Inverno



- Harry, o que houve? – Gina perguntou, preocupada com o tom esverdeado que o rosto dele tomara.


- Aqui não! – murmurou, segurando-lhe a mão e puxando para a cabine onde estavam os amigos.


- O que aconteceu, Harry? – Gina tornou a perguntar, agora que estavam na cabine fechada. Todos os outros os observavam atentos.


- O que aconteceu? – ele repetiu irônico, olhando firmemente para Tonks, que o fitava sem saber o que se passava. – Aconteceu o de sempre: eu sempre sou o último a saber de tudo! – a auror piscou, atordoada e olhou para Gina, tentando entender o que se passava. – Posso saber porque não me disseram que eu era manchete desse jornaleco? – balançou a revista com ferocidade, quase esfregando no rosto de Tonks.


- “A verdade atrás da Lenda” – balbuciou Tonks, depois de finalmente conseguir ler a capa, puxando-a em seguida. – Ai, Merlin! Como isso foi acontecer?– gemeu.


- Dá pra vocês pararem de gemer e nos dizer o que está havendo? – Ron interveio, impaciente.


Visto que nenhum conseguia falar, Harry de raiva e Tonks de estupefação, Mione se levantou do banco e leu a matéria em voz alta:


“Há cerca de 16 anos a comunidade bruxa convive com a ‘lenda’ que cerca o ‘Menino-Que-Sobreviveu’. Embora o Ministério tenha negado a existência deste, relegando o que agora sabemos ser realidade a um simples mito.


Harry Potter, 17, sempre teve uma vida incomum. Filho de um auror e de uma medibruxa bem relacionados, desde criança conheceu grandes nomes, como os atuais chefes do Quartel dos Aurores, Frank e Alice Longbottom. A família mantém um relacionamento muito próximo a Alvo Dumbledore, o que provavelmente explique o acobertamento de algumas de suas ações inconsequentes, como a participação no Torneio Tribruxo, ano passado, quando nem tinha idade permitida para ser Campeão de Hogwarts.


É importante salientar que o diretor de Hogwarts não conta com o apoio incondicional do Conselho Diretor, especialmente por sua maneira pouco ortodoxa de dirigir a maior escola de bruxaria da Grã-Bretanha. Ano passado uma aluna morreu tragicamente na última prova do supracitado Torneio, e ainda não foi satisfatoriamente explicada: Dumbledore relatou que a garota fora morta por obra dAquele Que Não Deve Ser Nomeado.


É inacreditável que perante tal asneira, esse senhor não tenha sido ainda afastado de tão alto cargo, lidando com as vidas dos nossos filhos e parentes! Dizer que Lord das Tantas ressuscitou para atacar uma garota é tão despropositado como quando, há 16 anos, desqualificou o relato de algumas testemunhas que afirmaram que o rastro de destruição de Vocês Sabem Quem seguiu para Godric’s Hollow, vilarejo bruxo e morada dos Potter, e desde então não foi mais visto.


Como se levar a sério a opinião de alguém que, com certeza, não está no melhor de suas faculdades mentais? É compreensível que o Ministério tenha compactuado com essa trama, até porque seria muito difícil para eles admitir que um garoto de berço pudesse ter derrotado o bruxo mais poderoso do século.


E o nosso herói? Como ele encara isso? É com pesar que vemos que o poder e a fama fácil lhe subiram a cabeça; depois de ter o gostinho de representar a escola no Torneio Tribruxo, resolveu que já era hora de parar de se esconder, com medo de que Aquele voltasse de onde estivesse.


‘Harry Potter é mimado e prepotente; pensa que pode tudo na escola porque é o queridinho do diretor! Desde que entrou aqui foi fazendo o que queria, independente de regras: entrou para o time de quadribol no primeiro ano (quando não é permitido sequer que os alunos tenham vassouras individuais), perambula na escola a qualquer hora, entre outras regalias.’ – relata um colega de escola que sabiamente preferiu o anonimato.


