A recuperação



19 - A recuperação


Os dias seguintes foram tensos. Durante a noite Madame Pomfrey vigiava o garoto incessantemente. A dedicação de Papoula superava tudo que se esperava dela. Mas ela já começava a apresentar exaustão física, apesar de tudo ela também precisava de descanso, do contrário poderia começar a cometer erros e isso era impensável.

-Molly. – Chamou a curandeira, bocejando. – Será que você não poderia ficar essa noite com Harry? Eu realmente estou muito cansada, não estou conseguindo manter meus olhos abertos. Já tomei poções revigorantes, mas agora estou precisando de uma boa noite de sono.

Ela tirara breves cochilos na cama ao lado da de Harry, porém mais ficava acordada que dormia.

-Ai! Papoula... Claro que ajudarei. Nossa, como fui insensível, pode contar comigo.

Deste dia em diante Madame Pomfrey e Molly se revezaram para cuidar de Harry, pois uma não conseguiria sem a outra. As poções tinham que ser ministradas na hora exata e Molly preparava
sopas ralas para alimentar Harry.

Harry não dava sinais de melhora. Mas também não piorara. Porém isso deixava todos um pouco mais esperançosos. As manchas em volta dos olhos estavam mais escuras. E mesmo inconsciente, ainda ele gemia de dor. Quando não era Madame Pomfrey era Molly que não arredava o pé de seu lado. Incansavelmente ministrava as doses da poção gota a gota na hora exata, nos lábios entreabertos de Harry. A cada gota Harry franzia a testa involuntariamente.

Sempre depois de muito pede-pede, ela deixavam os garotos verem o amigo só da porta, eles não tinham permissão para entrar no quarto. Era só uma olhadinha e num instante a porta já era fechada na cara deles com a famosa desculpa – “Pronto, já está muito bom, podem ir andando”.

Chovia, chovia muito. Há dias tudo que se via através dos vidros das janelas era água e mais água e um céu cinzento como chumbo que não mostrava sinais de melhora. “Mas que outono mais molhado!” – Ouviam-se os garotos reclamarem dia após dia.

-Mas outono é assim mesmo, Rony. – Dizia Hermione calma, sempre com um livro na mão.

-Caramba... Não temos nada para fazer. – Reclamava Rony sem cansar.

-Venha ler comigo. – Sugeria Hermione, que estava com os livros do último semestre letivo no malão, e entre eles Hogwarts – Uma História. E era com esse que ela passava entretida a maior parte do tempo.

-Mione, já lemos esses livros. – Era a desculpa para escapar de qualquer que fosse a atividade intelectual que a namorada sugerisse.

-Rony... Você não leu Hogwarts – Uma História. Eu é que conto para você o que tem no livro.

-Então... Eu já sei o que o livro diz.

Hermione só olhava para o namorado. Preferia não discutir, o ambiente na sede já não era dos mais animados e discutir...

Era fato que nem Rony nem Harry gostavam de estudar, realizavam as tarefas porque tinham que fazê-las, mas sempre nas vésperas da entrega e se davam muito satisfeitos com isso. Mas ela tinha que admitir, eles definitivamente não eram maus alunos e chegaram a alcançar uma pontuação razoável nos exames dos NOM’s. Ela, porem, não se conformava com a atitude dos garotos e vira e mexe discutiam por causa disso. Na opinião dela eles deveriam se dedicar mais aos estudos.

23 de setembro

Na manhã do décimo primeiro dia, estavam todos tomando o café da manhã quando Madame Pomfrey entrou na cozinha de muito bom humor e com um sorriso radiante nos lábios e os olhos brilhando mesmo com olheiras ao seu redor.

