Capitulo XXVIII



Poder bater em algo o fazia sentir-se melhor, embora só fosse um prego. Em todo caso, com a intenção de não fazer mal a ninguém, ou de não fazer a si mesmo, trancou-se no quarto leste da casa. O brilho de seus olhos tinha mantido afastados os trabalhadores, que sabiam que deviam manter distância se queriam conservar os dentes em seu lugar.


 


Os sons da obra ressonavam com força, como perfeito contraponto a seu mau humor. Harry agarrou o martelo e acertou com raiva o prego. Cada vez que cravava um, em sua imaginação descarregava um murro no rosto do Draco Malfoy.


 


Quando a porta abriu a suas costas. Harry falou sem virar.


 


—Suma daqui. Sai agora ou lhe demito.


 


—Bom, me despeça, se quiser. — disse Gina, fechando a porta — Então, poderia dizer o que vim dizer sem atrapalhar nossa relação profissional.


 


Harry se voltou e a olhou durante uns segundos. Notou imediatamente que tinha se trocado. Não se tratava somente das calças novas, mas sim de todo o resto. Trocou de camisa, e até de jóias. Dos pés à cabeça, sua aparência era limpa e elegante.


 


Mas ainda lembrava como a tinha visto. Aterrorizada, frágil, pálida, com sua roupa destroçada e cheia de sangue.


 


—Não acredito que seja boa idéia conversarmos agora. — disse Harry.


 


—Talvez tenha razão, Potter, mas estou aqui.


 


Gina tinha tido que tomar banho, e esfregou com energia todos os lugares onde Draco a tocou. Mas já estava recuperada, e se encontrava disposta a lidar com Harry.


 


—Eu gostaria de saber que diabos esta acontecendo com você.


 


Harry pensou que, se ele falasse, riria de sua cara. E era o que faltava para que sua paciência esgotasse de uma vez.


 


—Estou ocupado, Gina. O mau tempo me custou um dia de trabalho.


 


—Não me venha com essa. E olhe para mim quando falar comigo, seu desgraçado. Por que saiu do escritório de seu irmão daquele modo?


 


Harry virou, por fim, e ela o olhou com os braços na cintura.


 


—Tinha coisas para fazer.


 


Para demonstrar a opinião que tinha sobre isso, Gina deu um chute na caixa de ferramentas.


 


—E suponho que terei que agradece-lo por ter arrumado minha porta.


 


—Se quiser, cobrarei o trabalho.


 


—Por que está zangado comigo? — perguntou — Não fiz nada que...


 


Harry agarrou o martelo que tinha entre as mãos e o lançou com mau humor contra uma parede que acabavam de arrumar.


 


—Não, não fez nada. Só conseguiu que a ferissem, que a empurrassem, que a golpeassem e estivesse a ponto de ser violentada. E tudo porque não quis me chamar. Por quê, inferno, fico me preocupando? —perguntou com amargura.


 


Gina pensou que era melhor que algum dos dois se acalmasse um pouco. E pelo brilho de seu olhar, parecia mais fácil que fosse ela.


 


—Sei que está zangado pelo que aconteceu.


 


—Sim, estou. E bastante. Por favor, saia daqui.


 


—Não sairei. — insistiu, levantando o queixo — Continue, grande homem, continue jogando coisas. Quando tiver terminado, poderemos manter uma conversa civilizada.


 


—Será melhor que meta nessa cabeça dura que  não há nada civilizado em mim.


 


—OH, pare com isso. E o que pensa em fazer agora? Dar-me um tiro? Isso demonstraria que é mais homem que Draco Malfoy.


 


Os olhos do Harry se cravaram nela, com uma mescla de raiva e dor que a envergonhou por ter sido tão injusta. Levantou ambas as mãos e disse:


 


—Sinto muito. Você não merecia um comentário tão infeliz. Não falei sério.


 


Harry aproveitou para falar antes que ela continuasse.


 


—Não, não me venha com essa. Geralmente, diz o que pensa. Muito bem, quer ter uma conversa? Pois a teremos.


 


Caminhou para a porta e a abriu. Então, apareceu no corredor e gritou:


 


—Fora todos! Vamos, fora, agora mesmo!


 


Fechou a porta de repente, satisfeito em ouvir que os trabalhadores fugiam a toda velocidade.


 


—Não era necessário que parasse as obras. — disse ela — Estou segura de que só demoraremos uns minutos.


 


—Às vezes as coisas não saem como pensamos.


 


—Não sei o que quer dizer.


 


—Não, suponho que não.


 


Harry abriu a porta de novo e gritou:


 


—Alguém me dê um maldito cigarro!


 


Mas não havia ninguém que pudesse escutá-lo, de modo que voltou a bater a porta.


 


Gina o observou, fascinada, enquanto caminhava de um lado a outro, amaldiçoando e praguejando. Tinha as mangas da camisa enroladas, e estava com um cinturão para prender as ferramentas na cintura. Parecia um bandido que estava a ponto de roubar algo ou matar a alguém.


 


Uma situação bastante ridícula para começar a excitar-se.


 


—Eu poderia fazer café. —disse ela, que se arrependeu imediatamente ao ver seu olhar— Ou não. Harry...


 


—Fique quieta.


 


—Eu não gosto que falem comigo desse modo.


