Angústia



16 – Angústia

Remo correu para ver por que Harry gritava tanto, num segundo estava do lado do amigo.

-Que aconteceu comigo? Que está acontecendo comigo? – Perguntava Harry em desespero, enquanto passava as mãos nos olhos com força. Ele abria e fechava os olhos seguidamente como se com o movimento contínuo a visão voltasse ao normal. Os óculos caíram no chão, ele nem percebeu. Rony pegou-os e colocou no bolso da capa.

-Que foi, Harry? O que você está sentindo? – Perguntou Rony, assustado.

Em todo o tempo de amizade com Harry, nunca o vira gritar com tamanho desespero. Ele já vira o amigo sofrer vários acidentes, uns bem sérios, como ter todos os ossos do braço removidos com um feitiço desastroso e a fratura no crânio.

-Calma, Harry. Calma... Deixe-me ver o que está acontecendo. Tire as mãos dos olhos. – Pediu Lupin tentando manter uma calma que não possuía. – Não coce os olhos assim, você pode se machucar. Calma. – Continuava Lupin, agora segurando as mãos do garoto que não parava de coçar os olhos. - Pára quieto, Harry! – Gritou Lupin, já pra lá de nervoso.

Os membros da Ordem olhavam uns para os outros, não entendendo nada do que se passava, não sabiam o que fazer. Era uma situação inusitada. O que havia acontecido com o garoto?

Fizeram tudo que foi possível; lançaram feitiços nos olhos de Harry, principalmente o Episkey e Finite Incantatem na tentativa de reverter o que quer que estivesse acontecendo. Mas nada adiantava. Os amigos não sabiam o que fazer. Madame Pomfrey não estava no castelo para ajudar. Tinham que levar o garoto o imediatamente para St. Mungus, lá com certeza ele teria ajuda necessária. Arthur, preocupado com o garoto a quem tinha como filho, conjurou um lenço e amarrou em volta da cabeça dele, para que os olhos não fossem mais agredidos ainda. Era uma tentativa de impedir Harry de coçá-los também.

-Que foi aquilo, Moody? – Perguntou baixinho para o amigo.

-Não sei, Arthur, nunca vi uma coisa dessas. Aquele-que-você-sabe-quem aprendeu tudo de ruim quando andou pelo mundo. Pelo que Dumbledore me contou, ele se empenhou em aprender tudo sobre as artes das trevas mais poderosas, se aliava a quem quer que fosse desde que pudesse tirar proveito da situação. Com isso acabou adquirindo um repertório imenso de feitiços malignos. E tem mais, não se esqueça que Tom Riddle sempre foi extremamente inteligente.

Tinham que sair da masmorra e ir para a diretoria para mandarem Harry embora o mais rápido possível pela chave do portal. Caminhavam apressados em direção às escadarias que levavam à sala de Dumbledore. Amparado por Lupin e Rony, Harry andava com dificuldade. Sentia-se inseguro, não ver onde estava pisando era, sem dúvida nenhuma, no mínimo angustiante. Tropeçava nos degraus, trombava nas paredes.

De súbito estancaram no meio do corredor. Vozes... Vozes abafadas; conversas agitadas. Com um entendimento mudo os integrantes da Ordem da Fênix ficaram de repente quietos e apuraram a audição; identificaram palavras soltas: - “por aqui...” – “não, melhor por aqui...” – “eles devem estar lá em cima...”.

Jorge correu até a janela mais próxima, olhou para os lados e depois para o alto e viu a marca negra brilhando no céu.

-Professor, a marca negra de você-sabe-quem está bem aqui em cima. – Disse, alarmado. – Não está nada bom! – Comentou, balançando a cabeça preocupado.

-Tem alguma coisa muito grave acontecendo. – Comentou, já alarmado e com a varinha na mão, gesto imediatamente imitado por todos. – Corra, Fred, até a diretoria e mande as mulheres para a Sede pela chave do portal que Harry usou para chegar aqui. Mas não toque em nela, use um lenço, ou qualquer outra coisa para pegá-la. Mande Tonks vir para nos ajudar e avise os aurores. – Mandou Alastor, atropelando as palavras.

