Ele acordou!




25 - Ele acordou!

Hermione e Gina não conseguiam parar de rir com o Profeta Diário nas mãos. A manchete dizia: - DRACO MALFOY, FILHO DO CONHECIDO LUCIUS MALFOY, COMENSAL DA MORTE, MOSTRA AS CUECAS.

-Me deixa ver. – Pediu a senhora Molly. No que viu a foto deu uma gargalhada de se contorcer. – Eu precisava ver isso, realmente eu precisava. Foi a melhor piada que vi!

-Ficou realmente muito boa a fotografia. – Comentou Rony, sentindo uma grande satisfação interior.

Draco sempre fora extremamente cruel com Rony por causa das baixas condições financeiras da família Weasley. Sempre que encontrava Rony pelos corredores da escola não perdia a oportunidade de humilhá-lo na frente dos amigos sonserinos, o que deixava o garoto constrangido. Recebera o castigo merecido.

***

Draco estava em pé ao lado do Lord Voldemort depois de ter recebido uma chamada de atenção em regra. Ele havia contado para o Lord que fora até a loja para pegar a chave do portal a fim de levar Goyle e Crabbe até o quartel-general e quem encontrara na loja, mas os planos não saíram de acordo.

O Lorde estava bravíssimo com a ousadia do garoto.

-Para que eu vou querer dois imprestáveis nas minhas forças? Não pense por mim, Draco. EU! EU escolho quem fará parte do meu exército e não você. Você é idiota ou o quê, Draco? Por que você não revidou à altura? O que você aprendeu com Snape...

-Mas... Mas mestre, agora o senhor já sabe quem faz parte daquela Ordem que tanto o senhor deseja saber. Já falei quem são. – Draco queria mostrar serviço, acreditava que o fato de ter contado para Voldemort quem estava na loja já era o bastante para ficar fora da mira do Mestre.

-Você me contou quem são os soldados, esses eu já sabia. Quero saber quem são os mandões. Snape, você confirma o que Draco contou?

-Eu já lhe disse, Mestre.

-Snape, os encantamentos acontecem debaixo do seu enorme nariz e você continua não vendo nada. – Voldemort estava ensandecido, não conseguia ter a informação que queria. – Aquele auror negro faz parte dela, Severo?

Severo Snape ficou calado.

-Severo, você é um imbecil... Será que mesmo com toda a sua inteligência você não notou o que te aconteceu? Aquele velho armou tudo muito bem... JÁ DEI UMA MISSÃO PARA VOCÊS, QUE FAZEM AQUI AINDA? VÃO CUMPRIR SUAS OBRIGAÇÕES E TRATEM DE TRABALHAREM SEM ERROS! VÃO!!!

***

31 de outubro

O mês de outubro continuou com frio e vento cortante. O céu de Londres mostrava-se encoberto e cinza com grandes nuvens de aspecto carregado; cenário comum nos últimos dias. Rajada de vento gelado entrava por todas as frestas que por ventura existia na Sede. Os moradores corriam para tapar qual buraquinho por onde podia entrar o vento enregelante.

-Mas que coisa... Sempre tem um buraquinho a mais para deixar a gente congelados. – Reclamava Gina, que especialmente era a quem mais se incomodava em tapá-los.

Mesmo com a sede aquecida magicamente o frio era grande. Todos na sede vestiam pesados agasalhos, gorros e cachecóis estavam em alta e muitas vezes luvas também. O inverno com certeza seria dos mais rigorosos se fosse levar em conta o prenúncio que estavam tendo em outubro. Todos comentavam não ser normal em outubro fazer frio desse jeito. Mas também sabiam que na Inglaterra o tempo era instável mesmo. Mas estariam na Inglaterra? Realmente não tinham essa resposta.

Os garotos já não agüentavam mais ficar recolhidos dentro de casa, já haviam feito de tudo, treinado, jogado xadrez, conversado. Mas por fim o tédio acabou tomando conta deles. Eram jovens, e jovens não eram para ficar trancados, ou encalhados, com Harry costumava dizer. Eles precisavam e queriam atividade, seja lá qual fosse, pois ficar sem fazer nada era muito entediante.