A história conturbada deste rapaz e de mais algumas excentricidades do diretor de Hogwarts nas páginas 3, 5 e 11.”


- Eu já posso até imaginar quem é esse aluno tão sábio que se omitiu do depoimento! – falou entredentes Ron, levantando-se. - Com certeza foi o idiota do Malfoy!


- Não necessariamente, Ron. Eu acho – Gina argumentava, quando foi interrompida por Harry.


- Como você se atreve a defender o Malfoy? – vociferou.


- Eu não estou defendendo o Draco, Potter! Se você fosse um pouco menos atacado, -


- Agora eu sou ‘Potter’, um qualquer, e ele é o ‘Draquinho’, é? – a interrompeu novamente, furioso por ter sido relegado ao sobrenome, enquanto o loiro contava com o prestígio de ser chamado pelo primeiro nome.


- Se você fosse menos atacado, - continuou, num tom mais alto. – perceberia que o que eu estou tentando dizer é que seria muito óbvio que fosse ele, não?


- Ele nunca se preocupou com isso! Se não tivesse nada a ver com a matéria, não andaria distribuindo exemplares por aí! – Ron se intrometeu, e Harry anuiu ao argumento.


- Sabe qual o problema de vocês? – enfureceu-se. – São muito simplistas! Isso pra não chamá-los de imbecis! – virou-se e saiu da cabine.


- Gina tem razão. – Mione falou.


- Sobre sermos imbecis? – Ron virou-se para ela, com raiva.


- Sobre serem simplistas! Temos que pensar quem teria motivos para denunciar Harry dessa maneira, além de ser alguém bem relacionado o bastante para saber dessa história...


- Pensemos, então! – Ron começou, ainda irritado. – Quem teria motivos para denunciar Harry? Humm... Vejamos... Draco Malfoy! – falou, sarcástico. – Quem é bem relacionado o bastante para saber algo que só os do círculo estreito d’Aquele Que Não Deve Ser Nomeado pode saber? Ai, essa é difícil!... – coçou a cabeça, olhando abobadamente para cima. – Já sei! Draco Malfoy!


- Ron, o que ele ganharia com isso? – Mione continuou. – Pare pra pensar; Malfoy sempre teve ciúmes e inveja de Harry, certo? Ele não ia querer ser mais uma vez passado pra trás! O que a gente tem que atentar nesse artigo não é sobre o que dizem do Harry, e sim sobre as acusações feitas a Dumbledore!


- Hermione, alguém revelou por aí que Harry é o ‘Menino-Que-Sobreviveu’! Como você pode achar que isso não é importante?


- Pense nas proporções dessa matéria: não há nenhum argumento válido em relação a Harry, apenas suposições; já para Dumbledore há acusações sérias! – falou rápido, virando-se para Harry. – Você vai sofrer um pouco aqui na escola, mas em pouco tempo as pessoas vão arranjar outro assunto! Já Dumbledore vai ter que responder do lado de fora da escola!


- Posso saber como você tanta certeza de que as pessoas vão esquecer isso, Mione?


- Harry, eles se esqueceram da Cho, não foi? Além do mais, quem assina essa lástima é Rita Skeeter!


- Rita Skeeter? – Luna não conseguiu sufocar a indignação. – Eu devia ter desconfiado! Me dê isso, Mione! – a garota olhou a edição de cima a baixo, dando bufos de impaciência, enquanto os outros a observavam. – Harry, não se preocupe, isso tudo aqui é lixo! – falou com asco.


- Alguém pode me dizer quem é Rita Skeeter? – Harry pediu, desalentado.


- É uma jornalistazinha de quinta, que já aprontou muito no Profeta Diário, quando tinha uma coluna social ferina. Depois de muitas queixas, ela foi despedida e pediu emprego para o meu pai, n’O Pasquim; nossas famílias se conheciam, e ele resolveu lhe dar uma chance, mas ela aprontou de novo... – a loira falou, sem entrar muito em detalhes.


