A vingança de Harry

A vingança de Harry



22 – A vingança de Harry

05 de outubro

Bellatriz estava sozinha num aposento mal iluminado do quartel-general de Lord Voldemort. Obsessivamente ainda se corroía de ódio mortal por Rabicho ter dado aquela notícia boa ao Mestre. Ela simplesmente não conseguia esquecer o ocorrido já há tanto tempo. Cada vez que olhava para Pedro quando estavam no mesmo ambiente ela se lembrava do castigo sofrido. Maquinava febrilmente em sua mente doentia alguma forma de se sobressair perante Voldemort.

Olhando para a janela viu um corvo negro com patas horríveis, grandes, escamosas e com manchas avermelhadas, o pescoço e cabeça de um vermelho vivo, era arrematada com um bico curvo asqueroso, encarrapitado no peitoril. Chôôô – tentou espantar o bicho sem resultado. Quando se aproximou viu um pergaminho preto amarrotado com letras garranchosas em vermelho, amarrado nas patas horrorosas da ave. “Uma carta!”.

Agarrou a ave pelo pescoço com toda brutalidade que possuía. O corvo se debateu em vão nas mãos da diabólica Bellatriz que arrancou a carta das garras da ave. O corvo quando se viu livre das mãos da comensal saiu voando em direção ao horizonte. Ela estava endereça ao Lord Voldemort. “O urubu é burro demais para entregar para a pessoa certa” - Pensou. “Entregou para a primeira que encontrou”. Olhando para os lados Bella conferiu que permanecia sozinha. Abriria a carta ou a entregaria ao Mestre? Ficou virando a carta entre os dedos num dilema mortal. Por fim a curiosidade que matou o gato venceu.

Primeiro a leria e se fosse alguma coisa de importância ela daria a notícia ao Lord como se a informação fosse obra dela e de nenhum outro. Ele ficaria satisfeito com ela e assim reconquistaria o lugar de preferência que julgava ser seu por direito. “Oportunidade perfeita!”. – Pensou. Com um feitiço abriu a carta. Leu admirada a informação. Arregalou os olhos o pouco que conseguia. Até que enfim uma notícia boa, o destino a estava favorecendo.

Com medo do que estava para fazer, mas a ambição falando mais alto, aparatou para onde a carta indicava. Uma farmácia no Beco Diagonal.

No final da tarde, o Beco Diagonal estava calmo. Como sempre se via bruxos deitados no chão, encostados em paredes. Enfim, nada de anormal. Os lojistas estavam se arrumando para fechar as portas das lojas, felizes com a volta do movimento na rua.

Os fregueses, agora mais despreocupados, mas não menos cuidadosos, andando sempre acompanhados, voltaram a transitar pelo Beco Diagonal, lotavam as lojas, paravam para olhar as vitrines. Agora no entardecer corriam de uma loja para outra finalizando as compras.

Até o Caldeirão Furado, para felicidade de seu dono Tom, servia garrafas de cervejas amanteigadas para os seus antigos fregueses que aos poucos voltavam para encontrar os amigos no velho bar.

-“Ela chegou”.

-Pedro – Disse Bellatriz baixinho, assustando o rato traidor.

-Hã? Que você está fazendo aqui, sua intrometida? Eu chamei o Mestre e não você! Vá embora e chame o Mestre.

-Você não manda em mim! Foi ele mesmo que me mandou vir. Cadê o garoto?

-Ta lá dentro da farmácia. Não sei o que está acontecendo. Faz um tempão que ele está lá. Por isso chamei o Mestre, preciso de instruções.

Bellatriz não acreditava que tinha que dar respostas ao rato. Suspirou indignada.

-E pra quê você acha que ele me mandou? – Falou, dando um tapa na cabeça de Pedro de baixo para cima.

-E o que só nós dois vamos poder fazer? Ele está com o auror maluco!

-E eu lá tenho medo do tonto do Olho-Tonto? – Disse, dando um outro tapa no ombro do coitado do Pedro.

-Pára de me bater Bellatriz. – Reclamou, enfezado. – Não sou seu saco de pancadas, sua bruxa desgraçada. Se me bater de novo também vou te dar um safanão, fique avisada, e não estou brincando.

