Labirinto



- Gina, - começou, depois de um silêncio constrangido. - eu concordo que a gente tem que conversar, mas não é essa a hora...


- Eu sei, Harry. - deu de ombros, tentando passar uma imagem de quem não estava se importando. - Melhor eu descer.


- Espera! - aproximou-se de novo, ficando com os corpos a poucos centímetros um do outro. - Você deve me achar um louco inconstante, mas eu queria que soubesse que eu me importo com você, e que tem mais coisas entre nós que eu não posso revelar, além da minha vontade de que fiquemos juntos.


- Você vai se atrasar! - não queria mais se iludir com as promessas dele.


- Você é jogo duro, hein, Foguinho? - deu um sorriso, antes de lhe dar um selinho. - Obrigado por ter vindo, você não tem noção de como isso foi importante. - sussurrou no ouvido dela, que tentava se manter fria, ainda de braços cruzados.


- Cinco minutos! - ouviram a voz abafada de Hermione, por trás da porta.


- Tenho que ir, ruiva. - falou, sem mover um músculo, ainda colado ao pescoço dela.


- Vá logo, Harry. - falou, com a voz rouca, empurrando-o de leve. - Boa sorte! - aproximou-se e deu-lhe um beijo carinhoso no rosto, antes de abrir a porta e praticamente enxotá-lo do quarto.


* * * * * * * * *


Abriu a porta da Sala dos Campeões de supetão, e entrou, ofegante. Nenhum dos três sequer levantou os olhos pra ele, e Harry sentia a tensão no ar. Sentou-se numa poltrona vaga, e tentou trazer a respiração ao normal, devido ao já habitual atraso.


- Boa noite, meus caros. - foram saudados por Ludo Bagman, que acabou de entrar na sala. - Como estão?


Nenhum dos Campeões se atreveu a abrir a boca, e Harry achou que talvez vomitasse de tensão se o fizesse. Concentrou-se no que Ludo tinha a dizer.


- Como vocês sabem, em instantes entrarão no Labirinto. Os senhores Potter e Krum irão ao primeiro, ao soar do apito. No segundo apito, a Srta. Duprée, e ao terceiro sinal, a Srta. Chang. - apontou para a garota. - Assim que entrarem, não ouvirão nada do que há aqui de fora; suas famílias estão nos nossos camarotes, e, apesar de vocês não poderem ver nada, devido às sebes de mais de três metros de altura, os que estão assistindo poderão ter uma visão de cima.


- Boa noite a todos. - saudou o Sr. Crouch, que também entrara na sala. - Pronto, Ludo?


- Estou terminando, Bartô. - virou-se para os garotos novamente. - Caso achem que não vão conseguir prosseguir, lancem faíscas vermelhas para o alto que iremos resgatá-los. O Ministério está aqui representado, e mandou aurores para garantir a segurança de vocês no labirinto.


- Quem veio do Quartel dos Aurores? - perguntou Harry, surpreendendo os presentes.


- Alastor Moody, Ninfadora Tonks, Sirius Black e seu pai, Harry. - falou pro garoto. - Mas não se preocupem, além deles, os professores também estarão de suporte.


- O objetivo de vocês é, como já havíamos dito, chegar ao troféu, que se encontra no centro do labirinto. - falou o Sr. Crouch, com impaciência. - Ludo, por favor, comece a locução, e boa sorte a todos. - falou, seco, e saiu da sala.


* * * * * * * * *


- Gina, desculpa ter interrompido vocês, mas é que eu tinha que chamá-lo e -


- Tudo bem, Mione. - falou, sem emoção, sentando-se ao lado da amiga, nas arquibancadas.


- E então? O que vocês resolveram?


- Nada, pra variar...


- E aquele beijo que eu vi? Putz! Se aquilo é nada, imagino quando resolverem alguma coisa!


- Mione... - repreendeu a ruiva, quando Rony se aproximava delas.


- Você vai negar pra mim o que eu vi? - sussurrou a amiga, sem se dar por vencida.


- Não vou negar, mas também não posso te afirmar nada! Eu ainda não sei o que aconteceu, entende? A única coisa que resolvemos foi que vamos conversar...