- Agora eu me lembrei quem é essa aí! – Ron falou. – Minha mãe uma vez falou de uma confusão que ela tinha se metido, por noticiar que Cornélio Fudge ameaçara a Suprema Corte dos Bruxos para ser eleito Ministro da Magia!


- Pois é, foi n’O Pasquim que ela aprontou essa! Meu pai tinha viajado para fazer uma matéria na América do Sul e ela ficou na editoria; foi um caos!


- E será que alguém pode me dizer por que não soubemos disso antes? – Harry voltou ao assunto.


- Porque essa revista é semanal, e deve chegar às bancas só daqui a dois dias, como diz aqui na capa. – Luna mostrou. – Alguém deve ter trazido exemplares direto da fonte para distribuir na escola!


- Voltamos para o Malfoy, não? – Ron deu um sorriso sarcástico.


Ainda discutiram um pouco sobre ser ou não ser Malfoy o responsável, e enfim concordaram que não concordariam em nada; para Ron e Harry, tinha dedo do sonserino nessa história, e não importava o que os outros dissessem.


* * * * * * * * *


Harry estava deitado na sua cama, depois de um longo caminho pelos corredores tortuosos de olhares curiosos e sussurros completamente audíveis sobre ele Voldemort. Como Mione o instruíra, fez ouvido de mercador e seguiu para o seu dormitório, evitando a escola na hora do jantar.


Sua barriga estava reclamando do regime forçado, e esperava avidamente Ron chegar com a sua ‘marmita’. Virou-se quando a porta se abriu, para fingir que estava dormindo, se fosse Simas ou Dino, mas, para alívio da sua futura gastrite, era o amigo, acompanhado de Hermione.


- E aí, como foi lá? – perguntou aos dois, enquanto se servia de um sanduíche.


- Dumbledore estava com um incrível bom humor! Nem parecia saber da matéria... – Ron começou a contar.


- Com certeza ele sabe! – Mione falou. – Ele simplesmente não está dando nenhuma importância a ela, como você também deve fazer!


- E o clima entre os alunos? Como eles estavam?


- Muitos cochichos e conversas paralelas, mais que o normal, é verdade... Mas no geral, tudo OK. Só a mesa da Sonserina olhava incrédula para Dumbledore, esperando que ele comentasse alguma coisa. – Mione contou.


- Draco estava com um sorrisinho idiota, mas não fez nada... – Ron informou, ao perceber o olhar do amigo quando Mione falou da mesa da Sonserina. – Mas também tem boa notícia! Vai ter um baile! –sorriu. – Ele disse que não tivemos nenhum no Halloween ou no Natal, e resolveram fazer um Baile de Primavera, em março.


- Será que algum dia Dumbledore vai parar de me surpreender? – Harry sorriu, entre um pedaço de bolo e um gole de suco de abóbora.


- Acho que nunca! – Mione riu. – Ah, ele me pediu que te entregasse esse pergaminho, Harry, que leu rápido e passou para os amigos.


“Harry, Venha até a minha sala amanhã, antes da sua aula. Sinto que não tenha podido vir ao jantar; a torta de limão estava deliciosa. Alvo”


* * * * * * * * *


- Professor? – Harry chamou inseguro, abrindo a porta da sala dele.


- Entre, Harry. – apontou uma cadeira para que ele se sentasse em frente à sua escrivaninha. – Como se foi de viagem?


- Foi mais longa que o normal. – respondeu com um meio sorriso.


- Ninfadora me disse que você ficou muito alterado com a matéria que saiu na “Tribuna Bruxa”... – soltou, dando a deixa para que Harry continuasse.


- Não adianta negar... Fiquei revoltado porque achei que tivessem escondido isso de mim; então Tonks me disse que também não sabia de nada. O senhor sabe quem divulgou isso?


- Suposições são muitas, meu caro, mas todos são inocentes até que se prove o contrário. Não se preocupe com isso agora; há membros da Ordem investigando. O motivo pelo qual eu o chamei aqui foi para pedir-lhe que negue o conteúdo da matéria. Rita Skeeter não é muito bem quista pela comunidade bruxa, mas há sempre quem acredite nas suas histórias. Não será seguro para você que essa história venha à tona.


