Capitulo XXIV



(N/A) Huum gente uma coisa: lembrem-se de que o Rony não é o Rony, irmão da Gina!  :)   Boa Leitura!



Harry chegou dez minutos antes da hora do jantar, e subiu os degraus da casa de Gina como se fosse sua primeira namorada. Levava uma garrafa de vinho em uma mão e uma caixa de bombons para os meninos em outra. De certa maneira, estava arrependido de ter tido aquela idéia, porque não sabia nada sobre meninos, nem sobre como tratá-los.


 


Por fim bateu na porta e deu um passo para trás. Gina abriu em pessoa, sem tirar a fechadura de segurança.


 


—Bom, ao menos adota medidas de segurança. Mas deveria ter perguntado quem era antes de abrir.


 


Gina fechou a porta em seu nariz, mas voltou a abri-la, desta vez sem a fechadura.


 


—Vi pela janela você chegar. — disse ela, sorrindo — Ora, não me trouxe um buquê de lilás?


 


A teria beijado, só não o fez porque percebeu um par de olhos azuis observando do sofá.


 


—Sem chance. Parece que tem uma curiosa em casa.


 


Gina se virou e sorriu ao ver  Emma.


 


—É muito quieta e delicada. Emma, apresento a você o senhor Potter. Conheceu-o faz tempo, lembra?


 


Emma se levantou do sofá, olhando com desconfiança. Harry sabia que ela tinha cinco anos. Era tão bonita quanto uma princesa de conto de fadas, e tinha o mesmo cabelo e os mesmos olhos de sua mãe.


 


—Eu conheci sua mamãe quando tinha sua idade. — disse.


 


Emma se apoiou nas pernas de Gina e o olhou. Harry utilizou o velho truque da caixa de bombons. Sacudiu-a um pouco e perguntou:


 


—Quer um bombom? — A menina sorriu de orelha a orelha, mas Gina pegou o presente.


 


—Antes de jantar, não.


 


—Desmancha prazeres. — protestou Harry — Embora a comida cheire muito bem.


 


—Luna preparou frango. Tive que fazer um esforço enorme para convencer a ela que não fosse jantar fora, com os meninos. Mas ao final chegamos a um acordo e ela cozinhou. Emma, vamos levar os bombons para cozinha.


 


Emma se agarrou nas calças de Gina e se virou para olhar o homem que acabava de entrar.


 


A menina pensou que, embora fosse forte, seus olhos não brilhavam com maldade. Mesmo com sua pouca idade, já sabia distinguir os olhares. Parecia bastante com o xerife, um homem que às vezes brincava com ela e dava de presente caramelos de limão. Mas, de todas formas, observou com atenção  sua mãe, para ver como reagia ante ele.


 


Luna levantou o olhar do forno e sorriu.


 


—Olá, Harry.


 


Harry caminhou para ela e a beijou na face.


 


—Como está?


 


—Bem, muito bem. — respondeu, acariciando o menino que estava a seu lado — Connor, lembra do senhor Potter?


 


Harry estendeu uma mão, que o menino loiro apertou com acanhamento.


 


—Encantado de ver você de novo, Connor. Em qual serie está? Na quarta ou quinta?


 


—Na quarta, senhor.


 


Harry arqueou uma sobrancelha e deu a garrafa de vinho para Gina. Harry pensou que ele devia ter oito anos. O menino falava com tanta tranqüilidade como um padre.


 


—Esta na classe da senhora Witt?


 


—Sim, senhor.


 


—Quando éramos pequenos a chamávamos de bruxa. —disse, pegando uma cenoura da salada— Suponho que ainda a chamam assim.


 


O menino o olhou com absoluta surpresa.


 


—Sim senhor. —confessou, olhando para sua mãe— Às vezes.


 


Depois, conteve a respiração e disse:


 


—Comprou a velha casa dos Barlow, não é?


 


—É sim.


 


—Está assombrada? — Harry sorriu.


 


—Claro que sim.


 


—Sei tudo sobre a batalha e essas coisas. Foi o dia mais sangrento de toda a guerra civil, e ninguém ganhou, porque...


 


De repente parou, envergonhado. Precisamente os amigos o chamavam «nerd» no colégio cada vez que abria a boca.


 


—Porque ninguém se atreveu a lançar o ataque final. Talvez queira ir algum dia na casa, para dar uma olhada. Sei de alguém que sabe tudo sobre essa batalha.


 


—Eu tenho um livro, com desenhos.


 


—Ah, sim? — perguntou Harry, agarrando a taça de vinho que Gina lhe oferecia— Vamos ver.


 


Captar a atenção do menino não lhe custou muito, pelo menos enquanto discutiram sobre as estratégias de McClellan ou a batalha do Burnside Bridge. Harry teve oportunidade de comprovar que era um menino brilhante, e que gostava muito dos livros para sua idade, e era tímido.