- O que as duas cochicham aí, posso saber?


- Eu estava dizendo à Mione como o Krum está lindo hoje! - provocou a ruiva, com um sorriso falso.


Rony fechou a cara e não falou mais nada. Mione reparou que Lilá não estava mais com ele, e sim, conversando animadamente com Dino, dois lances de banco para baixo. O ruivo tinha mudado muito, ela tinha que admitir, mas tinha medo de alimentar falsas esperanças.


Suspirou, e voltou a visão para o labirinto. De onde estavam, dava pra ver algumas criaturas mágicas, e agradeceu mentalmente o treinamento que fizeram com Harry. Nesse momento, ouviram a voz de Ludo Bagman abafar as conversas:


- Boa noite, senhoras, senhores e senhoritas! Estamos aqui para dar início à terceira e última tarefa do Torneio Tribruxo, o Labirinto.


As pessoas começaram a aplaudir, e Mione percebeu como Gina estava tensa. Por mais que a ruiva não quisesse admitir, a amiga sabia que ela era apaixonada por Harry, e sabia que ela estava francamente apavorada com aquela prova.


- Hey, fique tranquila, ele treinou muito para essa tarefa! - tentou acalmar a amiga, segurando a mão dela.


- Espero que sim! Se tem alguém que pode matá-lo, sou eu, de raiva! - tentou brincar, sorrindo para a amiga. Ouviram um apito soar, e viram Harry e Krum entrarem no Labirinto.


Assim que passaram para dentro das sebes, o burburinho de fora foi imediatamente substituído por um silêncio tenso. Estava meio escuro, e os dois caminharam em silêncio por uns dez metros, até uma bifurcação.


- Vou por aqui. - falou Harry, apontando para a esquerda. Krum assentiu e foi para a direita.


Harry fez o feitiço dos pontos, que havia treinado com Mione, e viu sua localização. Antes de entrar no labirinto, viu que o centro era em noroeste, e ele seguia nesta direção. Manteve a varinha em punho, e continuou seu caminho.


Não escutava nada, e isso era mais preocupante; esperava a qualquer minuto que algo saltasse nele, como Hermione tanto o alertara nos treinamentos. Andou mais uns vinte metros, serpenteando mais para dentro, até entrar num corredor particularmente escuro.


- Lumus! - falou, e andou mais cautelosamente. Não podia se dar ao luxo de dar a volta e sair da trilha.


Viu uma poltrona velha, e um senhor sentado nela, de olhar mortiço e perdido. Aproximou-se mais, e percebeu que aquele homem era ele. De repente, ele se viu sentado naquela poltrona, olhando umas fotos antigas, e lembrando-se dos pais serem assassinados, e Gina sendo brutalmente violentada, até morrer, na sua frente.


Desesperou-se, e começou a gritar. Era uma dor imensa; tudo o que ele temia que acontecesse, estava ali na sua frente. Apareciam imagens pavorosas dos irmãos, dos amigos, e Harry caiu no chão, sem forças, chorando.


- Acalme-se! É uma ilusão! - disse uma voz na sua cabeça.


O garoto fechou os olhos, e se concentrou. Aquilo não podia estar acontecendo de verdade; ele não podia ter envelhecido aquilo não estava acontecendo. Repetiu a frase até se sentir seguro, e abriu os olhos, deparando-se com um corredor vazio do labirinto.


Não sabia quanto tempo ficara naquela alucinação, mas ouviu ao longe um apito, e calculou que perdera um tempo precioso, e sua dianteira estava diminuindo. Fez o feitiço dos pontos novamente, e retomou seu caminho.


Passou por um corredor cheio de Diabretes da Cornualha, e chegou ofegante e suado do outro lado. Escutou o terceiro apito, e pensou consigo: "pronto, agora estamos todos nessa ratoeira!".


O coração estava na garganta, e, depois de dobrar para mais um corredor, viu-se entre voltar para os infernais diabretes (N/A: com o perdão do pleonasmo, o são mesmo!), ou enfrentar um gigantesco explosivim, que quase ocupava a largura toda da passagem.


