Tomada de Posições

Tomada de Posições



5 – Tomada de Posições

Gui, apoiado em travesseiros, conversava com Fleur enquanto ela folhava uma revista de Feitiços para Todos os Feiticeiros, sentada aos pés de cama. Gui ainda estava em repouso, fazia pouco tempo que tinha sido atacado. As cicatrizes estavam sendo curadas aos poucos. A recuperação era lenta.

Harry, acompanhado pelos amigos, entrou no quarto onde Gui estava.

- Harry! – Gui sorriu. – Que bom ver você aqui. Está tudo bem com você?

- Está sim e você, como está? Harry notou que o primogênito Weasley tinha cicatrizes esbranquiçadas e feias no rosto, conseqüência do ataque que sofrera do lobisomem. Porém ainda não se sabia se estava ou não contaminado. Só o tempo diria. Ele nunca mais seria o homem bonito que tinha sido, mas também não seria tão feio como o professor Moody.

- Harry, você estando aqui precisamos de mais proteção para A Toca. – Disse Gui. Você está muito vulnerável. Preciso descer. – E já ia passando as pernas para fora da cama, quando...
- Não, não... Você fica deitado, ainda precisa de muito repouso. – Falou Molly da porta do quarto.
- Mãe, esse é o meu trabalho... Posso fazer isso em poucos minutos. Alem disso não é só por causa do Harry. Vocês são minha família, Fleur está aqui também, não quero arriscar.
- Mas eu não vou ter que ficar trancado dentro de casa, né? – Falou Harry preocupado.
- Não. Claro que não.

Molly lhe enviou um olhar enviesado, mas não se opôs mais.

- Harry. – Pediu. - Me ajude a descer, sim? Não tem medo de ficar contaminado? – Perguntou para provocar o garoto com um sorriso. – Ganhou um olhar bem feio de Fleur por causa da brincadeira.
- Tá doido Gui? E eu lá tenho medo de você!? Vai, segura aqui, vamos lá.
- Tenham cuidado. – Atalhou Molly, já que não podia fazer nada.

Os dois desceram as escadas e entrando na sala ouviram o barulho característico do pó de flu. Moody, Quim e Tonks, que haviam ido até o Ministério, acabavam de chegar.
- Gui, Harry! Que... ?
- Eu posso verificar a segurança d’A Toca em poucos minutos, Papai. - Gui disse com suavidade, ainda apoiado em Harry. – Relaxem... Eu serei rápido e logo voltarei para a cama.
- Você terá que ter a varinha apagada depois. – Explicou Tonks.
- Exatamente. Deixo minha varinha com você e depois você a apagará, está bem?
- Certo.
- Vamos então logo com isso. Que precisamos fazer, Gui? – Perguntou Olho-Tonto.

Chamando Rony, Hermione e Gina, Gui deu as ordens necessárias e todos se sentaram em volta da mesa. Murmurava baixinho o feitiço. Ninguém entendia o que ele falava. Com movimentos lentos da varinha, pequenas e finas ondas de um azul esmaecido e opaco apareceram. Conforme ele aumentava os movimentos elas iam ficando cada vez maiores e a cor mais definida, até ficarem de um azul profundo e brilhante. Uma fumaça envolveu Harry e ondas espirais se espalharam por todo terreno além d’A Toca, até depois do pomar.

- Está feito. – Disse com voz cansada. – A Toca está bem protegida. - Harry, Você pode... ?
- Posso, mas só se você prometer não me morder. – Disse Harry sorrindo e entrando na brincadeira feita um pouco antes.
- Não, não vou te morder, nem hoje e nem nunca. – Disse rindo para o amigo que admirava, apesar de Harry ser bem mais novo que ele.
- Obrigado, Gui. - Agradeceu Harry sem jeito enquanto Gui apoiava o braço em volta de seu pescoço.
- Não precisa agradecer. Você se esqueceu o que você já fez por nós?

