebi isso antes! – Fala para si mesmo. E sem dar explicações pegou a capa que estava no braço da poltrona e se dirigiu para o jardim seguido dos amigos. Gina preocupada com o que ele podia estar pensando em fazer segurou com força na sua mão.

-Espera... – Pediu Gina. Mas Harry a arrastou para fora da sala de estar.

-Venham, dêem as mãos. Vamos sair agora. Hermione, segure nas mãos de Rony e Neville. Vamos ao zoológico de Londres. Agora. – Mandou.

A próxima visão que tiveram foi estarem numa sala retangular larga e comprida, toda na penumbra onde se observavam grandes janelas envidraçadas e iluminadas.

-Aqui. – Disse puxando Gina pela mão. – Foi aqui que conversei pela primeira vez com uma cobra.

-Mas o que estamos fazendo aqui? Nós não deveríamos estar aqui sozinhos. Moody, meu pai e professor Lupin, vão ficar louco da vida com você. – Alertou-o Gina.

-Eu sei, mas isso é mais importante agora, depois explico tudo para eles.

-Que estamos fazendo aqui, Harry?

-Quero conversar com uma cobra?

-Pra quê? – Perguntou Rony.

-Bem pensado, Harry. – Disse Hermione. – Poderemos juntar o que lemos com as informações que você conseguir aqui. – E começou a andar de janela em janela procurando o viveiro das cobras, pois em cada janela havia um espécime de réptil diferente.

Cada um foi para um lado.

-Aqui Harry. – Chamou Neville.

Harry se aproximou da janela, e em língua de cobra conversou com uma cobrinha cor de preta e laranja toda enrolada em si mesma.

-O que? Ela então está aqui?

-Elesss a recapturaram. Ela essstá presssa sozinha num viveiro só dela. Elesss acham que é perigosssa, já fugiu uma vez, ssssabe. Perigosssa sssou eu! – Gabou a cobra-coral.

-Obrigado. – E se afastou a procura do cativeiro da cobra. Encontro-o no final do grande corredor.

-Ola, lembra-se de mim? – Perguntou a cobra que ocupava sozinha um lugar só seu.

-Lembro, foi você que me libertou. Masss me prenderam de novo. – Contou a cobra. – O que você faz aqui?

-Vim conversar com uma cobra, mas não esperava encontrá-la aqui.

-É. Não deu tempo para fugir. O que você quer?

Harry foi direto, não tinha tempo para sutilezas.

-Como posso matar uma cobra?

-Ah! Então você é o menino que sssobreviveu! Bem que desssconfiava de alguma coisssa; nenhum humano jamaisss falou comigo antesss. Naquelesss diasss que fiquei longe deste lugar ouvi muitasss históriasss sssobre você. Você é famossso, sssabia?”

-Eu sei. Mas você pode me ajudar?

-Possso. De um rato com veneno para ela comer. Masss ela é esssperta, fiquei avisssado. Ela não comerá nada que lhe ssseja dado por você. Masss você vai precisssar esssperar, ela sssó sssairá do calor da casssa quando o sssol aparecer.

-Mas você sabe de qual cobra estou falando?

-Sssei. Asss cobrasss me contaram sssua hissstória. Ssse eu essstivesse longe daqui poderia te ajudar.

-Como poderia? – Espantou-se Harry.

-Sssou macho e ela é fêmea. – Respondeu a cobra simplesmente.

-Mas você não sabe onde ela mora!

-Não ssseria difícil descobrir. Na mata ssse tem muitasss informaçõesss.

-E como eu te encontraria depois?

-Fácil dar um jeito nissso. Possso ir para aquela essscola onde você essstuda e te esssperar.

-Você está bem informado. – Harry mudou o tratamento depois de descobrir que a cobra era macho, o muito agradou a cobra.

E com um aceno de varinha a cobra sumiu de onde ficara confinada desde que nasceu.

-Você ta louco, Harry? – Reclamou Rony. – E se alguém perceber?

-Bom, então vamos dar o fora daqui rapidinho, não é mesmo. – Respondeu Harry sem estar realmente preocupado.

Tal como Gina havia previsto, quando retornaram à Sede, Harry levou uma bronca homérica de Lupin.

-Ta bom. Mas eu precisava ir, e não podia ficar esperando. Além do mais não aconteceu nada de grave. E briguem comigo não com eles. – Disse apontando para os amigos. – Fui eu que cismei em sair, certo. E agora escutem... - E contou para os demais o que havia descoberto.

***

16 de janeiro

Por mais que Harry brigasse, discutisse, argumentasse ele não conseguiu dissuadir os integrantes da Ordem da Fênix de o acompanharem até Little Hangleton.

-Que é? Vocês estão querendo chamar a atenção de Voldemort, é? Os comensais que devem estar andando por ai me procurando por toda parte e vão nos ver e pior, vão... – Não conseguiu terminar a frase.