Numa madrugada especialmente gelada, Harry não conseguia pregar o olho, por mais que fizesse o sono não vinha, cansou-se de ficar deitado na cama com os olhos abertos. Rony e Neville escondidos debaixo de pesados cobertores estavam desmaiados, roncavam com a boca aberta. “Será que babavam também?” Pensou Harry. Nem se um tiro de canhão estourasse dentro do quarto aqueles dois acordariam. Como eles conseguiam dormir e ele não?

Cansado de rolar de um lado para outro na cama ouvindo aquela sinfonia nada agradável aos ouvidos levantou-se num impulso. Dirigiu-se à cozinha com a firme vontade de tomar um chá quente que lhe desse sono.

Com uma xícara de chá fumegante nas mãos sentou-se numa cadeira à cabeceira da mesa. Distraído em seus pensamentos assustou-se quando Lupin entrou na cozinha perguntando por que não estava dormindo.

-Não consigo dormir, Remo. Cansei de rolar na cama e vim tomar um chá.

-Quer que te conte uma historinha? – Brincou o ex-professor. Harry riu. – Você está com olheiras. Faz tempo que não dorme direito?

-Faz mais ou menos uma semana. - Está frio, não?

-Não mude de assunto, Harry. O que é que está acontecendo?

-Chá? – Ofereceu para o amigo.

-Sim, vou tomar uma xícara com você. Também não consigo dormir. Depois de amanhã é noite de lua cheia, então você já sabe como eu fico, não? – Lupin achou melhor parar com o assunto por um momento, mas não deixaria passar a oportunidade de conversar a sós com o amigo tão facilmente.

-Sei. Difícil isso, não?

-É. Mas a gente acaba acostumando. As coisas melhoraram muito depois que inventaram a poção Mata Cão. Graças a Merlin! Fala, Harry... Eu te conheço. Me conta o que está acontecendo.

Harry deu um longo suspiro, olhou para todos os lados procurando uma saída que lhe possibilitasse escapar e não falar o que estava pensando. Passou a mão pelos cabelos parecendo exasperado. Gesto característico do garoto quando tinha alguma coisa o incomodando.

-Ah, Remo! Preciso falar? É tudo isso. Essa inércia, esse não poder fazer nada durante um tempo. Ficar trancado. Isso é tão injusto... Não escolhi essa vida. Fui escolhido. Minha cabeça fica dando voltas e sempre os mesmos pensamentos vão e vêm, não me dão sossego. Eu só quero ser normal, ter uma vida normal. É pedir muito? Tô cansado. – Respondeu de cabeça baixa.

-Isso vai mudar, mas precisamos ter paciência.

-Paciência... Paciência... É só o que ouço me pedirem. Lupin, eu tô cansado, eu quero ter uma vida como todo mundo tem! Será que é tão difícil de entender? Quero que tudo isso acabe, ou que...

-Ou o quê, Harry?

-Nada. Ia dizer besteira. Não quero falar. – Depois de longos minutos em silêncio, continuou. – Sabe o que penso às vezes? Que seria melhor eu mudar de aparência, de país, de nome... Não seria melhor eu abandonar tudo? Ninguém mais sofreria e nem teriam que participar dessa guerra amaldiçoada.

-Você acha mesmo que isso seria a solução? Se fosse tão fácil assim, você não acha que Dumbledore já não teria sugerido? Esse não é o caminho... O caminho é acabar com você-sabe-quem. Esse é o caminho.

-É... Eu sei. – Calou-se. – Lupin, gostaria de ir a Hogwarts.

-Para fazer o quê?

-Tentar falar com o quadro do professor.

-Posso arrumar isso... Mas vou junto. Sozinho você não vai, combinado?

-Combinado. – Disse com um meio sorrindo. Virou o restante do chá que havia na xícara. – Vou voltar para o quarto e tentar dormir.

-Vai. Vou ficar aqui mais um pouco.

Gina estava muito preocupada com Harry ultimamente, ele não comia direito, se isolava com freqüência e nada que fizesse para ajudar melhorava o humor do namorado. Os amigos conversavam aos cochichos entre si. Mas como dizia Hermione:

-Não adianta. É toda essa situação que está preocupando Harry. É esse não poder fazer nada por enquanto. Eu entendo o que ele está sentindo. E se querem saber, é melhor deixá-lo quieto antes que ele estoure com a gente como já fez outras vezes.

-Ele não tem estourado conosco. – Defendeu Gina.

