Hogwarts



Harry estava sentado em cima do seu malão, do lado de fora da casa, esperando há pelo menos meia-hora por Liam, que estava em surto de hiperatividade com a ida à Hogwarts. Lembrou-se do seu primeiro dia, no trem, quando conhecera Rony, Hermione e Neville. "Engraçado como as coisas acontecem... Quem diria que eu encontraria três grandes amigos no mesmo dia?" - sorriu.


- Liam Horace Potter! Se você não descer agora, vai perder o trem! - Lily gritou da porta, dando passagem a Tiago e Ellen. O irmão apareceu afogueado, puxando o próprio malão e uma pequena coruja cinza, Névoa, e correndo para onde a família estava, para pegar a chave de portal.


Chegaram à Kings Cross dez minutos antes da partida do trem, o que era pouco tempo para todas as recomendações que já eram habituais dos pais:


- Harry, não se meta em confusões! Se eu receber mais uma carta de Dumbledore falando de alguma presepada sua, tomo a sua vassoura nova! - Harry revirou os olhos, sem que a mãe visse. - E Liam, tome cuidado! Fique sempre perto do seu irmão, viu?


- Mãe, e se eu não ficar na Grifinória? - perguntou, com a voz fraquinha.


- Besteira, Liam! Óbvio que você vai pra Grifinória, tenho certeza! - consolou Harry, lembrando-se de quando foi a sua vez no Chapéu Seletor, que ele quase foi pra Sonserina. Nunca tivera coragem de contar a ninguém, isso. - Vamos logo, a gente vai perder o trem.


- Harry, e então? - perguntou Tiago, puxando-lhe de lado, enquanto Lily dava um abraço apertado no filho. - E o plano?


- Pai, não vai dar certo! - Tiago tinha proposto que ele ignorasse Gina, e que, dependendo da reação dela, fingisse que namorava Cho Chang. Para Harry, não fazia nenhum sentido, mas o pai estava confiante.


- Relaxe, filho! Me mande notícias, viu?


- Tá. - falou, triste. - Tchau, Ellen. Cuide bem da Ruby, tá?


- Ela é minha, agora, Harry! - brincou Ellen, acariciando o Crupe fêmea de pelo vermelho que Hagrid tinha mandado para o irmão de aniversário. - Tchau, e não magoe a Foguinho!


- Magoar a Foguinho? Do que você está falando?


- Ela gosta de você, Harry. Dá pra ver, sabe? Só que eu acho que ela tem medo de ficar com você e se machucar.


Harry ficou boquiaberto com a fala da irmã, e não conseguiu falar mais nada. Subiram no trem, e Liam encontrou John Jordan, irmão mais novo do ex-colega de escola Lino Jordan, num vagão com mais primeiranistas.


- E aí, Jo-jo! Como você tá, cara?


- A gente tá fazendo um joguinho aqui pra ver quem vai ficar em qual casa. Quer participar?


- Tchau, Liam! - Harry saiu rindo, quando o irmão entrou na cabine dos calouros. "E eu que pensava que a vida de jogatinas em Hogwarts tinha acabado, agora que os gêmeos e Lino tinham terminado a escola."


As cabines estavam todas ocupadas, e Harry xingava baixinho o irmão, que os fizera se atrasar tanto. Quando estava no fim do corredor, a porta se abriu e dela saíram Rony e Hermione.


- Pensei que fosse perder o trem, Harry! - Hermione o abraçou.


- Nem por um milhão de galeões, Mione!


- Ei, cara, guardamos a cabine, mas temos que ir pra reunião dos monitores. Se a gente vir o Neville no caminho, mandaremos ele pra cá, tá?


- Não atrapalhem o namoro dele! Ele e a Luna devem estar matando as saudades, por aí. - sorriu, com uma pontada de inveja (não pela Luna, mas por estar namorando), e entrou na cabine vazia, cuja porta estranhamente se lacrou quando ele passou.


- Quem está aí? - perguntou, sacando a varinha. Então viu um enorme par de olhos verdes espremidos contra o banco do trem. - Quem é você?