-Harry de uma vez por todas, pára com essa mania de querer fazer tudo sozinho! Não adianta, a Ordem vai com vocês é ponto final. Já conversamos, estamos todos juntos nessa empreitada. Chega de discussão. Não estou entendendo essa sua obsessão, sinceramente. – Resmungou Alastor.

-Olha... Não é egoísmo nem nada professor. Mas se tiver que acontecer alguma coisa que aconteça comigo e com mais ninguém, é só isso. – Respondeu com sinceridade.

-Porque você tem andado tão estranho? – Perguntou Lupin com calma.

-O fato é que tenho medo que mais alguém morra. Estou cansado de ver as pessoas morrem por minha causa.

-E posso perguntar por que todo esse medo agora, se até então fizemos tudo junto?

-Não saberia explicar. Eu tenho medo sim. Estou me sentindo muito desconfiado ultimamente. Em Hogwarts senti como se alguém tivesse me observando. – Contou.

-Sinceramente Harry, você já deveria ter entendido que somos uma família. – Disse Fleur, numa de suas raras exposições de opinião. Ela não era de muito falar, se limitava a desempenhar suas tarefas e pouco errava.

-Bem, ninguém morreu por tua causa. Morreram pela determinação do Lord das Trevas em te pegar. Você não colocou ninguém em perigo, tudo foi conseqüência e entenda isso de uma vez por todas. – Disse Lupin.

Harry achou melhor não discutir mais sobre quem morre por quem. Era verdade que a culpa nunca fora dele. Primeiro foi Snape, que ouvindo parte da profecia saiu correndo como uma velha fofoqueira para contar o que escutara para Voldemort, e depois Rabicho que fraco e covarde traíra seus pais. A partir daí Voldemort começou a persegui-lo. Ficou pensando um bocado de tempo no título que o jornal lhe chamava agora – “O Escolhido”. Escolhido de quem e pra que? Escolhido do Lord, ou escolhido para acabar com o Lord? “Ah! é tudo a mesma coisa!” – Finalizou o pensamento.

Hermione estava entretida num livro que pegou da mesinha de cabeceira de Harry e junto com Gina treinava uns feitiços simples, porém muito úteis para situações de emergência.

-Precisamos passar para os meninos esses feitiços. Esse feitiço das unhas dos pés crescerem anormalmente rápido poderá ser muito útil numa situação difícil, e o das sobrancelhas pode atrapalhar a visão.

-Imagine o tormento dos comensais agoniados sentindo as botas repentinamente apertadas demais para darem um passo. Ia ser hilário! – Riu Gina.

As garotas agora explicavam para os garotos a utilidade das azarações simples, mas que poderiam dar bastante resultado. Neville se encantou com as explicações e citou o feitiço da troca que fizera com um dos comensais no dia que foram em Askaban.

-Sabe, deu resultado imediato. O feitiço da troca assustou o “coisa ruim” que saiu correndo me dando sossego. – E riu. – As mãos dele foram parar no lugar das orelhas. Ficou muito engraçado.

-Quer dizer então Hermione, que você sucumbiu aos ensinamentos do Príncipe Mestiço? – Brincou Harry com a amiga.

-É. Quer dizer... Bom, o cara é inteligente não é mesmo? Bom, estamos numa briga feia, então suponho que não fará mal se os atacarmos com as mesmas armas não é? Mas pensei numas possibilidades que talvez eles não usem. Por exemplo, enquanto um lançar o feitiço para as unhas dos pés, o companheiro pode usar o aguamenti, ou o da troca, o resultado pode ser ótimo. E esse recurso, eu chamo de feitiços combinados, pode ser muito útil.

Hermione achava utilidade para os feitiços mais simples. Garota esperta, a Hermione!

Recostados nas poltronas, Arthur e Lupin observavam a conversas dos jovens e os treinamentos que praticavam.

-Hermione, você esta coberta de razão. Acredito que os comensais não pensam em atacar em duplas, eles se acham muito auto-suficiente para combinarem feitiços. Muito bem, façam sugestões de feitiços que podem ser utilizados em conjunto e treinem. Não se esqueçam dos gêmeos e de Lino, as idéias deles... Bem, vocês sabem. – Sugeriu Arthur risonho. – Inclusive eu acho que todos você deveriam usar o utilíssimo Chapéu Escudo.

-É, não faria mal nenhum, e nos ajudaria um bocado. Será que não conseguiríamos aumentar a capacidade do escudo, agora que sabemos fazer o Protego Plenus?

-Falem com os gêmeos sobre isso, se for possível ele com certeza darão um jeito.

-Ta. Então vou até lá e já volto. – Disse Harry.

-Vamos junto com você, assim explicamos melhor. Não vamos demorar.

Mas votaram decepcionados.

-E vocês acham que já não pensamos nisso? Tentamos de tudo e nada do chapéu aceitar o Protego Plenus.