Madame Pomfrey era uma enfermeira muito rígida, não sorria facilmente, não que fosse mal-humorada, ao contrário, apenas levava muito a sério a profissão abraçada. Os raros sorrisos que haviam visto no rosto dela foram quando estava sentada na grande mesa do salão principal nos horários das refeições, oportunidade em que Dumbledore sempre soltava uma ou outra piadinha. Quando estava na enfermaria comandava tudo com mão de ferro e graças a isso sempre tivera sucesso na cura de qualquer mal que acometesse um dos alunos ou professores.

-Mas que dia lindo está fazendo hoje, não?

-Dia lindo? Com essa chuva que há dias não pára de cair! Você está se sentindo bem, Papoula? – Perguntou a senhora Weasley, com um olhar estranho para a enfermeira que era tão naturalmente séria.

-Oh! Estou muito bem sim. Obrigada. Há muito tempo não vejo um dia tão lindo! – Dando um sorriso maroto para si mesma e encarando todos na mesa do café disse de sopetão: - Harry acordou durante a noite e ainda pediu água. – Contou enquanto se servia de uma boa quantidade de torradas com geléia e uma xícara de chá.

Fôlegos ficaram suspensos esperando a continuação da notícia. Os garotos, como impulsionados por molas, ficaram em pé.

-E aí, como... – Mas foram interrompidos.

-E como ele está agora, Papoula? – Perguntou Minerva levando as mãos ao peito.

Professora McGonagall gostava muito de Harry, desde que ele era apenas um bebê, mas não externava o seu sentimento. De uma maneira ou de outra ela sempre sabia o que estava acontecendo com ele e por mais severa que fosse e na medida do possível interferia em benefício do aluno, mas sempre de maneira velada. Sua preocupação com ele era constante, ainda mais que Dumbledore não estava mais presente. Ela achava que agora mais do que nunca tinha responsabilidade em ajudar a cuidar do aluno e o faria de boa vontade.

-Está dormindo muito calmo. Mas seu estado melhorou muito. Muito mesmo. A temperatura abaixou e há três dias não delira mais. Tenho certeza que daqui para frente só teremos boas notícias. Não que com isso ele já esteja definitivamente curado, mas é sem dúvida uma ótima melhora.

Ouviu-se na mesa suspiros e murmúrios de alívio, acompanhados de sorrisos de contentamento. De repente todos estavam achando que o dia era realmente o mais lindo do outono molhado.

-Por que você não nos contou isso antes, Papoula?

-Por que não sabia se já era uma melhora realmente e não queria dar falsas esperanças, Minerva. Você entende, nunca se sabe o que acontece com alguém que é atingido pela magia das forças das trevas. Então resolvi esperar para confirmar o estado dele para depois contar a todos. Vocês me matariam se não fosse verdade. – Finalizou, olhando os garotos que exibiam expressões de felicidade.

-Realmente são boas notícias. – Disse satisfeito Moody, enquanto entrava na cozinha logo de manhã cedo. Ele tinha uma admiração secreta por Harry, por sua determinação e firmeza de caráter. Até onde ele sabia, Harry, por mais que sentisse medo, enfrentava as situações com o coração aberto. E pôde confirmar suas suspeitas quando o garoto destruiu a Horcrux escondida no Medalhão.

-Agora a melhora é certa. Graças a Merlin. – A Srª Weasley estava emocionada, enxugando com a ponta do avental todo colorido as lágrimas que escorriam pelo rosto rechonchudo. – E quanto à visão, Papoula?

-Bom... Aí já não sei. Só depois que retirarmos as bandagens é que saberemos. Isso também me preocupa. – Respondeu com cautela.

-Podemos ir vê-lo? – Quis saber Gina.

-Mas já? – Sorriu para a garota. – Mais tarde. Se ele acordar sem febre, deixo vocês conversarem com ele um pouco. Mas nada que possa cansá-lo. Entenderam? Não vamos deixá-lo exausto no primeiro dia em que retoma a consciência. – Avisou olhando principalmente para Gina, que vira e mexe tentava entrar no quarto sorrateiramente e, para falar a verdade, às vezes conseguia.