-Harry não consegue ficar parado. Pelo menos em Hogwarts ele tinha bastante coisa para fazer. – Completou Rony.

Depois de alguns dias, Lupin entrou na Sede e encontrou Harry largado numa poltrona na sala de estar junto com os amigos. Estava calado e desanimado.

-Pegue a capa, Harry. Vamos sair.

Harry não perguntou absolutamente nada, simplesmente se levantou num pulo indo buscar a capa que estava no quarto.

-Aonde vocês vão? Quero ir junto. – Disse Gina.

-Não, não vai.

-Eu já disse que vou junto e pronto. – Voltou a insistir Gina.

-Você não vai. Será que pode nos dar licença de sair um pouco? – Falou com firmeza, olhando para a garota fixamente. – Quero sair com ele um pouco. Você fica e pronto digo eu, entendeu, dona Gina?

-Eu vou onde Harry for. – Disse Rony com firmeza se pondo em pé.

-É melhor perguntar para ele. – Disse Lupin achando melhor que Harry resolvesse isso.

-Eu não quero sair. To com muito frio. – Disse Neville que estava especialmente agasalhado.

Rony foi atrás de Harry.

-Harry, eu vou junto com você. Posso?

Harry olhou para o amigo em silêncio; ponderou toda a disposição do amigo em estar sempre ao seu lado, em qualquer que fosse a situação. Rony era seu melhor amigo, passaram por muitas coisas juntos desde o dia em que se conheceram no Expresso de Hogwarts.

-Pegue a capa, cara. – Disse sorrindo. E acrescentou baixinho. – Vamos a Hogwarts, mas silêncio, não quero que as meninas fiquem sabendo disso, ok?

-Tô pronto. – Falou, jogando a capa sobre os ombros, sem questionar a informação que recebeu. Se Harry queria ir a Hogwarts, algum motivo ele tinha.

Quando retornaram para a sala já estavam prontos, apenas avisaram que iam sair.

-Harry, eu quero ir com você. Custa entender? – Pediu Gina.

-Não, Gina, eu é que pergunto. Custa entender que preciso sair um pouco? Entenda isso, está bem? – Disse quase sem paciência. Gina às vezes sabia ser insistente demais.

-Eles têm razão, Gina. Eles precisam de espaço assim como nós. – Disse Hermione ajudando a segurar o clima pesado que pairou na sala. Harry deu um sorriso para amiga em agradecimento pela ajuda dada.

Com um rápido beijo de despedida na namorada emburrada aparataram para Hogsmead.

Chegando a Hogwarts a professora Minerva já os esperava na frente das grandes portas de carvalho da entrada do castelo, tendo Hagrid junto com ela.

-Harry, não tenho boas notícias. No quadro o professor ainda está dormindo. Já chamei, já fiz de tudo e nada, ele não acorda, não sei mais o que fazer. – Informou-o desanimada.

-Mas quero tentar assim mesmo, professora. A senhora se importa?

-Não, menino... Claro que não. Vamos subir.

Quando chegaram à sala todos olharam para a fotografia emoldurada do antigo diretor. Ouvia-se claramente o som do ressonar que vinha do quadro. O professor Dumbledore dormia profundamente.

-Ele está demorando para acordar. – Disse o quadro do professor Dippet. – Normalmente não é assim, sabem. Estou estranhando, isso não é normal. Isso não é normal. – Finalizou, balançando a cabeça. Era engraçado ouvir a opinião de um quadro; no mundo trouxa isso seria considerado sem dúvida como um comportamento altamente suspeito, louco, para ser sincero.

-Hum... Será que eu poderia ficar sozinho aqui na sala um pouco? – Pediu, olhando para todos.

-Por que?

-Preciso desse tempo, Remo.

-Claro... Claro, Harry. Vamos esperar lá fora. – Falou a professora McGonagall, saindo junto com os demais para fora da diretoria.

Harry se viu sozinho na grande diretoria. Ele conhecia muito bem aquela sala. Sentiu saudades das vezes que freqüentara a diretoria, fosse para receber uma reprimenda ou orientações. Sentiu especialmente saudades do último ano letivo onde tivera longas conversas com o professor, muito sérias e instrutivas em relação à vida de Tom Riddle.