Harry ficou mais sem jeito ainda ao lembrar que já havia salvado Gina de Tom Riddle, Senhor Weasley da cobra no Ministério e Rony do envenenamento acidental. Todos em perigo de morte iminente.
- Gui, vocês são meus amigos! Gosto de vocês!!! – Respondeu indignado.
- E é por isso mesmo que fiz o encantamento. Gostamos de você...

Tão logo chegaram ao quarto, Fleur já se colocou ao lado de Gui ajudando-o em tudo. Desde o acidente ela não desgrudava dele.

Todos ainda estavam sob o impacto das revelações e do encantamento feito por Gui quando a Senhora Weasley diz:
- Hora do almoço.

Era sempre assim, quando Molly sentia o clima pesado, dava um jeitinho de desviar a atenção para coisas mais gratificantes. E sem dúvida nenhuma a comida dela era saboreada por todos com muita vontade e disposição.

Molly estava atarefada, com seus floreios da varinha começou a preparar vários pratos, era bastante gente para alimentar.

Reuniram-se à volta da mesa em grupinhos, os garotos de um lado os membros da Ordem da Fênix em outro.

Os integrantes da Ordem falavam baixinho.

- E aí Harry, conte para nós o que aconteceu com você. – pediu Hermione, curiosa.

Harry sentado ao lado de Gina contou tudo o que aconteceu desde a hora que acordou. Quando contou do fala-fala ao tio, Hermione disse, indignada.
- Não acredito Harry, que você apontou a varinha para seu tio.
- Apontei sim e teria feito pior se ele tivesse me incomodado mais.
Hermione balançou a cabeça, ele não podia abusar. O Ministério estava sempre de olho nele. Ainda mais agora, que todos sabiam que ele era a única testemunha do acontecido. Claro, tinha o Snape e o Draco, mas esses certamente não falariam nada. Estavam sendo procurados por todos os lugares.

Continuou contando do estranho da esquina, de Tonks, da poção, das Horcruxes e do sonho. Não escondeu nada. Sabia que eles estariam ao seu lado para o que desse e viesse.
Os amigos se assustaram quando ele disse que sentiu dor na cicatriz quando pegou a carta. Isso dizia que Voldemort estava tentando ou tramando alguma coisa, o que era claro...

- Eu não sei por que, mas o Medalhão não está longe, sinto isso!
- Como assim, Harry?
- Eu não sei, Gina, mas sinto, está por perto. - Falou olhando para ela.
- Que você está pensando em fazer Harry?
- Sei lá, Rony, mas alguma coisa precisa ser feita, não é? Tenho que ir atrás dos Horcruxes. Mas antes preciso conversar com todos.
- Podemos estar junto? – Perguntou Mione ansiosa.
- Claro Mione, estamos juntos nisso tudo, não? – Falou Harry sorrindo para a amiga.

Lupin escutou o que Harry contava para os amigos. Conhecia bem demais o amigo para saber que ele não ficaria quieto. Podia estar mais maduro, mas ainda era o Menino que Sobreviveu e estava agora mais firme em suas atitudes.

Ele se parecia a cada dia mais com Thiago, que quando colocava alguma coisa na cabeça era tão obstinado que dava enjôo nos amigos, não havia quem o agüentasse. Mesmo os melhores amigos reclamavam algumas vezes de suas atitudes. Foi assim quando cismou de se tornar um animago clandestino para ajudar Lupin.

Depois do almoço, Remo virou-se para o garoto.
- O que você está pensando Harry? – Perguntou Remo olhando fixamente nos olhos de Harry.
- Ainda não sei, Remo, depois conversamos sobre isso.
- Não, vamos falar agora. Os membros da Ordem estão aqui, é a oportunidade perfeita. A Toca está segura.
- Mas não posso e não vou ficar escondido, não é mesmo?
- Não, claro que não.
- Outra coisa, quero me tornar um animago. Pode me ensinar?