Na manhã seguinte como muito jeito Harry conseguiu convencer a Hermione que não podiam mais esperar para ir a Little Hangleton mesmo com o tempo feio e frio que estava fazendo ultimamente.

-Hermione, nós vamos aparatar, então tanto faz o tempo estar frio ou quente. Pense bem. Quanto mais cedo a gente conferir o que tem lá melhor é para nós. Olha... Pode não ter nada lá, e ai que vamos fazer? Vamos ter descobrir onde vamos procurar a Horcrux. Não podemos perder tempo.

-Harry tem razão Mione. Caso não achemos nada por lá, vamos descobrir onde você-sabe-quem pode ter escondido as Horcruxes. – Argumentou Gina.

Hermione soltando um profundo suspiro se deu por vencida. De um certo ponto de vista Harry estava coberto de razão. E se não encontrasse uma das Horcruxes no casarão?

-Ta, ta, ta bom Harry. Então vamos quando?

-Agora. – Informou se pondo em pé.

-Agora? Mas é sábado, Harry!

-E daí? Tanto faz ser sábado como terça-feira, é tudo a mesma coisa. – E saiu do quarto a procura do senhor Weasley deixando com cara de espanto os quatro amigos.

-Hum... Senhor Weasley, vamos à casa dos Riddle agora. O senhor pode chamar o pessoal da Ordem?

-Agora? O pessoal? É posso. – Respondeu se levantando coçando a careca com poucos cabelos.

-É.

-Por que agora Harry?

-Quanto antes melhor, senhora Weasley.

Não demorou muito e os amigos da Ordem da Fênix começaram a chegar à Sede. Mostravam-se excitados. Para espanto de Harry o grupo estava formado por quase 20 amigos, e pelas feições que demonstravam estar muito interessados em ir e o mais importante, felizes e ajudar o menino que -sobreviveu. Deram um monte de palmadinhas nas costas do garoto.

Moody e Lupin tomaram a frente da organização, informando que deveriam aparatar no cemitério do lugarejo onde ficava a residência dos pais de Tom Riddle. Com o consentimento de Harry usou da penseira para ser mais preciso nas orientações apontando exatamente o local. Ninguém deveria deixar o cemitério se o grupo não estivesse completo. Orientou os gêmeos e Lino para ficarem de olho em Neville que tinha agora o chapéu-escudo na cabeça. Os gêmeos estavam excitados como crianças e não paravam de fazer piadinhas.

-Se vocês fizerem alguma coisa errada eu torço o pescocinho de cada um dos três. – Esbravejou Arthur desconfiado com a animação dos três companheiros de traquinagem.

-Fique tranqüilo, papai. Não vai precisar fazer isso. Cadê Gui e Fleur? – Perguntou Jorge dando por falta do irmão mais velho e da cunhada.

-Não chegaram... – Ah! aí estão vocês! Por que a demora?

-Coisas do Gringotes. – Respondeu Gui sem se ater a detalhes.

-Estamos demorando muito. – Reclamou Harry. – Vamos embora logo.

Depois de uma rápida explicação para o jovem casal dos procedimentos adotados que deveriam seguir aparataram para o cemitério.

Aparataram no cemitério de aspecto sinistro coberto de neve, não havia sinais aparentes de nenhum tipo de vegetação. Os túmulos altos de cor cinza e sujos eram mal cuidados, grandes estátuas cadavéricas os ornamentavam, algumas delas seguravam enormes foices assustadoras que ultrapassavam bem acima das cabeças. Harry parou em frente a um desses túmulos e ficou parado olhando a inscrição.

-Foi aqui Harry? – Perguntou Gina se aproximando do namorado junto com os demais que prestava atenção no curto diálogo que se iniciava.

-Foi. Rabicho me amarrou aqui e Nagini ficou rastejando em volta do túmulo o tempo todo em que estive amarrado. É o túmulo dos pais dele. Eu estava com muito medo, todo meu corpo tremia por dentro. – Harry andava pelo cemitério mostrando para todos o que havia vivido no final do Torneio Tribruxo. – Cedrico estava caído bem aqui, e a Taça jogada logo ali adiante. O caldeirão gigantesco, Rabicho arrastou para cá. – E assim Harry foi descrevendo para os amigos os horrores que passou naquele princípio de verão a três anos, da sofrida maldição cruciatus e que resistiu a imperius. Finalizou apontando para uma construção muito grande. – Aquela casa lá, é onde eles moravam.

Harry não havia percebido que a mão de Alastor Moody estivera pousada em seu ombro o tempo que durou sua narração.

-Certo Harry. Essa é só umas das razões pelas quais eu te admiro. Não sei se você sabe, mas para conseguir resistir à maldição Imperio, é preciso força de caracter real, e nem todos a possuem, não se adquiri, ou se tem ou não tem.