 


—Pois terá que se acostumar. Já me contive muito.


 


—Contido? — perguntou, assombrada — Contido? Eu gostaria de saber como se comporta quando não se contém.


 


—Está a ponto de averiguar. — grunhiu, resmungando — Incomodou-a que eu saísse? Muito bem, agora saberá como te teria tratado se tivesse ficado.


 


—Não esta pensando em  me tocar. — replicou, fechando os punhos— Nem pense.


 


Harry agarrou um de seus pulsos e a arrastou para a porta.


 


—Sinto muito, amor. Lhe dei a oportunidade de fugir, você não aproveitou.


 


—Não me chame de “amor” com esse tom de voz.


 


Harry soltou sua mão e se afastou. Era melhor para ambos.


 


—Meu Deus, você dá um bocado de trabalho. Quer saber por que sai, não é? Essa é a pergunta do ano. E para isso veio até aqui?


 


—Sim.


 


—Mas não veio esta manhã quando a ameaçaram. Nem veio até mim quando bateram em você. —disse com amargura.


 


—Tinha que contar para Carlos.


 


—Sim, claro. Sabe que li sua declaração, Gina? Dolin foi esta manhã a sua loja, tal e como pensei.


 


—E soube me virar sozinha. Tal e como disse.


 


—Sim, é obvio. É magnífica resolvendo problemas. Ele a ameaçou. Aterrorizou-a.


 


—Sim, é verdade, me assustou. Por isso chamei Carlos.


 


Gina estava ainda mais assustada pelo caminho que a conversa estava indo.


 


—Exato. Não me chamou , e sim o xerife, para apresentar queixa.


 


—Claro. Queria que prendessem Draco.


 


—Que bom. E depois saiu tranqüila para fazer compras.


 


—Eu pensei que... Pensei que Luna ficaria triste e queria... Bem, achei que uma boa comida faria que nos sentíssemos melhor.


 


—Teve tempo de ir ao mercado, de ver  Carlos e de retornar para sua casa, mas não teve tempo para me telefonar. Nem sequer pensou nisso, não é?


 


—Eu... Pensei nisso. Foi minha primeira reação, mas me tranqüilizei e preferi não chamá-lo;


 


—Tranqüilizou-se?


 


—Sim. Percebi que era problema meu, e de que devia resolver sozinha.


 


Sua sinceridade o atravessou como uma espada, dividindo-o em duas partes, uma irritada e zangada e a outra destroçada e triste.


 


—E depois que ele bateu em você, que colocou as mãos em cima de você, que a feriu e tentou...


 


Harry não pôde continuar. Se o fizesse, iria desabar.


 


—Tampouco me chamou então. —continuou— Tive que me inteirar por Denis, porque se encontrava com Carlos quando chegou, e achou que me interessaria.


 


Gina começava a perceber de que o ferira com seu comportamento. Não tinha sido sua intenção, mas tinha demonstrado uma terrível falta de confiança.


 


—Harry, eu não pensava no que fazia. Estava muito nervosa. Quando por fim comecei a pensar, já estava no escritório de Carlos. Tudo aconteceu muito depressa. —disse rapidamente, tentando desculpar-se— Era como se não fosse real.


 


—Mas enfrentou sozinha.


 


—Tinha que fazê-lo. Não teria servido de nada desmoronar.


 


—Certamente, é muito boa fazendo sozinha as coisas. —espetou, recolhendo o martelo — Sem contar com ninguém. Ou melhor, sem contar comigo.


 


—Tinha que fazê-lo, porque...


 


—Porque não quer ser como sua mãe.


 


De repente, Gina se deu conta de como era estúpida, singela e exata que era aquela explicação.


 


—Certo, talvez. Para mim, é importante ser independente, mas isso não tem nada a ver com este assunto. Se não o chamei, foi só porque...


 


—Porque não precisava de mim.—declarou, observando-a com intensidade— Não precisa de mim.


 


Um novo pânico ia crescendo no interior de Gina.


 


—Não é verdade.


 


—OH, claro .— sorriu com frieza — Só se interessa pelo sexo. Se eu  tiver chegado a sentir algo por você, é assunto estritamente meu, não? Não se preocupe, não voltarei a cometer o mesmo erro.


 


—Não se trata de sexo.


 


—É obvio que se trata de sexo. Suponho que é tudo o que eu e você temos em comum. Muito bem, pois já sabe onde me encontrar quando estiver excitada.


 


 Gina empalideceu.


 


—Isso que acaba de dizer é horrível.


 


—São suas regras, amor. Para que complicar?


 


—Não quero que as coisas sejam desse modo entre nós.


 


—Pois agora eu sim. E pegar ou largar.


 


Harry tirou outro prego do cinturão e o cravou na madeira. Não pensava em dar a ela outra oportunidade para feri-lo. Nenhuma mulher o tinha ferido tanto em toda sua vida.


 


Gina abriu a boca para dizer algo. Não sabia o que fazer. Estava a ponto de chorar. Talvez fosse o pior momento de todos para descobrir que estava apaixonada por ele.


 


—Isso é o que realmente sente?


 


—E também o que penso.


 


 Gina segurou as lágrimas, negando-se a deixar que a humilhasse.