Já fazia 6 anos que descobrira que era bruxo e que tinha começado a estudar em Hogwarts. O tempo passara rápido demais. - Não senti o tempo passar. A melhor fase da minha vida. – Disse alto.

Ficou ali olhando todos os objetos, alguns dos quais ele havia quebrado num acesso de raiva, estavam agora todos intactos, em prefeito estado. Sentou-se na cadeira que ficava de frente para a mesa que era antigamente usada pelo diretor e ficou ali, de cabeça baixa pensando em tudo. Sentia uma estranha sensação de segurança. Era como o se professor estivesse ali, sentado a sua frente.

-Harry?

-Quê? – Respondeu sem se mover.

-Harry?

Olhou para a porta, mas ela estava fechada e mais ninguém dentro da sala.

Seus lábios tremeram, sentiu uma estranha moleza nos joelhos, o coração bateu forte, ele olhou para o quadro mostrando um grande sorriso no rosto até então triste. Levantou-se apressado e chegou mais perto do quadro. Queria ver o professor de perto, queria na verdade dar um abraço no diretor.

-Professor? O senhor acordou? - Disse com os olhos brilhando.

-Sim, Harry. Acho que já dormi demais. Mas o que você faz aqui sozinho?

-Eu queria... Eu vim... Vim até aqui na esperança de conversar com o senhor.

-Pelo jeito deu certo, não é mesmo? Estamos conversando. – Disse retrato do professor com sua voz calma e sorrindo. – E sobre o que você quer conversar?

-Ahhh... Não sei... Sobre tudo, acho. Essa situação das buscas das Horcruxes, já destruí algumas. Eu ter que ficar escondido. A escola fechada. Da minha vida... Do sossego que nunca tenho... É tudo isso... – Harry falou e falou sem parar durante mais de uma hora. Desabafou, contou tudo que tinha acontecido, o que estava sentindo e finalizou dizendo. - Estou cansado, professor Dumbledore, cansado dessa busca insana. Quero viver uma vida normal, como uma pessoa normal. Eu não escolhi tudo isso que está acontecendo comigo. É muito injusto... – Falou de cabaça baixa, sentindo lagrimas invadirem seus olhos. – Mas também é saudades do senhor, sinto sua falta, sinto falta das nossas conversas. Às vezes me sinto perdido; não é a falta de amigos, eu os tenho à minha volta e sem eles estaria mais perdido ainda. Não sei explicar o que é, mas acho que o senhor entende.

-Sim, entendo. Entendo o que você está sentindo. Mas Harry, pense... Todos estão empenhados em acabar com o mal. Isso é primordial; não só para você. Não sei se felizmente ou infelizmente, mas você é a chave principal dessa campanha toda. O lado bom de tudo isso é que você não esta sozinho.

-Mas está muito difícil, professor. – Disse olhando profundamente para o quadro. Havia um estranho brilho nos olhos do professor. – Não sei se terei forças para tudo que estão esperando de mim; é muita coisa. E às vezes tenho medo, sabe.

-Sei sim. Eu estranharia se você não tivesse medo, Harry. O medo é natural nas pessoas, ainda mais quando têm uma grande tarefa à frente. E lembre-se sempre, Harry, você tem a arma. É tudo que você precisa saber.

-O amor. Eu sei.

-É... E amigos legais também. Mas nunca se esqueça, Harry, e isso é muito importante: Nem tudo é o que parece ser.

-Como assim, professor?

-Apenas lembre-se sempre disso. É o suficiente. Entende?

-Está bem. Disse resignado. – Professor, o senhor não pode me dizer mais nada sobre onde procurar as outras Horcruxes?

-Sinto muito, Harry, mas não sei. Faltou tempo para completar a tarefa, infelizmente. Mas vocês, e quando digo vocês, estou me referindo a você, ao senhor Weasley e a senhorita Granger, têm elementos para prosseguirem nessa busca.

-Como?

-Pense em tudo que conversamos que você obterá as respostas.

-Tá certo, então... Professor, o pessoal está me esperando fora da sala. Será que eu não poderia chamá-los? Sabe... Eles estão sentindo muito a sua falta, estão com saudades também.

-Pode, Harry. Pode sim. Vou ter prazer em trocar algumas palavras com eles. Mas nada sobre os acontecimentos, está certo? Isso é só entre nós.

