O erro de Dumbledore



Capítulo XXXIV – O erro de Dumbledore

Muito longe dali um jovem acordava assustado ao cair da cama. Os companheiros de quarto de Harry, que foram acordados com o barulho, olhavam preocupados pro garoto caído no chão, que estava todo embolado nas colchas e arfava muito.
- Eu… - disse o menino encabulado se levantando, o rosto muito vermelho e suado – Tive um pesadelo… Desculpa… Podem voltar a dormir.
Os outros rapazes resmungaram alguma coisa e se cobriram com suas colchas outra vez.
- Ei… - murmurou Harry cutucando Rony que tinha voltado a roncar quase que imediatamente – Você não… Vem cá. Quero falar com você…
- Hum… Me deixa dormir Harry… Hoje é sábado… - resmungou ele em resposta e se cobriu até a cabeça.
- Mas é importante… - insistiu o garoto.
- Ah… Depois você fala… - falou ainda com a cabeça coberta, e voltou a roncar mais uma vez.
Harry desistiu, nem a eclosão de uma guerra faria Rony acordar cedo numa manhã de sábado. Guerra… Uma guerra… Há meses Harry estava apreensivo, à espera de que algo muito ruim acontecesse… Mas depois dos acontecimentos de suas férias, nada mais de muito assustador aconteceu, a não ser o ataque do baile de bruxas. Parecia que Voldemort tinha voltado a ficar na espreita, e isso era tão estranho… Por que se arriscar numa invasão ao ministério e em ataques como o feito no aniversário do menino, e depois voltar a se esconder? Haviam sido noticiados alguns ataques de dementadores, alguns atentados, os lados na guerra já estavam praticamente divididos desde o fim das férias de Harry, mas nada de muito grande ocorreu… A guerra em si não eclodiu… Por quê? O que ele estava esperando? E agora… depois de quase um ano sem ter visões do bruxo, Harry teve um sonho… Voldemort estava realmente feliz… Gargalhava com uma taça na mão… Brindava com alguém… Será que o que ele tanto aguardava havia ocorrido afinal? Precisava avisar a alguém… Saiu correndo do salão comunal, vestindo apenas um robe sobre o pijama que estava suado do susto. Correu até chegar no escritório de Dumbledore. Encarou o Gárgula de Pedra. Só então se deu conta de que não tinha a senha.
- Por favor… - o menino arfava com uma mão nas costelas, uma dorzinha lhe incomodando os músculos que estavam tão descansados há poucos minutos atrás – Eu preciso falar com o diretor… É muito importante…
O gárgula continuou imóvel.
- Olha… É caso de vida ou morte… - o gárgula nada – Já sei, já sei… Sem senha sem passagem. Que saco… - o menino revirou os olhos - Deixe-me ver… - pensou um pouco, bom, não custava tentar - Gota de limão. – falou, e o gárgula não se mexeu – torrões de batata… - tentou mais uma vez – Suco de abóbora… Calda de açúcar… Mel de elfos… Varinhas de alcaçuz… Jujubas… Sapo de chocolate… Tortinhas… Cerveja amanteigada… - o gárgula não havia se movido um centímetro se quer – Ai… Fala sério… Então vai lamber cera de ouvido! – disse revoltado dando as costas para a estátua. Foi então que ela se moveu pro lado revelando uma escada de pedra para o escritório. – Quê? – fez Harry incrédulo - Cera de ouvido? – o menino teve que rir – Como assim? – enquanto subia as escadas se lembrou, então, que esse era um sabor que Dumbledore vivia tirando nos feijõeszinhos de todos os sabores. – O que Dumbledore não faz, ninguém mais faz… - murmurou sorrindo.
O escritório estava completamente vazio, a não ser por Fawkes que dormia tranqüilamente com a cabeça enfiada em uma asa. Mesmo sem seu dono, o aposento iluminado pelos raios de Sol da manhã emanava uma aura de poder. Será que o diretor estava dormindo? Estranho… Dumbledore não parecia ser o tipo de bruxo que dorme até tarde… Se bem que na manhã seguinte ao aniversário de Harry ele só tinha acordado porque o menino tinha ido lá chamá-lo… De qualquer forma, não ia fazer isso de novo… Aliás, nem tinha como, não fazia a menor idéia de onde era o quarto do diretor.