Apesar de Fred ter escutado tudo truncado, entendeu o suficiente para obedecer às ordens dadas pelo professor. Correu mais do que nunca havia corrido na vida, cortando caminho pelas passagens que utilizava durante o tempo de estudante, evitando as malucas escadas que se mexiam mudando de lugar. Subiu as escadas de três em três degraus, não demorou em chegar na diretoria; arfava. Entrou na antiga sala de Dumbledore empurrando a porta com tal força que ela bateu na parede produzindo um grande barulho.

Molly e Minerva conversam sobre as Horcruxes, Gina, Hermione e Tonks conversavam sobre como poderiam destruir as Horcruxes de forma prática. Soltaram exclamações de sustos...

-Que é isso, Fred? Isso são modos de entrar? – Repreendeu a senhora Weasley, se levantando, com as mãos no coração de tinha disparado.

-Não tenho tempo para explicar.

-Que foi? – Quis saber Gina.

-O Castelo está sendo invadido de novo, não é? – Perguntou Hermione em pé, apenas para confirmar o que já desconfiava.

-É verdade? – Indagou Gina, querendo a confirmação. – Podemos ajudar!

-Parem de falar como umas matracas! Andem logo! Vocês têm que sair daqui agora. – Vão! – Gritou, sem paciência. – Toquem na chave agora! A senhora também, professora. – Falou, fazendo questão de não ouvir o quanto reclamavam.

Depois de ter despachado todas, mandou um aviso para o Ministério contando o que estava acontecendo em Hogwarts, pedindo ajuda urgente. Tonks olhava atentamente para ele.

-O que Hermione falou é verdade, né? –Disse Tonks, já se dirigindo para a saída da diretoria com a varinha em punho.

-É, Tonks. Infelizmente os Comensais da Morte conseguiram entrar no Castelo e estão atacando o pessoal perto das escadarias que vêm pra cá. Vamos ajudar! Não temos tempo a perder. – Ambos saíram numa disparada louca pelos corredores em direção ao grupo de amigos. Enquanto corria, com pouco fôlego, contou a Tonks que Harry estava cego.

-Como? Como foi isso? – Ficou sem resposta. Ou corriam, ou conversam... Era melhor correrem.

A Marca Negra estava mais uma vez brilhando no céu. Mais uma vez Lord Voldemort atacava... Os amigos estavam encrencados. Muito encrencados. Uma batalha com certeza seria travada mais uma vez dentro do Castelo. No meio do corredor, os Comensais da Morte, fiéis companheiros de Voldemort, ali se reuniam, estavam prontos para atacar a todos com as varinhas apontadas para o grupo que havia ajudado Harry a destruir uma das malditas Horcruxes.

Bellatriz estava à frente dos Comensais que escondiam os rostos por trás de mascaras prateadas. A dama do Mestre das Trevas era a única que não estava mascarada. Mostrava o rosto sem medo e até com um certo orgulho no olhar.

-Ahhh! Até que em fim Rabicho, aquele rato traidor dos próprios amigos, deu uma dentro. Avisou o Mestre na hora exata em que vocês estão aqui. – Falou Bellatriz. - Mas eu sou a melhor, sou a preferida... Foi a mim que ele confiou essa missão tão importante. Capturar Harry Potter.

Ao lado de Bellatriz estava em pé um Comensal alto, magérrimo e pálido. Sorria para a situação que se mostrava à frente com dentes perfeitos, por debaixo da máscara que escondia o rosto. Ele era estranhamente familiar.

-Que vocês querem aqui? – perguntou Moody, azul de raiva.

-Oras... Mas já falei. Você sabe o que queremos. Queremos o garoto, e vamos levá-lo.

-Mas não vão mesmo. – Respondeu Moody, se colocando na frente de todos de modo a proteger principalmente Harry. – Gritou – ATAQUEM SEM DÓ.

Rony registrou a informação de Bellatriz.

E começou o ataque de maneira feroz. Chuva de feitiços eram lançados nos membros da Ordem, que além de se protegerem tinham também que proteger Harry que nada podia fazer. Porém o garoto gritava Protego a todo instante, era a única coisa que podia fazer. Sentia-se um inútil, não podendo participar do ataque que estavam sofrendo. Ele não era uma pessoa de ficar parada esperando que os outros o protegessem, em geral era ele que na maioria das vezes estava na frente protegendo os amigos. Era muito ativo, se defendia muito bem e seus ataques eram bem fortes e direcionados.