 


—E tudo isto, só porque ficou zangado pelo acontecido. Pela maneira que   enfrentei tudo.


 


—Digamos que deixou bem claras as coisas. Não quer que ninguém se meta em sua vida.


 


—Não, eu...


 


—Pois bem, eu tampouco. Tenho meu orgulho. E eu não gosto que vá pedir a ajuda de meu irmão em lugar de pedir a minha. Como disse, estava fora de mim. As coisas ficarão tal e como estavam entre nós. Tal e como são.


 


Gina não se deu conta até então de que preferia seu mau humor a seu calculado desinteresse.


 


—Não tenho certeza que isso seja possível. Não posso responder neste momento.


 


—Já o fez, e muito bem.


 


—Se quer suspender nossa relação profissional, posso dar nomes de outros decoradores da área.


 


—Não se preocupe. —disse, dando volta para olhá-la— Não é necessário, eu já fiz isso.


 


—Muito bem, em todo caso, vou me encarregar de terminar de arrumar as coisas.


 


Gina deu a volta e alcançou a maçaneta da porta. Sentia-se arrasada, mas conseguiu sair com rapidez. Não começou a correr até que chegou do lado de fora, com o vento golpeando seu rosto.


 


Quando ouviu que a porta se fechava, Harry se sentou no chão. Ao escutar os soluços do fantasma, levou as mãos ao rosto.


 


—Sei muito bem como se sente. —murmurou.


 


Era a primeira vez em toda sua vida que alguém conseguiu partir seu coração. Só o animava pensar que seria a última.


 


Por fim chegou a tempestade de gelo que haviam predito, e passariam vários dias antes que a temperatura voltasse a aumentar. Cada noite, os termômetros se congelavam e alcançavam mínimos ainda mais terríveis.


 


Mas Harry não se importava. O mau tempo lhe dava uma perfeita desculpa para permanecer onde se encontrava, trabalhando vinte e quatro horas por dia. Com cada prego que cravava, cada parede que arrumava, a casa era mais e mais dele.


 


Quando não podia dormir, mesmo depois de um dia exaustivo, caminhava pela mansão como o resto dos fantasmas.


 


Estava muito ocupado para pensar em Gina, ou, ao menos, era o que queria acreditar. E quando lembrava dela, trabalhava com mais afinco.


 


 


 


Carlos acendeu um cigarro e observou o seu irmão que colocava o corrimão recém pintado.


 


—Esta com uma péssima aparência. Lembra do retrato de Doam Gray? Pois bem, você é como o quadro e a mansão como o velho Dorian.


 


—Arrume o que fazer ou vá embora.


 


—É uma bonita cor. —disse, jogando a cinza em uma lata vazia— Se você gostar do rosa.


 


—Está querendo algo?


 


—Só ter uma conversa. Transferiram Draco do hospital esta mesma manhã.


 


Os olhos do Harry brilharam.


 


—Não é assunto meu.


 


—Não perdeu o olho, mas ficará com um curativo durante uma boa temporada. Ainda não sabem se terá seqüelas permanentes.


 


—Ela deveria ter apontado as chaves entre as pernas dele.


 


—Sim, é uma pena que não o fez. Achei que gostaria de saber. Declarou-se culpado da acusação de invasão de moradia e agressão, com a intenção de que a acusação da tentativa de estupro não siga adiante e possa evitar o julgamento. Mas não acredito que  consiga.


 


—Quantos anos de prisão?


 


—Imagino que três. Mas antes que diga que não basta, deve saber que vou condenar ele amanhã, e vou ouvir  mais testemunhas contra ele. E quando dentro de um ano ou algo assim se revise sua situação, acrescentarei mais acusações para que fique mais tempo preso.


 


—Insisto. Não é assunto meu. Como está Luna?


 


—Suponho que bem. Rony esta cuidando do assunto do divórcio. Tendo em conta que são demonstrados tanto as brigas como o adultério, não vão demorar a conceder. Draco não está em posição de opor-se. Quanto antes consiga separar-se dele, antes poderá começar uma nova vida .—explicou, apagando o cigarro— Não vai perguntar  por Gina?


 


—Não.


 


Carlos se sentou, com as pernas cruzadas.


 


—Mesmo assim, direi isso de todas as  formas. Não parece que está dormindo bem ultimamente.


 


—Eu tampouco.


 


—Ed diz que não vai  lá comer  há muito tempo, então também perdeu o apetite. Poderia imaginar que tudo se deve a terrível experiência que sofreu com Draco, mas começo a pensar que a razão é muito diferente.


 


—Ela se arruma. É muito boa cuidando de si mesma.


 


—Fico feliz. Embora aquele dia pudesse ter acontecido algo terrível com ela. Suponho que alguém teria percebido  que a porta estava arrancada, ou  teria se assustado ao escutar os ruídos, mas enquanto isso já teria acabado com ela.


 


—Acha que não sei? Acha que não sei o que ele poderia ter feito?


 


—Sim, sei que sabe. Acredito que está se corroendo por dentro, e eu sinto muito. Está disposto a me escutar?


 


—Não.


 


Carlos observou que atrás de sua negativa não havia muita firmeza, de modo que continuou.


 


—As testemunhas da cafeteira disseram que pensavam que Gina estava bêbada, pelo modo que caminhava quando entrou. Teria continuado andando se Ed não a segurasse.