Sentou-se no degrau do assoalho para esperar, esperaria até a tarde se preciso. Uma hora o bruxo teria de aparecer em seu escritório.

No St. Mungus, Snape e Dumbledore voltavam ao quarto de Diana. O bruxo mais velho bateu de leve na porta e depois a abriu. O Dr. Thomas já vinha saindo.
- Ela está ótima. – disse sorrindo como sempre.
- É? – ironizou Snape – E, por acaso, alguém perguntou alguma coisa a você?
O sorriso do medibruxo se esvaiu por alguns segundos.
- Bem Thomas, - falou Dumbledore não dando importância a Snape – Eu tenho que ir, mas Severus ficará aqui. Assim que eu encontrar alguém que possa substituí-lo, te liberto desta tarefa, meu rapaz. – completou olhando para o bruxo que estava muito emburrado ao seu lado.
- Eu espero que logo. – respondeu Snape frio – Tenho muito mais o que fazer do que ficar vigiando mulheres em hospitais.
Dumbledore se segurou para não sorrir, divertindo-se com a situação.
- Tudo bem Alvo. – falou Thomas que voltara a ostentar um enorme sorriso – Pode deixar que mesmo assim eu fico de olho nela por você.
- Você é um menino de ouro, meu rapaz – disse Dumbledore também sorrindo – Sempre foi.
Snape fez uma careta sincera de asco.
- Então, até Severus, e até Thomas. – despediu-se o bruxo mais velho – Eu vou indo. Muitas coisas me aguardam em Hogwarts.
- A mim também… - resmungou Snape de braços cruzados, olhando pro nada com uma cara de poucos amigos.
Dumbledore fingiu não ouvir o reclame do bruxo, fez uma pequena reverência e começou a andar pelo corredor.
- Eu te acompanho Alvo, - disse o medibruxo, sempre prestativo, mas lançando um olhar de censura para Snape – preciso ir lá na recepção mesmo.
Snape continuou fazendo caretas de zombaria enquanto os dois sumiam pelo corredor. Quando os bruxos desapareceram de vez ele entrou com delicadeza no quarto.

Dumbledore entrou em seu escritório com a mente apinhada de pensamentos. Estava feliz por Diana e Snape. Mas o que aconteceria agora? Não podia deixar que Voldemort chegasse aos gêmeos, não tinha a menor idéia do que é que o bruxo queria com eles, a única conexão que se passava em sua mente era vingança. Mas, de qualquer forma, tinha que protegê-los. Só então percebeu Harry sentado no degrau do assoalho.
- Diretor, eu preciso muito falar com o senhor! – exclamou o garoto se levantando.
- Meu rapaz, o que houve? – disse o velho bruxo aproximando-se dele.
- Eu… Eu tive outro daqueles sonhos diretor, - falou baixinho – outro daqueles pesadelos… - Só de se lembrar, um arrepio corria na espinha do menino, se alguém soubesse como era ter esses sonhos… - Com… Com Voldemort…
Dumbledore arregalou os olhos levemente.
- O que você viu dessa vez Harry? – murmurou.
- Aí é que está… Eu… Eu não sei ao certo… - falou o menino sincero – Só sei que ele estava muito, muito satisfeito… Algo que ele realmente queria aconteceu… Algo que ele planejava… Brindava com alguém… O ouvi dizer que nada daria errado dessa vez… Que tinha tudo planejado nos mínimos detalhes… Que todos os seus braços estavam prontos para agir… E que o exército também estava pronto, que assim que ele pusesse as mãos no que queria, o ataque seria feito… Que Hogwarts não teria a menor chance… Bom… Foi isso… Achei que o senhor deveria saber…
Os olhinhos astutos de Dumbledore cintilaram.