- Harry Potter, meu senhor! - guinchou o elfo. - Dobby tem um aviso a dar. - olhou freneticamente para os lados, como se esperasse ser pego fazendo algo que não devia. Harry não sabia porque, mas gostou do elfo.


- Dobby? Esse é seu nome? - o elfo assentiu, com lágrimas nos enormes olhos. - Que aviso você tem pra mim, Dobby?


- Harry Potter, meu senhor, Dobby veio avisá-lo, - baixou a voz até um tom quase inaudível. - que o senhor corre grande perigo. - tampou a boca com as mãos, e começou a bater a cabeça no banco, fazendo um barulho de martelada incrivelmente alto. Harry imperturbalizou a porta e tentou acalmar o elfo.


- Dobby, acalme-se. - ele sabia que elfos domésticos tinham que se castigar quando faziam algo que os senhores não permitiriam, e Harry queria muito saber o que estava acontecendo. - Sente-se. - pediu, mas aí foi que o elfo desatou a ganir alto.


- Dobby sempre soube que Harry Potter era um grande bruxo. - falou entre soluços, aceitando o assento oferecido. - Harry Potter tem que cuidar muito cuidado! - falou, depois de se acalmar. - Dobby ia tentar impedir Harry Potter de voltar à escola, mas ficar fora pode ser até mais perigoso...


- E que perigo é esse que eu corro?


- Dobby não pode dizer, meu senhor! - e recomeçou a chorar.


- Dobby! Pare de chorar, isso é uma ordem! - mesmo o elfo não sendo dele, Harry sabia que era muito difícil para ele não acatar uma ordem direta.


- Dobby tinha que avisar Harry Potter! Agora Dobby vai ter que prender as orelhas no forno por causa disso! Mas Harry Potter tem que saber que querem matá-lo! - arregalou ainda mais os olhos, sem acreditar que tinha dito tanto. Começou a ganir alto e desapareceu com um "craque", deixando um Harry estupefato.


* * * * * * * * *


- Eu não acredito que você ficou aqui, sozinho! - Falou Hermione, sentando-se no banco em frente a Harry.


- Cara, tô morto! Ainda tem algo pra comer, por aqui? - Harry lhe jogou um pacote com bolos de caldeirão, perante o olhar frio de Hermione.


- Você está esquisito, Harry! O que aconteceu? - perguntou Mione. Harry às vezes achava que ela era legimente.


- Aconteceu algo muito estranho. - começou, depois de se certificar que a porta estava fechada. Então contou o aviso de Dobby.


- E de quem era esse elfo?


- Não faço a mínima idéia, Mione. O que eu sabia, contei. - fez silêncio por um instante. - Sabe o que mais me intriga? Ele não parava de repetir que me conhecia por ser um grande bruxo...


- Mas você é um grande bruxo, Harry! - Mione devolveu. - O que está estranho é ele vir aqui. Eu não sabia que elfos domésticos podiam ir para tão longe, ainda mais quando desobedecem aos donos.


- Eu não - Harry foi interrompido por uma batida na porta da cabine.


- Com licença. - falou uma segundanista loirinha da Corvinal. - Harry Potter? - olhou para ele, que assentiu. - Pediram que eu te entregasse isso.


- O que é? - perguntou, curioso, Rony.


- É um convite. Um convite de um professor, para um almoço.


- Deve ser o prof. Slughorn. - falou Mione.


- Slughorn? Horace Slughorn? Ele não estava aposentado?


- Estava, mas voltou esse ano, para dar aulas de Poções para as turmas de NIEMs.


- Mione, você está brincando! - abriu um grande sorriso. - Quer dizer que eu me livrei do Ranhoso?


- É sério, cara! Snape agora é passado! - confirmou Rony.


- Caraca! Que boa notícia! - começou a rir, imaginando a cara do prof. Snape ao saber que não ia mais torturá-lo esse ano.


- Você também recebeu o convite, Harry? - perguntou Neville, entrando na cabine, seguido de uma Luna corada.


- Você também, Neville? - o amigo confirmou. - Acho que é para fazermos parte do "Clube do Slug".