 


—Não vejo por que quer me contar tudo isto.


 


—Precisa saber. Quando fui procurá-la, estava fora de si. Estive a ponto de levá-la ao hospital, mas se recuperou um pouco. Observei-a e devo dizer que sua recuperação foi impressionante.


 


—É muito dura. Mas não  está  me dizendo nada que eu não saiba.


 


—Muito bem. Mas imaginei que não sabia como se encontrava quando entrou em meu escritório. Manteve a compostura porque ela é assim, suponho. Então, você entrou. E o asseguro que um homem poderia passar toda a vida sem receber o olhar que você recebeu.


 


—Ela não precisa de mim.


 


—Tolice. Você pode ser estúpido, mas já deveria saber disso.


 


—Fui estúpido para me preocupar com ela, para deixar que me importasse o que pensasse de mim ou o que quisesse de mim. Mas não estou disposto a repetir o mesmo erro. —disse, levantando-se— Eu tampouco preciso dela.


 


Carlos suspirou e se levantou .


 


—Está apaixonado por ela e sabe disso.


 


—Não, não estou. Estava encantado com ela durante certo tempo, mas tudo passou.


 


Seu irmão apertou os lábios e decidiu que só havia uma forma de resolver aquele assunto.


 


—Tem certeza?


 


—Acabei de dizer isso, não foi?


 


Carlos sorriu.


 


—Suponho que isso esclareça as coisas. Pensei que a queria, e não tinha intenção de intervir. Mas, considerando-se  que não está interessado nela, você não se importará que eu tente conquistá-la, não é?


 


Carlos esperava o murro, que acertou sua mandíbula. Colocou a mão no queixo e acariciou-o, assombrado por não está quebrado.


 


—Sim, vejo que já superou isso. —continuou.


 


—Se quiser, o soco novamente. —disse Harry, entre dentes.


 


O deixava furioso seu irmão tê-lo pego.


 


—Eu não o faria se fosse você. Esse murro foi grátis, mas o próximo não perdoarei. Caramba, Harry, ainda tem uma boa pegada com a direita .—disse, movendo a mandíbula.


 


Harry dobrou seus doloridos dedos, quase divertido.


 


—E você continua tendo uma cara dura como uma rocha. Maldito canalha.


 


—Eu também amo você. —sorriu— Se sente melhor agora?


 


Passou um braço por cima dos ombros de seu irmão, que respondeu:


 


—Não. Bom, talvez.


 


—Quer ir procurar ela para solucionar de uma vez por todas seus problemas?


 


—Não vou me humilhar ante nenhuma mulher. —murmurou.


 


Carlos pensou que o faria, mais cedo ou mais tarde.


 


—Bom, eu tenho a noite livre. Quer se embebedar e se divertir um pouco? 


 


Harry começou a subir as escadas.


 


—Sim, por que não? Encontro-o no bar às dez em ponto.


 


—Parece ótimo. Verei se Denis e Rony se unem a nós.


 


—Como nos velhos tempos. Quando Duff nos ver, vai levar um...


 


Harry parou de falar. Gina se encontrava ao pé da escada, parada, com olhar frio.


 


—Trouxe as coisas que pediu. —declarou, com tom neutro— Sua mensagem dizia que estaria preparado para receber por volta das três.


 


—Sim, claro. Pode levar lá pra cima quando quiser. — Sua chegada repentina o tinha afetado mais do que queria admitir.


 


—Certo. Olá, Carlos.


 


—Olá, Gina. Estava de saída nesse instante. Vejo  você esta noite, Harry.


 


—Sim. —disse, sem deixar de olhar Gina — Algum problema na estrada?


 


—Não, já tiraram a neve. —respondeu— Consegui o colchão de plumas que queria para a cama com dossel. Eu gostaria de colocá-lo no lugar para ver se você gosta.


 


—Muito bem, obrigada. Não vou incomodá-la. Tenho... trabalho. Me chame quando tiver terminado. Eu estarei com seu cheque.


 


Gina quis dizer algo, mas não pôde porque Harry já tinha saído. Então, tentou manter a compostura e retornou à entrada principal para dar as ordens necessárias aos trabalhadores.


 


Já eram quase cinco horas quando terminou de organizar tudo, tal e como queria. Não tinha dado conta da tranqüilidade que se respirava no ambiente. Quando começou a escurecer, acendeu o abajur de tela rosada que havia juntado à cadeira que tinha colocado perto da lareira.


 


Ainda não estava arrumada, e o fogo não ardia em seu interior. O ar cheirava a pintura, mas já podia sentir a vida, renascendo dentro do quarto.


 


E o aroma de rosas permanecia, como sempre.


 


Passou uma mão pela cama e se disse que era uma cama perfeita  para núpcias. Tinha colocado vários travesseiros, um ao lado do outro, para que formassem jogo com a colcha, e os lençóis despediam um ligeiro aroma de lavanda.


 


Sim, ela pensou, já tinha dado os últimos toques. Só faltavam umas cortinas nas janelas e uma escova de cabo de prata sobre a lareira.


 


Ficaria perfeita. Maravilhosa.


 


Mas, naquele momento, desejou não ter visto nunca aquela casa, nem ter conhecido Harry Potter.