- Fez muito bem em avisar, meu rapaz. – falou – Pode deixar, eu tomarei as providências necessárias. Não se preocupe.
- O senhor… O senhor acha que pode ser mentira de novo? Que ele queira nos enganar mais uma vez? Porque… - o menino estava receoso de emitir sua opinião – Porque, sinceramente, eu não acho que seja professor… Era… diferente…
- Eu não sei Harry… - Dumbledore tentou disfarçar, tinha absoluta certeza de que era verdade, mas não queria que o garoto se envolvesse em mais problemas – Realmente não sei… Como eu já disse, não se preocupe. Pode deixar, eu tomo as providências necessárias. Pode voltar ao seu dormitório. Procure descansar, afinal, é sábado. – sorriu levemente.
Harry ficou olhando para o velho bruxo por um momento, ele estava escondendo alguma coisa. Mas resolveu não falar nada, assentiu com a cabeça e deu as costas para sair do escritório.
- Ah, Harry, - chamou Dumbledore – Diana foi para o hospital esta madrugada. Nasceram. São gêmeos. Um casal – forçou um sorriso.
- Gêmeos? - Harry sorriu feliz – Um casal? Que ótimo! – falou divertido. Imaginava a cara de Snape ao receber a noticia – Quando posso vê-los?
- Devem receber alta dentro de uma semana. Virão para o castelo. Poderá visitá-los o tempo que quiser. Aviso quando chegarem.
Harry sorriu mais uma vez.
- Obrigado.
Deu as costas e saiu pela escadaria de pedra, deixando ali um Dumbledore muito apreensivo.

No hospital, Snape observava Diana dormir balançando-se nas pernas de trás da cadeira. A mente transbordando de pensamentos. O que ela queria dizer com “Cabe a você saber utilizá-la”? O que ela esperava dele? O que ela queria que ele fizesse? E tinha os bebes… Uma felicidade instantânea tinha invadido seu peito quando os viu… Mas ao mesmo tempo um remorso enorme tomou conta de sua mente… Eram tão pequenos… Pareciam até doentinhos… Dumbledore havia dito que isto era normal, e o próprio Snape não tinha um exemplo para comparar… Nunca tinha chegado muito perto de muitos bebes, quanto mais recém-nascidos… Até Draco, quando muito novo, ele tinha visto poucas vezes, e, mesmo assim, não ficava em sua presença por muito tempo. Lucius tinha formas de comemorar o nascimento do filho que estavam muito longe de ser ficar perto do garoto e de Narcisa.
Coisinhas mais estranhas e inconvenientes são esses remelentos… Só fazem comer, dormir, chorar e fazer sujeira… Snape nunca tinha entendido muito bem o porquê de todo mundo sempre adorar nenéns… Mas ao ver os seus próprios remelentos, “Não, os meus não são remelentos”, pensou involuntariamente, bom, ao ver seus próprios bebês… Não sabia o porquê, mas se sentiu tão ridiculamente atraído por eles quanto aquelas pessoas patéticas que ficam fazendo “Gut, Gut, bebe de mamãe!!”, “Cadê o neném de papai?”. A diferença, logicamente, é que ele nunca, em hipótese alguma, faria uma coisa dessas. Afeiçoar-se a eles até tudo bem. Agora, daí a fazer isto, já era pedir demais. Talvez seja por isso que os pequenos riem tanto com as pessoas que fazem essa espécie de coisa, devem pensar coisas do tipo: “Mas como o meu pai é… idiota”.
Devaneios à parte, o que possuía a mente de Snape, acima de tudo, era preocupação. Estava preocupado com todo o tipo de coisa. Desde os gêmeos ainda não terem um enxoval, pelo menos não que ele saiba, passando por o que aconteceria agora com ele e Diana, até a maldita profecia. Não conseguia pôr um só pensamento em ordem. A única coisa de que tinha absoluta certeza, não podia ser concretizada. Queria ficar ali até Diana e os gêmeos terem alta, não confiava em ninguém, além dele mesmo, para cuidar dos três. Bom, talvez em Dumbledore. Mas ele também já tinha cometido erros… O que importa é que, infelizmente, não podia ficar ali. Teria que esperá-los no castelo, e torcer para que dessa vez nada de ruim acontecesse.
