Quando tudo se tornou negro



Capítulo XVI – Quando tudo se tornou negro

Estavam agora no mesmo quarto pequeno de antes. Mas não havia mais um menino na cama, e sim um rapaz. Sem camisa e sem sapatos, vestido apenas com uma calça preta simples. Em seu corpo havia muitas cicatrizes, mas eram menos do que as do Snape adulto que Harry tinha visto de cuecas. O menino reparou também que ainda não havia tatuagem de comensal no braço do bruxo. Snape rapaz ainda era magricela, mas aparentava ser mais bem alimentado do que quando era criança, tinha longos cabelos negros, lisos e oleosos que lhe caiam até o meio das costas, estava deitado de bruços na cama e lia um velho livro muito grosso que tinha páginas negras e era escrito em tinta prateada.
Alguém falava gritando no andar de baixo e o rapaz parecia não se importar. Lia calmamente como se nada estivesse acontecendo.
Foi quando um som de um tapa muito forte foi ouvido. Snape rapaz fechou os olhos e respirou fundo, depois os abriu novamente e tentou voltar a ler, mas o som de um outro tapa não permitiu. Ele respirou fundo mais uma vez e se sentou na cama esfregando o rosto com as duas mãos. O barulho de mais um tapa foi ouvido, Snape rapaz fechou o livro que se intitulava: “Magias proibidas do século XV”, um selo negro surgiu unindo suas páginas, aparentemente não era possível abri-lo como um livro comum. O rapaz se levantou, pegou um laço preto na mesa e uma camisa negra de abotoar que estava pendurada na cabeceira da cama e saiu do quarto vestindo-a.
- Me diz Potter, - disse Snape adulto enquanto ele e Harry seguiam o rapaz que abotoava a blusa pelo corredor – o que eu estava fazendo demais? Eu só estava lendo, só estava aproveitando a última das minhas férias medíocres para ler. Mas ele não permitia. Nunca permitia. Estava, mais uma vez, brigando com minha mãe por um motivo idiota que eu nem sabia qual era, talvez ela não tivesse passado a roupa dele direito, ou estivesse atrasada no preparo do jantar, sei lá, a única coisa que eu sabia é que ele estava batendo nela de novo. E eu não agüentava mais presenciar aquela cena que se repetia e repetia durante toda a minha juventude. Não agora que eu já tinha tamanho suficiente para fazer alguma coisa.
O rapaz, que já havia vestido a camisa, estava agora amarrando os longos cabelos com a fita preta enquanto descia as escadas rapidamente.
- Sabe, - continuou Snape adulto - na maioria das vezes em que eu me metia no meio das brigas acabava apanhando também, a cada discussão eu ganhava uma cicatriz diferente. Muitas vezes mais de uma. No final eu acabei me acostumando, aprendi a fugir, a me defender, a me curar sozinho, a revidar, a não sentir dor…
- Quando você vai aprender a me respeitar mulher? – gritava Sillas, dessa vez sóbrio – Quando você vai aprender a me obedecer? – o homem batia na esposa encolhida no chão da cozinha.
Harry e Snape adulto, que tinha o rosto impassível, se postaram na entrada da cozinha, assistindo à cena.
Snape rapaz puxou o pai pelas costas da camisa com as duas mãos e o jogou no chão, longe da mãe.
- Larga ela! – gritou com raiva. – Você não vai bater na minha mãe de novo!
- Olha, o menino está rebelde! – zombou Sillas se levantando e limpando a poeira das vestes como se apenas tivesse se sujado com alguma coisa – Tem certeza que quer comprar uma briga que não é sua? – disse com uma sobrancelha levantada – Todas as surras que levou durante toda a sua vida não lhe ensinaram nada? Você sabe que não pode contra o seu velho pai garoto… O que vai fazer? Jogar suas fraldas sujas em mim? – caçoou.
O ódio aumentou nos olhos de Snape e ele avançou contra o pai, os dois agora tinham praticamente o mesmo tamanho. Sillas conseguiu se desvencilhar do filho e o puxou pelos cabelos com força, desamarrando-os.
