Os esclarecimentos



8 – Os esclarecimentos

Noite de 16 de agosto.

Naquela noite Harry sabia que iria ser alvo de muitas perguntas. Os membros da Ordem começaram a chegar logo após o jantar e se acomodavam em volta da mesa na pequena cozinha da casa dos Weasley. Molly servia litros de suco de abóbora gelado magicamente para refrescar a todos. Estava uma noite excepcionalmente quente.

Moody estava com cara de poucos amigos e trazia uma ruga que teimava em não sair da testa. Respondia as perguntas com monossílabos, isso quando respondia.

Lupin sentou-se na cadeira ao lado da de Harry.
- Harry, Gui nos contou o que vocês conversaram hoje à tarde.
- Desculpe Harry, mas tinha que contar, é muito sério...
- Não tem problema, Gui. Eu mesmo iria contar, mas estava esperando uma hora melhor, quando tivesse meus pensamentos mais organizados, entende?
- Podemos te ajudar nisso. Pensamentos demais na cabeça mais confundem que ajudam.
- Eu sei, é por isso que queria a penseira.
- E você já foi buscar a sua, não é mesmo? – Afirmou Lupin. – Naquele dia que você foi ao beco Diagonal?
- É, fui. Está lá em cima, guardada.
- Mas como nós não vimos? – Perguntou Hermione.
- É porque eu a guardei. Ia mostrar para vocês depois.
- Bom. Acho que é hora de colocarmos tudo às claras para podermos agir contra Voldemort. Seus comensais hoje à tarde estavam vasculhando o beco Dia... – Não terminou de falar, os gêmeos aparataram no meio da cozinha. Estavam brancos.

- O que houve? – Quis saber Molly, que se levantou num pulo, assustada.
- Os Comensais. Atacaram várias lojas no beco, está um caos... Eles não chegaram perto da nossa loja. Baixamos as portas e ficamos escondidos lá dentro com os fregueses. Eles estavam se divertindo. Pode uma coisa dessas? Quando eles foram embora abrimos a loja para o pessoal sair e desaparatamos. Já era seguro.

- Por causa de tudo isso é que precisamos estar muito bem preparados. Não é uma briga só nossa, é uma briga que envolve a todos. – Harry, nos conte sobre o que Dumbledore conversou com você. – Continuou Moody.
- Mas a Professora McGonagall não está aqui ainda. Quero contar na frente dela.
- Por isso não. Pode começar. – Disse a professora que entrava pela sala, se abanando por causa do calor que fazia naquela noite. – Vamos, Harry, comece de uma vez. – Ela estava curiosa desde o final do ano letivo sobre o que o garoto e o professor Dumbledore tanto conversam.

Então, dando um longo suspiro, ele começou. – Bom... Vou contar algumas coisas que acho que são realmente importantes. Rony e Hermione acompanharam tudo que tenho feito e estão a par do assunto. – E dirigindo-se para os amigos disse. – Se eu esquecer de alguma coisa, vocês, por favor, me ajudem, não quero deixar alguma coisa importante para trás, ok? Virou-se para a Professora McGonagall e disse:

- Professora... Lembro-me bem do que lhe disse quando o Professor morreu, mas acho que é necessário reconsiderar, então vou contar a história toda e não é curta. - Arrumou-se na cadeira e começou a descrever todos os encontros que tivera com Dumbledore, suas conversas sobre a vida de Tom Riddle desde quando ele morava num orfanato e que não sabia que era bruxo. Suas viagens pela penseira, o que havia feito para persuadir Slughorn a contar a conversa que teve com Tom Riddle sobre as Horcruxes. Descreveu tudo o que aconteceu na caverna e sobre o medalhão falso e o bilhete e as iniciais R.A.B.. Sobre a importância que ele estava dando à profecia. Enfim, ele desabafou. Estava se sentindo melhor agora, mas mesmo assim ainda preocupado com a tarefa que tinha que realizar.