No que disse isso, houve uma agitação na mesa. Rony não deixou por menos.
- Eu também quero. – Disse, seguido de Hermione e Gina.
- Acho que o momento não é o ideal. Alem do mais, nem tudo é tão fácil assim. São necessários muito estudo e preparação. Quem pode ajudar é a Professora. McGonagall. É melhor falar com ela. Mas tem uma coisa. Se vocês realmente se tornarem animagos, vão ter que fazer tudo corretamente, principalmente o registro no Ministério. E antes de qualquer outra coisa, lembrem-se das prioridades. – Enfatizou Olho-Tonto, que não tinha gostado muito da idéia de Harry.

- Harry. – Voltou Lupin a falar. – Não fuja do assunto. Nos conte o que anda pensando.
- Não, Remo. Me deixe pensar melhor, ok? Depois conto tudo.

Remo notou que o olhar de Harry estava diferente, mais determinado. Ele sentiu que o garoto não cederia por qualquer coisa. Tinha alguma coisa dentro dele que havia mudado.

Ficaram ainda sentados em volta da mesa, mas dessa vez jogando conversa fora. Era também um momento para relaxar das tensões que tomavam conta de todos. Porém, por mais que tentassem se distrair sabiam que bem lá no fundo o assunto que a todos incomodava estava latente. Eles não esqueciam a grande tarefa que tinham pela frente e do perigo que certamente corriam.

No dia seguinte, pela manhã...

- Harry?
- Hum?
- Harry, nós precisamos conversar. – Acorde. – Pediu Hermione.
Ele abriu os olhos e viu Hermione sentada na beirada da cama próxima a ele.
- Onde está Gina?
- Estou aqui mesmo, Harry. – Respondeu entregando os óculos a ele.
- Harry... nós temos que discutir...
- Eu sei... Mas não poderemos fazer nada até eu atingir a maioridade.
- Então aguardaremos até amanhã?
- Por quê?
- Oras! Você faz 17 anos amanhã, né?
- Ah é! Não posso fazer nada sem a varinha e sem ter licença para aparatar. Hermione, você sabe onde podemos conseguir uma penseira?
- Por que cargas-d’água você quer uma?
- Porque existem algumas coisas que vocês necessitam saber e não adianta só que eu diga.
- Eu tenho mostrar vocês. Cadê o Rony?
- Ainda está dormindo. – Disse Gina. – Vamos tomar café; te esperamos lá embaixo.
- Tá. Vou acordar o dorminhoco.

De longe Harry escutou Hermione perguntar para Gina se ela não iria contar a ele sobre os pesadelos. Ouviu um “não agora” de Gina e passos se afastando. Que pesadelos? Registrou que quando estivesse sozinho com a garota perguntaria. Mas não houve naquele dia oportunidade de ficar a sós com ela. Mas ele não esqueceria de perguntar. Tinha ficado invocado com aquilo que escutou.

Dia 31 de julho amanheceu digno de ser descrito num diário. Céu claro, brisa fresca e perfumada. Harry acordou tarde, muito tarde. Tinha ficado lendo na cama até de madrugada o livro do Príncipe Mestiço. Ele estava muito determinado a saber tudo que tinha naquele livro. Sabia também que isso iria render algumas censuras por parte de Hermione. Porém não iria contar que estava com o livro até que fosse absolutamente necessário. Mas seu primeiro pensamento foi – Tenho dezessete anos! – Estava realmente feliz.

Levantou-se muito bem disposto para tomar café, ou já seria hora do almoço? Chegando na cozinha não encontrou ninguém, aliás, não tinha ninguém em lugar nenhum. Andou pelo quintal à procura de alguém e nada. Achou muito estranho. Pegou a varinha... Alguma coisa tinha acontecido durante a noite. Ficou alarmado. Subiu as escadas e foi para o quarto que ocupava sozinho, o antigo quarto dos gêmeos, e pegou a capa da invisibilidade.