- Você nunca vai ser ágil o suficiente! E esses seus cabelos?! Aprenda moleque! Quanto menos partes de seu corpo o adversário puder segurar, melhor! – disse segurando firmemente o rapaz pela cabeleira negra à uma pequena distância, pequena o suficiente para que Snape pudesse deferir um soco contra o rosto de Sillas e acertar em cheio o seu nariz, que de forma praticamente instantânea começou a sangrar. – Ora, seu idiota! – o homem largou o rapaz, que caiu no chão, levou a mão ao nariz e ficou pressionando até que este estancasse, por magia, obviamente.
Snape teve então tempo para fugir, saiu de qualquer jeito meio que engatinhando pelo chão e se levantou do outro lado da cozinha.
- Você cometeu o último dos seus erros garoto! – Sillas passou a mão em uma faca que estava sobre a mesa e a arremessou, não contra o filho, e sim contra a esposa que, ainda no chão, esticava sua mão para alcançar a própria varinha que estava caída por perto – E você não vai ajuda-lo! – Gritou para ela ao arremessar a faca. Snape se adiantou e pôs-se na frente da mãe. A lâmina acertou sua coxa e ele gritou de dor. Vallery assustada soltou um gritinho junto ao filho – Oh, que lindo, - zombou Sillas – o bezerrinho protegendo a vaca! Mas não se esqueçam, o touro é sempre mais forte!
- Isso agora é entre eu e você. - berrou Snape arrancando a faca da coxa com um gemido – Deixa a mãe fora disso!
- Ah, é assim que você quer? Você realmente acha que pode me vencer garoto? – Sillas sacou a varinha – Pois então tente!
- Com muito gosto. – disse Snape com ódio tirando uma varinha negra e meio remendada do bolso.
- Você… - Sillas foi pego de surpresa, mas logo recobrou a postura prepotente de antes – Você não pode fazer magia fora da escola! Eu sei muito bem! Não quer ser expulso daquela espelunca para qual gosta tanto de ir não é?
- Apesar de você não ter se lembrado de me enviar um presente, eu já fiz 17 anos há mais de seis meses, papai. – disse com ironia. Apontou a varinha contra Sillas e o arremessou através do corredor até o meio da sala de estar, atravessando Harry e Snape adulto como se fosse um holograma.
O rapaz avançou para a sala, mancando, seguido por Harry e Snape adulto. A mãe levantou-se, chorando.
- Não faça isso Severus… - choramingou – Por favor, não faça isso… Vocês vão acabar se matando… Ele vai acabar te matando!
- Fica aí mãe, fica aí e não se mete! - falou para mulher - Pelo seu próprio bem! Se você vier me impedir eu juro que nunca mais tento te ajudar!
A mulher chorou ainda mais e se sentou no chão de pedra da cozinha mais uma vez, segurando o rosto com as mãos e chorando cada vez mais.
Snape seguiu para a sala, mas não via seu adversário. Sillas esperava-o atrás da parede, e, de surpresa, atingiu o filho bem no peito por um feitiço estuporante. O rapaz foi lançado ao chão de pedra mais uma vez, rasgando os cotovelos de sua camisa e arranhando seus braços. Sillas ria com gosto de Snape que levantava com custo.
-Estupefaça! - gritou o rapaz, e o bruxo mais velho foi jogado contra parede por um feixe de luz vermelho.
Snape andou até a sala com dificuldade, Sillas se levantava do chão com um filete de sangue escorrendo da cabeça.
- Você já está me fazendo perder a paciência, moleque! Então é melhor que eu acabe logo com isso, Crucio! – recitou o feitiço com gosto, como quem aprecia cada sílaba da palavra.