Molly chorava mansamente imaginando a tortura que o garoto, então com só 14 anos havia sofrido. Ela se questionava como alguém tão jovem que sofria tanta pressão, conseguia manter a conduta tão honrada; talvez outro no lugar dele já tivesse sucumbido para o lado das trevas ou mesmo morrido de forma trágica.

Sem que ninguém conduzisse, e como houvesse um acordo tácito o grupo dirigiu-se à mansão que era avistada do cemitério silenciosamente, deixando na neve dezenas de pegadas.

Depois que o jardineiro fora achado morto em circunstâncias que não puderam ser apuradas pela polícia local, o atual proprietário não mais se importou com o casarão. Se há três anos a trás o estado da casa já era lastimável, agora parecia ser mal assombrada. O medo tomou conta da população vizinha. Ninguém da aldeia se atrevia a andar pela estradinha na frente da casa. O fato é que todos os vizinhos se mudaram para locais mais distantes, pois era freqüente ouvirem barulhos e gritos e uma estranha luminosidade tremulante às vezes era vista nas janelas mais baixas.

O interior da casa não podia ser mais aterrador. A neve que entrava pelas janelas quebradas sem proteção se acumulava no chão em pequenos montes. O vento espelhava neve por tudo quando é lugar se misturando com folhas secas. Pingentes de gelo pendiam dos lustres como pequenos e brilhantes estalactites.

O grupo parou no que anos atrás teria sido o hall de entrada da casa da rica família. Atravessaram o hall entrando na grande sala de estar. Os poucos móveis que ainda existiam no ambiente estavam corroídos pelo tempo e quebrados, mas indicava a suntuosidade da decoração.

-E agora, por onde começamos? – Indagou Arthur.

-Bom, vamos fazer o lógico, revistar os aposentos. Acho que para irmos mais rápido poderíamos nos separar. Que vocês acham? – Sugeriu Harry.

-Ta... Então como Rony, Gina, Hermione já participaram de algumas buscas, cada um deles fica num grupo ajudando e orientando na procura do Horcrux. Caso achem alguma coisa que possa ser suspeita avisem Harry. Entenderam? – Instruiu Lupin.

Os integrantes dos grupos foram se divididos ao acaso, formando quatro equipes, e cada uma delas seguindo direções diferentes.

***

Parados no meio de uma escada em degraus duvidosos duas pessoas vestidas da cabeça aos pés de preto mantinham uma conversa desagradável.

-Venha cá! Estou mandando.

-Que você quer agora? Você não consegue me deixar em paz?

-O Lord mandou que você fosse bem treinado. Não abusa da minha boa vontade.

-Prefiro ser treinado por MacNair. Você não sabe de nada. O Lord só te dá missões fracas, sem importância. Nott é que comandou a invasão a Askaban para libertar meu pai. Você foi só mais um.

-Eu fui importante na soltura dos nossos companheiros presos e o Lord sabe disso.

-Foi nada! Não sei como você ainda está vivo depois do que você fez! Você acha que o Lord vai te perdoar? Vai pensando!

-Já te disse que fiz o pacto perpétuo. Não podia deixar de cumprir. Você conhece as leis da magia. Além do mais, sua mãe sabia que você era um fraco, por isso me pressionou para fazer o pacto.

-Pára! Você é um nada. Me deixe, ok? Estou cansado de você no pé a toda hora.

-Estou no comando aqui agora, portanto é melhor me obedecer.

-E dai? Isso não muda o que penso de você. Foi manipulado e nem se deu conta disso. Você está acabado!

-É mesmo? E como você acha que eu sobrevivi a todos esses anos? – Perguntou já com a paciência passando dos limites.

-Sobreviveu por que é mais falso que uma cobra. Sempre só pensou em salvar sua pele. Não acredito em você, e minha tia Bellatriz também não. Sabe de uma coisa Snape? Você faria um belo par com Nagini. – Disse malcriado.

-Eu sobrevivi por que sei representar. Durante esses anos me desdobrando, pensa que é fácil? Você precisa aprender muito, muito. Eu representei sim, mas para poder levar para Lord Voldemort as mais variadas informações que acumulei durante todos esses anos que estive encoberto sob o manto do arrependimento. Você não sabe de nada. – Respondeu Severo irritado com a ousadia do mini comensal da morte. – Você é fraco, tão fraco que ficou com a varinha apontada para Dumbledore e não o matou. Tremendo com uma criança! Eu fiz! Eu fiz... Eu o matei no seu lugar seu ingrato.

-Eu sei que foi você que fez, não precisa ficar jogando isso na minha cara. E se é tão fiel ao Lord por que não foi resgatar meu pai de Askaban quando ele foi preso. Potter. – Cuspiu o nome. – Sempre o Potter. O Potter consegue meter meu pai na cadeia e você não fez nada. Sai pra lá, me deixe cumprir com as minhas obrigações. – Reclamou fazendo um gesto com as mãos como se estivesse espantando para longe uma mosca impertinente.