- Não se preocupe, professor, eu não tenho a mínima intenção de ser olhado como um animal num zoológico!


- Harry, já lhe disse isso, mas reitero aqui: sempre que precisar, esta porta estará aberta pra você; a qualquer hora, não hesite em me procurar!


Harry anuiu e saiu da sala; estava atrasado para o seu NIEM de Poções.


* * * * * * * * *


As duas primeiras semanas foram bem lentas, mas Harry estava feliz que já era sexta à noite, e no dia seguinte teriam treino. Os dois dias que se seguiram à chegada à escola foram, sem sombra de dúvidas, os piores, mas ele acabou se divertindo. Na quarta-feira todos tinham um exemplar da revista e o olhavam num misto de medo e de curiosidade.


Sempre que alguém tinha coragem o suficiente para lhe perguntar algo sobre a matéria, ele ria e fazia pouco; Ron, Mione e Liam engrossavam as fileiras dos que estavam até se divertindo com a situação: sempre que Harry passava por um corredor, as pessoas saíam do seu caminho, o que ele tirou de maneira positiva, já que não chegava mais atrasado às aulas.


Malfoy sempre fazia uma estripulia quando o via, como uma saudação ao ‘grande herói’, ou comentários sarcásticos de que ele deveria estar se esbaldando com a fama. Harry sorria de maneira condescendente e deixava o sonserino falando sozinho, para seu mais profundo ódio.


É verdade que Harry recebeu, neste período, algumas cartas no café da manhã; muitas lhe dando apoio, dizendo que lhe eram gratos e muito mais. Em compensação, sempre havia as cartas que o xingavam, chamando de mimado e outros "elogios" impróprios de serem repetidos.


Pegou a sua Firebolt Ultra e foi para o campo, esperar os demais jogadores. O Natal fora demasiado frio, e o clima não tinha cedido ainda. Deixou a caixa com os balaços, a goles e o pomo para treinar dentro do vestiário, e saiu sorrindo, ansioso para voar, mesmo naquele tempo horrível.


- Harry! – alguém o chamou antes que pegasse altitude. – A Prof. McGonagall quer falar com você.


Deixou um recado na porta do vestiário e foi pra sala da diretora da Grifinória. Ela estava séria como sempre, o que também lhe dava o familiar frio na barriga. Sentou-se como ela pediu e esperou.


- Sr. Potter... – começou. – A notícia que eu tenho para lhe dar não é boa. – o garoto a encarou, ansioso. – O treino de quadribol está suspenso até segunda ordem.


- O QUÊ? – quase gritou, entre aliviado por não ser nada em relação a Voldemort e indignado com a suspensão.


- Como você já deve ter percebido, o clima está ainda muito frio, e não é seguro, dadas as atuais circunstâncias, que haja treino.


- Mas essa suspensão não é definitiva, é? – perguntou-lhe, e ela deu um leve sorriso, vendo-lhe o compromisso com o time.


- Não, Harry. Os jogos serão remarcados, muito provavelmente para o fim de fevereiro ou começo de março, quando se espera que o clima melhore.


Voltou para o campo, encontrando o time tremendo, esperando por ele. “Acho que estou ficando muito parecido com o Wood!” – pensou reprimindo um sorriso. Como é que não havia percebido que o clima estava tão horrível, que se cogitassem ir para o ar, era provável que todos passassem um bom tempo na ala hospitalar, com pneumonia?


- Não haverá treino hoje; estão todos liberados para fazer o que quiserem, até mergulhar no lago! – gracejou, recebendo uns risos sem graça dos que conseguiram fazê-lo, devido ao tremor da boca.


- Um inv-v-verno como esse não é normal! – Ron balbuciou, esfregando as mãos uma na outra, para tentar se aquecer.


- Quadribol está suspenso até fevereiro, pelo menos. – o capitão informou ao time, que era uma massa quase compacta até a porta do castelo.