 


Ele apareceu na porta,não dizendo nada, observando-a em silêncio enquanto se movia pela casa, calma e elegante como um fantasma.


 


Entretanto, Gina percebeu que não estava sozinha e se virou para olhá-lo. Os segundos passaram como uma eternidade até que alguém rompeu o silêncio.


 


—Acabo de terminar. —conseguiu dizer ela.


 


—Estou vendo. —disse, sem mover-se— Parece maravilhoso.


 


—Eu gostaria de colocar algum objeto de prata sobre a lareira, quando a tiver arrumado. Um simples detalhe a mais.


 


—Tudo bem.


 


Sua frieza a incomodava.


 


—Notei que tem feito muitos progressos com o quarto ao lado.


 


—Sim. E  mais duas paredes estão preparadas para pintar.


 


—Trabalha depressa.


 


—Sim, isso é o que sempre dizem. —disse, tirando um talão do bolso— Toma. Sempre pago na hora.


 


—Obrigado.


 


Deliberadamente pegou sua bolsa, abriu e colocou o cheque dentro com a intenção de mandá-lo para inferno.


 


—Eu já vou, então. —continuou. Entretanto, Harry se colocou em seu caminho, impedindo que saísse.


 


—Perdoe-me, mas você não esta me deixando passar.


 


—Exato. Parece que você não  esta muito bem.


 


—Muito obrigado.


 


—Tem olheiras.


 


—Tive um dia muito longo e estou cansada.


 


—Porque parou de comer no Ed?


 


Naquele momento, Gina odiou viver em um lugar pequeno, onde as notícias voavam.


 


—Apesar do que você pensa, e do que pensam as outras pessoas desta cidade, o que eu  faço durante a hora do meu almoço, é assunto meu.


 


—Malfoy está detido. Não voltará a incomodá-la.


 


—Não tenho medo dele. —mentiu— Acho que vou comprar uma pistola.


 


—Não diga barbaridades. Eu  pensaria melhor.


 


Gina estava de acordo em que fazer algo assim teria sido uma barbaridade. Precisamente, o índice de assassinatos em seu país era dos mais elevados do mundo porque a posse de armas de todo tipo era legal. Mas a incomodou que se atrevesse a lhe dar ordens.


 


—Sim, claro, esqueci que você é a única pessoa que pode me defender. Afaste-se, Potter. Já terminei aqui.


 


Quando a agarrou pelo braço, ela se voltou sem pensar e lhe deu uma sonora bofetada. Surpreendida pelo que tinha feito, e envergonhada, deu um passo atrás.


 


—Olhe o que eu fiz por sua culpa. —se atreveu a dizer, a ponto de chorar— Não posso acreditar. Nunca bati em ninguém em toda minha vida.


 


—Pois fez um bom trabalho em sua estréia .—observou— Mas da próxima vez, aproveita para dar um murro, porque um tapa não serviria de grande coisa.


 


—Não haverá próxima vez. Ao contrário de você, não preciso bater nas pessoas. Sinto muito.


 


—Se você for para a porta novamente, terei que impedi-la de novo, e começaremos outra vez.


 


Gina deixou de lado a bolsa que tinha pego.


 


—Muito bem. Obviamente, quer dizer algo.


 


—Se continuar se comportando de forma tão irritada, conseguirá me deixar furioso. Estou tentando ser civilizado. É o que queria. Como você  está?


 


—Bem, e você?


 


—Muito bem. Quer um café, ou uma cerveja?


 


—Não, muito obrigado. Não quero nem café, nem cerveja.


 


Perguntou-se quem seria aquele homem, capaz de tentar falar com ela sobre temas normais  quando em seu interior estava arrasada.


 


—O que é o que quer então, Gina? — Acabava de aparecer o verdadeiro Harry. Um simples tom mais alto em sua voz o tinha despertado.


 


—Quero que me deixe em paz.


 


Harry não disse nada. Limitou-se a sair de seu caminho.


 


Mais uma vez, ela pegou sua bolsa, e mais uma vez a largou.


 


—Isso não é verdade.


 


Por fim tinha encontrado o bom senso, o suficiente para esquecer de seu orgulho e dizer o que pensava.


 


—Sabe que não teria chegado a essa porta. —disse ele, com tranqüilidade.


 


—Não sei. Não sei de nada, só sei que estou cansada de brigar com você.


 


—Não estou brigando com você. Estou esperando.


 


Gina assentiu, e compreendeu. Se era tudo o que ele podia lhe dar, estava disposta a aceitar. Tirou os sapatos e começou a desabotoar a  jaqueta.


 


—O que está fazendo?


 


Deixou a jaqueta em cima da cadeira e começou a tirar a blusa.


 


—Respondendo a seu ultimato da semana passada. Disse que eu pegava ou o largava. Pois bem, eu pego.


 


 


 


 


 


Harry não esperava que os acontecimentos tomassem esse rumo. Quando por fim foi capaz de dizer algo, Gina tinha tirado tudo exceto sua roupa intima de seda preta. O sangue subiu à cabeça.


 


—De qualquer jeito?


 


—Sempre foi de qualquer jeito, não é verdade, Harry? Química, pura e simples.