Snape, que ainda arfava do feitiço estuporante, foi jogado contra o tapete da sala, se contorcia, gemendo de dor, mas não largava sua varinha, a apertava com tanta força que os nós de seus dedos já estavam ficando brancos. Lágrimas rolavam de seus olhos arregalados, suas unhas estavam ficando roxas e seu nariz estava começando a sangrar. Sillas gargalhava com gosto, apreciando a dor do filho. Vallery chorava cada vez mais na cozinha, mas tomada pelo impulso de ajudar seu único filho levantou-se decidida, com a varinha nas mãos e apontou diretamente para o marido. Um feitiço foi lançado e Sillas largou a varinha como se ela estivesse em chamas, começaram a surgir bolhas como de queimaduras em sua mão, a maldição lançada sobre Snape, aparentemente, foi suspensa, mas o rapaz não levantou do chão.
- Quantas vezes eu tenho que dizer mulher? – Sillas esticou a mão machucada para a esposa e ela veio levitando para ele como se o homem fosse um imã – NÃO SE METE ONDE NÃO É CHAMADA! – Ele atirou Vallery ao outro canto da sala e ela desmaiou – Mas acho que já foi o suficiente – continuou o bruxo, indo agora em direção ao filho. Snape continuava no chão e Sillas chegava cada vez mais perto. – E então? Aprendeu, Moleque?
- Aprendi… - resmungou Snape - Aprendi que com quem joga sujo, devemos jogar sujo também… - o rapaz apontou a varinha para o rosto do pai e a parte branca dos olhos do bruxo começou a se tornar vermelha até que os dois globos oculares se tornassem duas poças de sangue e a íris que antes era cinzenta se tornasse negra.
- O que você fez comigo!? – gritou Sillas levando as mãos aos olhos – O que você fez com os meus olhos!? Eu não enxergo! Não consigo ver! Que feitiço é esse? Onde você aprendeu algo assim?
- Crucio! - Gritou Snape se levantando com dificuldade e Sillas foi jogado contra o chão, gemendo de dor. O rapaz foi se aproximando do pai fazendo com que a dor aumentasse cada vez mais. – Sabe, é a primeira vez que eu uso uma maldição imperdoável, e dizem que você tem que querer com muita vontade que ela aconteça pra funcionar direito… E você não sabe o quanto eu quero lhe causar dor papai… Você não faz idéia dos planos que eu bolava quando era criança pra me livrar de você… Não faz a menor idéia… Diga-me, você que é tão experiente, o que acontece se eu fizer… Isso? – Snape encostou sua varinha no peito do pai e ele gritou ainda mais alto. Snape sorriu de satisfação enquanto o homem sob sua varinha chorava. – Acho que já foi suficiente.
O rapaz se afastou. Sillas se levantou com dificuldade, procurando apoio no sofá e na mesa de centro. Escorria sangue de seus ouvidos.
Snape apontou a varinha para o pai e fez um movimento como o de uma espada. Um grande corte surgiu no rosto do homem e o sangue escorreu por seu pescoço, manchando suas vestes. Sillas gritou de dor.
- Está sentindo isso? Está sentindo? – Gritou o rapaz – É a sua pele sendo cortada pela minha varinha. E eu posso fazer muito pior! Vá embora Sillas! Vá embora e nunca mais volte! Ou eu juro que mato você! Com as minhas próprias mãos! Ouviu bem? Sem precisar de magia!
Sillas segurou o corte do rosto com uma das mãos, sentindo o sangue quente entre seus dedos.
- Eu vou embora moleque. - falou com poucas forças – Eu vou, mas não vai adiantar. O primeiro passo já foi dado. É a sua primeira maldição imperdoável e você já sente prazer em executa-la. – Sillas tinha um sorriso torto no rosto – Guarde o que eu digo. Filho de basilisco, basilisco é, garoto. Um vampiro não pode mudar seus instintos. Um dia você vai entender. – Com um rodopio e o barulho de um pequeno estalo o bruxo sumiu da sala.
Assim que o homem desapareceu da sala Snape virou-se para o lado e vomitou até o que não tinha em seu estômago no tapete da sala. Tremendo da cabeça aos pés, arrastou-se até onde estava sua mãe.
- Mãe? Mãe! – Chamou com a voz trêmula. A mulher abriu os olhos lentamente.