- Harry, você precisa se cuidar por causa da profecia... quer dizer, por causa de Voldemort.
- Bom, eu não estou exatamente preocupado com a profecia. - Dumbledore disse... Harry pausou. - Ele disse que estou dando valor demais à profecia. Que nem todas as profecias se realizam. Que estou nessa profecia porque Voldemort me escolheu. Ele me fez seu inimigo. E segundo o professor, eu tenho capacidade e habilidade para destruí-lo. Ele não falava – matá-lo.

A descrição foi realmente longa. Vez por outra era interrompido pelos membros da Ordem, que solicitavam explicações sobre algum fato não entendido. Em algumas vezes ele mesmo explicava, e quando não se fazia entender Rony e Mione ajudavam.

Minerva olhava com admiração para as atitudes que Harry estava mostrando. Ele havia crescido realmente e não era mais aquela criança que ela havia deixado na casa dos Dursley, numa noite feia e cinzenta junto com Dumbledore; era um homem enfrentado a vida.

E continuou...
- Pois bem, cada uma das Horcruxes é uma parte da alma de Voldemort. - Quando disse o nome, teve um estremecimento geral nos integrantes da Ordem. – Se eu destruir todas as Horcruxes...
- Se nós as destruirmos Harry. – Falou Moody muito sério, acentuando o “nós” de maneira incisiva. – A luta é sua por causa da profecia, mas você não estará sozinho. Vou te ajudar nem que tenha que morrer por causa disso.

Houve uma concordância geral na mesa.

- Harry continuou, estava muito concentrado no que dizia – Então, cada vez que uma Horcrux é destruída, morre uma parte da alma de Tom. Então ele tem ainda cinco pedacinhos da alma, não é isso?

Moody falou alguma coisa que ninguém entendeu, mas não parou para repetir.

Mas Harry parou de falar. Olhava para todos com olhar de espanto. “Será que isso era possível”? – pensava freneticamente.

- O que foi, Harry?
- Nãããõooo, espera. Espera. Não podem faltar cinco, e sim quatro!
- Harry, você tá louco. É claro que faltam cinco! Só foram destruídas duas Horcruxes: o Diário e o Anel.
- Não, Hermione. Você está errada dessa vez. Olha, pense comigo. – Disse se dirigindo a Mione. - Se cada uma das Horcruxes é uma parte da alma de Voldemort, ele já morreu um pouquinho quando destruí o Diário, quando Dumbledore destruiu o Anel, e – fez uma pausa... - quando ele tentou me matar.

- Explique-se melhor Harry. – Pediu Alastor.

- Hum. - Continuou o garoto, muito nervoso – Quando ele tentou me matar, ele não conseguiu, não é mesmo? O Avada voltou-se contra ele. Ele “quase” morreu. Ele mesmo disse que tinha se tornado um nada, pior que um fantasma, ok?
- Quando ele disse isso?
- Foi lá no cemitério. - Gente, tá claro. – dizia Harry, dando voltas ao redor da mesa, passando a mão na testa, num gesto automático. – No meu primeiro ano, ele teve que ficar no corpo do Quirrell, porque não tinha corpo. – Enumerava nos dedos os acontecimentos. - Para ele poder sobreviver matava os pobrezinhos dos Unicórnios e bebia seu sangue para manter uma semivida. – Daí no meu quarto ano, no torneio, quando fui parar naquele cemitério pela chave do portal, ele fez aquele ritual maluco para ter de volta um corpo adulto... Um corpo ele já tinha, era uma espécie de bebê hediondo que falava. Acreditem vocês ou não. – Disse, olhando para todos em volta da mesa.
- Harry, como assim, ele já tinha um corpo? – Perguntou Lupin espantado.
- É... Ele era um bebê. Horrível mas um bebê. Ele tinha uma cara chata, plana, mais parecia uma cara de cobra, a pele parecia escamas. Rabicho o carregava no colo com cara de nojo.
- O que mais, Harry? Isso tudo é muito importante. – Disse Moody.
- Quando os Comensais apareceram, Lucius perguntou para ele como havia ressurgido e ele disse que foi por causa de uma poção que ele havia inventado com de sangue de Unicórnio, um pouco do veneno da cobra. Ele disse também que teve ajuda da cobra Nagini... Daí, Rabicho fez uma poção num caldeirão enorme. Ele fez um feitiço e um pouco de pó de osso saiu voando do túmulo do pai de Tom, daí ele decepou sua própria mão direita inteira, cortou meu braço e tirou à força um pouco do meu sangue. Tudo isso foi colocado dentro do caldeirão que já tinha um líquido branco. Acreditem, um homem adulto poderia ficar sentado dentro do caldeirão.
- Esse doido do Tom Riddle nasceu de novo de Nagini ou Nagini deu cria e ele incorporou no filhote e tomou a poção. Só pode ser isso!!! Por isso ele era um bebê. – Disse Arthur totalmente alarmado. – Pelas barbas de Merlin! Até onde chega a vontade desse ser totalmente maligno em se tornar imortal!!!
- Calma, Arthur. Ele já voltou, não é? Agora só nos resta acabar com ele. – Falou Lupin tão preocupado como Olho-Tonto que seguia a narração de Harry muito compenetrado. – Mas continue Harry.
- Então... - A Horcrux que estava nele, isto é, a parte dele mesmo, o Avada destruiu quando foi refletido nele, entenderam? É claro, ele usou uma das Horcruxes que podiam estar no cemitério para ter os poderes novamente! E pode ser que faltem apenas quatro Horcruxes! E finalizou, deixando os outros mais pasmos ainda. – Então elas são na verdade três objetos e a quarta é ele mesmo. Entenderam?