Respirou fundo, e foi em frente. Lançou sucessivos feitiços de estuporamento, que ricochetearam na carapaça do animal, que agora estava particularmente irritado, e se aproximava perigosamente de onde Harry estava.


Harry se desesperou, a lançava feitiços a esmo no bicho. Usou até um Rictumsempra, mas nada fazia efeito. Quando já estava decidido a se virar e voltar pros diabretes, um feitiço ricocheteou no chão, abrindo um buraco. O animal tentou passar, mas não conseguiu imediatamente.


Recuou para pegar distância, e Harry vislumbrou o ventre do explosivim, e mirou nele um Petrificus Totalis, que caiu imediatamente. Harry sabia que o feitiço não era suficiente para deixá-lo inerte muito tempo, e saiu correndo pela lateral do corredor, parando apenas umas cinco passagens depois, ofegante.


Fez o feitiço de localização mais uma vez, e viu que havia se distanciado do centro. Teve o cuidado de não voltar por perto do monstro que enfrentara, e seguiu por uns dois corredores desertos, até escutar um grito feminino.


Correu para onde vinha o som, mas não havia nenhuma passagem próxima. A garota continuava gritando, e ele não pensou em nada que não fosse passar para o outro lado. Lançou sucessivos Reducto na sebe de onde ouvia o som, até abrir um buraco suficientemente grande, para que pudesse passar.


- Porrrr favorrrr, não faça isso! - pedia a garota, desesperada.


- Crucio!


Harry não podia acreditar, Krum estava usando uma Maldição Imperdoável em Louise! Não pensou duas vezes: lançou um Estupora no búlgaro, enquanto a garota se debatia no chão.


Krum caiu de borco no chão, e Harry correu para Louise, que havia desmaiado. Pegou a varinha da francesa e lançou para o alto as faíscas vermelhas, sabendo que viriam resgatá-los.


Apesar da cena deplorável que presenciara, pela primeira vez, Harry se achou capaz de ganhar esse Torneio. Sentia que faltava pouco, e continuou no seu caminho, andando cautelosamente. Agora era só ele e Cho, e era possível que a chinesa ainda estivesse bem atrás. Dobrou mais dois corredores, e deparou-se com uma Esfinge, ocupando toda uma passagem.


- Você está muito próximo do seu objetivo. O caminho mais rápido é passando por mim.


- E a senhora poderia se afastar, por favor? - pediu debilmente, sabendo que não ia funcionar.


- Primeiro você tem que resolver o meu enigma. Se acertar de primeira, deixo-o passar; se errar, o ataco; e se permanecer em silêncio, deixo-o ir embora, ileso.


Harry sabia não ter alternativa senão entrar no jogo da esfinge. Respirou fundo, e pediu-lhe que dissesse o enigma. Ela sentou-se nas patas traseiras, e começou a recitar:


"Primeiro pense no lugar reservado aos sacrifícios, seja em que templo for. Depois, me diga o que é que se desfolha no inverno e torna a brotar na primavera. E finalmente, me diga qual é o objeto que tem som, luz e ar e flutua na superfície do mar? Agora junte tudo e me responda o seguinte: Que tipo de criatura você não gostaria de beijar?"


Harry parou para pensar. Parecia um dos jogos de lógica que às vezes Mione os convencia a jogar nos feriados. Pediu para a Esfinge repetir mais uma vez e começou a juntar as peças.


"Lugar para sacrifícios... Pode ser um altar, ou uma ara. O que se desfolha no inverno? Árvores, ramos... O que flutua no mar? Pode ser uma bóia." - pensava freneticamente, sob o olhar inquisidor da Esfinge. "Ara... ramo... bóia..."


- Já sei! A resposta é Ararambóia! - sorriu para a Esfinge, que lhe sorriu de volta e abriu a passagem.


- Me oriente! - pediu à varinha, depois de passar para outro corredor. A varinha apontou para o Leste, e então Harry viu o troféu reluzindo, em cima de um pódio. Correu para perto, e quase foi atingido pelo maciço braço de um trasgo, se não tivesse os reflexos bons.