Por volta das quatro e meia da tarde Harry acordou e chamou pela curandeira, dizendo estar com fome. Nossa, foi uma felicidade só na Sede. Molly entrou silenciosa no quarto e serviu-lhe as colheradas na boca, uma sopa de ervilhas muito saborosa e quente, ele tomou tudo e quis mais. Se Harry em perfeito estado de saúde perdia o apetite por qualquer coisa, querer mais sopa estando doente era uma situação a ser comemorada.

A notícia da melhora de Harry correu como um rastilho de pólvora, chegando a todos os amigos da Ordem de Fênix num segundo e alcançado também os amigos que trabalhavam no Ministério, que receberam a notícia com sorrisos de satisfação.

Mas os amigos ainda não tinham autorização para entrar. Ficavam se esticando na porta do quarto, olhando um por cima da cabeça do outro em silêncio, do contrário a curandeira fecharia a porta ou pior, os mandaria embora sem escutar as desculpas que com certeza eles dariam.

Por qualquer sussurro Madame Pomfrey colocava o dedo indicador frente aos lábios, pedindo silêncio com o cenho franzido.

Harry não sabia que estava na Sede da Ordem e os garotos obtiveram permissão da curandeira para contar a boa nova ao amigo tão logo ele passasse por um novo exame.

Depois que terminou de tomar a sopa perguntou:

-Ãã... Madame, posso me levantar? Estou com as costas doendo.

-Não, pode continuar sentado. Levantar não. Faz muito tempo que você está deitado, por isso as dores nas costas.

-Quanto tempo?

-Acho que dez dias ou um pouco mais.

-Tudo isso!? – Exclamou surpreso. – Mas nunca fiquei tão doente assim!

-É, mas dessa vez ficou muito doente. – Respondeu Papoula, andando pra lá e pra cá no quarto, arrumando a bandeja de medicamentos que iria utilizar para fazer um novo exame nos olhos do garoto.

-E o que é esse negócio grudento e fedido que tenho nos meus olhos? – Perguntou passando os dedos em volta da bandagem que lhe cobria os olhos.

-É uma pasta de Sangue de Dragão. Um ótimo ungüento para cura. Estamos esperando que cure sua cegueira. E se quer saber a cor é azul. A cor é muito bonita, mas o cheiro... – Disse, bufando e abanando a mão na frente do nariz. Não que Harry pudesse ver, mas sim para espalhar realmente o fedor da pomada.

-Será que vai dar certo? Estou com medo de ficar cego. – Disse triste.

-Calma, não se angustie antes do tempo. Você esta tomando poções fortes e curativas para reverter a cegueira. Vamos aguardar os resultados, está bem?

-Tá, né? Vou fazer o quê? – E continuou. – Remo? – Chamou. Não obtendo resposta, perguntou. - Onde o professor Lupin está?

-Saiu um pouco para comer alguma coisa, já vem... Agora fique quieto para que eu possa te examinar.

Depois do exame realizado, Papoula continuou...

-Bom... Você realmente está bem melhor. Isso é muito bom. Acho que daqui a uns dois ou três dias você já poderá se levantar e levar sua vida normalmente. Agora vamos, vou te dar um banho. Você esta cheirando igual a um trasgo...

-Quê?

-Banho, senhor Harry Potter. Já se esqueceu o que é banho? Vamos. – Disse, retirando as cobertas de cima dele e o ajudando a se levantar.

-Eu vou virar um trasgo se a senhora insistir em me dar banho. Isso sim...

-Deixe de besteira... Você não se agüenta em pé. Eu te dou banho e pronto.

-Não! Mas de jeito nenhum! Eu tomo banho sozinho. Ou fico sujo mesmo. E pronto digo eu. – Ele estava indignado por a curandeira quer lhe dar banho.

-Vamos, menino, sou curandeira. Te conheço desde os onze anos, vamos lá.