- Clube do Slug? - inquiriu Ron.


- Minha mãe foi aluna dele, e fazia parte do tal clube. Ela e o meu pai começaram a namorar depois de uma festa do Slug. Fizeram uma homenagem a ele no nome do meu irmão, Liam Horace Potter.


- Quem mais estará no tal clube, hein? - e começaram a imaginar quem poderia ter sido chamado também.


* * * * * * * * *


Harry e Neville foram os últimos a chegar, e Slughorn começou com as apresentações. Harry não escutava muita coisa, pois estava impressionado demais por Gina também estar lá.


- Harry, meu rapaz, sente-se aqui. - apontou para uma cadeira vaga, ao lado dele, e Harry teve que sentar. - Pois bem. - empertigou-se. - Agradeço a presença de todos, e quero fazer-lhes o convite oficial para participarem do meu clube.


Neville e Harry entreolharam-se, sorrindo discretamente. Gina tentava entender o que estava acontecendo.


- Os associados, - continuou o professor. - vão participar algumas reuniões minhas, com alguns associados mais antigos, como Gwenog Jones, a artilheira dos Hárpias -


- Gwenog Jones, a jogadora da seleção nacional? - perguntou McLaggen, um setimanista da Grifinória, impressionado.


- Ela mesma. Entre outros que fizeram muito sucesso, como funcionários do mais alto escalão do Ministério, até o dono da DedosDeMel. - alguns exclamaram um uau baixinho. Slughorn pigarreou e continuou. - Acredito que queiram saber por que estão aqui, não? Ao meu ver, vocês compõem a nata da escola. - alguns alunos da Sonserina, como Blás Zabini, assentiram em concordância, mas Harry, Neville e Gina arquearam as sobrancelhas. O professor fez com que todos falassem um pouco sobre sua vida (entenda-se seus parentes famosos). 


- Meus caros, como vocês poderão constatar, a srta. Weasley aqui é a única que não tem um grande nome ancorando ao seu, mas tem brilho e talento de sobra para fazer parte do clube. E é sempre bom ter uma garota tão linda por perto. - o professor deu um sorriso sincero, e Gina corou violentamente, ao ver as anuências da maioria dos presentes.


Ainda ficaram uma meia-hora na cabine de Slughorn, então seguiram para as suas próprias cabines, comentando a reunião. Gina estava estranhamente calada, e saiu de perto dos garotos logo. Só tiveram tempo de pôr as vestes; estavam chegando à escola.


* * * * * * * * *


- Vocês não estão achando o Malfoy estranho? - Harry perguntou, assim que se sentaram à mesa, no salão principal.


- Ele está calado, não é? - Hermione concordou.


- Não gosto desse silêncio dele. Nem o vimos no trem, não falou nada até agora. Há algo de podre no reino da Sonserina...


- Harry! Você leu Hamlet? Eu não acredito! - falou Hermione, visivelmente orgulhosa.


- Leu quem? - perguntou Rony, confuso.


- É um livro trouxa, Rony. Shakespeare, sabe?


- Não, não sei! - disse, incrédulo. - Só sei que vocês são doidos! A gente já tem um mundo de coisas pra estudar, e vocês ainda se ocupam literatura trouxa...


- Boa noite a todos! - Dumbledore iniciou, e as conversas cessaram. - vamos a seleção dos alunos do primeiro ano.


O Chapéu Seletor, que já estava no seu habitual banquinho, criou vida e começou a cantar:


Posso parecer muito antigo
Idade é algo que realmente não posso negar
Trago muito conhecimento comigo
Desde os Fundadores de Hogwarts até esse dia chegar


Depois da escola fundada
Houve muitos desentendimentos
Pequenas coisas levaram a grandes arrependimentos
E a amizade, antes sólida, ficou irremediavelmente abalada


Venho hoje lhes pedir
Que preservem suas amizades, acima de tudo
Pois não há nada no mundo
Que lhes possa substituir


E, quando o amor entra em cena,
Não adianta se fazer de rogado
Pois se há algo pelo que vale a pena
É lutar para que se possa amar e ser amado


Harry instintivamente olhou para Gina, e percebeu que ela também olhava para ele, apesar de ter desviado o olhar. Alheia ao afeito da canção do Chapéu, a profª. McGonagall entrou no salão, com um pergaminho e começou a chamar os alunos.