-É, como? Deixando que me pegassem também? Que utilidade eu teria sendo preso?

-Bem, agora você não tem nenhuma utilidade, não é mesmo? Nem participa das reuniões que o mestre faz com meu pai e com os outros. Será que isso não quer te dizer nada? - Ouvi a conversa interessante que o Mestre teve com meu pai sobre o porquê você não contar nada. – Disse gozando na cara do ex-professor.

-Que conversa? Você está ficando bom em escutar atrás das portas não, moleque? Não me de as costas Draco. Você me deve respeito. – Snape estava indignado por ter perdido o respeito de Draco. Aliás, ele não tinha o respeito de mais ninguém.

O mundo que Serevo Snape havia construído ao longo dos anos estava ruindo aos seus pés sem que ele pudesse fazer coisa alguma para impedir. A situação de Snape não era das mais confortáveis, Voldemort mostrou claramente sua insatisfação com o comensal espião e ele fora relegado a um mero fazedor de tarefas como um cachorrinho bem treinado de seu Mestre que atende ao seu dono ao menor sinal.

-Vou contar coisa nenhuma, pergunte ao Mestre se deseja tanto saber. E eu não te devo nada. – Respondeu soltando faíscas pelos olhos.

De repente Snape puxa Draco com brutalidade tampando-lhe a boca com a mão, e falando no ouvido do garoto num sussurro.

-Cala a boca seu moleque. Tem mais alguém na casa. Vá chamar os outros, corra.

Draco Malfoy ficou branco; com um gingar de corpo se soltou das garras de Severo.

-Que gente o que! Não pode ter mais ninguém aqui, é simplesmente impossível! Pelo que sei o Lord ocupa essa casa há anos e nunca veio ninguém xeretar aqui.

-Mas parece que tem gente dentro da casa sim. Ouça o barulho. Vá chamar ajuda. Vá logo! – Mandou Snape, empurrando o garoto de cabelos louros platinados cuidadosamente penteado para trás.

-Que ajuda o que? – Falou impulsivo. – Deve ser só crianças da redondeza. Deixe de ser ranzinza. Vá você ver quem é, eu é que não vou. – Falou sentindo o sangue latejar nas têmporas e seguiu seu caminho para terminar o que tinha a fazer.

***

A cozinha era um aposento quadrado, as paredes eram manchadas de preto, muito provavelmente pela fumaça que era expelida pelo antigo fogo. Harry, Alastor, Fleur, Héstia, Minerva e Edgar Bones vasculhavam a arcaica cozinha do casarão que tinha uma infinidade de gavetas e portinholas. Verificaram todas elas, encontram uma variedade imensa de talheres oxidados, pratos lascados e tachos amassados. Insetos peçonhentos fixaram ninhos nos cantos cheios de buracos dos armários velhos. Não encontraram nada que Voldemort se interessasse.

Rumaram a passos largos para a sala de jantar, vizinha a cozinha. A sala de jantar era um ambiente de grandes proporções, havia duas grandes janelas por onde passava a luz natural. Pela observação Harry pensou que antigamente deveria ter sido um lugar de grande requinte, onde com certeza os Riddle deveriam fazer as fartas refeições. As paredes rachadas mostravam agora a decadência da mansão. Passaram em revista todas as paredes e assoalho. Não havia esconderijo nenhum. Alias nada havia na sala.

-Aqui não tem nada. – Informou Harry os companheiros se dirigindo para um outro cômodo.

-Potter? – Harry ouviu uma voz assustada.

O coração de Harry deu um salto dentro do peito, ele se retesou todinho ao escutar a voz arrastada e arrogante. Teriam encrencas.

-Malfoy? – Respondeu sério.

-Eu. – Respondeu o garoto platinado com um meio sorriso brilhando nos dentes perfeitos e brancos. – Interessante não? – Draco estava longe de sentir a calma que fazia força para demonstrar na voz. Seu sangue corria veloz nas veias.

-Muito. Temos nos encontrado muito ultimamente, e isso não me agrade nem um pouco. Que faz aqui Malfoy? Está se escondendo dos aurores e resolveu se entocar nesse fim de mundo?

-Isso não lhe interessa. Só lhe interessa agora que estou com você na minha mira e que vou te dar o troco por tudo que você fez a mim e a meu pai. Solte a varinha.

Harry deixou a varinha cair no chão, era melhor soltá-la do que provocar mais problemas.

-Troco? Troco por seu pai ser um comensal da morte! Ora, Malfoy, vê se enxerga. Você continua patético, um perfeito palhaço, o que não deveria me surpreender.

-Potter... Se você mexer um músculo eu acabo com você. – Os olhos claro do garoto cintilavam.

-Malfoy, estou vendo sua mão tremer? – Provocou Harry. – Sim, estou sim. Você está com medo... Nossa, que grande novidade!

-Cale a boca, Potter.