Harry estava fraquejando fisicamente; uma dor forte que começava a incomodar os olhos minava suas forças. Ele se apoiava pesadamente nos amigos e vez por outra soltava um gemido levando as mãos aos olhos involuntariamente.

-Ahhh! Harry Potter, meu mestre está te esperando, sabe, ele está com muita saudade de você. – A cínica Bellatriz gritava enquanto atacava. - E ainda tem um presentinho para te dar. Um Avada Kedavra bem lançado e ver a luz dos seus olhos apagar. – Mas de repente notou o lenço que envolvia a cabeça de Harry. – Ai! Ai! Ai! Mas o que é isso na sua cabeça? - E deu uma de suas risadas mais sarcásticas. - Não vai me dizer que machucou a cabecinha que tanto pensa em como acabar com meu Mestre? Oh! Mas estou com tanta peninha de você. ATAQUEM O MENINO, ELE ESTÁ INDEFESO. – Berrou Bellatriz.

Todos os Comensais começaram a dirigir os ataques para o garoto, porém não podiam baixar a guarda da própria segurança, os integrantes da Ordem não davam trégua nos ataques que eram cada vez mais rápidos e violentos. Raios coloridos saídos das varinhas empunhadas pelos dois grupos riscavam o corredor onde estava sendo travada a guerra.

Os membros da Ordem, semi-protegidos no interior do corredor, tentavam se organizar, sabiam que não tinham muito tempo.

-Tirem Harry daqui! Corram com ele! Vão embora! Nós agüentamos esses malditos cretinos enquanto isso. Vão logo! – Gritava Moody sem parar de atacar.

Mas como tirar Harry do Castelo? O problema era que Hogwarts, com todas as seguranças e proteção, não permitia que ninguém desaparatasse de dentro dele. Tinham que ir até Hogsmead para aí sim desaparatar com Harry.

-Lancem o Feitiço Conjunctivitus em todos os Comensais. – Gritou Tonks chegando ao corredor e lançando feitiços nos comensais.

Alguns Comensais que estavam no corredor foram atingidos pelo feitiço Conjunctivitus, o que diminuiu um pouco a chuva de feitiços sobre os integrantes da Ordem. Mas os malditos também lançavam feitiços de todos os tipos, principalmente em Harry, que era o alvo principal.

Rony, que continuava a atacar ao lado do amigo mesmo amparando-o, foi atingido com o feitiço Furunculus no braço esquerdo, que rapidamente começou criar enormes furúnculos, mas ele não relaxou em sua incumbência, e apesar da dor insuportável que imediatamente começou a sentir, continuava amparando Harry.

Arthur estava com metade da cabeça sem os poucos cabelos que lhe restavam, havia sido atingido pelo feitiço Lacarnum Inflamare, que Tonks apagou um o Aguamenti quando passava por ele, indo em direção aos comensais. Mas a dor das bolhas e a ardência, resultado da queimadura, não diminuíram com a água jorrada da varinha de Tonks.

Rony estava tenso, lembrava-se da maldição Império de que tinha sido vitima e atacado o próprio amigo com a Cruciatus.

-Harry, como resisto à maldição Império?

-Ãã... Por que isso agora?

-Para me defender, oras! – Respondeu sem paciência.

-Pense firmemente que você é dono das suas vontades. Vai funcionar. Não fique com medo. – Falou entre gemidos.

-Lupin, me leva para a sala de Dumbledore. – Pediu Harry que estava em pânico. Ele queria sair dali o mais depressa possível. Ele nunca se sentira tão indefeso e com tanto medo na vida, nem quando ficara frente a frente com Voldemort. Sabia que estava em grande perigo.

Saíram correndo aos tropeços, arrastando Harry pelos corredores e escadarias que levavam à sala do antigo Diretor.

Hagrid apareceu no meio do corredor onde eles estavam, segurando seu famoso guarda-chuva cor-de-rosa. Notou a dificuldade que os dois amigos estavam tendo em amparar Harry, não pensou duas vezes, passou os grandes braços por trás dos joelhos do pequeno grande amigo e carregou-o. Foi um alívio para Lupin e Rony, este já bem machucado, com o braço coberto de furúnculos.

A porta da diretoria estava fechada e, como se obedecesse a uma ordem mágica, abriu-se instantaneamente com a aproximação dos quatros amigos. Tão logo eles entraram, a porta fechou-se. Lupin olhou para a porta satisfeito.