-Vou lá dentro, você fica aqui.

- Você tá louca? Que vai fazer lá dentro? Ele vai te ver e te estuporar, isso sim! Você vai estragar tudo. Vai embora de uma vez.

Mudou as roupas magicamente e entrou na farmácia com a maior naturalidade do mundo.
Parou do lado de Harry e o cumprimentou. – “Que cara de pau eu tenho” – pensou. É claro que não me reconheceram. Estava satisfeita consigo mesma; ela sempre se achava o máximo. - Pediu uma coisa qualquer para o farma-bruxo, pagou e saiu.

-Ele tá lá dentro tentando comprar sangue de dragão. Vai aprontar alguma. Só estão os dois. Quando eles saírem, você estupora o amaldiçoado do auror que eu vou agarrar o Potter e desaparatar. Você me entendeu?

-Entendi... – Gemeu o rato. – Mas não vai dar certo! Não vai dar certo! Vamos buscar ajuda, Bellatriz, é melhor.

-Cala a boca, rato covarde. Olha, lá vêm eles. – Ohhh! Mas que carinha mais feliz a do bebê Harryzinho.

-Espera! Vamos segui-los. E vê se você não faz nada errado. – Avisou, segurando o braço erguido de Pedro, já com a varinha na mão, apontada para o auror.

-Mas você não falou para estuporar o velho assim que saísse? – Aaaaiiiii Bellatriz, vai dar tudo errado! – Agora o rato se tremia todo. – O Mestre vai ficar bravo! Ele vai nos castigar. Você fique aqui, eu vou lá chamar ele e já volto. É melhor.

Bellatriz não escutou a reclamação do rato traidor, continuava com o pensamento fixo em capturar Harry Potter e o entregar de bandeja para o Mestre. Era a oportunidade de sua vida, e não a deixaria passar em branco.

-Falei... Mas mudei de idéia. Vamos ver o que mais vão fazer, quanto mais informação melhor. Vem... – Falou, não dando atenção para os choramingos do medroso animago.

Seguiram os dois esgueirando-se por entre as sombras do final da tarde do Beco Diagonal, mantendo uma distância segura. Bellatriz sempre na frente.

Alastor e Harry estavam bem despreocupados e descontraídos, entraram na loja de Artigos para Animais Mágicos e ficaram lá dentro por mais meia hora. Harry devia estar se sentindo seguro, com certeza, ao lado do auror que encheu Azkaban de Comensais da Morte.

Bellatriz estava ficando impaciente. Olhou os bruxos que transitavam pelo Beco. Eram bruxos pobres, mal vestidos, caídos na calçada ou encostados nas paredes dormindo a sono solto. Via-se garrafas de bebidas derrubadas no chão. Alguns deles se entretinham em tomar longos goles de bebida direto do gargalo das garrafas, escorrendo o líquido pelos cantos das bocas nos trapos que usavam. Arrotos altos eram ouvidos. Nada tinha de suspeito. Não havia sinal de nenhum auror pelo local, senão já a teriam agarrado. Ela sabia que era procurada e os aurores não a deixariam escapar se tivessem a menor das oportunidades.

-É agora, Pedro. Eles não têm mais ninguém perto. Quando ele sair Estupore-o rápido, entendeu, seu idiota?

-Como você sabe que não tem ninguém vigiando? Você acha que eles iriam deixar Harry Potter sair sem proteção? Você tá louca, Bellatriz? Ele deve estar sendo muito bem vigiado.

-Se tivesse alguém vigiando já teriam nos visto e agarrado, seu cretino. Somos procurados, seu rato burro! Vê se faz tudo certo, se não eu te tiro o couro com você vivo aqui mesmo, entendeu? – E lascou um tabefe fenomenal no ouvido de Pedro.

Mas Pedro, covarde que era, não cumpriu a ameaça feita. O medo da impiedosa Bellatriz o deixou sem ação, e ele se limitou a massagear o lugar atingido, agora tinto de vermelho vivo.