Desceu novamente as escadas com cuidado redobrado. Deu dois passos na sala e levou o maior susto da vida com o barulho ensurdecedor de fogos explodindo por todos os lados. Estavam todos lá, reunidos na sala exibindo sorrisos radiantes no rosto. Molly carregava um bolo com cobertura verde cheio de enfeites. PARABÉNS HARRY. AGORA VOCÊ É MAIOR DE IDADE... – Gritaram os amigos.

Foi o dia mais feliz que ele teve na vida. Ele não parava de sorrir. Ganhou alguns presentes interessantes.

Dos Weasley ele ganhou um ponteiro no relógio da família. O relógio não tinha números, mas apontava o local onde cada um se encontrava: escola, beco Diagonal, hospital e perigo mortal, entre outras coisas. Ele ficou realmente emocionado e teve que disfarçar um espirro para que ninguém notasse seus olhos cheios de lágrimas. Os Weasley eram a família que ele mais gostava no mundo, se sentia realmente em casa quando estava com eles.

Lupin lhe deu um livro de Magia Avançada para Avançados Magos por Adriana Gusmão - UNIBAM.
- Hããã. Lupin, o que é UNIBAM? Nunca ouvi falar...
- É União Brasileira dos Amigos Mágicos. Uma instituição de magia muito avançada. O pessoal de lá é muito bom.

Gostou demais do livro e iria começar a ler naquela noite mesmo. Mas gostou muito, mas muito mesmo, do delicioso e audacioso beijo que Gina, escondida de todos lhe deu, mas isso ele não contaria para ninguém.
- Parabéns, Harry. – Disse Gina beijando-lhe.
- Obrigado, Gina. É bom estar com você, sabe? Não quero que isso acabe. Mas precisamos conversar depois, ok?
- Não vai acabar. Vamos conversar sobre o quê?
- Sobre nós.

Senhor Weasley informou a Harry que deveria se levantar bem cedo no dia seguinte.
- Por que, Senhor Weasley?
- Vamos ao Ministério para você fazer o exame de aparatação e ter sua licença. É bem rápido.
- Hum... Senhor Weasley, será que o Ministro vai me ver?
- Não sei, Harry, tudo é possível, você sabe disso...

1º de agosto.

Assim, no dia seguinte ele acompanhou Arthur até o Ministério. Ele estava eufórico. Enfim chegara o grande dia, iria ao Ministério para fazer os exames de aparatação. O exame só demorou alguns minutos. Afinal aparatar era rápido mesmo. Encontrou Arthur no corredor ao sair da sala.
- Passei, Senhor Weasley... Eu passei!!! – Comentou, eufórico.
- Que bom, sabia que iria conseguir, Harry. Bom, eu vou trabalhar e você vai embora para casa, aparatando, é claro. – Deu um sorriso e umas palmadinhas nas costas do garoto.
***

Por incrível que pareça o Ministro estava ocupado demais com as edições das bulas de defesa para distribuir para a comunidade mágica. Não tinha tempo para ver mais nada.

Um bruxo de idade avançada entrou na sala e colocou um relatório em cima da mesa do Ministro.

- O que é isso?
- É o relatório dos que fizeram o exame de aparatação hoje.
- E por que você não arquivou como sempre faz?
- Achei que gostaria de ler. Afinal, Harry Potter fez o exame e passou.
- Cadê o menino?
- Já foi embora, oras! Pegou a licença e se foi. É o que todos fazem.
- E custava ter me avisado? Você sabia que eu queria falar com ele.

O Ministro tinha ficado muito bravo mesmo. Tinha perdido uma oportunidade de ouro em pressionar o Menino que Sobreviveu. Deu meia dúzia de gritos como o bruxo responsável pelos exames por não ter sido informado de que o garoto estava no Ministério. Agora já era tarde e não podia fazer mais nada. Ficou remoendo a frustração, chacoalhava a cabeça de um lado para o outro.

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