Hagrid colocou Harry perto de Rony; ambos gemiam de dor, literalmente escorados um no outro. A cabeça de Harry pendia mole para a frente; escorria por baixo do lenço que foi amarrado em sua cabeça um filete de um liquido amarelado misturado com roxo e exalava um cheiro nojento. A situação dele estava piorando.

Lupin de repente ficou preocupado. No afã de ajudar Harry e tirá-lo de Hogwarts tinha se esquecido que a chave do portal não estava mais na diretoria. As mulheres a haviam usado para irem embora. O jeito agora era usar pó de flu, sem dúvida uma dificuldade a mais. Levar Harry viajando por flu seria muito mais complicado, eles poderiam cair e Harry se machucar ainda mais.

-Venha Rony. Vá você primeiro para St. Mungus. Vai!.

Rony obedeceu às ordens do professor não sem antes perguntar:

-Mas e vocês?

-Vou logo em seguida. Te encontro no saguão do hospital em alguns segundos. Espere-me lá.

Rony viajou.

Sob o olhar espantado de Lupin e Hagrid, Fawkes apareceu do nada dentro da sala. Graciosamente pousou no ombro de Harry e deixou que grossas lágrimas peroladas pingassem em sua testa escorrendo até seus olhos protegidos sob lenço que envolvia a cabeça do menino que sobreviveu. A dor diminuiu um pouco, ele parou de gemer. Fawkes soltou uma nota musical doce e todos puderam pensar com clareza. Claro! A Fênix poderia levá-los dali facilmente. Lupin passou o braço em torno do corpo do filho do seu melhor amigo, segurou-se na cauda do pássaro, que levantou vôo sem um pingo de dificuldade carregando os dois amigos.

Os combatentes da Ordem da Fênix estavam começando a sentir o cansaço chegando. Estavam em cinco contra vários seres do mal, a razão era de mais ou menos dois para um. Foi quando olharam para a outra extremidade do largo corredor e viram os aurores entrando correndo. Quim com sua capa branca esvoaçando nas costas foi direto para os comensais, atacando-os furiosamente com feitiços estuporantes, em poucos minutos tirou da batalha quatro inimigos. Os comensais foram obrigados a se dividirem, metade ficando de frente para os aurores do Ministério que entraram atacando furiosamente.

Bellatriz, quando observou que estavam cercados e não querendo que tivessem baixas, mandou que todos se retirassem. Estavam sendo acuados entre os integrantes da Ordem da Fênix e os aurores. Precavida, ela percebeu que estavam em dificuldade, não conseguiriam alcançar o objetivo.

Os Comensais não se deixariam cair tão fácil nas mãos dos aurores, rápidos como uns raios, ajudaram os companheiros que estavam estuporados no chão e correram pelo corredor livre que viram à direita. Se eles deixassem algum dos companheiros para trás, Lord Voldemort os esfolaria vivos. Fugiram para a Floresta Proibida, e de lá evaporaram.

Bellatriz foi a última a sair e quando o fez gritou. - TE PEGO DEPOIS HARREZINHO. VOCÊ NÃO VAI CONSEGUIR ESCAPAR SEMPRE. – E gritando isso, seguiu os companheiros de maldade pelo corredor que levava para fora do castelo. Correu os olhos pelo local e não localizou Harry. O que tinha acontecido com ele? Mas ele estivera ali mesmo instantes atrás!

Emelina correu no encalço da comensal, mas foi atingida pelo feitiço estuporante no peito e atirada a metros dali, batendo com as costas na parede de pedra do corredor. Foi reanimada por Fred.

Harry já não podia escutar as ameaças feitas pela dama das Trevas, estava muito distante dali.

Naquela noite, o hospital St. Mungus estava tranqüilo como sempre, no saguão na penumbra reinava o silêncio acolhedor. Medibruxos andavam aos pares, discutindo concentrados um caso ou outro. Curandeiras transitavam calmamente com organizadas bandejas de medicamentos nas mãos que seriam ministrados aos doentes que ocupavam vários leitos. Era uma de tantas outras noites rotineiras no hospital. De repente a penumbra foi quebrada por um clarão vermelho e dourado. Era Fawkes que deixara seus passageiros no saguão.