Fleur caminhou devagar para perto de Harry, seus longos cabelos loiros claros estavam se agitando sem nenhuma brisa. McGonagall segurou a moça pelo braço. Com força, Fleur puxou o braço numa clara atitude de: “Me deixa”. Porém, Minerva mais uma vez a segurou com mais firmeza e sussurrou: “Quieta menina”.

-Fique quieta onde está veela. – Mandou com voz tremula.

Olho-Tonto sabia do perigo que Harry desarmado estava correndo como alvo daquele principiante a comensal, que a qualquer momento podia se descontrolar e fazer alguma besteira, se manteve onde estava imóvel por um momento analisando a situação.

-Deixe disso menino. Seu pai recebeu o que merecia e vai acontecer o mesmo com você, portanto se aquiete ou Askaban poderá ser seu próximo endereço. Abaixe essa varinha menino é a melhor coisa que tem a fazer agora. – E caminhou sem medo para se postar ao lado de Harry.

-Cala boca velhote gaga, fique onde está! – O suor escorria pelo rosto da doninha branca. Ele temia que Olho-Tonto pudesse acabar com ele num minuto. Precisava sair dali imediatamente, mas como?

Edgar que não tivera tempo de entrar na sala de jantar se manteve encostado na parede, nem respirava, estava pronto para agir. Que estaria fazendo Draco Malfoy filho de Lucius na casa dos Riddle? “Acho melhor ir buscar ajuda”. – Pensou. Aparatou em vários ambientes sem localizar ninguém, a casa era grande em algum lugar com certeza estavam. Localizou o grupo de Carlinhos e Lupin no último piso vasculhando atrás da parede aos pedaços.

-Tem gente na casa... Draco Malfoy... na sala de jantar. – Comunicou sem muita cautela, mas falando baixo. Foi em busca de Gui.

-Vamos. Sem tempo a perder. Se tem um comensalzinho tem os comensalzões também. – Falou Carlinhos já de varinha em punho.

***

-Draco. Mandei você ir buscar ajuda. Vá agora. – Mandou Snape com olhar duro para o garoto que virou as costas não precisando de nova ordem. Conseguira sair da sala de jantar onde estava o temido Olho-Tonto.

O coração de Harry deu um salto no peito quando ouviu a voz do odiado professor.

Draco aparatou para junto dos outros comensais estavam. E falou – “Vão para a sala de jantar ajudar Snape, tem gente na casa”. Mas ele mesmo não voltou para junto de Snape.

***

-Harry Potter. Mas que prazer em revê-lo. – Cumprimentou Severo com ironia. – Minerva, Fleur, Moody, Héstia, estão em viagem de veraneio? – Perguntou com a falsidade plenamente reconhecida na voz.

-Severo! – Exclamou McGonagall. – Você deveria ter vergonha do comportamento que teve com alguém que sempre te ajudou. – Disse a professora que indignada não conseguiu se manter calada.

-Por Merlin! Eu sonhei com isso. Sonhei em te pegar Potter e agora o tenho nas minhas mãos. Sabe Potter, você será minha tábua da salvação. – O antigo professor não deu atenção para a reclamação de Minerva. – Por Merlin! Como pedi por uma nova chance!

Já não bastava Draco estar na casa agora tinha Snape frente a frente, e com Snape a conversa era outra; de Draco ele poderia se virar facilmente, mas pensando bem podia da conta de Severo também.

-Que foi? Vai me usar para quê agora? Não consegue mais se safar sozinho? Sempre desconfie de você. Você não presta!

Alastor deu um passo.

-Fique onde está Olho-Tonto. – E voltou-se para o odiado ex-aluno. – Desconfiou nada, eu soube me fazer conveniente para Dumbledore. Vou te matar agora e entregar ao Mestre.

-Não, vai não. Vai ter que entrar na fila Snape, tem um monte de gente na tua frente que quer me matar. Primeiro a fila tem que andar até chegar a sua vez. E eu vou resistir, sinto muito. – A pulsação de Harry começou a voltar ao normal. Ele pensava freneticamente numa forma de conseguir ir buscar ajuda.

-Sempre com a palavra na ponta da língua. Pensei que com a maior idade você tivesse ficado mais prudente, Potter. Potter? Mas o que eu leio! Você quer ir buscar ajuda? Ah! Como é gratificante sabe que você não aprendeu oclumência. Alias você não aprendeu nada.

Harry se assustou quando ouviu a resposta de Snape, ele havia entrado sua mente. Tinha que esvaziar a mente de qualquer forma e se concentrou nisso com todas suas forças.

-Foi interessante te ver alegre como uma criança em Hogwarts no Natal. Você reuniu todos no castelo não Minerva? – Disse se digerindo a professora Mcgonagall. – Confesso que fiquei emocionado. Que cenas comoventes assisti! – Finalizou cínico.