 


A menina, que parecia um clone de sua mãe, nunca se afastava das mulheres. Comia muito devagar, e não deixava de olhá-lo com intensidade.


 


—Ed deveria ter você na cozinha, em lugar de deixar que sirva as mesas. —comentou Harry, depois de servir um segundo prato— Dobraria o número de clientes em um mês.


 


Luna piscou, surpreendida. Ninguém  havia elogiado sua comida em muitos anos.


 


—Fico feliz que você goste. Se quiser, darei o que sobrou para você levar para casa para comer mais tarde.


 


—Muito obrigado.


 


Quando se levantou para tirar as coisas da mesa, Gina levantou uma mão e disse:


 


—Não. Você cozinhou, então eu limpo.


 


—Mas...


 


—Fizemos um trato. E como Harry comeu como dois homens, não se incomodara em me ajudar.


 


Os três Malfoy se olharam entre si. Não estavam acostumados a ver um homem dividindo as tarefas da casa; tinham a impressão de que só se dedicavam a afrouxar o cinto e ver  televisão.


 


—Papai diz que só as meninas lavam os pratos. —disse Emma.


 


—Emma! —disse sua mãe, empalidecendo.


 


Harry considerou a possibilidade de comentar algo sobre a escassa inteligência e moral de seu pai, mas decidiu não fazê-lo.


 


—Não acho isso, Emma. Os homens também têm que se responsabilizar pelas tarefas da casa. Além disso, se o fizer, é possível que eu consiga beijar  Gina.


 


—Por que?


 


—Porque ela é quase tão boa quanto a comida de sua mãe.


 


Satisfeita com sua explicação, Emma continuou comendo seu bombom.


 


Luna interveio então.


 


— Bom, vou dar banho em Emma. Tenho que me deitar logo porque amanhã vou acordar cedo para trabalhar.


 


—Muito obrigado pelo jantar.


 


Quando saiu com os meninos, Gina falou:


 


—Esteve maravilhoso. Provavelmente foi a primeira vez em muitos anos que  se sentam à mesa com um homem para ter uma conversa civilizada.


 


—Malfoy não é só um canalha, mas também um estúpido. —disse, deixando os pratos na pia — Qualquer homem seria feliz de ter uma mulher e filhos tão encantadores.


 


Harry não pôde evitar sonhar a respeito. Pensou em uma mulher que o amasse, em meninos crescendo e falando com ele ao final do dia, em uma família sentada ao redor de uma mesa, nos ruídos da cozinha.


 


Até então, nunca tinha pensado que pudesse desejar aquelas coisas. Ou precisar.


 


—Você deixou uma boa impressão. — disse Gina, que se dedicava a secar enquanto ele ensaboava os pratos — Ver um homem inteligente e forte comportando-se de maneira inteligente e forte, deve ter feito muito bem a eles.


 


Olhou para ele sorrindo. Mas seu sorriso desapareceu em seguida. Estava acostumada a que a olhasse com intensidade, mas aquele olhar era distinto.


 


—O que aconteceu?


 


—Como? —perguntou, retornando à realidade.— OH, nada, nada. Estava pensando no menino, no Connor. É um garoto brilhante, não acha?


 


Harry se sentiu um pouco envergonhado, como se o tivesse pegado com as mãos na massa.


 


—Certamente. —respondeu, tão orgulhosa como se fosse seu próprio filho— É brilhante, sensível e doce. Quer dizer, um objetivo perfeito para seu pai. Que tiranizou a criança impiedosamente.


 


—Batia nele? —perguntou, assombrado.


 


—Não acredito. Luna se deixou levar pelas circunstâncias, mas é muito protetora com seus meninos. Entretanto, os abusos emocionais podem ser tão graves como os físicos. Enfim; já se livraram desse inferno. Seu pai também lavava pratos?


 


—Só no dia de Ação de Graças. —respondeu— James Potter era um homem tradicional.


 


—James? Soa impressionante.


 


—Era um homem duro. Olhava-nos com olhos de aço quando se zangava. Carlos tem os mesmos olhos. Eu suas mãos. —declarou, olhando as palmas— Lembro que certo dia me surpreendi quando baixei os olhos e vi as mãos de meu pai no final de meus braços.


 


Por alguma razão, Gina se emocionou ao ver que sorria olhando suas próprias mãos.


 


—Gostava muito dele?


 


—Sim, embora não tivemos muito tempo juntos.


 


—Quando o perdeu?


 


—Eu tinha quinze anos. Um trator o atropelou. Ficou vivo ainda por uma semana.


 


Gina teve que fazer um esforço para conter as lágrimas.


 


—Por isso odiava tanto a fazenda?


 


—Sim, suponho que sim. Mas ele adorava a terra. Tanto como Denis.


 


Até então, nunca tinha parado para pensar nisso. Ou ao menos, não tinha encontrado uma explicação tão simples e direta. A fazenda tinha matado seu pai, e por isso odiava a fazenda.