 


Gina pensou que a desejava, que nunca tinha deixado de desejá-la. Começou a caminhar para ele, com lentidão.


 


—Pegue ou largue, Potter .—disse ela— Porque eu vou pegá-lo agora mesmo.


 


Gina agarrou sua camisa pelos lados e a tirou, rasgando o tecido, fazendo  todos os botões saltarem, enquanto o beijava apaixonadamente. Harry a agarrou pela cintura com suavidade.


 


—Toque-me. —disse ela, mordendo-lhe o ombro.


 


— Quero que me toque.— Suas mãos já abrindo a calça de Harry.


 


—Calma.


 


Apesar de tudo, a paixão já tinha explodido no interior de Harry, que obedeceu. Seu coração também estava ferido, e não tinha defesa alguma contra o desejo que sentia. Contra ela.


 


Tirou a roupa e a agarrou em seus braços. Antes que chegassem à cama já a tinha penetrado.


 


Foi um ato apaixonado, rápido e cego. O contato da carne contra a carne, com respirações ofegantes e gemidos. Com unhas que se cravavam, lábios unidos, carícias e voltas e mais voltas sobre os lençóis.


 


Ambos tinham se rendido naquela batalha. Os dois queriam muito mais, mas se contentavam com muito menos. E enquanto isso, o aroma de rosas preenchia o ar, com seu triste perfume.


 


Gina se deixou levar pela fome que sentia. Precisava ser transportada de novo aquele extremo prazer que tinha alcançado a seu lado. Só então se sentiria viva.


 


Tinha que saber que, ao menos, ali Harry se sentia tão impotente como ela, tão incapaz de resistir como ela, tão devorado pela necessidade como ela. Podia sentir a intensidade de suas emoções, saboreá-la cada vez que a beijava com paixão desenfreada.


 


Seu coração desejava que a amasse, mas seu corpo se contentava com qualquer migalha que ele  jogasse, para alimentá-la.


 


Não havia lugar para o orgulho, nem para ternura.


 


Harry se colocou sobre ela e voltou a penetrar em seu corpo. Não podia respirar, nem pensar; só podia deixar-se levar. Precisava entrar nela, esvaziá-la, encher-se dela do único modo que parecia disposta a aceitar. Afastou o cabelo de seu rosto. Naquele instante, era vital que a visse. Devia saborear o gesto de prazer de seu rosto, cada tremor de seus lábios.


 


O amor que sentia o estava queimando por dentro.


 


—Olhe para mim. —disse ele— Olhe para mim.


 


Gina abriu os olhos, embora a paixão lhe impedisse de ver com claridade. Harry sentiu as contrações de seu corpo e viu que jogava a cabeça para trás.


 


Não pôde evitar desfazer-se em seu interior. E  amaldiçoou a ela e a si mesmo quando caiu  esgotado.


 


Não lhe parecia possível poder sentir-se tão completo e tão vazio ao mesmo tempo. Nunca tinha compreendido a relação direta que havia entre o sexo e o sentimento, até então. E agora, olhando o teto enquanto Gina descansava a seu lado, sabia que não poderia separá-los nunca mais.


 


Ao menos, não com ela.


 


E só  desejava ela.


 


Gina tinha conseguido destruir algo que  havia demorado muito para construir. Sua auto-estima. Tampouco tinha se dado conta disso até então, e sabia que não poderia perdoar-se nunca.


 


Quanto a ela, precisava que a tocasse, que a abraçasse como sempre tinha feito. Aquela situação era muito fria, muito solitária, embora, como ele,  ela ainda sentisse os tremores do amor.


 


Entretanto, não podia dar o primeiro passo para desfazer o mal-entendido, porque tinha sido ela  que aceitara manter uma relação exclusivamente sexual. Em seus termos. Fechou os olhos sob a luz rosada e disse a si mesmo que, ao menos, tinha voltado com ela.


 


—Bom, conseguimos fazer  amor na cama dessa vez. —declarou Gina, sentando e dando-lhe as costas— Sempre tem que haver uma primeira vez.


 


Podia encontrar  forças suficientes para falar com certa firmeza, mas não suficiente para olhar para ele.


 


—Sim. —disse ele—Deveríamos tentar debaixo dos lençóis.


 


—Por que não? Até poderíamos utilizar alguns travesseiros e fingirmos que temos afeto um pelo outro. Só para variar.


 


Gina se levantou e recolheu sua roupa íntima.


 


Os olhos do Harry brilharam com fúria quando viu que ela colocava o sutiã. Levantou-se, ferido, e vestiu os jeans.


 


—Eu não gosto de fingimento.


 


—OH, claro. —disse, enquanto vestia a blusa— Tudo deve ser direto e claro com você.


 


—Mas que inferno está acontecendo você? Conseguiu o que queria.


 


—Não sabe o que eu quero. —respondeu, assustada— E eu tampouco.


 


—Foi você  que  tirou a roupa. —declarou, com voz muito suave— E é você quem a esta vestindo agora para poder sair.


 


—Sim, mas foi você  que rolou para fora de mim, assim que terminou. Só faltou deixar um bilhete  com vinte dólares sobre a mesa, pela noite.


 


Quando terminou com as calças, Gina começou a colocar os sapatos.