-Mas eu contei nossas conversas para todos, até mostrei as lembranças na penseira, agora tenho uma, sabe. Fiz mal? – Perguntou assustado.

-Não, não fez. Aliás, fez muito bem. Você agiu corretamente, para se ter ajuda é necessário ser absolutamente honesto e dizer o que de fato está acontecendo. E se entendi tudo que você me contou, vocês estão obtendo êxito contra Voldemort. Continue agindo assim, Harry. Mas não quero conversar com eles sobre o assunto. Esse assunto, Harry, sempre foi só entre mim e você.

-Bom, estou te contando tudo isso porque o senhor não me disse para parar de lhe obedecer, caso o senhor...

-Morresse... Não, não disse. Mas Harry, você tem que entender que as situações mudaram, não é mesmo? O destino não nos pertence. Mas como quero fazer outras visitas, peça para que nossos amigos entrem, sim?

A surpresa foi imensa quando os amigos entraram na diretoria e viram o professor acordado. A oportunidade de trocarem algumas palavras, mesmo por alguns breves momentos, com o quadro era extremamente gratificante. Os assuntos foram os mais diversos; era impossível controlar a euforia, até o retrato no quadro se divertiu com a situação e deu boas risadas com os antigos amigos. O sorriso ficou grudado no rosto de cada um deles durante o resto do dia, pelo no resto da semana.

-Como você conseguiu acordá-lo, Harry? – Perguntou a professora McGonagall, visivelmente emocionada.

-Não fiz nada, professora. Apenas fiquei sentado aqui nesta cadeira e foi ele quem me chamou.

-E aí, Harry, o que aconteceu? – Quis saber Lupin.

-Bom... Eu contei para ele tudo o que está acontecendo, tudo o que estamos passando e o que estou sentindo, só. – Respondeu com poucas palavras. Aliás, não havia muito que contar para o amigo, pois eles já haviam conversado naquela madrugada gelada.

-Ele não deu mais instruções?

-Não. Eu é que fiquei falando e falando. – Disse achando graça da atitude que teve.

-Parece que a conversa lhe fez muito bem. Você ficou mais animado, não? – Disse Lupin.

-É. Fiquei sim, Remo. Foi muito bom conversar com o professor novamente.

-Bom... É melhor voltarmos para a Sede, têm namoradas que devem estar ansiosas. Vamos? Não sei se você se deu conta, mas hoje é dia das Bruxas. Sem dúvida uma data para ser comemorada, vocês não acham?

-Não, não vamos embora ainda. Quero voltar à masmorra onde destruí a Horcrux e pegar os restos dela.

-Pra quê pegar aquele lixo Harry? – Perguntou Hagrid, indignado.

-Não sei. Só sei que tenho que fazer isso. Vamos até lá antes de ir embora, ok?

Caminharam pelos corredores agora gelados sem os archotes acessos. O vento frio que entrava livremente pelos vãos das janelas machucava o rosto; o castelo não contava com o habitual aquecimento que os elfos domésticos sempre providenciavam no inverno. Desceram as escadarias que levavam às masmorras. Lupin silenciosamente conjecturava sobre o porquê de Harry querer os pedaços daquele objeto maligno. Que será que ele esta pensando em fazer agora?

Na masmorra Harry olhou em volta e sem muito pensar foi recolhendo todos os pedaços que restavam do Medalhão. Apanhou a espada que havia sido esquecida no chão, limpou sua lâmina com a barra da capa e observou seu reflexo nela. Num canto encontrou o Escudo que tinham tirado do armário. Guardou tudo que achou no bolso da capa.

-Estou pronto. – Informou a Lupin.

-Me dê a espada para eu guardá-la no devido lugar, Harry. – Pediu a professora McGonagall.

-Não. Vou ficar com ela. Pode ser de grande ajuda. Depois devolvo.

-Então cuide muito bem dela, Harry. Ela era de...

-Sei a quem ela pertenceu, professora. Pode ficar sossegada. Cuidarei dela.

-Ãã... Harry venha comigo um instantinho até a floresta, quero lhe mostrar uma coisa. – Pediu Hagrid olhando para professora Minerva, que sorria.

-O que é?

-Venha.

Harry, sem receber resposta para a pergunta, seguiu o amigo meio-gigante dando três passadas a cada uma que o amigo grandalhão dava.