O ser tinha quase três metros de altura, um olhar débil, e estava entre ele e o fim desse Torneio. Harry concentrou-se, e começou a lançar feitiços de impedimento e de estuporação, para que o trasgo sucumbisse.


Depois de o que lhe pareceu uns dez minutos, o bicho caiu no chão, inerte. Harry sorriu, cansado, e juntando as poucas forças que tinha, correu até o altar onde o troféu estava.


- Não tão rápido, garoto! - falou uma voz fria, e assim que fechou os dedos no troféu, Harry sentiu uma dor lancinante na cicatriz, caindo no chão.


Uma névoa densa começou a se formar, e Harry mal enxergava. Viu um vulto se aproximar, e então percebeu que era Cho. Mas a garota tinha um olhar estranho, e mantinha a varinha apontada para ele. Quando os olhares se cruzaram, o garoto sentiu outra pontada na testa.


- Você é patético! - a voz fria saiu da boca de Cho. - Eu fico me perguntando como uma criatura inferior como você pode ter, um dia, conseguido me deixar fraco a ponto de passar quase quinze anos me recuperando!


Harry não conseguia falar nada. A dor diminuíra um pouco, e ele se levantava aos poucos.


- Acho que te devo, pelo encontro que tivemos no passado, o direito de escolher entre morrer rápido, ou devagar... Só não use muito do meu precioso tempo para decidir! - continuou a garota.


- Se você não conseguiu da primeira vez, quem te disse que vai conseguir agora? - esbravejou, tirando forças não sabia de onde.


- Olha, o gatinho tem garras! - debochou. - Você sabe lutar, garoto insolente?


- Desde que eu tinha um ano de idade! - desafiou, só para ver o rosto do oponente se contorcendo. Os olhos de Cho faiscaram, e ela se aproximou, lentamente.


- Vejo que decidiu por uma morte lenta e dolorosa... - sibilou. - Curve-se a mim! - ordenou, antes de lançar um Imperius em Harry.


O garoto caiu no chão mais uma vez, e lutava internamente para não obedecer. O seu treinamento em Oclumência o estava ajudando. Voldemort urrava de raiva, ao ver Harry resistindo à Maldição.


- Não tem problema... - falou desdenhoso. - Quero ver se livrar dessa! Crucio!


Harry se contorcia e se debatia no chão. Sentia como se mil facas quentes fossem enfiadas no seu corpo. Não podia precisar quanto tempo ficara ali, até que, tão subitamente quanto começara, a dor cessara.


- Harry! - gritava Tiago. - Fale comigo!


O garoto olhava para o pai sem entender o que se passava. Olhou ao redor, e viu Moody ofegando, Lupin e Tonks absortos e Dumbledore se aproximava de onde ele estava deitado. A névoa se dissipara, e o diretor fizera um encanto que suspendera as sebes.


O garoto tentou falar, tentou contar o que acontecera, até que viu, ao lado do seu corpo, estendido no chão, o de Cho, com um olhar parado, sem dúvida alguma, morta.


* * * * * * * * *


Sei que está um pouco menor que os outros, mas tem bem menos diálogos, o que o torna equivalente... (desculpa esfarrapada, mas é a única que posso dar!)


Faz tempo que eu tinha duas coisas a dizer pra vocês. A primeira é uma confissão: eu simplesmente A-DO-RO o nome "na vida real" da Gina, o Ginevra. Muita gente comenta que acha feio, que seria mais legal Virgínia, ou Regina, mas o Ginevra é forte e único, exatamente como eu imagino a Foguinho.


A segunda coisa é um aviso: conversei cá com os meus botões e resolvi não pôr spoilers de censura na frente dos capítulos... Não gosto de entregar o ouro, como vocês já devem ter percebido...


Concluindo: A partir de agora, tudo pode acontecer, e os menores de idade estão avisados... É por sua conta e risco que continuam a ler esta fic! =P


p.s. isso não quer dizer que no próximo capítulo role algo, assim como pode ser que role... (huahuahuahauhauhauhauhauhauha! Adoro azucrinar!)


Bjos a todos, obrigada pelos comments e votos! =D


 

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