-Ai ai! Tá... Entendi... entendi... Mas não vai dar certo. Tô avisando. – Respondeu Pedro, esfregando com a mão sem um dedo a orelha brutalmente atingida. – Eu te avisei. Pára de me bater... Vou contar tudo para o Mestre.

-Conta pra quem você quiser. E vê se cala essa boca podre e faça o que estou mandando.

Estavam saindo da loja com Harry sorridente, carregando um enorme pacote com uma coruja estampada na frente da caixa.

-Sabe, professor, estou realmente estranhando essa ausência de Edwiges, faz meses que ela não aparece e ela nunca fez isso. Ela sai para caçar, mas logo volta. – Harry estava preocupado com sua linda coruja das neves. Depois que tinha tido para A Toca a coruja não aparecera mais.

Harry não obteve resposta. Mal cruzaram o batente da porta, Alastor levou o Estupore de Pedro e caiu de costas em plena rua. Bellatriz já em pé ia dando o primeiro passo para agarrar Harry que olhava espantado para o professor estendido no chão, quando algo bateu forte em seu peito. Instintivamente ela levou a mão no lugar onde foi atingida para limpar o que quer tivesse batido ali. Mas a reação foi completamente diferente. Coceira... Uma coceira desgraçada tomou conta dela todinha. O corpo inteiro coçava desesperadamente. Ela se descontrolou. Tentou pegar a varinha, mas não conseguiu segurá-la com a devida firmeza, a necessidade em se coçar era maior. Começou a amaldiçoar, xingar, gritava por feitiços, mas nenhum deles funcionava. Quando num relance de olhos conseguiu olhar em volta viu que estava rodeada pelos bruxos vadios da calçada.

-INCARCEROUS – Gritou Moody já em pé novamente e posicionado frente a ela.

-O QUÊ? SEUS MALDITOS! SEUS VERMES! MEU MESTRE VAI ACABAR COM VOCÊS. PEDRO, VÁ BUSCAR O MESTRE. – Gritava descontrolada a comensal da morte acometida por uma coceira infernal que tomava conta de todo seu corpo de forma intensa e alucinante. – PEDRO... – Gritava.

Mas Pedro não estava perto dela. Alias não estava em lugar nenhum. Havia sumido.

-Pedro, seu covarde de uma figa... Eu vou te matar assim que encontrar com você. Eu vou acabar com você. – Gritava a comensal descontroladamente amarrada.

-Vamos. – E todos que estavam em volta dela desaparataram levando-a junto.

Com uma Bellatriz amordaçada, mas que não parava de se mexer um segundo entraram quietos no Ministério. O novo vigia, adormecido, babava em cima da mesa e nem os ouviu chegar, também com os roncos que soltava não iria conseguir ouvir nada mesmo. Silenciosamente caminharam ligeiros para a sala de interrogatório. Na sala já se encontravam mais alguns integrantes da Ordem. Amarraram Bellatriz numa cadeira, ela não sossegava, se mexendo em todas as direções para se coçar. Deu um bocado de trabalho amarrá-la.

-O que é isso? Que é isso? Que feitiço é esse? Pedro, seu vagabundo, que você fez comigo?

-Depois que você receber algumas visitinhas lhe daremos o antídoto. – Informou um “Pedro” que parado em frente a ela lentamente se transformou em Gui, que sorria.

-VOCÊ?

-É, sou eu. – Respondeu Gui com a maior simplicidade que pôde colocar na voz naquele instante. – Eu era o seu amigo “Pedro” até agora a pouco.

Nesse momento um corvo entrou voando na sala, pousando no ombro de Gui e dali para o chão. Aberforth Dumbledore voltou à forma original e deu um sorriso debochado para Bellatriz.

-Oi, Bellatriz. Lembra-se de mim? Claro que lembra, não é mesmo?

-Sai daqui, seu urubu nojento! Vou acabar com você!

-Vem. – Chamou Aberforth na maior calma.

Bellatriz olhava de um para o outro, espantada. Percebeu tarde demais que tinha caído numa armadilha.

-Eu te avisei que não ia dar certo. Você não quis me escutar. Azar o seu. – Disse Gui, sacudindo os ombros em sinal de pouco caso, com um sorriso charmoso no rosto agora cheio de cicatrizes esbranquiçadas.