-Não! – Falou com vontade. - Eu tomo banho sozinho. Tem graça ficar pelado e ainda cego na frente da senhora! Leve-me para o banheiro que eu me viro sozinho. – Fez questão de acentuar a última palavra.

-Ah! Tá bem, menino, venha então, te levo até lá. – Ele desceu da cama meio vacilante, as pernas bambearam, mas fazendo um esforço supremo logo se aprumou. Não era fácil ficar em pé depois de dias acamado.

Madame Pomfrey conjurou um banquinho e o colocou sentado no banheiro.

-Pronto... Sente-se, senão você vai cair. Menino teimoso, já pode tomar banho... – Reclamou e saiu do banheiro deixando Harry sozinho.

Os amigos da porta tiveram um ataque de risos e saíram atropelando uns aos outros pelo corredor para não rirem alto; Harry perceberia que estavam ali. Madame Pomfrey podia mudar de idéia e não deixá-los contar ao amigo que ele já estava em casa. Rony ria de chorar, era sem dúvida o que mais achara graça da situação.

Harry teve muita dificuldade para tomar banho, pois não podia molhar o curativo e lavar a cabeça deu mais trabalho que o esperado. Mas ele conseguiu.

-Pronto. Já ‘tô vestido. – Informou, ainda reclamando baixinho. “Tem muita graça deixar que me dê banho.” – Ele estava realmente inconformado.

Papoula foi buscá-lo na porta do banheiro.

-Agora fique quieto enquanto troco o curativo. Não abra os olhos, entendeu? – Ele obedeceu. – Bom, agora se você prometer manter a calma terá visitas. Mas comporte-se, do contrário tiro todos do quarto. Você ouviu bem?

-Tá... Ouvi... Eu tô cego, não surdo!

-Podem entrar, garotos. – Eles correram até a cama do amigo.

-Harry! – Falaram em plena felicidade os amigos. – Ele sorriu sentindo alguém pegar na sua mão.

-Gina? – Perguntou.

-‘Tô aqui. – Dando-lhe um delicado beijo e abraço.

Mas não foi possível conversar com os amigos. Todos que estavam na Sede da Ordem da Fênix entraram no quarto para cumprimentar o garoto. Ele se sentiu abraçado e beijado não sabia por quem, mas também não tinha importância. Mãos bagunçavam ainda mais seus cabelos já naturalmente rebeldes. Mas o que ele mais gostou nesse momento foi o abraço apertado e dos beijos estalados nas bochechas que a senhora Weasley lhe dera. Esse carinho era o que mais chegava próximo do afeto maternal que nunca sentira. Ele gostava demais de ser abraçado por ela, mas não contava isso para ninguém. Era o seu segredo mais precioso. Depois de minutos de conversas eufóricas pelo restabelecimento do garoto, cada um dos integrantes da Ordem retornou para seus afazeres, só então os garotos tiveram chance de conversar com o amigo e contar as novidades.

-E aí, cara, como você tá? – Perguntou Rony.

-Acho que ‘tô melhor. E vocês? Me contem o que está acontecendo.

-Então, né? – Começou Gina. - Você está na Sede da Ordem.

-Mas eu estava no hospital! Que foi que aconteceu?

-Olha, Harry, nós vamos te contar, mas não fique nervoso, ok? – Falou Hermione.

-Tá, mas fala logo, tô ficando curioso. – Reclamou, se ajeitando melhor na cama numa clara atitude de ansiedade.

E assim foi o restante da tarde. Rony contou tudo sobre o ataque que sofreram em Hogwarts e da saída intempestiva da escola. Os garotos, com a ajuda uns dos outros, foram descrevendo para ele tudo que havia acontecido, sobre os ataques no Ministério e no hospital, sobre os dois comensais capturados. Hermione com calma contou sobre o sangue de dragão e da dificuldade em conseguir desgrudá-lo das prateleiras, o que rendeu algumas risadas pela atitude desesperada de Hagrid.

