Capitulo VI




 Coldplay - Viva La Vida


—Menos mal.
—Voltou a si algumas vezes, e tentou dizer algo. Mas estava muito fraco. Agüentou o resto do dia e grande parte da noite, mas, pela manhã, estava morto.
—Fizeram tudo o que poderiam.
—Sim, mas se encontraram com um soldado morto na cozinha, e seu sangue empapava o chão. Todos os que os conheciam sabiam que simpatizavam com o sul, que já tinham perdido um filho e que outros dois estavam lutando no mesmo bando. Tinham medo, e portanto, ocultaram o cadáver. Quando escureceu o enterraram, com seu uniforme, sua arma, e uma carta de sua mãe no bolso. — olhou-a com os olhos frios e firmes. — Por isso, esta casa também está assombrada. Pensei que a interessaria.
Gina ficou em silêncio durante um momento e deixou o café de lado.
—Sua casa está assombrada?
—A casa, os bosques, os campos. É difícil acostumar-se aos ruídos, às sensações. Nunca falamos muito disso, mas sempre esteve presente. Às vezes, tem-se uma sensação estranha de noite, ou em manhãs muito tranqüilas. — sorriu ao ver a curiosidade em seus olhos — Ninguém fica indiferente em um campo de batalha. Depois que minha mãe morreu, até a casa parecia inquieta. Ou talvez fosse só eu.
—Partiu por isso?
—Tinha muitas razões para partir.
—E para voltar?
—Uma ou duas. Contei a primeira parte da história porque pensei que devia entender a casa dos Barlow, já que vai trabalhar nela. E contei o resto... —desabotoou dois botões da jaqueta dela — porque vou me instalar na fazenda durante uma temporada. Agora pode decidir se quer vir aqui ou se prefere que eu vá a sua casa.
—Meu inventário está na loja, de modo que...
—Não estou falando de seu inventário.
Agarrou seu queixo na mão e a olhou fixamente nos olhos enquanto a beijava.
A princípio o fez com suavidade, provando-a. Depois, com um murmúrio de satisfação, intensificou o beijo quando Gina entreabriu os lábios. Olhou as pestanas de Gina, que baixava. Sentiu seu fôlego na boca e seu pulso no pescoço, debaixo de seus dedos. O aroma de sua pele contrastava com o sabor de sua boca.
Gina continuava com as mãos fortemente apertadas no colo. Assustava-se ao pensar no quanto desejava acariciá-lo, entrelaçar os dedos em seu cabelo, roçar os músculos que imaginava sob a camisa de flanela. Mas não o fez. Talvez tivesse perdido a cabeça durante um instante ante seu surpreendente prazer e sua ainda mais surpreendente necessidade, mas conseguiu não deixar-se levar por completo.
Quando Harry voltou para trás, Gina apertou fortemente as mãos e respirou profundamente para falar com voz normal.
—Nossa relação é estritamente comercial.
—Também temos uma relação comercial . — concordou Harry.
—Faria isso se eu fosse um homem?
Harry ficou olhando-a, atônito. De repente, soltou uma forte gargalhada, enquanto Gina se repreendia por estar dizendo coisas tão ridículas.
—Até agora, não encontrei um homem que eu goste, assim suponho que não. Claro que também suponho que, em tal caso, não teria me devolvido o beijo.
—Vamos esclarecer as coisas. Já ouvi tudo sobre os irmãos Potter e quão irresistíveis são para as mulheres.
—É a cruz que temos que carregar.
Gina não sorriu, embora para isso teve que apertar os lábios fortemente.
—O caso é que não me interessa nem um rolo rápido, nenhuma aventura, nenhuma relação. Acredito que com isso cubro todas as possibilidades.
Ficava ainda mais encantadora quando ficava puritana.
—Será um prazer para mim fazer que mude de idéia. Por que não começamos pelo rolo rápido e seguimos a partir daí?
Gina ficou em pé bruscamente e agarrou seu casaco.
—Só em seus sonhos.
—Também nos sonhos. Por que não vamos jantar?
—Por que não me leva até meu carro?
—Certo.
Harry se levantou e pegou seu casaco do gancho, e a vestiu. Depois, tirou o cabelo de Gina da gola de seu casaco.
—As noites são longas e frias nesta época do ano. — comentou Harry.
—Leia um livro. — respondeu Gina, enquanto caminhava para a porta — Sente-se junto à lareira.
—É isso o que você faz? — negou com a cabeça — Terei que ajudá-la a se diverti um pouco.
—Eu gosto de minha vida tal como é, obrigado. E não me... — interrompeu-se quando Harry a agarrou pelos braços — Potter! Começo a pensar que todo mundo tem razão quando o critica.
-Pode estar certa.


Continua...


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