Será que ele tinha uma Horcrux naquele cemitério?

Gui, sentado com os braços apoiados nos ombros de Fleur, prestava atenção na teoria que estava sendo exposta, conjurou pena e pergaminho e começou a escrever:
1 – O Diário – destruído.
2 – O Anel – destruído.
3 – O Medalhão – não sabemos onde se encontra. – Destruído?
4 - Alguma coisa usada no ritual que já foi usada e que está nele de novo, ou outra coisa.
5 – Nagini, a cobra – com certeza é uma das horcruxes.
6 – Alguma coisa de Helga, Rowena ou Gryffindor.
7 – O próprio Voldemort – destruído? Se foi destruído, tem que ser destruído novamente.

- Harry. Acho que você pode estar certo em parte. – Disse Carlinhos, se pronunciando pela primeira vez. – Veja bem... Na poção, Voldemort pode ter usado uma Horcrux ou não. Mas acho que ele não usou. O que ele usou no cemitério foram só ingredientes para uma poção mesmo. Assim, acredito que a Horcrux destruída foi a parte que estava nele mesmo. Faltam realmente quatro pedacinhos da alma do maldito. Tem outro objeto que ainda não foi identificado.
- Pode ser, Carlinhos. Mas ainda acho que são três mais a outra parte que está novamente no Voldemort. Acho que de Gryffindor ele não conseguiu nenhum objeto. Professor Dumbledore também achava isso. Ele me disse. – E na mente de Harry a frase que ele repetia inconscientemente continuava: o medalhão, a taça, a cobra... Só agora se dava conta que não parava de pensar nisso.
- Acho que não estamos falando a mesma coisa. – Só o tempo nos dirá qual é a verdade. - Finalizou Carlinhos.
- Harry, você está me surpreendendo a cada dia que passa. Tudo que você falou pode ter muita lógica. – Disse Remo, orgulhoso.

Todos estavam pasmos, realmente Harry havia crescido e amadurecido. Claro, a duras penas. Sofrendo com perseguições sem fim e com perdas dos entes queridos.

Naquela noite foram dormir com a cabeça mais cheia de dúvidas ainda. Ele estava muito seguro das conclusões a que havia chegado. Restava agora saber de fato qual objeto era o certo e onde procurar. Porém Harry não estava confortável, alguma coisa o incomodava. Ainda tinha algo errado, não conseguia definir o que era. Uma sensação de perigo tomava conta dele. Rolou horas na cama antes de adormecer.


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