-Fenrir Greyback fez um bom trabalho em seu rosto. Você tá mais feio que o maluco do Olho-Tonto. – Comentou Bella.

-E fez, não é mesmo? Mas incompetente como é não conseguiu me transformar em lobisomem, sua cobra venenosa. Mas nós vamos te transformar numa boa menina, sabia?

-Não vai conseguir – E coça aqui. – Meu Mestre já, já, vem me buscar. – E coça ali. – ME DÊ O ANTÍDOTO. – Gritava se contorcendo para conseguir coçar e aliviar a coceira.

-Seu mestre não tem a mínima idéia de onde você está, e por sua culpa. Você não avisou que ia sair, não é mesmo? Aliás, nem entregou a carta a ele, sua ambiciosa! Olha, se eu não fosse o homem que sou lhe devolveria as bofetadas que você me deu. Sorte sua eu ser educado, mas é aqui que termina minha cortesia com você. Pois daqui você só sai por cima do meu cadáver, o que não vai ser fácil. – O rosto de Gui estava transformado pela raiva, entretanto ele falava baixo.

-Me dá o antídoto! – Gritava em desespero.

-Sabe Bellatriz... Foram dias... Não, semanas de observação, te seguindo, te ouvindo falar sozinha. Puxa! Você reclama pra caramba de Pedro. Que coisa mais feia. Companheiros da ordem do mal se odiando desse jeito! Foi difícil te encontrar sozinha no quartel-general do Voldemort. Mas tudo que se faz com afinco se obtém resultado, tanto é que você está aqui. – Disse Aberforth Dumbledore com a mesma tranqüilidade do irmão falecido.

-Me dá o antídoto!

-Acho que você merece saber que descobrimos a chave do portal que está na loja do Borgin. – Gui continuava a falar sem responder ao apelo que ela fazia sem parar. – Sabe, ia demorar um bocado de tempo até descobrirmos que lá dentro tinha uma chave do portal. Deu um trabalho dos infernos manter o disfarce, mas valeu a pena. Aberforth teve a maior paciência em te observar. Amanhã a essa hora Quim vai relatar ao Ministro a ajuda que o Borgin dava aos Comensais da Morte e ele será preso em Azkaban. – Contou Gui.

-Não... Não pode ser! – Disse em meio às balançadas que dava para coçar as costas na guarda da cadeira. – Borgin não deixaria vocês entrarem lá na loja. Ele teria nos avisado.

-Ah! Claro que teria, se soubesse o que estava acontecendo debaixo do nariz dele, mas acontece que ele não tinha nem idéia que o estávamos vigiando. Aberforth é um animago e sua forma é de corvo, como agora você já descobriu, e foi na forma de animago que ele ficou de tocaia na frente da loja. Borgin não desconfiou de nada. Aliás, poucas pessoas sabem disso. Ele não gosta muito de contar isso, sabe. Mas também isso não importa mais.

-Mas não pode ser... – Dizia abismada.

-Mas claro que pode. Tanto pode que a temos aqui bem na nossa frente. Conhecemos a chave do portal e tem mais, vamos destruí-la. Foi assim também, como um animago, que conseguiu entrar no quartel sem ser notado. Afinal quem vai notar mais um corvo no antro de perdição onde vocês se escondem, não é mesmo?

-Vou contar para meu Mestre tudo isso. – Respondeu tomada pela raiva.

-Vai nada. Você não vai poder fazer nada. Pois daqui você não sairá nunca mais. Esqueça as suas ameaças, suas vinganças. – Falou Aberforth Dumbledore.

-Me dá o antídoto! – Gritava em desespero.

-Ahhh! Mas ainda não é hora. Relaxa. Tenha paciência e espere mais um pouco, eles já estão chegando. – Disse Gui.

Bellatriz tentava se coçar, mas amarrada do jeito que estava era-lhe impossível alcançar todos os pontos de coceira que sentia em todo corpo.

A porta se abre e Harry Potter entra com a expressão do rosto marcada pela raiva, de mãos dadas com Gina, acompanhado de Rony e Hermione.