* * * * * * * * *


As visitas a Hogsmead continuavam canceladas, então os alunos passaram o segundo fim de semana de fevereiro nas cercanias do castelo. Finalmente os treinos de quadribol tinham sido liberados, e os jogos foram remarcados para março.


Nesse ínterim, a escola foi voltando ao seu burburinho habitual; nem parecia que havia comensais a solta ou a sombra de Voldemort; as preocupações eram o campeonato intercasas e o baile, ao menos para a grande maioria dos alunos.


As reuniões da Armada estavam indo bem; Harry agora os estava ensinando como resistir à Maldição Imperius. Após tantas aulas de oclumência, Harry começou a estudar legimência e a utilizar para subjugar o ‘aluno’, e este tentava resistir. Muitos não quiseram fazer o treino, pois era exaustivo, além de não quererem se expor a Harry.


Os que não se opuseram foram Liam, Ron e Neville. Nenhuma garota se atreveu a participar, e o restante, mesmo que não o tenham tratado diferente depois da matéria na Tribuna Bruxa, provavelmente tinha medo que ele visse o que tinham pensado.


- Por que não nos ensina logo a fazer um Patrono? – Mione perguntou em tom baixo, quando ele propôs o tema de aula.


- Porque é importante que vejam o que pode acontecer fora daqui com cada um; há muitos casos de bruxos, até mesmo no Ministério da Magia que foram afastados por estarem sendo controlados pela Imperius. O Patrono é um feitiço importante, mas se houver um auror perto você está seguro; com as maldições não! Só se depende de si próprio, e é muito importante que saibam se defender.


A garota ainda achou o método pouco ortodoxo, e disse que ainda assim não participaria. Tonks intercedeu a favor de Harry, dizendo que quando ela estava na academia de aurores, era assim que treinavam.


Mesmo com poucos praticando, os que estavam assistindo aprenderam bastante. Harry saía das aulas cansadíssimo, mas foi gratificante quando Rony conseguiu resistir pela primeira vez, depois de duas semanas. Aos poucos, o “professor” percebeu que estava tendo menos dificuldades com legimência, e já bloqueava a sua própria mente dos três, que às vezes, sem saber o que faziam, revertiam o processo.


Lupin elogiou Harry por ter dominado oclumência, e disse que já tinha lhe ensinado o que podia nessa área. Ofereceu-se para que estendessem as aulas de DCAT avançada para as noites em que treinavam oclumência, mas arrependeu-se em seguida: os NIEMs estavam cada vez mais perto, e Harry tinha que estudar.


* * * * * * * * *


Gina tinha refletido muito desde o ano novo, e concluiu que Harry era um caso perdido. Afastou-se sob o pretexto que tinha que estudar para os exames, não se sentava com eles, e mantinha uma rotina diferente, para que se vissem o mínimo possível.


O problema era que não podia fugir do quadribol. Apesar de, de uns tempos pra cá, ela pensava seriamente em largar o time; Harry se tornara obsessivo nos treinos, e implicava com ela o tempo todo.


- Mais rápido, ruiva! – ele gritou pela enésima vez durante o treino na última quinta de fevereiro. – Assim não dá! – ele gemeu quando ela jogou a goles quase três metros ao lado do aro em que mirara, só que ele não percebera que fora a raiva que a fizera erra o lance.


- Dá pra você parar com isso? – ela gritou, quando chegou ao chão, olhos faiscando. – Estamos todos nos matando aqui e você fica gritando feito um louco, ainda mais quando não tem do quê reclamar!


- Você perdeu um gol idiotamente e eu não tenho do que reclamar? – também desmontou. O resto do time assistia a discussão impassível.


- Você sabe que eu perdi esse gol porque você estava me atazanando! – ela falou entredentes, a muito custo contendo a vontade crescente de azará-lo ou de lhe dar um belo tapa.


- E o que você acha que os trasgos da Sonserina vão fazer daqui a duas semanas, no jogo?