-Só Hagrid mesmo para querer que o professor Moody levasse o remédio com prateleira e tudo para o hospital. Fico imaginando a cena. – Comentou sorrindo.

-É. Foi um custo o professor tirar a idéia da cabeça dele. Por fim ele acabou aceitando a vontade do professor Moody. Ele disse que queria vir te visitar, mas que não podia porque está lhe fazendo um favor. Que favor, Harry? – Perguntou Hermione, curiosa.

-Favor? Não me lembro de ter pedido alguma coisa para Hagrid fazer para mim! Vai ver ele falou isso por que cada vez que me abraça, quase me desmancha e não vindo me ver ele não me abraça e não me desmancha. – Finalizou sorrindo.

Os amigos riram da justificativa de Harry.

-Francamente... Claro que ele não iria de machucar Harry, que idéia! – Falou Hermione séria.

-Hei! ‘To brincando Mione. Eu sei ele não me machucaria.

A conversa morreu ai. Ele ficou calmo enquanto lhe contavam todas as novidades, não se irritou, fez comentários inteligentes.

-Harry... Acho que você deve saber, afinal a mansão Black agora é sua. Bellatriz entrou na mansão, segundo os dois comensais que foram interrogados no Ministério. – Contou Rony.

-Ela quebrou o feitiço para ter conseguido entrar na casa do Sirius. Tudo por causa daquele miserável do elfo doméstico – o Monstro. Ainda bem que ele morreu, ele me causou muita dor. – Falou com alívio.

-É. Foi isso mesmo, Harry. – Disse Tonks da porta.

-Oi, Tonks. – Respondeu, reconhecendo a voz da auror.

-Tudo beleza com você? E aí? Você está muito estranho com essas coisas nos olhos, prefiro os óculos normais. – Falou brincando, fazendo referência à bandagem que tinha nos olhos.

Ele riu da brincadeira, mas foi Madame Pomfrey que respondeu.

-Depois de amanhã removeremos as bandagens. Esperemos que tudo dê certo. – Falou, dando umas palmadinhas nos ombros de Harry.

-Bom... Vocês fiquem aí, fazendo companhia para ele, mas tenham juízo. Volto já, já. – E se retirou do quarto.

No final da tarde os outros amigos da Ordem chegaram para vê-lo. Estava se sentido bem e feliz, como há muito tempo não se sentia. E o melhor foi que conseguiu ficar acordado até tarde, de mãos dadas com Gina e os três amigos do lado.

Molly não deixou por menos. Na hora do jantar apareceu com outro prato de sopa. Mas dessa vez ele não tomou tudo, dizendo que ainda estava cheio.

-Assim vou engordar, senhora Weasley. – Brincou com a mãe de Rony.

-E é o que você precisa. Você está muito magro. – Respondeu bem-humorada.

Madame Pomfrey não comentou, mas foi até St. Mungus relatar para o medibruxo que a estava orientando para que tratasse de Harry da forma mais apropriada possível. O respeitável senhor sorriu satisfeito e pediu para que continuasse o tratamento com a poção por mais dois dias.

-Amanhã já pode tirar as bandagens e fazer um teste. Se os olhos responderem à claridade não haverá mais nenhum problema. – Finalizou a orientação. – Toma, leve essa essência, é para pingar nos olhos dele tão logo retire o curativo, antes da deixar qualquer claridade entrar no quarto. Isso vai ajudar a recuperação dos olhos. Se ainda tiverem manchas em volta dos olhos, compressas de água morna com uma gota de sangue de dragão, daquele mesmo frasco que fizemos a poção, vai ajudar.

Madame Pomfrey retornou à Sede e na cozinha contou para os adultos a conversa que tivera com o medibruxo.

-Bom, bom... Já chega de tanta conversa. Nunca vi coisa igual, como vocês têm assunto, mal se recuperou um pouco pensa que já esta bem. Vamos, hora de tomar mais uma dose da poção. E depois você vai dormir. – Disse Papoula, colocando uma caneca em suas mãos.