- O que… - ela falou baixinho – O que aconteceu? Ele… Ele se foi?
- Foi. Se foi para sempre.
- Oh, Merlin! – A mulher abraçou o filho com força.
- Não aperta não… Não aperta não, que tá doendo… - reclamou Snape.
A mulher folgou o abraço, mas não soltou o rapaz.
- Não tem problema… Eu vou cuidar de você… - ela acarinhava a cabeça do filho.
- Dói muito… Dói muito… - o rosto de Snape era impassível, mas seus olhos estavam marejados d’água.
- Onde dói?
- Dói tudo… - o rapaz se segurava para não chorar, com a cabeça deitada no ombro da mãe. – Dói em toda parte… Dói por dentro… Dói na alma…
- Ssshhhhh… - Fez a mulher baixinho o acarinhando – Passou… Agora passou… Eu vou cuidar de todas as suas feridas… Tudo vai ficar bem…
O rapaz fungava nos ombros da mãe sem chorar e Harry se sentia mal por ele. Nunca poderia imaginar que Snape escondia um passado assim. Procurou pelos olhos do professor, mas eles estavam fechados, como se ele não quisesse presenciar tudo aquilo de novo.
O bruxo mais velho, ainda de olhos fechados, segurou no braço de Harry, e ele chegou a tomar um pequeno susto, tudo começou a rodar e de repente estavam de volta ao quarto do menino no segundo andar do número 4 na rua dos Alfeneiros. Estavam de volta ao presente.
Harry se sentou em sua cama. Tantos giros e rodopios, duelos e feitiços, o havia deixado meio tonto. Snape se sentou em sua cama de armar massageando suas têmporas. Via-se pela janela que a madrugada se tornava avermelhada, recebendo os primeiros raios de Sol.
- A não ser pelo fato daquele estúpido ter ido embora de casa, nada melhorou. – falou o buxo cansado – Pelo contrário. No dia seguinte, quando acordamos, percebemos todos os pertences de Sillas e o pouco dinheiro que nos restava, havia sumido. E ele podia ser um vagabundo, mas pelo menos colocava comida na mesa. Nossa única fonte de renda era ele. Depois que o idiota se foi, em alguns momentos, tivemos de recorrer à magia para sobreviver. Sabe o quão humilhante é isso, Potter?
- Posso imaginar senhor…
- É muito humilhante garoto. Humilhante demais. Pouco mais de um mês depois do acontecido, eu retornei a Hogwarts para o meu último ano escolar. Havia um fundo do Ministério para alunos com poucos recursos para material e uniforme, e toda a minha alimentação era fornecida pela escola. Mas e minha mãe? Bem, ela teve de se virar como pôde. Recebia uma mixaria de uma pensão do pai que havia morrido já há um tempo e com isso sobrevivia. Este foi o único ano em que eu fui para casa em todos os feriados. Nossas condições financeiras não tinham melhorado muito, mas pelo menos havia paz dentro de casa agora. – Snape inspirou fundo e parou como se lembrasse de seu passado.
- Depois que terminei a escola a primeira coisa que fiz foi procurar um emprego. Eu era um ótimo estudante, de notas muito altas, N.O.M.’s e N.I.E.M.’s de alta qualidade. Fui primeiro a laboratórios, centros de pesquisas, tinha ótimas idéias para desenvolver, depois Antiquários, livrarias, cheguei a ir ao próprio Ministério. Andei por todo o Beco Diagonal e por diversas comunidades bruxas, em todos não obtive sucesso. Sabe por que eu não conseguia um emprego? Eu não tinha dinheiro, influência, boa aparência, e o pior de todos os defeitos, eu pertencia à sonserina. E aí chegamos no ponto em que a minha vida sem encaixa com a minha proteção aos sonserinos.
Harry prestava muita atenção. Apesar da madrugada já estar clareando, indicando que já fazia algumas horas que ele estava acordado, o menino não tinha o menor sono.