Rony, que havia chegado no hospital, esperava pelo professor encostado na parede perto da lareira, lívido de dor e acabou escorregando, ficando sentando no chão. Aconchegava o braço machucado junto ao corpo na tentativa de amenizar a dor terrível que sentia, seu rosto contrastava com o vermelho dos cabelos de tão branco que estava.

-Como vocês vieram? Que foi aquilo?

-Depois. - Apenas fez sinal para que Rony o acompanhasse.

Lupin, afobado, gritava por ajuda a plenos pulmões. A gritaria causou uma confusão sem precedentes no átrio do hospital. Sem perder tempo conjurou duas macas para Harry e Rony, levando-os à enfermaria de Danos por Magia no quarto andar. Alguns medibruxos, vendo aquele homem correr conduzindo as macas, o seguiram pedindo para que ele parasse. Um medibruxo conseguiu chegar mais perto e reconheceu Remo, pois já o conhecia de longa data. Quando viu que numa das macas estava o Menino que Sobreviveu, agora já quase homem feito, se apressou em arrumar um quarto para os garotos.

-O que foi? Que foi que aconteceu com o Escolhido? – Perguntou o conhecido de Lupin, observando o líquido que escorria pelo rosto de Harry e sujava a frente de suas vestes. A menção do título “O Escolhido” fez Lupin olhar de esguelha para o medibruxo. Ele já tinha conhecimento da forma como se referiam a Harry, mas não gostava do termo e Harry muito menos.

Lupin, que estava muito nervoso, narrou o que havia acontecido, sem contudo entrar nos detalhes das Horcruxes. Depois das explicações dadas por Lupin sobre o ataque que sofreram, dois seguranças foram escalados para a porta do quarto, protegendo os meninos.

O quarto em que colocaram Harry ficou lotado de curandeiras e medibruxos, que acudiam-no no que era possível. Rapidamente removeram o lenço sujo que envolvia seus olhos, limparam o líquido que escorria e aplicaram uma pasta curativa. Bandagens limpas foram colocadas protegendo seus olhos, presas por magia no seu rosto. Deram-lhe várias poções: uma poção para dor, uma antiveneno e uma outra para dormir. Harry, que já estava semiconsciente, adormeceu antes de ter noção do que estava acontecendo com ele. Restava agora esperar para ver o efeito das poções e como ele reagiria.

-Bom, ele já esta medicado. Acordará amanhã na parte da manhã. A poção para dormir que lhe demos é muito forte. É melhor que ele durma bastante mesmo. – Informou o medibruxo.

Rony, que ficou no mesmo quarto, estava sendo atendido por uma medibruxa de cabelos brancos, muito delicada, que se perguntava quem teria acatado o garoto com o feitiço furunculus.

-Como ele está? – Perguntou Lupin à medibruxa que cuidava de Rony.

-Está bem. Não sentirá mais dor, porém deve ficar aqui esta noite em observação. Amanhã receberá alta, podendo ir para casa.

-Como você está, Rony? Desculpe-me se não lhe dei a devida atenção. Acho que você entende, não é mesmo? – Disse meio sem jeito, passando a mão na cabeça do garoto.

-Entendo. Mas e Harry? Ele vai ficar bem? – Rony estava ansioso.

-Ainda não sabemos. Só o tempo dirá.

Remo estava sentado entre as duas camas comentando com Rony sobre o ataque que sofreram, quando Moody entrou fazendo barulho com sua perna de pau - nada silenciosa para um hospital -acompanhado por Arthur e Neville.

Arthur, com a cabeça queimada, recebeu os devidos tratamentos pela mesma medibruxa que atendeu o filho. Uma pasta alaranjada foi aplicada na parte queimada da cabeça, o alívio foi imediato.

-Você está bem, Rony? Foi bem atendido? – A pergunta provocou um olhar de advertência da medibruxa que ainda estava no quarto. As orelhas do senhor Weasley ficaram vermelhas instantaneamente quando percebeu o olhar enviado.

-Tô, pai. Vou ter que ficar aqui esta noite. Pai... Mas Harry... – Arthur abraçou o filho, ele não tinha respostas para dar.

-Como ele está? – Perguntou a Lupin.

-Nada bem, Arthur. Temos que esperar as poções fazerem efeito. Tudo acontece com esse garoto! Se Sirius estivesse aqui, sairia insano atrás dos comensais, com certeza. – Desabafou Lupin. Seus olhos mostravam toda revolta que estava sentindo por causa dos acontecimentos.