-Eca! Madame, que cheiro é esse?

-Tome tudo, vamos... Vai lhe fazer bem. – Ela já havia retornado ao seu humor habitual.

Harry tomou; isto é deu um gole, mas cuspiu metade.

-Ahhh! Não, pode tomar direitinho.

-Mas é muito ruim! Pelo amor de Merlin! Isso é xixi de fada mordente, é? – Todos riram da comparação que ele fez.

-Vamos... Tome, pelo amor de Merlin mesmo. E se ficar doente fosse bom, poção seria suco de abóboras. E tem mais outra poção para tomar.

-Tão ruim quanto essa?

-Não, é a poção do sono. Você já conhece o gosto.

Quando achou que já estava bom demais Harry ficar acordado, Madame Pomfrey enxotou todos do quarto, fez mais uma vez curativo nos olhos dele e logo ele dormiu o sono tranqüilo da recuperação. Mantinha as feições serenas.

Na manhã seguinte, era o dia de ver como estavam os olhos do garoto. Madame Pomfrey ia remover as largas bandagens que cobriam totalmente seus olhos.

-Mas a senhora não disse que retiraria o curativo só amanhã? O que aconteceu?

-Nada Harry, apenas o medibruxo que me orientou todo esse tempo disse podemos retirar hoje. Nada de mais.

Era visível a ansiedade do garoto.

-Bom... Agora vou tirar as ataduras. Fique com os olhos fechados até que eu mande abri-los, entendeu? O quarto está escuro, não se assuste.

Delicadamente ela tirou todas as bandagens que cobriam os olhos do garoto com as janelas fechadas. A visão não podia sofrer agressão da claridade do sol de uma hora para outra, depois de mais de dez dias de escuridão total. Os olhos teriam que se acostumar lentamente com a luz.

Os amigos estavam sentados quietos no chão próximos à cama de Harry. Aliás, tinha uma platéia plantada na porta do quarto. Lupin e Gina, sem sombra de dúvida, eram os que estavam mais apreensivos, não conseguiam ficar quietos no lugar. Minerva estava em pé ao lado da cama, olhando tudo bem de pertinho.

Ela limpou a pomada azul com um líquido que cheirava a poção de murtiço. Deixou os olhos dele bem limpos sem nenhum resíduo da pomada. As manchas ao redor dos olhos ainda eram visíveis. O cheiro da poção que o fazia lembrar a detenção que “aquela sapa velha de casaquinho cor de rosa” lhe dera.

-Isso é poção de murtisco?

-Mais ou menos. Tem outros ingredientes também. – Respondeu a curandeira, sem prestar muita atenção no que dizia.

-Agora, Harry, abra os olhos, vou pingar uma essência.

Harry abriu, sentiu um líquido gelado inundar seus olhos, mas claro, não via nada. Era uma escuridão só.

-Me diga. Sente alguma dor?

-Não.

-O que você sente?

-Um comichão estranho nas pálpebras.

-Normal. É porque esteve muito tempo com as bandagens. Daqui a pouco passa. – O que você vê?

-Nada. Tá tudo escuro. Como a senhora enxerga no escuro? – Quis saber curioso.

-Tenho meus métodos. Vou abrir a janela do outro quarto. – Rony, abra a janela do quarto vizinho, sim?

-E agora, Harry? O que você vê?

-Heiii! Estou enxergando tudo! – Disse feliz, batendo palmas de felicidade. – Não vou ficar cego! – Os amigos acompanharam o gesto dele.

-Bom, muito bom. Santo Dumbledore. Só ele mesmo para descobrir os Doze Usos do Sangue de Dragão.

Todos riram gostoso da tirada da curandeira, que erguia as mãos para o alto, num gesto claro de agradecimento.