- O brasão com uma cobra no lado direito do meu certificado e a assinatura do diretor de minha casa me fecharam muitas portas. Mas por quê? Porque eu não merecia confiança só por uma bendita casa? Eu tinha, e ainda tenho, tanta inteligência quanto um Corvinal, tanta lealdade quanto um lufa-lufa, tanto sangue-frio, coragem e pensamento rápido quando é necessário, quanto um Grifinório. Fui escolhido para Sonserina apenas por ter ambição. Você que presenciou parte da minha existência, Potter, era errado que eu tivesse ambição? Era errado que eu quisesse um futuro melhor do que o passado conturbado que eu tive? Era “das trevas” que eu quisesse que a minha mãe e eu tivéssemos uma vida mais tranqüila e confortável do que aquela vidinha medíocre que tínhamos?
- Acho que não professor… - concordou Harry baixinho.
- Então, por que ninguém quis me dar uma chance? – Snape falava com amargura, se abria como poucas vezes havia feito, talvez, por alguns instantes, ele tivesse até esquecido que estava falando com Harry Potter – Por que, que a Travessa do Tranco e os outros lugares sombrios eram os únicos que mantinham os braços abertos para mim? É por isso que eu tento salvar os jovens sonserinos Potter, pois quando a integridade deles consegue sobreviver às cobras de suas próprias famílias, vem a sociedade e pisa no pouco de bom que ainda lhes resta. Eles precisam saber que não estão sozinhos.
“Agora veja o que aconteceu comigo, certo dia recebi a visita de um grande amigo de escola, Lucius Malfoy, e o que ele veio me oferecer era muito, muito bom: dinheiro, poder, liberdade. E em troca eu deveria me unir aos Comensais da Morte e ao Lord das Trevas como ele. Ele sabia o quão útil eu poderia ser, e como eu poderia colaborar com eles. Queria… Agradar o chefinho”.
- Mas você já não conhecia os feitos de Vold… - Snape levantou uma sobrancelha para Harry e o recriminou com os olhos – er… quer dizer… d’aquele-que-não-deve-ser-nomeado? – consertou o menino.
- É claro que sim. Todos conheciam. Mas naquele momento nada significava alguma coisa pra mim, eu tinha 18 anos e estava revoltado com o mundo inteiro. Para o inferno a comunidade que me excluía e me julgava, que morressem os verdadeiros hipócritas da sociedade, que perdessem seus castelos, seus tesouros, tudo que importava para eles. E se para isso morressem no caminho, inocentes, trouxas, mulheres ou crianças, isso já não me importava. Eu não ligava mais para o que era certo ou errado. Só com que era melhor para mim. A vida só me deu ódio garoto, - os olhos de Snape faíscaram – com que ela esperava que eu pagasse?
Harry abaixou a cabeça, é, talvez ele realmente tivesse que conhecer o que tinha levado o seu professor de poções a ser o que é.
- Eu fui de muita utilidade ao Lord. Sou exímio mestre de poções. Produzo de antídotos a venenos dos mais fortes. E para receber minha marca negra, como prova de lealdade ao Senhor das Trevas, criei para ele uma poção que ninguém nunca tinha visto ou imaginado. Se a poção “Mata-Cão” é capaz de deixar um lobisomem manso o suficiente para que ele fique trancado dentro de um quarto sem fazer mal a ninguém, a que eu criei para as Trevas é capaz de açula-los, de aumentar a sua força e resistência, a sua gana e a sua sede de sangue, a “poção do Cão-Louco”, conhecida somente pelo lado negro, aumentou muito a força do exército das trevas, os homens-lobo acabavam com tudo até que não restasse mais nada para contar o que aconteceu. E o Lord é muito grato a mim por isso.
- Então foi por isso que Lupin… - falou Harry ligando os pontos.
- Isso mesmo, foi por isso que o seu amiguinho lobo me chamou de “açulador de maldições”. – disse numa careta – Mas eu já não a produzo faz muito tempo. Tornou-se mais difícil conseguir os ingredientes. E muitas vezes era muito trabalhoso controlar os lobisomens depois que não havia mais nada para destruir.
