Capitulo X



A língua de Harry os percorreu, introduziu-se entre eles, juntou-se com sua língua. Seu sabor era muito masculino, e alcançava seu centro como uma flecha o centro do alvo.
A restante de sua mente que ainda funcionava a advertiu que sabia exatamente como Harry afetava às mulheres. A todas as mulheres. A qualquer mulher. Mas a seu corpo não parecia importar.
Seu sangue começou a ferver em suas veias; sua pele começou a tremer, sacudida por milhares de pequenas explosões. Estava segura de que podia sentir como se derretiam seus ossos.
Para Harry era excitante observá-la. Com os olhos abertos, trocou o ângulo do beijo, saboreando devagar. Era muito sedutor o movimento de seus cílios, a cor que adquiriam sua face por causa do desejo. E adorou a forma em que tremeu ligeiramente quando roçou seus seios com os dedos.
Esforçou-se para não continuar com aquilo.
—Cada vez é melhor — sussurrou a seu ouvido — Vamos tentar novamente.
—Não!
Gina se surpreendeu ao verificar que havia dito exatamente o contrário do que desejava. Colocou uma taça de vinho contra o peito do Harry, para defender-se.
Harry olhou a taça e voltou a fixar o olhar em seu rosto. Seus olhos não sorriam; olhavam-na com muita intensidade. Apesar de todo bom senso, sentia a tentação de não pensar nas conseqüências.
—Sua mão está tremendo, Gina.
—Eu sei.
Falava com cuidado, consciente de que a palavra incorreta, o movimento incorreto, faria que o que Harry ocultava em seus olhos se desencadeasse. E ela permitiria. Estava desejando permiti-lo.
Aquilo era algo sobre o que teria que pensar atentamente.
—Pegue o vinho, Harry. É tinto. Deixaria uma mancha muito difícil de limpar na sua camisa.
Durante um momento, Harry não respondeu. Uma necessidade que não podia compreender e com a que não contava o tinha paralisado. Notava que Gina tinha medo dele, e decidiu que fazia bem. Uma mulher como ela não podia imaginar do que seria capaz um homem como ele.
Segurou a taça e brindou com Gina, fazendo tilintar o cristal. Depois, voltou para a cozinha.
Gina sentia como se por pouco não tivesse caído de um precipício, e percebeu que já se arrependia de não ter caído.
—Creio que tenho algo para dizer. — respirou profundamente e bebeu um comprido gole de vinho — Não vou fingir que não me sinto atraída por você ou que não tenha gostado, quando é evidente que ocorre o contrário.
Tentando tranqüilizar-se, Harry se apoiou na mesa e a observou por cima de sua taça.
—E?
—E... — jogou o cabelo para trás — E acredito que as complicações são... complicadas. Não quero, quero dizer, não acredito... — fechou os olhos e bebeu outro gole — Droga. Estou gaguejando.
—Já notei, mas não se preocupe. Isso me faz sentir muito bem.
—Presunçoso que é, não acredito que algo assim possa afetá-lo. —limpou a garganta — Não duvido que ir para cama com você deve ser algo memorável. E não sorria assim.
—Desculpe. — disse sem deixar de sorrir — Achei graça em sua escolha de palavras. Eu gosto disso de memorável. Mas não precisa tentar explicar. Creio que entendo. Quer pensar nisso, e dar o próximo passo quando estiver preparada.
Gina refletiu e assentiu lentamente.
—Sim, mais ou menos.
—Bem. Meu ponto de vista é este. — acendeu o fogo, e pôs azeite na frigideira — A desejo, Gina. Comecei a desejá-la assim que entrei na cafeteira e a vi sentada com a pequena Luna, tão comportada.
Gina se esforçou para conter o peso que sentia no estômago.
—Por isso me ofereceu o trabalho?
—É muito inteligente para fazer uma pergunta assim. Isto é sexo. O sexo é algo pessoal.
—Certo. — voltou a assentir — Certo.
Harry pegou um tomate e o examinou.
—O problema, tal e a meu ver, é que eu não gosto de refletir muito sobre estas coisas. Por mais que tentemos maquiá-lo, o sexo é algo animal. Aroma, contato, sabor. Mas isso é a minha opinião, e neste ambos assunto tomamos parte. Assim pode continuar com sua cautela.



Continua...


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