-Você vai ficar hoje o dia todo na penumbra. Amanhã vamos deixar entrar um pouco mais de luz, está bem? Mas já vou avisando, tem mais uma dose da poção de sangue de dragão para tomar.

-Tá... tudo bem... desde que eu volte a enxergar normalmente... – Disse feliz. – Posso ficar sentado? Estou cansado de ficar deitado.

-Daqui a pouco, antes vou aplicar compressa morna nos seus olhos. Só vai demorar alguns minutos. Então não reclame.

Quando se viu livre das toalhinhas nos olhos perguntou:

-Posso me sentar agora? Para que as compressas, Madame?

-Por causa das manchas que você tem ao redor dos olhos, senhor Potter. Pode se sentar.

-Cadê meus óculos?

-Estão bem aqui. – Disse Minerva que estava ao lado da cama do garoto, colocando os óculos em suas mãos; ela beijou o alto da cabeça dele e lhe fez um carinho nos cabelos. Atitude extravagante para uma professora tão rígida. Minerva estava feliz com a recuperação do aluno.

-Harry, você ta parecendo um urso Panda... – Comentou Rony.

Harry riu do comentário do amigo, mas não se importou com a aparência que estava apresentando.

-Assim está melhor. – Disse, colocando-os. E virando-se para todos os amigos. – É bom ver vocês de novo. Onde está Neville?

-Está por aí. Daqui a pouco ele vem. – Foi a resposta que recebeu de Rony.

Era evidente a felicidade de Harry. Seu restabelecimento foi mais rápido que todos esperavam. Ele agora vivia sorrindo e olhava a todos profundamente como se estivesse vendo-os pela primeira vez, notava características que nunca havia observado, principalmente o brilho do olhar dos amigos.

Por mais que estivesse se sentindo bem, madame Pomfrey não deixou que se levantasse. Dizia que o corpo tinha que voltar à normalidade aos poucos. Agora ele conseguia caminhar até o banheiro sozinho e não houve mais discussão por causa do banho.

Neville não apareceu naquele dia, só foi vê-lo na tarde do dia seguinte. O garoto estava acabado, mas se mantinha empinado, procurando não demonstrar nenhum cansaço, principalmente na frente de Harry, a quem tinha ido visitar.

-Oi, Harry. Tudo bem com você?

-Oi, Neville. Tá sim. Onde você estava?

-Ah! Estava na loja com o Fred e Jorge. Fui dar uma mãozinha para eles, sabe.

-Não os vi ainda. Por que eles ainda não vieram aqui? – Quis saber Harry.

-Eles estão muito ocupados, Harry. Não dá para deixar a loja sozinha, o movimento está bom e eles estão precisando de ajuda. Sabe como é, né? – Respondeu Neville, sem olhar nos olhos do amigo.

Mas Harry não era nem um pouco bobo. Ele tinha certeza que os gêmeos não deixariam de visitá-lo. “Que será que aconteceu com Fred e Jorge?”.

-Quer jogar xadrez comigo? É meio chato ficar sem fazer nada.

-Ah! Não. Não jogo bem, Harry, você sabe disso.

-Pode então chamar o Rony para mim? Quem sabe ele também quer jogar uma partida de xadrez.

-Rony não está na Sede, Harry.

-Mas ele estava aqui há pouco!

Neville não falou mais nada. Definitivamente tinha alguma coisa acontecendo e ele descobriria o que era.


***

09/09/2006 - 13h43m

Ola...Bom, ai está o cap da Recuperação do Menino que sobrevieu; espero que vcs gostem.
Meus agradecimentos a todos pelos recadinhos e votos. Para os leitores anomimos também.

[]s{}s

Bjosss para:

Scheil@_Potter
Lenne Potter
MarciaM
Manu Riddle
Molly
Renan_Gava
Eline Garcia
Adriana Gusmão
Samara Ribeiro
Lili Coutinho

Vcs são demais!!!

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