“O importante é que a prova de lealdade foi aceita e eu fiquei muito satisfeito em me tornar um Comensal, eu tinha agora um emprego bom, que foi arrumado pela influência dos meus coleguinhas de reunião, tinha dinheiro, tinha poder, tinha o que eu queria. Minha mãe estava feliz, pois achava que todo o dinheiro vinha só do meu emprego, ela nunca foi muito atenta para esse lado financeiro, eu comecei a reformar a casa, a lhe dar roupas bonitas, e nós comíamos do bom e do melhor”.
- Mas, se vo… Quer dizer, se o senhor estava satisfeito no lado negro, por que se aliou a nós?
- Sabe garoto, só depois que se está lá dentro é que se sabe o quão ruim é. Eu não imaginava a amplitude de tudo isso. – Snape fez uma careta e consertou – Não… Eu imaginava sim. Mas imaginar é uma coisa, presenciar, participar é outra totalmente diferente. A guerra é dura pequeno Harry. - implicou o bruxo – E você ainda não viu nem metade da metade do que aconteceu e está para se repetir. Eu vi casais serem separados, famílias serem despedaçadas, meninas mais novas do que a Weasleyzinha que tem uma queda por você, como é mesmo o nome dela? Virginia não? – Harry ficou vermelho, Snape continuou – Eu vi meninas mais novas do que ela serem violentadas por homens do meu tamanho e idade, às vezes por mais de um. Fui convidado a fazer tais coisas.
- Você… - falou Harry assustado – Você chegou a… A fazer isso?
- O quê? – perguntou Snape com naturalidade - Violentar meninas? Não. Nunca foi do meu gênero forçar mulheres a fazer o que não queriam. Quanto mais meninas. Isso é doentio. Como se todo o resto não fosse… - completou num murmúrio mais para si do qu para Harry – Mas sim, já torturei, matei, desfiz lares e todo o resto. Mesmo que a minha área de atuação seja mais a intelectual e não a da força bruta.
“Mas eu fiz homens chorarem, urinarem nas próprias vestes, implorarem por suas vidas e as de seus familiares, perderem a dignidade. – um brilho mal surgiu no rosto de Snape – Eu vi gente que defendia com a própria vida as pessoas que amavam morrerem num estalar de dedos e seus corpos serem depredados, alvos de vandalismo. Vi crianças e jovens serem amarradas para que lobisomens os mordessem na frente dos pais que eram mantidos vivos presenciando toda a situação só pela satisfação de vermos o horror estampado em seus olhos, vi esses jovens se unirem ao lado negro à força, como cães domesticados. Fiz experiências com eles, presenciei suas primeiras transformações, você sabe o quão doloroso elas são Potter? Eles gritam muito, muito, até se transformarem por completo. Eu tive de conviver todos os dias com a culpa de ser o responsável direto pela condição deles. Eu vi pessoas sob a ação do “Imperio” entrarem naturalmente em suas casas e sufocarem os próprios filhos enquanto eles dormiam e depois se matarem, simplesmente pelo fato de ter ficado “monótono demais apenas entrar lá e mata-los nos mesmos”. Eu vi muitos, muitos horrores garoto, mas depois que se está lá não há mais volta, a não ser morrer. E eu cheguei a pensar que se isso acontecesse já não me importava. Que diferença ia fazer? Já não era gratificante como no começo, foi tudo fogo de palha. Mas então aconteceu o estopim, a gota d’água, e deve-se ressaltar que foi uma gota muito grande, para que eu jogasse tudo pra cima e voltasse atrás”
- O que aconteceu? – perguntou Harry curioso.
- Eu vou lhe mostrar.
- Vamos entrar na penseira mais uma vez?
- Só mais uma vez.

N/A: Genti, mais uma veix dsculpa pela demora, eh que eu tava na época de prova. Mas agora eu to de f´rias e a fic tah inu de vento em popa!! O proximo cap. jah tah kase terminado e semana que vem ele tah aki viu?? Dsculpa mais uma veix. E speru q stejam gostanu. Bjoes!!!!!

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