-Ohhh! O Potterzinho com a namoradinha possuída pelo Lorde Voldemort. Meu mestre vai gostar de saber que você já é um homenzinho. – Ela tentava rir com sarcasmo, mas não conseguia. O desespero deixava sua voz embargada. Na verdade até o céu da boca coçava.

-Eu te disse, Bellatriz, que você não conseguiria me pegar. Mas nós é que te pegamos. A situação mudou, não é mesmo? E agora? Que você vai fazer, vai pedir socorro para Voldemort? – Perguntou Harry.

-Não fale o nome dele com essa boca imunda!

-Ah! Pára, Bellatriz, não percebeu onde você está? Pensa que não notei que era você na farmácia? Não sou o idiota que você pensa que sou. – Retalhou Harry. – Esses seus olhos com pálpebras caídas e essas unhas de gavião não enganam a ninguém.

-Você não é nada, Potter. Meu Mestre pode tudo.

-Bellatriz... Escuta o que vou te falar. Voldemort é mestiço assim como eu. E ele... não... pode... nada...! Sua idiota... NADA!

-Você não perde por esperar, Harry Potter! Ele vai acabar com você como acabou com seus pais. O Mestre é mais que você e esses seus fracassados amigos.

-Fracassados? Você ainda não se deu conta do que está acontecendo com você, não é mesmo? Não está vendo onde você está?

-CALA A BOCA, HARRY POTTER, E ME DÁ O ANTÍDOTO, ESTOU MANDANDO. – Gritou desvairada Bellatriz.

Harry se enfezou de vez e gritou – PERPETUAM PAPILIO - AETERNUS FLERE numa rapidez tão grande que assustou a todos. Lupin observou que, tomado pela emoção do momento, Harry não pegou a varinha.

-Pronto... Podem dar o antídoto para ela, depois conversamos. Quero que ela me olhe nos olhos enquanto eu estiver falando e não fique se mexendo pra lá e pra cá.

Tonks, McGonagall, Papoula e Molly, com varinhas em punho, conjuraram cortinas e uma banheira.

Quando a soltaram para o banho, grandes arranhões eram vistos no rosto, braços, pernas, abdômen. Suas vestes tinham sido transformadas em trapos, estavam rasgadas e manchadas de sangue. Mas ninguém mostrava complacência. Ela estava literalmente sofrendo.

Quando Bellatriz deu por si, já se achava nua tomando o banho mais estrambólico da vida, com sabão de maracujá, mergulhada numa banheira cheia de suco de tomate tendo quatro varinhas apontadas para ela, sendo que a de Tonks estava encostada literalmente em sua testa.

-Tire as mãos de cima de mim. – Gritou humilhada por se ver nua frente às desconhecidas.

-Me dê só um motivo, QUERIDA titia, e você ficará sem pálpebras, já que elas são caídas mesmo. Isso quer dizer que nunca mais dormirá na vida. – A ferocidade na voz da auror era grande, seus grandes olhos brilhantes eram agora opacos e semicerrados. Ela podia ser meio atrapalhada, porém trabalhava com competência.

-O que vocês fizeram comigo? O que é isso? Olhem para mim! Estou toda ferida! – Gritava, reclamando do estado físico que se achava.

-Isso não é nada comparado ao que você vai passar daqui a pouco. – Vociferou Moody do outro lado da cortina.

O banho acabou e uma Bellatriz mais sossegada foi imobilizada na cadeira novamente. Era um farrapo humano, humilhada. Vestiram-na com uma túnica com mangas longas da juta mais ordinária possível.

-Vou pegar um por um de vocês. E vou começar por você, Harry Potter. – Rosnou olhando nos olhos verdes de Harry, fazendo força para avançar no garoto.

-Vai nada... Bellatriz, veja o que eu faço com sua varinha! – Disse Harry na frente dela.

-Você não atreveria!?

Ela olhava perturbada para Harry, que tinha as mãos uma em cada extremidade da varinha.

-Não?! – Gritou. – Escutou-se um estalo na sala.

-Olivaras me fará outra varinha melhor que esta que você quebrou. – rosnou Bellatriz entre dentes.

-Veja... Mostrou as duas metades da varinha para a dona e jogou-as no chão pisando em cima.