Caminharam só um pedacinho para dentro da orla da floresta. Hagrid parou perto de uma árvore bem alta e colocou Harry sentado no ombro para que pudesse olhar dentro do buraco.

-Uowww! Que você está fazendo, Hagrid? – Disse quando sentiu seus pés fora do chão.

-Olhe dentro do buraco.

Harry olhou admirado para os dois pares de pequenos olhinhos cor de âmbar que olhavam para ele por debaixo das patas da coruja das neves.

-Edwiges! Você teve filhotinhos! Por isso você sumiu... – Disse, acariciando as penas branquíssimas da coruja. – Você está bem? Quer ir embora comigo? – Recebeu delicadas bicadinhas na mão.

-Não, Harry. Deixe-a aí mesmo. Os filhotes ainda não estão prontos para voar, são muito novinhos. Depois, quando estiverem prontos, normalmente seguem a mãe durante um tempo. É a natureza, Harry. – Disse Hadrig, colocando Harry no chão.

-Mas eles vão passar frio!

-Bobagem. Eles estão bem protegidos pela mãe.

-Mas queria ficar com os filhotes também.

-Harry. Se Edwiges quiser, ela levará os filhotes até você. Acho melhor esperar, eles estão bem.

-Tchau, Edwiges. Estou te esperando na Sede, pode levar seus filhotes, viu?

-Você cuidará dela para mim?

-Claro. Que você acha que fiz até agora? Ela veio para cá quando estava na hora de pôr os ovos. Alojou-se na árvore e desde então tenho conversado com ela todos os dias. O macho deve estar caçando. Eles se revezam nas caças, sabe. Ele é grande e marrom, uma típica coruja das torres, muito bravo também. Relutou muito em me deixar chegar perto, mas ainda não me aceitou como amigo.

-Você não vai para a sede conosco?

-Não dá, Harry. Tenho que ficar aqui e cuidar das coisas para professora McGonagall.

Harry ficou feliz com a novidade. Nunca havia se interessado pela reprodução das corujas, anotou mentalmente que iria procurar saber mais sobre o assunto. Quem sabe formaria um corujal... Mas essa idéia ficaria para depois, se tivesse tempo. Tempo...

A viagem de volta para a Sede foi sem dúvida mais animada. A caminhada até Hogsmead foi recheada de conversas descontraídas e de recordações felizes que de repente brotavam na lembrança de todos. Até a professora Minerva se mostrava um pouco mais solta e vez por outra soltava umas observações engraçadas.

-Até parece que tomamos um pouco da poção Felix Felice. – Observou Harry que havia tomado um bom gole da poção para conseguir se desvencilhar da tarefa que o professor Dumbledore lhe dera.

Ao longe, parado numa esquina, o misterioso ser encapuzado olhava Harry com atenção. Lupin sentiu a presença e, imediatamente, numa atitude protetora, se aproximou de Harry segurando firmemente a varinha sob a capa, porem não comentou nada, não iria estragar um dos raros momentos de descontração do jovem amigo.

Quando entraram na Sede admiraram-se com sua aparência inusitada, ela estava toda enfeitada. Lindas lanternas de abóbora com uma vela dentro que iluminava uns sorrisos sinistros pendiam do teto. O cheiro de gostosos quitutes perfumava toda a Sede. Quando eles chegaram foram recebidos por Gina e Hermione que personificavam antigas bruxas. Estavam muito engraçadas. Gina, quando viu Harry, correu para abraçá-lo.

-Vamos ter uma festa. – Informou Gina animada. – E vamos poder ficar no jardim também, o professor Moody fez um encantamento para podermos ir lá fora. – Mamãe convidou todos da Ordem e até Luna vem! Neville está todo feliz. Moody foi buscá-la. Ela ficará uns dias com a gente. Não é legal? Vem ver como o jardim ficou bonito todo enfeitado... – Gina estava excitada, falava com uma rapidez impressionante.

-Puxa, Gina, fazia tempo que não te via feliz assim. – Comentou Harry, beijando o sorriso da namorada, com o braço em volta de sua cintura.

-Estou mesmo... Tô feliz, mas não esqueci que vocês saíram e não nos disseram aonde iam. Pode começar a contar.

-Não... Só depois. Vamos esperar. Quando todos os nossos amigos estiverem aqui contamos, ok? – Você vai gostar de saber das novidades. – Respondeu com um sorriso maroto. – Agora vou me arrumar também para a festa.