 


Teria tido uma oportunidade de sair  se não tivesse ficado olhando para ele, mas não o fez. Harry se moveu com rapidez, e a agarrou pelos braços antes que ela pudesse perceber.


 


—Não diga isso. Nunca a tratei desse modo, e nunca o farei.


 


—Tem razão. Sinto muito, Harry. Disse algo falso e injusto.


 


Por alguma razão, sua declaração a tranqüilizou bastante. Ao menos, impediu que se comportasse de maneira completamente idiota.


 


Lentamente, soltou seus braços e se afastou dela.


 


—Pode ser que eu tenha sido muito apressado, mas leve em consideração que me pegou de surpresa.


 


—Não. Eu comecei, e mostrei meu acordo, e aceitei suas condições.


 


Gina alcançou sua jaqueta e a pôs muito devagar. Devia fazê-lo, porque, se o tocasse de novo, não sabia o que podia acontecer.


 


—Minhas condições...


 


—São claras e aceitáveis. Suponho que o problema é que ambos ficamos instáveis de acordo com algumas circunstâncias. Em qualquer circunstância em seu caso; e no meu... bom, passei alguns dias difíceis. Mas isso não quer dizer que o culpe.


 


—Tem que ser sempre tão razoável?


 


—Não, mas eu tento. —sorriu com tristeza— Não sei por que brigamos, quando encontramos a solução perfeita. Uma simples relação física. É perfeita porque não compartilhamos nada mais. Então peço desculpas por ter começado a briga. Estou um pouco cansada e não me encontro muito bem.


 


Gina ficou nas pontas dos pés e o beijou com suavidade.


 


—Se quiser vir amanhã a minha casa, depois do trabalho, mostrarei a você.


 


—Sim, pode ser. Levarei -a para casa.


 


Harry se perguntou por que não podia ler seus olhos. Era algo estranho, porque sempre tinha sido capaz de fazê-lo.


 


—Não é necessário. Trouxe meu carro. Estou muito cansada. Preciso me deitar logo.


 


Teve que fazer um esforço para não sair correndo dali.


 


Harry desejava abraçá-la com força e impedir que partisse.


 


—Como quiser. De qualquer forma, tenho que ver meus irmãos dentro de algumas horas, no bar.


 


—Bom, talvez nos vejamos amanhã.


 


Gina caminhou para a porta com certa dignidade. Harry não se despediu, e ela tampouco disse nada. Por sorte, seu casaco vermelho estava pendurado na entrada; do contrário, teria ido embora sem ele. O vestiu e fechou com cuidado.


 


Assim que saiu, entrou no carro, arrancou e tentou se concentrar na estrada como se sua vida dependesse disso. Virou em direção à cidade e continuou assim durante um quilômetro. Então, estacionou no acostamento da estrada e desligou o motor. Segundos depois, começava a chorar como uma criança.


 


Vinte minutos mais tarde, esgotada, apoiou a cabeça em seu assento. Estava gelada, mas não tinha  força suficiente para girar a chave de contato e ligar o aquecedor.


 


Tentou pensar que era uma mulher forte e madura. Todo mundo dizia isso. Era brilhante, muito organizada, tinha sucesso e juízo. Mas não compreendia como era possível que, possuindo tantas virtudes, tivesse transformado sua vida em um verdadeiro desastre.


 


Harry Potter  era  o  responsável,  é obvio. Não tinha tido um só dia de paz desde sua volta. Era arrogante, rebelde e mal-humorado. Muito mal-humorado. Mas também encantador e sempre a surpreendia com sua intensa doçura.


 


Sabia que não devia ter se apaixonado por ele. Nem acreditar que poderia manter uma relação e conservar sua objetividade, trabalhando para ele.


 


Entretanto, lembrou-se que ele tinha problemas semelhantes. Também havia sentido algo, antes que ela estragasse tudo. Se tivesse demonstrado um pouco de confiança, se não se empenhasse em fazer as coisas sempre a seu modo, não estaria naquela situação. E até havia a possibilidade de que ele se apaixonasse.


 


Tentou afastar aqueles pensamentos de sua cabeça e deu um murro no volante. Sua obsessão a levou pensar que aquele tipo de raciocínio era típico de sua mãe. Tudo devia ser perfeito e maravilhoso para seu homem. Devia alimentar seu ego e lamber suas feridas. Jogar seu jogo e ganhar o prêmio.


 


Mas não estava disposta a fazer algo assim. Surpreendia-a que tivesse considerado, sequer por um momento, a possibilidade. Por desgraça, não se dava conta de que aquilo não tinha nada que ver ser independente ou não, e sim era levar em consideração seus sentimentos. Interpretava que a situação ameaçava sua personalidade, e em conseqüência, dizia-se que não aceitava ter que se render a um homem só para conseguir que a amasse.


 


Entretanto, disse que aquilo era, exatamente, o que a tinha feito fazer o amor com ele naquele quarto.


 


Apoiou-se no volante e levou as mãos à cabeça. Já não estava segura de nada, exceto de que o amava. Amava-o, e, em sua obsessão por não se comportar como sua mãe, tinha ferido seus sentimentos e  humilhou a si mesma.


 


Comportou-se de forma estúpida.


 


Introduzir algumas mudanças em sua forma de pensar não era nada mal. Ele mesmo o tinha feito.