-Que você foi fazer lá Severo? Você não faz mais parte de nossa escola. – Respondeu Minerva indignada com a ousadia do antigo professor.

-Precisava de uns ingredientes e fui buscar na minha sala.

-Você não tem sala em Hogwarts. – Berrou Harry.

-Cale a boca moleque odioso. Não me provoque ou morrerá antes que eu possa saborear um pouco mais a minha vingança. Ah! Você está me odiando! Como é bom saber disso.

-Não, eu não te odeio. – Respondeu Harry sentindo uma onda de segurança invadir todo seu ser. Conseguiu esconder o que sentia pelo ex-professor.

-Não? Mas que surpresa! Vai me dizer que me ama? – Perguntou Snape surpreendido com a resposta do garoto.

-Também não. Para mim você é ser desprezível e insignificante, é menos que o nada. – Disse Harry sério olhando tão profundamente nos olhos de Severo que sentiu dificuldade em sustentar o olhar que recebia do garoto. Sem saber Harry havia atingido o professor no ponto mais profundo de sua sórdida vida.

-Sectusempra! Sectusempra! – Gritou duas vezes o odiado Snape movimentando varinha em direção ao rosto e peito de Harry.

A face de Harry era uma mancha de sangue só. Ele tentava parar o sangue com as mãos, mas quando as encostava ao rosto a dor era lancinante por causa da carne exposta. Um outro corte profundo abriu-se no peito de Harry rasgando as roupas e deixando uma feia ferida que sangrava profusamente. Imediatamente as forças do garoto começaram a lhe faltar, sem que quisesse seus joelhos se dobraram. Moddy se ajoelhou ao lado do garoto amparando-o para que não desmoronasse no chão.

-Caído de quatro na minha frente Harry Potter. Uma cena que cultivei na minha mente.

-EU VOU TE PEGAR SEVERO SNAPE! VOCÊ PASSARÁ OS ÚLTIMOS DIAS DE SUA MISERAVEL VIDA EM ASKABAN! – Berrou Harry com as últimas forças que tinha, seu rosto distorcido pela dor. Dor física, pelos cortes sofridos e pela dor da perda do professor Dumbledore reavivada na frente de seu assassino.

Mas a felicidade de Severo em ver o garoto tão odiado esvaindo-se em sangue na sua frente durou poucos instantes. Uma varinha forçou seu pescoço com tanta firmeza que lhe furaria a jugular ao menor movimento. O comando da situação que até então ele saboreava vitorioso mudou, ele fora subjugado pelas costas.

***

Carlinhos Weasley não soube o que aconteceu, num momento achava-se para estuporar Draco pelas costas, no outro estava de caído de cara no chão duro de pedra gelada, fora estuporado pelas costas por Severo que seguira Draco.

Gui, depois de avisado por Lupin e Edgar aparatou para perto da sala de jantar a tempo de ouvir Carlinhos cair no chão com um baque surdo.

-Enervate. – Você está bem? – Perguntou muito baixo estendendo a mão para o irmão.

-Acho que ‘to. – Respondeu aos sussurros.

Remo, Gui e Carlinhos ficaram uns segundos ouvindo a conversa encostados a parede até poderem agir. E a ação começou com Gui surpreendendo o rançoso Severo.

-Chega Severo. Desfaça o feitiço agora mesmo se não quiser que te aconteça coisa pior. ANDA SEVERO, faça o que estou mandando. – E gritou Gui dentro dos ouvidos fedidos do comensal. – AGORA SEU IMBECIL!

O grito ecoou com tal altura dentro de seu cérebro, que o odiado ex-professor espremeu os olhos com o som ensurdecedor retumbando dentro de seu ouvido.

-E por que eu deveria curar esse maldito menino?

-Por quê estou mandando, só por isso. – Disse Gui aumentando a força da varinha na garganta do Severo.

Muito contra a vontade e sob o olhar de desprezo dos presentes ele murmurou movimentando a varinha: Natura sarat, medices curat.

-Mais alto. – Tornou a mandar Gui.

-NATURA SARAT, MEDICES CURAT. Pronto, satisfeito?

-Estou. – Respondeu Gui, mas não afrouxou a pressão da varinha.

Afastando Moody sem muita delicadeza, Minerva e Héstia correram para junto de Harry erguendo-o do chão encharcado de sangue e molhado pela neve que derretera sob seus joelhos. As feridas se fecharam, mas ele estava fraco demais por causa da perda de sangue e necessitava de cuidados imediatos. Seu rosto e peito ainda mostravam as cicatrizes produzidas pelo feitiço.

-Muito interessante o contra feitiço: "A natureza cura, o médico trata". Desde quando você faz parte da natureza ou é médico, Severo? Mas uma demonstração de prepotência? Claro que é! Mas vou acabar com sua soberania, vou publicar este feitiço no Profeta Diário.

-Você não ousaria! – Rosnou Severo Snape.

-Não gostou da sugestão? Que pena!