Harry guardou tudo que recolheu nas masmorras dentro do malão e não contou nada para ninguém e ainda pediu para Rony ser discreto.

-Por que, Harry?

-Não tenho a mínima idéia do por que, apenas sei que é para ser feito assim. Vamos...

O jantar do dia das Bruxas foi mais feliz que esperavam. Os gêmeos trouxeram do Beco Diagonal garrafas e mais garrafas de cerveja amanteigada, guloseimas da Dedosdemel e soltaram grande quantidade de fogos da Gemialidades Weasley. Esses fogos tinham uma qualidade única... Podiam ser congelados e guardados para serem usados numa outra ocasião.

A notícia de que finalmente o quadro do professor Dumbledore havia acordado foi recebida com uma grande salva de palmas, causou grande sensação e deu maior colorido no jantar festivo. Ele podia não ter dito nada de importante, mas já era bom demais que ele estivesse presente, mesmo que fosse uma mera pintura fria pendurada na parede.

-A conversa deve ter sido muito boa. – Comentou Luna como se observasse uma borboleta pousada na ponta do nariz de Harry.

Ela ainda conservava o ar avoado que era sua marca registrada, mas estava um pouquinho mais parecida com o dito normal, mas não tão normal para dizer a verdade. Ainda se vestia de uma maneira diferente e tinha nas orelhas os famosos brincos de rabanete. Se bem que falar o que é normal no mundo bruxo era difícil, já que cada um tinha seu modo muito peculiar de ser.

Harry resumiu a conversa que teve com o professor e respondeu algumas perguntas, não todas, mas as possíveis. Não entrou em muitos detalhes por cousa da amiga recém-chegada. Ele não a queria metida na busca que tinha pela frente. Chamou Moody num canto e expôs sua preocupação.

-Não se preocupe, Harry. Vou levá-la embora depois de amanhã.

Harry ia se explicar melhor para que o professor não ficasse com uma impressão errônea sobre sua atitude, quando Moody fez sinal com a mão que sinalizava entender a situação. Não era bom ter mais alunos envolvidos numa guerra, principalmente sem estar tão bem preparado.

Quando contou que Edwiges tivera filhotes, Gina e Hermione ficaram curiosas para ver os “bebezinhos”.

-Ah, Harry! Quero vê-los! Me dá um filhotinho?

-Gina... Como posso dar o que não é meu! Eles são de Edwiges.

-Na verdade, Harry, os filhotes são seus também, pois a coruja é sua. Com certeza ela trará os filhotes pra cá quando estiverem prontos. Então, como você sempre faz, converse com ela antes dar os filhotes, você saberá se ela concordar. – Informou a senhora Weasley.

Num canto afastado da cozinha Lupin contava para os amigos que vira o estranho parado na esquina de Hogsmead.

-Quem será que era? O que ele espera conseguir? Pegar Harry?

-O engraçado ou preocupante é que ele não se aproxima de Harry e nem o ataca, mas aparece sempre. Até parece que sabe qual será o próximo passo de Harry. Isso me deixa nervoso. – Comentou Moody.

-Será...

-Não, Arthur, não tem espião na Ordem, mesmo porque ninguém sabia que eu ia sair com Harry hoje. Nem para vocês eu contei.

-Mas então?

-Então nada. – Respondeu Quim. – Ele parece saber mais sobre os desejos do garoto que nós mesmos.

-Ou está esperando uma oportunidade mais favorável para...

-Isso sim é preocupante, muito preocupante. – Disse Tonks se afastando do grupo de amigos e voltando para junto das meninas que se divertiam com os meninos.

***

24/11/2006 - 14h53m

Oi gente... Yaeh yaeh...consegui terminar antes de 15 dias. Espero que vcs gostem de um cap sem ação...mas faz parte.

Para Mily, Amanda Regina Magatti, GuiL_PotteR, Eline Garcia, Xubirow, Manu Riddle, lamarck, Elizabeth Lovegood Potter, MarciaM, Gina_Weasley, Sô, meus abraços e bjos.

To ganhando novos leitores...eba... Brigadinha viu!!!

Até o próximo cap, que infelizmente ainda está bem fraquinho., ai ai!

[]s e {}s
McGonagall

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