 


Recordou que o tinha ferido, que tinha conseguido enfurecê-lo. Mas, em lugar de brigar com ela, preferiu sair para se acalmar martelando alguns pregos. Não podia culpá-lo por isso. Sabia que tinha demonstrado uma imperdoável falta de confiança quando não o chamou, por covardia. Harry não tinha tentado nunca dominar sua vida, nem suas idéias; nunca tentara mudá-la. Dera-lhe carinho, afeto e paixão. E ela tinha reagido na  defensiva.


 


Perguntou-se como podia ter sido tão egoísta ,para não pensar também nos sentimentos dele e em seu orgulho. Já era hora de começar a fazer. Afinal, ser flexível não era tão difícil. Chegar a um compromisso não significava render-se. Com um pouco de sorte, talvez não fosse muito tarde. Não podia ser.


 


A idéia que veio a sua cabeça foi tão simples e tão ridícula, que soube que era a certa. Sem pensar duas vezes, arrancou e deu meia volta. Em poucos minutos, encontrava-se na casa de Luna.


 


—Gina. —disse ela, passando uma mão pelo cabelo— Estava... OH, estava chorando. Foi Draco...?


 


—Não, não. Sinto muito. Não queria assustá-la. Preciso de ajuda.


 


—O que foi? —perguntou— O que aconteceu? Deixou que ela entrasse e fechou a porta a suas costas.


 


—Como se joga bilhar? —perguntou.


 


—O que? Não estou entendo.


 


—Não sei como se joga bilhar. Nem sei onde encontrar a essa hora da noite uma saia vermelha, curta e de couro.


 


Luna permaneceu pensativa durante uns momentos, enquanto secava uma mancha de água que tinha caído em seu suéter, cortesia do banho da Emma.


 


—Se for isso o que você quer, teremos que chamar a Ed.


 


 


—Prenda a respiração, meu bem.


 


—Já o estou fazendo.


 


Corajosamente, Gina obedeceu e apertou os dentes enquanto Ed tentava subir o zíper da diminuta saia.


 


—O problema é que você tem curvas e eu ossos. Enfim, já conseguiu. Mas se eu fosse você, não me moveria muito nem de forma muito brusca.


 


Ed se afastou e se sentou na cama da Luna, triunfante.


 


—De qualquer maneira, não acredito que eu possa me mover com ela.


 


Gina tentou dar um passo para provar. A saia, perigosamente curta, subiu um pouco mais.


 


—Levando em consideração que sou mais baixa que você. —declarou Ed, divertida, enquanto acendia um cigarro—Se fosse um pouco mais curta, Carlos teria que colocá-la na prisão por atentado ao pudor.


 


Gina se aproximou do espelho de Luna, mas não podia se ver  da cintura para baixo.


 


—Não posso ver.


 


—Não é necessário que o faça, meu bem. Aceite minha palavra. Ele olhará para você, não duvide.


 


Luna entrou naquele momento, depois de colocar aos meninos na cama. Ao vê-la, abriu a boca de repente, assombrada.


 


—OH, Meu deus...


 


—É um bom numero. —conveio Ed.


 


A última vez que a tinha colocado em uma festa, os olhos dos homens saíram de órbitas. Olhando-a em Gina imaginou que os homens saltariam sobre ela.


 


—Prove agora estes sapatos.—a ordenou—Coloquei um pouco de algodão na ponta para que sirva melhor.


 


Gina apoiou uma mão na cômoda enquanto calçava os saltos de dez centímetros.


 


—Esta altura me enjoa.


 


—Você sim que causará enjôos .—riu Ed— Agora, vamos provar as pinturas de guerra.


 


Feliz, esvaziou sua enorme bolsa na cama.


 


—Não estou certa de poder seguir adiante com isto. É uma loucura.


 


—Não de para trás agora. —disse Ed, remexendo entre a enorme variedade de cosméticos— Esse homem a interessa, não?


 


—Sim, mas...


 


—Então, sente-se e deixa que me encarregue de você. Este vermelho é matador. —murmurou enquanto abria o batom.


 


—Não posso sentar.—anunciou Gina, depois de tentar— Teria uma hemorragia interna.


 


—Então, fique de pé.


 


Depois de escolher os produtos adequados, Ed se levantou e começou a trabalhar. Em seus quarenta e dois anos, que, na realidade, eram quarenta e cinco, jamais vira  uma mulher  que pudesse imaginar pondo giz em um taco. Gina Weasley era a exceção.


 


—Já jogou bilhar alguma vez, meu bem?


 


—Só de brincadeira, com três bolas. Com meu pai. Várias vezes.


 


—Três bolas? Isso não é nada. Jogar com nove bolas é a segunda coisa melhor que se pode fazer em uma mesa de bilhar .—riu quando Luna  ruborizou—Agora, escute-me. Vou explicar como funciona.


 


 


 


 


 


 


Continua...


 


 


 


 


 


Capitulo ENORMEE... [ to com os dedos doendo ;S ], mas valeu a pena!  Obrigado á: Thamis, Ana Eulina e Patrícia por terem comentado.


Espero que todos tenham gostado do capitulo [ que é o penultimo ].  Essa semana ainda tem mais xD


 


 


COMENTEEM :D      beeeeijo galerinha ;**

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