Gui se regozijava com as expressões faciais que o seboso fazia.

-Ouça o que vou te dizer Snape. – Harry falava arfando. – Você será entregue ao Ministério da Magia vivo ou morto. Mas será.

-Você não pode comigo Harry. – Respondeu o odiado ex-professor com prepotência para o garoto, mesmo com a varinha de Gui quase perfurando seu pescoço.

-Não? Isso nós vamos ver. – Harry retrucou.

Os gritos que Gui dera anteriormente foram tão altos que todos outros que procuravam uma das Horcruxes correram para ver o que acontecia.

Gui, por causa da entrada intempestiva do restante dos integrantes da Ordem na sala de jantar afrouxou levemente a varinha, foi o bastante para que o vilão aparatasse.

-Minerva, leve Harry para a Sede, Gina vá junto, assim ele ficará mais calmo. Levem os garotos também.

Carlinhos agarrou os garotos pelos braços...

-Nós não vamos. Vamos ficar e lutar. – Foi a resposta uníssono que ouviram.

-E não somos crianças! Vê se para com isso. Que coisa mais chata! – Reclamou Jorge.

-Vamos procurar onde esses infelizes estão se escondendo. – Tomou a iniciativa Emelina. – Estamos perdendo tempo.

Seguiram procurando por todos os aposentos com varinhas nas mãos e tomando cuidado redobrado. Chegaram até uma escada de madeira, no final dela uma réstia luz bruxuleante brilhava por de baixo de uma porta. Desceram com cuidado. Mas, a cada passo a maldita escada rangia mais que os degraus bichados das escadas de Hogwarts. Mesmo assim continuaram descendo até o último deles. Pararam perto da porta...

-Onde está o Draco? – Ouviram Snape perguntar com voz abafada para alguém que respondeu.

-Não sabemos. Ele nos mandou ir ajudá-lo, mas achamos melhor ficar aqui e cuidar dele.

Empurraram a porta sabendo o que viria, mesmo assim enfrentariam a situação. Emelina que era a primeira ficou deitada no chão, estuporada. Hermione com as pernas dançantes procurava a varinha que escapara de sua mão. Rony, vitima do Petrificus Totalus não consegui mover um músculo sequer, mas seus olhos giravam em todas as direções registrando o que acontecia a sua volta. Fleur presa por cordas invisíveis lutava alucinadamente para se ver livre delas. Fred caído de bruços, duro com um dois de paus, preso com o feitiço das pernas presas. Lino dependurado pelos tornozelos suspenso no ar, lutava incessantemente com a capa que cobria sua visão. Lupin correndo logo atrás foi consertando cada um dos atingidos.

Alastor, apesar da perna de pau conseguiu se desviar de todos os feitiços que lançavam em sua direção, Neville com seu chapéu-escudo ajudava a tacar. Molly tomada por uma força que não conhecia dentro de si, com o estupore plenus mandou um dos comensais de encontro à parede do porão, que ficou desacordado no chão.

Severo cobria com o corpo alguma coisa que deveria ser muito secreta que estava em uma mesa preta, ladeado pelos outros três comensais da morte que não paravam de atacar. Uma chuva de feitiços e contra feitiços tomou conta do pequeno porão. Mas como estavam em menor número não davam conta de todos os feitiços que voavam em direção a eles, os aovardes, aparataram levando a reboque o colega desacordado, deixando Severo Snape numa situação mais que periclitante.

-Saia daí Severo. Você perdeu. – Rosnou Moody ameaçadoramente.

-Você só passa por cima do meu cadáver Moody.

-É isso que você quer que eu faça, não? Mas, não, não vou te matar. – Foi a última coisa que Severo conscientemente ouviu.

-IMPERIO...

Senero Snape parou, olhos vidrados, expressões vazias, os braços largados ao longo do corpo segurando a varinha inútil apontada para o chão; ficou estático no mesmo lugar a mercê que qualquer ordem que lhe dessem.

-Afaste-se Severo. – Mandou Lupin, que foi atendido sem contestações.

Docemente Snape afastou-se da frente da mesa onde estava parado deixando que todos vissem quem ali se encontrava.

Foi com espanto que reconheceram a pessoa sentada à mesa que continuava a executar sua tarefa alheio ao que acontecia em sua volta. Na verdade ela não se dera conta nem que havia outras pessoas por perto.

Quim com gestos firmes foi abrindo passagem entre todos que estavam parados pasmos na porta do porão chegou perto da pessoa.

***

03/03/2007 - 16h00

Atrasei, eu sei, mas é que o capítulo não estava me agradando de jeito nenhum. Acho que agora ficou mais emocionante. Espero que vcs aprovem.

Manu Riddle, Lili Coutinho, Gina, Amanda Regina, Sô, Lili Coutinho, como sempre meus sinceros agradecimentos por marcar presença na fic.

Meus []s e {}s para todos os leitores.

McGonagall



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