-Mas você não vai sair correndo atrás desse bando das Trevas, não é?

-Não. Não vou. Mas saiba que não é por falta de vontade... – Disse Lupin, olhando para Harry. – É que sozinho não vou conseguir nada. Temos que obter a vitória e só vamos consegui-la se lutarmos juntos. É só por isso que não vou. – Ele estava irado, suas palavras eram secas, refletiam tudo que sentia.

-Acho que deveríamos ir para casa, teremos muito que explicar e não será tão fácil assim. – Disse Arthur, dirigindo-se a Moody.

-Vamos sim, é melhor irmos logo, pois quanto mais demorarmos, pior ficará para explicarmos o que aconteceu. Vamos via flu mesmo, é melhor.

-Neville, você está bem? Está sentindo alguma dor? – Perguntou Arthur, com o braço em volta dos ombros do garoto que acolheu.

Neville não tirava os olhos de Harry. Respondeu sem pensar.

-Não... Está tudo bem. Só esses arranhões que estão ardendo um pouco, acho que não é nada demais. Estou preocupado com Harry. Posso ficar aqui com ele?

-Não, vamos embora. É melhor você descansar em casa. Já chega termos dois internados na família.

O garoto estava assustado, mas bem, exceto uns machucados no rosto e braço. Moddy pediu para a curandeira cuidar do garoto. Ele recebeu poção para se acalmar e para a dor, além de um líquido púrpura nos arranhões que ardeu um bocado, fazendo os olhos do garoto lacrimejarem.

-Podemos ir embora agora? – Perguntou, depois de confirmar que Neville estava bem.

-Podemos sim, professor. É sempre assim... os ataques, sabe... Naquele dia no Ministério foi pior, foi bem pior... – Comentou, lembrando-se do que havia passado no Ministério junto com Harry e os amigos. – Mas não tenho medo... Vou fazer o que tiver que fazer para que toda essa guerra acabe. – Na verdade ele não falava para ninguém, expressava seus pensamentos em voz alta apenas.

-Eu vou ficar com Harry. Não vou deixá-lo sozinho. Quando ele acordar vai dar trabalho se não tiver alguém conhecido por perto. – Informou Lupin, que conhecia Harry muito bem.

Saíram para o saguão do hospital em direção a uma lareira, acharam uma com pouca fila. Enquanto esperavam que a fila andasse, discutiam sobre como iam contar a todos sobre o ocorrido. Arthur mantinha o braço nos ombros de Neville, ele era como um de seus filhos agora.

Quando chegaram na sala de estar da nova Sede da Ordem, foi com alivio que viram que Tonks e os gêmeos já estavam lá. Tonks, sentada entre as meninas chorosas, consolava-as. Era óbvio que havia contato tudo sobre a destruição do Medalhão, o incidente e o ataque.

Molly estava com o coração nas mãos, os olhos não paravam de lacrimejar e lágrimas teimosas escorriam pelo seu rosto rechonchudo de tão preocupada com o marido, com o filho e com Harry, a quem tinha como filho também.

Quando Arthur saiu da lareira, ela deu um pequeno pulo com se tivesse mola na poltrona onde estivera sentada e o abraçou carinhosamente, conferindo se estava bem cuidado enquanto perguntava:

-Arthur... Arthur, você está bem? Mas como foi isso? Como eles entraram no Castelo?

-Estou bem, Molly. Ah... Como entraram... Entraram da mesma forma que entraram no final do trimestre.

-E você, Neville, meu filho... Como você está? Sente alguma dor? – Perguntou, enquanto puxava-o para mais um dos tantos abraços apertados que distribuía aos queridos.

-Não, senhora... Está tudo bem comigo. Cuidaram de mim no hospital.

Gina, depois que verificou que o pai e amigo estavam bem, simplesmente comunicou:

-Vou agora ver Harry e ninguém vai me impedir. – Atirada do jeito que era falou e agiu. Pegou todos de surpresa, não tiveram tempo de segurá-la. Quando se deram conta da situação, ela já havia atirado pó de flu na lareira e desaparecido nas chamas verdes vivas. Hermione até então chorando baixinho apoiada em Tonks, mas vendo a atitude da amiga simplesmente fez o mesmo, sem nada dizer.

-Vou junto. – Manifestou-se Neville, tomando a mesma atitude das meninas. Ele já havia pedido para ficar no hospital junto com Harry, mas foi impedido. Agora fez o que já estava com vontade antes mesmo de chegar em casa.