Foi despertado de seus pensamentos por Diana, e, por sinal perdeu o equilíbrio da brincadeirinha com a cadeira e quase caiu no chão. A bruxa gemia em sua cama, assustada com algum pesadelo.
- Diana, acorde – chamou Snape segurando seus braços, fazendo-a parar de se debater – Acorde. – chamou com mais vigor.
A mulher arregalou os olhos, arfava muito, olhou para um lado e para o outro do quarto, assustada, ao se deparar com Snape, o abraçou.
- O quê… - falou o bruxo sem entender nada. A mulher o apertava fortemente, soluçava em seu ombro – Foi só um pesadelo Diana… Está tudo bem.
- Me promete que vai dar tudo certo Severus… Me diz que vai ficar tudo bem…
- O que aconteceu? – a bruxa ainda o abraçava fortemente, ele levou uma mão aos cabelos dela, reconfortando-a – Com o quê você sonhou?
- Eu… Eu não me lembro… Só sei que tiraram eles de mim… Não deixe que tirem os meus bebes de mim Severus… - chorou ainda mais. Snape franziu as sobrancelhas.
- Não vai acontecer nada. Todos estão cuidando de você. Vamos… Pare de chorar… - Forçou-a a se afastar dele. Ela se sentou direito na cama, ele se sentou também. Segurou as mãos dela, estavam muito frias. – Não há motivos para lágrimas… Está tudo bem. – ele secou as lágrimas dela com os polegares, depois voltou a segurar suas mãos.
- Que… Que bom que você está aqui Severus… Obrigada... - murmurou, ainda soluçava.
Ele acariciou o rosto dela com as costas da mão. Ela se aninhou contra a mão dele. Abraçou-o mais uma vez, mas dessa vez sem chorar.
- Obrigado você… - murmurou o bruxo involuntariamente, acariciando os cabelos dela - Por achar que eu mereço uma chance, quando nem eu mesmo acho isso… - esta última parte Snape falou tão baixo que Diana não pôde ouvir.
O momento dos dois foi interrompido por alguém que batia à porta. Snape voltou a sua cadeira o mais rápido que pôde, tentando refazer a cara de poucos amigos. A porta já estava sendo aberta. Uma mulher toda de branco, e tão sorridente quanto o medibruxo anterior, entrou no aposento.
- Olá Diana! – exclamou – Vamos tentar tirar um pouco mais de leite? Seus gêmeozinhos são famintos! – falou divertida – Estão fazendo um enorme sucesso na enfermaria, todos os acham uma gracinha.
- De novo? – perguntou Diana triste – Quando vou poder amamentá-los eu mesma?
- Ora minha querida, - respondeu a enfermeira com compaixão – Eles são muito novinhos… Ainda não podem mamar…
A bruxa baixou a cabeça. Ia arriando a manga da camisola, mas a enfermeira segurou sua mão.
- E o senhor? – dirigiu-se pela primeira vez a Snape, com rispidez – O Dr. McCoy me disse que é só um acompanhante que veio de Hogwarts, que, aliás, nem desejava estar aqui, não vai nos dar licença?
O bruxo levantou uma sobrancelha e crispou os lábios. Levantou-se de mau-humor e saiu do quarto batendo a porta levemente.
Quando a enfermeira saiu com um pequeno recipiente cilíndrico com leite, lançando um olhar cortante a Snape, o bruxo voltou ao quarto. Diana estava sentada, a cabeça baixa, olhava para as próprias mãos, as lágrimas correndo pelos olhos levemente.
- Está chorando de novo… - ele fechou porta com leveza e se aproximou dela. Sentou-se ao seu lado na cama. – Isto não vai te fazer bem…
- Eu não os vejo desde o parto… - A bruxa não levantou a cabeça – Lá foi tão rápido… E eu estava tão dopada… O medibruxo disse que eles não podem sair do berçário… E que é cedo demais para eu sair do quarto… Que talvez só amanhã… Eu quero ver meus filhos Severus… São meus… - mais lágrimas.