Harry se abaixou e pegou uma varinha qualquer dentre as muitas que coalhavam o chão da sala, entregando para Bellatriz.

-Desamarrem uma das mãos dela. – Pediu. Voltou-se para Bellatriz.

-Tome, use esta. Ela era de um dos muitos interrogados que já passaram por esta sala por “bom comportamento”, assim como o seu, sabe.

Os olhos dela brilharam. Afinal uma chance foi dada pelo próprio Harry Potter, ia acabar com todos. Harry não sairia impune da humilhação que a havia obrigado a sofrer.

-Avada Ked...! Avada Ke... – Antes de conseguir falar o feitiço sentiu soluços compulsivos tomarem conta do seu peito, lágrimas involuntárias escorrerem pelo rosto e borboletas invadindo a sala. Quanto mais ela sacudia a varinha mais luz amarela brilhante inundava o ambiente e lindas borboletas apareciam e desapareciam.

-Ah! Sabia que esse feitiço seria o primeiro que você tentaria. Vai, tenta novamente. Use a varinha para nos prender. – Incentivou Harry. – Quer outra varinha? Escolha uma dessas. – Falou apontando para o chão.

Bellatriz entre lagrimas e soluços, tentava de tudo na frente de todos e nada dava resultado, tentava em vão achar uma alternativa.

-Por que estou chorando? Eu não choro nunca! Que vocês fizeram comigo? – Agora ela estava assustada de verdade.

-Ahhh! Nada demais, apenas te inutilizamos. Você ouviu? Você não tem mais poder nenhum. Nunca mais conseguirá conjurar sequer um copo d’água para matar a sede. Escuta o que vou te dizer agora: A magia A C A B O U para você. – Disse Harry Potter bem pertinho do rosto dela, fazendo questão de soletrar letra por letra. – Sirius vai ficar feliz onde quer que esteja por saber que você não é mais N A D A! Mais N A D A! – Agora Harry gritava, colocava para fora do peito toda dor, toda raiva que tinha dela. – Você A C A B O U. Nem seu Mestre pode reverter esses feitiços.

-Mas o que é isso? Que feitiços são esses?

-E você acha mesmo que vou te contar o que são? Você é tão ingênua! Basta saber que seu prezado Mestre não tem nem noção do que podemos fazer e é claro que não vamos te contar.

A Dama de Voldemort estava estarrecida, não acreditava que estava nas mãos dos inimigos e o pior, não conseguia fazer nada. Ela não sabia o que pensar. Mas sabia que tinha que avisar Voldemort... Sua cabeça dava voltas... E agora, o que lhe aconteceria? Onde a levou a ambição... Ela continuava a sacudir a varinha e mais e mais borboletinhas voavam em torno da cabeça dela. Sentiu-se de verdade humilhada.

-Está satisfeito, Harry? Você já teve sua vingança? Agora nos deixe trabalhar. Afaste-se. – Pediu Moody.

-Estou, professor... Mas queria poder fazer mais, mas não é possível.

-Bom. Bellatriz, vamos começar a conversar, né? Já perdemos muito tempo. Responda-me. - Onde Voldemort está neste exato momento?

Silêncio.

-Vou perguntar novamente. Onde Voldemort está neste exato momento?

Mais silêncio.

-Remo, pegue a poção.

-Nãooooo! Isso é contra a lei, vocês não podem me dar o Veritaserum! Só pode ser ministrado por ordem do tribunal!

-É mesmo? É contra a lei mesmo? Puxa, sabe que eu não sabia. E você sabe tudo o que é contra a lei, não é mesmo? – Disse Lupin irônico, enquanto a poção lhe era enfiada goela abaixo.

-Você está me ouvindo?

-Estou.

-Sabe quem eu sou?

-Alastor Moody.

-E quem é você?

-Sou Bellatriz Lestrange.

-Ótimo. Assim está bem melhor. – O que você é de Voldemort?

-Sou a preferida de Voldemort. Sua mais leal Comensal da Morte.

-O que ele está planejando?

-Ele quer pegar o Harry Potter e acabar com ele antes que o garoto o mate.

-Por que ele quer Harry Potter?