 


—E em que Rony se parece com ele?


 


—Seu sentido para os negócios. De certa forma, levou o melhor da família.  Fico aliviado em saber que é meu advogado. —disse,  secando outro prato.


 


— Meu pai nunca lavou um prato em toda sua vida. Tenho certeza de que minha mãe  teria ficado horrorizada se ele tivesse tentado. Para ela, a cozinha é domínio da mulher, e os dois estão de acordo. Toda manhã lhe leva o café  antes dele ir para o hospital. É cirurgião.


 


—Como é sua relação com seu pai?


 


—Antes não me dava muito bem com ele. Responsabilizava ele por que minha mãe  passava o dia limpando a casa, sem fazer nada mais. Mas depois, me dei conta de que algumas mulheres escolhem fazer isso por sua conta, e risco. E se alguma vez desejou fazer outra coisa, não o demonstra. Suponho que é por culpa da educação que recebeu, mas é feliz sendo a esposa do doutor Weasley.


 


Harry começava a compreender que fora tão restrita nos seus  assuntos quanto ele.


 


—É possível que fosse tudo o que desejava.


 


—Ao que parece, sim. Mas antes, me enfurecia o modo que meu pai tinha de tratá-la. A minha mãe adorava viver na capital, mas faz uns anos, quando ele decidiu partir ao Arizona, ela fez as malas sem protestar. —suspirou— Entretanto, são felizes. Embora não nos demos muito bem.


 


—E suponho que a consideram uma fracassada porque não tem um marido rico, nenhuma enorme mansão, nem pertence ao clube rural.


 


—Fala como se os conhecesse. —sorriu.


 


—De certo modo. —disse, olhando-a— E bem? por que não tem todas essas coisas?


 


—Porque eu gosto da minha independência. Quero ter meu próprio espaço, e se por acaso fosse pouco, detesto  golfe.—declarou, colocando o cabelo para trás — De fato, minha mãe começou a ter muitas esperanças quando conheci  Rony.


 


—Como? —perguntou assombrado.


 


—Vieram  me visitar pouco depois  que abri a loja. E seu irmão nos levou para jantar.


 


—Rony. —repetiu— Levou-a para jantar.


 


—Algumas vezes, sim. A minha mãe gostava da idéia que eu saísse com um advogado. Em sua escala de valores, é a seguinte ocupação mais importante depois da de cirurgião.


 


—Estou vendo. Saiu com o Rony?


 


—Bom, fomos tomar algo juntos várias vezes, pouco depois que ele se divorciou. — respondeu, arqueando uma sobrancelha ao ver que ele não lhe passava mais os pratos — Há algum problema?


 


—Saiu com meu irmão?


 


—Pensei que já soubesse. —respondeu, tentando não sorrir— Ele não falou nada?


 


—Não. Mas acho que eu gostaria que me explicasse o que entende por «sair» com alguém.


 


Gina teve que fazer um esforço para não começar a gargalhar.


 


—Quer saber se eu me deitei com ele? Pensa em bater nele? Posso ir ver, nesse caso?


 


Harry pensou que ela não sabia o perto que estava de fazer com que ele colocasse sua cabeça na pia cheia de água.


 


—Só era uma pergunta.


 


—Harry, está muito tenso. Mas fica muito bonito quando se zanga. Entretanto, pode ficar tranqüilo, não me deitei com ele. Embora, em certa ocasião, tenha dado nele um beijo de boa noite. —sorriu— Ou melhor, varias vezes. Estou em condições de dizer que ao menos cinqüenta por cento dos irmãos Potter beijam maravilhosamente.


 


—Pois pense melhor antes de tentar com cinqüenta por cento restante. —a aconselhou— Por que não se deitou com ele?


 


Passou-lhe o último prato que faltava para secar e em seguida agarrou sua taça de vinho.


 


—Em primeiro lugar, ele não me pediu isso. E em segundo lugar, eu não o pedi. Só éramos amigos. Satisfeito?


 


—É possível que eu bata nele de qualquer  forma, por uma questão de princípios.


 


Deixou a taça de lado e a agarrou pelos ombros para que o olhasse. Quando sorriu, apertou seu corpo contra a pia.


 


Então a beijou, de forma apaixonada e possessiva. O gemido de Gina o excitou ainda mais. O beijo ficou mais doce e sensual, desatando o prazer em ambos.


 


Ela jogou a cabeça para trás , rendida, e Harry se afastou.


 


—A partir de agora, se lembrara a qual Potter pertence.


 


—Como é seu nome agora? —brincou.


 


Harry sorriu e lhe mordeu o lábio inferior.


 


—Não esqueça disso. Por que não nos esquecemos do sofá e damos uma volta pelo assento traseiro de meu carro?


 


—Uma oferta muito interessante. —respondeu, fascinada— Acho que aceitarei.





Continua....




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