O desespero já estava recaindo sobre Snape. Será que ela só ia chorar?
- Olha, vai passar rápido – foi o quem primeiro lhe veio à mente – Se os medibruxos dizem que é melhor pra eles, então é porque é melhor pra eles. Anda, levanta a cabeça. – ela encarou os olhos dele com tristeza – Logo, logo, eles estarão nos seus braços. Você vai ver só. – ele secou as lágrimas dela mais uma vez – Eu… Eu estive no berçário… Os vi. Parecem bem.
- Você… os viu? – ela sorriu levemente.
Snape fez que sim com a cabeça.
- Diga-me… Como eles são? – perguntou, a ansiedade clara em seus olhos – Eu não pude vê-los direito…
Para o bruxo eles não se pareciam com nada… Eram enrrugadinhos e, a não ser pelo cabelo, quase idênticos. Aliás, se pareciam com qualquer outro recém-nascido. Aquela coisinha pequena e sem expressão. Mas se, neste momento, Diana fosse atingida pela sua sensibilidade, que todos sabem, pode ser comparada à de uma lesma, provavelmente teria um ataque de nervos.
- São lindos. – foi o melhor que Snape pôde fazer. Mas Diana sorriu, e isto é o que era importante. Antes que ela pudesse ficar triste por mais algum motivo, o bruxo continuou – Mas eu reparei que todos no berçário tinham plaquinhas com seus nomes e os dos pais… E eles só tinham o seu nome… Ainda não escolheu?
- É… - ela ficou pensativa por um momento – Eu pensei em muitos… Mas achei que o pai também tinha o direito de opinar… - sorriu mais uma vez.
Snape contou a ela sobre os nomes que tinha visto na biblioteca.
- Ártemis e Apolo? – perguntou Diana surpresa – Como eu não tinha pensado nesses antes? Me parecem ideais… Ainda mais sendo gêmeos…
- É… Eu lembrei que você gostava de mitologia trouxa… - falou Snape sem jeito.
- Está decidido, será Ártemis e Apolo. – ela sorriu – A deusa lua, e o deus Sol. Viu? Eu disse que você era capaz de escolher belos nomes.
Se Snape já não estivesse desacostumado, teria ficado vermelho. Diana levou uma mão ao rosto dele, ele se aproximou, e então a beijou carinhosamente. Depois de um tempo os dois se afastaram um pouco, Snape levou seus dedos aos lábios dela, tocando-as por alguns segundos, sentindo-a, como gostava de fazer, Diana ainda tinha os olhos fechados. Abriu-os lentamente, o bruxo penetrou aquela imensidão verde com seus olhos negros, voltou a ver felicidade ali, uma imensa felicidade.
- Senti saudades de você… - ela sussurrou sorrindo.
- Sabe que eu senti o mesmo… - murmurou ele.

As horas se passaram e, antes que os dois se dessem conta, McGonagall estava batendo à porta do quarto. Diana voltara a dormir. Snape voltara a sua cadeira.
- Bom, - disse a bruxa mais velha entrando no quarto – é hora de ir Snape. Já é tarde da noite.
- Não quer que eu passe a noite com vocês? – tentou.
- Não. - falou compadecida – Você sabe que é melhor não…
- É. – concordou ele – Você tem razão… Eu já estou há muito tempo aqui. Diga a Diana que eu não quis acordá-la. Que a receberei no castelo. E… McGonagall… - olhou para os próprios sapatos como se eles fossem muito interessantes, murmurou – O-obrigado… Por ajudar.
A mulher sorriu. É, quem diria, ele realmente estava mudado.
- Por nada Severus, por nada. E parabéns. Soube que são muito bonitos seus gêmeos.
Snape deu um sorriso torto, pegou a capa que estava sobre as costas da cadeira e saiu do quarto.