O restante do pessoal não teve alternativa senão segui-los, não sem antes pegarem capas e agasalhos para os três que saíram intempestivamente.

Chegando ao hospital, Gina se dirigiu rapidamente ao 4º andar, onde sabia que eram tratados os pacientes com Danos por Magia. Ela se lembrava bem quando o pai ficara internado lá.

Não foi difícil descobrir o quarto, uma vez que tinha seguranças na porta. Ai, coitados dos seguranças, eles não podiam deixá-las entrar. Tinham ordens, e eram cumpridores de seus deveres. Mas não esperavam ter que enfrentar uma ruiva tão exaltada, insolentemente ela apontava a varinha na cara deles, chantageando-os em azará-los com qualquer feitiço que viesse à cabeça.

-Eu vou entrar quer o senhor me deixe ou não. Eu quero entrar no quarto agora. Sai da frente! – Ela empurrava o segurança para o lado, apontando a varinha de forma audaciosa.

Dessa vez Hermione, sempre tão correta em seguir as leis bruxas, não se manifestou, deixou que Gina fizesse o que queria e ainda ajudou-a a engrossar as ameaças.

O escândalo foi tão grande que Remo, que estava tirando um merecido cochilo, acordou assustado com a gritaria que vinha do lado de fora do quarto. Abriu a porta e deu de cara com Gina e Hermione aprontando todas. Dois furacões passaram por ele.

-Harry, Harry! – Chamou baixinho. – Fala comigo. Você pode me ouvir? Sou eu, Gina. – Deu um beijo no rosto dele.

-Gina, ele está dormindo, tomou várias poções e não acordará tão já. Só temos que esperar, é tudo que podemos fazer. – Ela olhou para o professor e aceitou a explicação com um aceno de cabeça.

Foi para junto do irmão ver se ele estava bem, que embora deitado, estava acordado. Beijou-lhe o rosto. Hermione chorava silenciosa ao lado dele, passando as mãos em seus cabelos carinhosamente, perguntando o que havia ocorrido.

Rony, falando baixo, contou com calma tudo o que havia acontecido, descreveu o desespero para saírem de Hogwarts. As meninas eram boas ouvintes e não interromperam a narrativa.

-Então... Harry estava sendo atacado por todos os lados, mas não dava só para cuidar dele, a gente tinha ficar atento também aos feitiços que vinham em nossa direção. Nossa, foi terrível... Vocês não imaginam... Nunca me senti numa situação tão desesperadora.

Não demorou muito para o restante do pessoal chegar ao hospital e ver que os meninos doentes estavam sendo bem assistidos. O braço de Rony onde brotaram os furúnculos estava bem enfaixado e ele não sentia mais dor. Agora, sentado abraçado a Mione que já estava mais calma, não tirava os olhos do amigo. Os quatro estavam realmente preocupados.

Harry dormia o sono induzido pela poção que tomara, mas se mexia muito, estava agitado... Devia estar sentindo muitas dores, gemia levando as mãos aos olhos. Lupin vigiava os movimentos do garoto, não deixando que ele tocasse os olhos.

Gina pegou uma cadeira, colocou-a ao lado da cama do namorado e ali sentou. Molly sabia que dali ela não sairia enquanto Harry não acordasse. Se insistisse a garota poderia fazer um escândalo... não iria adiantar insistir.

Lupin, sabendo que os três não iriam embora mesmo, conjurou três confortáveis poltronas, para que pelo menos ficassem bem acomodados. A noite passou sem nenhuma novidade.

***
Num lugar muito longe...



_______

22/07/2006.

Ola

Esta ai o cap. 16. A emoçao continua...

Meus agradecimetos a: Eline Garcia, Adi Potter, Bruno Rosario, Elizabeth Régis, Molly, Ivan06, Giovahnna Krum, Jamile Aroucha, Ruby, Tulio Henrique, Pablo, MarciaM, Sônia Sag, Yumi Morticia Voldemort, Gina_Weasley, Gabi, Manu Riddle e k®¡§_Ëväñ, são umas pessoinhas muito queridas viu?!
*Se eu esqueci de mencionar alguem, por favor me avise que eu corrijo com satisfação.
Espero continuar contando com a presença de todos...
[]s+{}s

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