- Não tenho nenhum problema quanto a isso! Quem deve ter problemas é você!


- Claro que eu tenho problemas com esse jogo! Meus batedores mal acertam os balaços, e os artilheiros não se entrosam e você fica posando de rainha aqui! – falou, ferino. – Será que eu vou ter ganhar esse jogo sozinho?


- Como é que é? – a ruiva ficou boquiaberta, e os outros também protestaram da acusação. – Como você tem a audácia de dizer uma coisa dessas? – ofegou de raiva. – É muita prepotência! Quer dizer que para Vossa Alteza somos apenas figurantes para que o senhor ganhe todos os jogos?


- Se vocês não se entrosarem, não há o que fazer senão tentar pegar o pomo o mais rápido possível!


- Essa já é a sua obrigação, majestade! – provocou. – Já que se acha tão superior, por que não joga sozinho? – falou num tom falsa e perigosamente doce.


- Porque não é assim que a banda toca! Eu não estou me esgoelando aqui para que vocês desistam, e sim para que consigamos jogar juntos!


- Sinto muito, mas o seu método não funciona!


- Escutem todos: - balançou a cabeça, demonstrando o cansaço. – se eu cobro de vocês é porque eu sei que vocês são capazes! Esse time pode não ser tão bom quanto o de dois anos atrás, mas tem potencial!


- Você acha que é gritando com a gente o treino inteiro que vai nos conseguir fazer jogar melhor?


- Tá, desculpa por ter sido um pouco exigente demais! – finalmente falou.


- Um pouco? – repetiu, incrédula.


- Você já tem as suas desculpas; não force a barra!


- Sabe, Potter... – recomeçou a ruiva, pegando sua vassoura que tinha praticamente jogado no chão para gritar com Harry. – Por um momento eu achei que você fosse se achar mesmo a última cerveja amanteigada do deserto e diria que jogaria sozinho! Talvez fosse até melhor que você tivesse aceitado, pra ver que não é, nem de longe, esse jogador perfeito que pensa que é! – virou-se, dando para si mesma encerrado o treino.


- Eu ainda posso ser o melhor jogador em campo, ruiva! – provocou de volta, quando ela não tinha dado dois passos.


- Pegar o pomo vai ser moleza, contra o Draco; que mérito você terá?


- Você está me desafiando? – arqueou as sobrancelhas, divertido. Os outros cinco do time seguravam o riso.


- Claro que estou! – virou-se para ele, com um sorriso perigoso. – Eu te desafio a pegar o pomo depois que a diferença de gols entre nós ficar acima de 100 para a gente!


- E se você deixar de fazer gols de propósito? – falou só pra provocar; sabia que ela não faria isso.


- Se nós fizermos as porcarias dos gols, você não poderá mais gritar conosco nos treinos!


- E se eu pegar o pomo nas suas condições?


- Aí você não terá feito mais que a sua obrigação!


- Que é isso, ruiva? Me desafia e não põe nada pra apostar? Nunca imaginei que a veria amarelar! – ela cruzou os braços à espera. – Se eu pegar o pomo, nas suas condições, você vai ao Baile da Primavera comigo!


- Se for assim, a diferença de gols vai pra 150!


- É você quem manda, ruiva! – sorriu daquele jeito que a deixava de pernas bambas.


- E se você pegar o pomo em qualquer outra situação, ou se Sonserina agarrar o pomo, o que eu ganho?


- Pode pedir o que quiser; eu não te nego nada, Foguinho! – falou num tom mais rouco, estendendo a mão pra ela para selar o acordo.


- Não está com medo do que eu possa pedir? – ela provocou, enquanto selava o acordo.


- Não. – falou com arrogância. - Eu vou ganhar, com certeza!


- É o que veremos!


* * * * * * * * *


AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH!


Gente, desculpa, mas eu ainda não fiquei de férias! Sorry! =(


Obrigada pelos votos e comments, e devo postar outro até sábado! (me livro das cadeiras na quinta!)


Bjos a todos! =D

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