Aparentemente Dumbledore havia contado para os alunos, durante o almoço de sábado, o porquê da professora de herbologia estar ausente e dito que ela ficaria ausente por mais algum tempo, para cuidar dos bebês. Uma professora substituta fora chamada. O novo assunto dos corredores de Hogwarts agora era: “Quem é o pai dos filhos da professora McCallister?”, porque, afinal, que ela estava grávida todo mundo já sabia, e já comentava.
Para Snape as horas dentro daquele castelo estavam demorando demais para passar. Como sempre não conseguia dormir, o que só piorava a situação. Ficava perambulando pelos corredores como um zumbi. Para piorar fazia um enorme tempo que não era chamado por Voldemort, isto estava o agoniando. O que afinal o Lorde estava planejando?
Uma semana se passou, e desde Tonks até Hagrid já haviam ido ficar com Diana. Segundo o que Dumbledore contava pra Snape todos os dias, ela e os gêmeos estavam bem. Eles deveriam ser liberados no sábado à tarde. O diretor em pessoa iria buscá-los.
Snape, ansioso, tamborilava os dedos na mesa esperando os minutos passarem. Então alguém bateu na porta de seu escritório. Ele levantou-se apressado, tinha de ser Dumbledore, já não era sem tempo. Mas não era o velho bruxo.
- Olá… - falou Harry receoso, era a primeira vez que batia na porta do mestre de poções por livre e espontânea vontade.
- O que você quer Potter? – perguntou Snape frustrado largando a porta aberta e voltando para a mesa.
- Eu… Eu vim conversar com o senhor…
- Conversar? – o bruxo levantou uma sobrancelha - Conversar? Ah, conta outra moleque… Fala logo o que é que você quer…
- Eu… Soube do nascimento… Vim lhe dar os parabéns… Perguntar como está Diana e os nenéns…
Snape levantou ainda mais a sobrancelha.
- Estão todos bem. – falou ríspido.
- Ia falar com vo… Com o senhor antes, mas… - continuou Harry.
- Ficou com medo – deduziu Snape com um sorriso zombeteiro.
- Na verdade, não tive tempo. – o garoto sorriu.
- Mais alguma coisa garoto? – o bruxo estava impaciente.
- Quando ela recebe alta?
- Deveria ser hoje. – crispou os lábios - Mas me parece que Dumbledore esqueceu-se de mim.
- Bem professor, - falou Harry desconfortável – o senhor está ocupado e… Então não vou mais atrapalhar… Eu vim aqui mesmo para lhe dar uma coisa… Eu não sei nem o porquê… Só acho que teria uma grande utilidade com o senhor também… Ainda mais com Diana e os bebes… Então fiquei com uma parte e trouxe outra pra você…
Snape ficou curioso. Harry tirou um frasquinho do bolso.
- São lágrimas do Fawkes, Dumbledore me deu de aniversário… Mas me parece que você também precisa muito… - deu um sorriso leve. – Ainda tenho um pouco guardado, então não tem problema…
O bruxo olhou do frasquinho estendido para o sorriso encabulado de Harry. Adoraria lhe dar uma ótima cortada, ainda mais neste momento em que estava com um enorme mau-humor. Seria ótimo falar para ele de uma forma bem ríspida, que tinha um frasco daquele em seu estoque particular de ingredientes. Mas, não se sabe o porquê, talvez estivesse ansioso demais para ficar azucrinando alguém, não conseguiu. Então simplesmente pegou a garrafinha e guardou no bolso do sobretudo. Deu um sorriso torto.
Na falta do que falar, Snape disse o que mais o estava incomodando.
- Que horas são Potter?
- Eu… Não sei. Não uso relógio desde o quarto ano. O meu estragou na segunda prova. – Snape revirou os olhos – E… Eu vou indo professor…
- Eu também. Preciso falar com Dumbledore. – Snape se levantou. Abriu a porta para o garoto passar. Os dois ainda andaram juntos por uns dois corredores, mas logo se separaram. Harry pensando o que acabara de fazer… Impossível… Snape realmente nunca mudaria… Snape pensando que Potter tinha, no mínimo, dez miolos a menos.