-Só o menino Potter pode acabar com ele por causa da profecia.

-Quais as medidas de segurança que ele tomou?

-Ele fez as Horcruxes. Dividiu sua alma em sete partes para se proteger, assim ele não morrerá nunca.

-Onde estão as Horcruxes?

-Uma estava com Lucius, uma em Hogwarts, uma na caverna, uma é Nagini.

-Você falou quatro. Onde estão a quinta, sexta e sétima partes?

-Não sei.

-E o que elas são?

-Uma Taça.

-Onde está?

-Não sei.

-E as outras, o que são?

-Não sei.

-Como se destrói as Horcruxes?

-Com a Espada, com sangue de dragão, com a maldição da morte, matando a cobra... não sei com o que mais.

-E a Taça, onde está? – Insistiu.

-Não sei.

-O que Voldemort faz para proteger as Horcruxes?

-Nada. Ninguém tem como achá-las. Estão bem escondidas.

-Quem mais sabe das Horcruxes?

-Os comensais mais próximos.

-Como se protege das maldições que elas guardam?

-Com poção.

-Quais?

-Poção de bezoar.

-Só isso?

-Só.

Olho-Tonto estava abismado com a simplicidade da proteção de Tom Riddle. Bezoar! Quem poderia imaginar que uma poção tão simples poderia fazer uma proteção tão intensa? Sim, Lord Voldemort lançava mão da magia simples. Ninguém iria imaginar uma coisa tão comum, pensariam com certeza em preparados mais sofisticados e avançados. Ele era realmente um gênio, do mal, mas um gênio!

-Professor. Eu sei fazer essa poção. – Falou Gina. – E sei de cor.

-Então, Gina, você vai fazê-la em quantidade. – Entendeu?

-Sim senhor.

-Onde o senhor Olivaras? – Perguntou Alastor.

-Com meu Mestre.

-Onde?

-Não sei. Ele não conta para ninguém.

-E agora, o que faremos com ela? – Perguntou Remo. – Já não tem mais serventia para nossos planos. Não podemos soltá-la, ela irá direto a Voldemort.

-Fácil. – Disse Hermione. Dê um Obliviate nela e a mande para Azkaban. Matar não vale a pena. Não somos assassinos e de lá ela não sai mais.

E assim foi feito.

-Hei! Você?

-Ãã ãã? Tá falando comigo?

-Sim. - Quem é você?

-Eu? Não sei... E você sabe quem eu sou?

-Quem é Lord Voldemort?

-Não sei. É para eu saber, é?

-Sim, é sim.

-Ahhh. Mas eu não sei, não.

-É, funcionou. Disse Remo mais calmo agora, se jogando numa cadeira dura encostada na parede.

-Tonks, coloque esse traste amarrada numa cadeira em frente à Fonte dos Irmãos Mágicos e pendure um cartaz no pescoço dela dizendo: “Eu sou Bellatriz Lestrange e fui a preferida do Lord Voldemort”. Tire fotos e distribua para todos os jornais bruxos, mas não se deixe ser identificada, ouviu?

-Ai... Que droga de cabeça. – Reclamou Harry. – Eu tinha ainda uma pergunta para fazer para ela.

-Que pergunta Harry?

-Sobre Nagini...

-Agora não tem mais jeito. – Disse Gina.

***

15/10/2006 - 12h45m

Ola amiguinhos

Que bom que a Floreios & Borrões voltou. Fiquei ansiosa para vê-la no ar novamente. Ela faz falta!

Estava preocupada em como iria conseguir terminar de ler as fics que acompanho, são várias!!!

Tive uma grata satisfação de ganhar novos leitores; fiquei super feliz com isso. Alguns deles ainda preferente ficar no "silêncio" a se identificarem, mesmo assim agradeço de coração.

Eline Garcia, Lenne Potter, MarciaM, Lili Coutinho, Molly, Samara Ribeiro, Elizabeth Lovegood Potter, Viviane Ferreira Miranda, Manu Riddle, Gina_Weasley, Andressa Domingues, Sô. Obrigada pelo carinho e pela paciência.

Para todos vocês, meu carinho.
[]s e {}s

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