A cada nome, Harry ficava nervoso, lembrando-se de Liam e do medo dele de não ficar na Grifinória. "E se ele for pra outra casa? E se for pra Sonserina?" - pensava, freneticamente.


- Jordan, John. - a professora chamou a pequena cópia de Lino. Assim o pôs na cabeça, o Chapéu gritou: "Grifinória".


Quando a professora chamou "Potter, Liam", Harry sentiu o estômago despencar. Mione sentiu e passou as mãos nos seus cabelos, tentando fazer com que ele se acalmasse. Então ouviu o chapéu gritar "Grifinória" e se levantou, para receber o irmão.


- Parabéns, Liam! - despenteou-lhe os cabelos, quando ele se sentou ao seu lado, na mesa.


Terminada a seleção, Dumbledore apresentou a todos o novo professor de Poções Horace Slughorn, dizendo que ele viera para dar um módulo especial nas turmas de NIEMs. Snape tinha um olhar assassino, e Harry podia jurar que ele estava amaldiçoando pelo menos umas dez gerações do novo professor, pela "petulância" de se intrometer na "sua escola".


O jantar foi servido em seguida, e conversaram animadamente, até os pratos sumirem, por mágica, e Dumbledore tomar a palavra mais uma vez, dando alguns avisos.


- Novatos, sejam todos bem-vindos. - sorriu, seu olhar passando por cada uma das quatro mesas. - Reitero para os veteranos e informo a vocês, que chegam agora, que é expressamente vedado aos alunos adentrar a Floresta Proibida. O sr. Filch me pediu que os avisasse também que não é permitido fazer mágica nos corredores da escola, além de uma extensa lista de proibições, que está afixada nos murais de suas respectivas Salas Comunais.


- Sinto muito, mas tenho uma má notícia para alguns de vocês. - continuou o diretor, sério. - Não haverá Campeonato de Quadribol intercasas este ano. - Vários alunos começaram a praguejar, alguns vaiaram, mas Dumbledore não se abalou. - O Campeonato deste ano foi cancelado, pois teremos um evento maior, a partir de outubro. É com imenso prazer que comunico a todos que Hogwarts vai sediar, depois de grande hiato, o Torneio Tribruxo.


A sala caiu num burburinho excitado. A maioria dos alunos sabia o que era o Torneio, mas fazia muito tempo que o Torneio não era feito. O diretor permitiu que confabulassem por mais alguns minutos, então tomou a palavra.


- Depois de muita negociação entre as três escolas e seus respectivos Ministérios, e depois da Experiência de sediar a Copa Mundial de Quadribol há dois anos, Hogwarts foi aceita e próximo mês as delegações de Beauxbatons e Durmstrang chegarão, para que sejam escolhidos os Campeões. Aos que já conhecem a história, sintam-se à vontade para divagar, enquanto faço um breve histórico do Torneio.


Harry não conseguia parar de sorrir. Em todas as mesas havia rostos excitados, cada um se imaginando o Campeão de Hogwarts. Harry aproveitou o momento para olhar um pouco para Gina, que escutava atentamente o diretor. Então escutou os alunos reclamando, e forçou-se a prestar atenção.


- Sinto muito, meus caros, mas foi de acordo comum entre as escolas que só permitiríamos Campeões maiores de idade. - novo buchicho. - As delegações chegarão dia 30 de outubro, e a partir deste dia, os alunos poderão se inscrever para o Torneio, com o nosso juiz imparcial. O prêmio para o Campeão dos Campeões será de mil galeões.


- Mil galeões? Ai, caramba! Tenho que achar um jeito de me inscrever! - falava Rony.


- É muito perigoso, Rony, além de ser ilegal!


- Ah, Hermione, dá um tempo! O que é que custa eu sonhar um pouquinho?


* * * * * * * * *


Obrigada pelos comments e votos. Bjos a todos, espero que gostem. =D

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.