O bruxo entrou no escritório do diretor. Não havia ninguém lá. Mas que diabos estava acontecendo? Onde eles estavam? Sentou-se no costumeiro degrau do assoalho. Só para cinco minutos depois se levantar de novo. Não conseguia ficar parado. Algo ruim estava acontecendo… Tinha absoluta certeza… Tinha que fazer alguma coisa… Mas, ao mesmo tempo, não podia sair do castelo sem notícias de Dumbledore.
Algum tempo depois chamas verde-esmeralda anunciavam que o diretor estava de volta. Snape foi para a frente da lareira, esperando como uma criança. Mas o bruxo surgiu sozinho. O rosto abatido, triste, os olhos azuis sem expressão. Entrou no escritório com agilidade, inquieto.
- Onde está Diana, Alvo? – perguntou Snape impaciente, Dumbledore não olhava em seus olhos – Onde estão os gêmeos? O que aconteceu?
- Severus… - murmurou o bruxo, a voz embargada – Perdoe-me… Por favor…
- Olha pra mim Alvo, - Snape começou a se exaltar – olha pra mim e me diz o que aconteceu!
Dumbledore levantou os olhos cobertos de tristeza, mas havia muita raiva ali também.
- Precisamos fazer alguma coisa Severus, - falou com energia – precisamos fazer alguma coisa, rápido.
- ME DIZ O QUE ACONTECEU! – berrou o bruxo em resposta.
- Ela foi pega Severus… Levaram a ela e aos bebes… Foi alguém de dentro do próprio hospital… Eu não pude evitar…
- QUÊ? – falou Snape entre os dentes, incrédulo – Como assim? – o bruxo puxou Dumbledore pelo colarinho – Como assim você não pôde evitar? Você é ALVO DUMBLEDORE! – sacudiu-o – Quem mais poderia evitar?
- Severus… Não foi minha culpa… Não foi culpa de ninguém… Eu fiz de tudo que pude… Por favor… Perdoe-me se não foi suficiente…
- Não… - rosnou Snape em reposta – Eu não perdôo… - sibilava – Você não podia ter feito isso comigo… Deu a sua palavra de que tudo daria certo…
O bruxo largou Dumbledore, que tinha lágrimas nos olhos. O diretor levou as mãos rosto. Snape, enfurecido, pegou o primeiro objeto que estava à mão e, rugindo de raiva, atiro-o na parede. O objeto se espatifou e milhares de pedacinhos.
- Acredite Dumbledore, - voltou-se para o bruxo – foi o porta-penas para não ser a sua cabeça.
- Você precisa se acalmar Severus, nós vamos bolar alguma coisa, vamos dar um jeito…
- Engraçado, – zombou Snape – você me disse a mesmíssima coisa há quinze anos atrás quando eu lhe disse que o Lorde das Trevas estava cada vez mais perto dos Potter. E olha só no que deu…
O bruxo deu as costas e ia saindo do escritório.
- Aonde vai Severus? – perguntou Dumbledore cansado.
- Comprar sorvetes de limão. – respondeu zombeteiro ainda andando a passos largos – É claro que eu vou atrás de Diana.Onde mais?
- E quanto ao seu posto como espião? Vão descobrir que você é um traidor! É perigoso demais!
- Pro inferno o disfarce! Não dou a mínima se descobrirem tudo!
- Espera um pouco Severus… Vamos pensar em alguma coisa…
Snape parou à altura da porta. Virou-se num girar de calcanhares.
- Esperar? ESPERAR? O quê Alvo? A morte chegar até ela? Me faz um favor Alvo, vai você também pro inferno!

N/A: Genti, desculpa a demora, (mais uma vex..... =D) mas agora eu to de férias e axo q vai dar pra postar td!!! Eu to screvenu a mil!!!! =D Espero ke gostem..... A fic tah cheganu ao fim!!! Comentem!!! Beijuuuuuuus!!! (hoji sai o ultimo livro de HP!!!!!!!!!!!! *roendo as unhas*)

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