Continuação do cap. 6



Capítulo VII - O beijo roubado, o anjo encontrado e o erro perodado (Continuação)

Continuação
Anteriormente:

“- Não se aproxime de mim! – Ela recuou e desequilibrou sobre a perna machucada. – Não tenho força suficiente para desaparatar… - murmurou pra ela mesma.
- Não faça uma imbecilidade dessa, vai acabar causando um acidente! – Snape perdeu a pouca paciência que tinha – Você não acha que se eu quisesse te machucar te deixaria no rio pra morrer? Ou teria revidado aos seus feitiços?
- É… Mas… Eu não sei o que passa na mente doente de vocês! – ela cambaleou mais uma vez e quase caiu.
- Ora faça-me o favor, - disse Snape se aproximando mais, a moça fitou o seu rosto – fique quieta logo ou eu…
- Tiro pontos de sua casa… - murmurou ela ainda olhando para o rosto dele e cambaleando para frente – Snape… Professor Snape… Que bom que é você… - E desmaiou nos braços do bruxo.”

- Mais essa agora! – Snape segurou a moça e a levantou nos braços novamente. – Quando eu digo que só aparece doida na minha vida ninguém me compreende. – resmungou para si mesmo.
- O que aconteceu? Eu não entendi… - falou Harry saindo do escudo que se desfez.
- E você acha que eu entendi alguma coisa garoto? Eu estou dizendo, definitivamente você atrai coisas bizarras. Primeiro uma me agarra e quase me faz apanhar de um cara duas vezes mais forte que eu. Depois eu salvo a vida de uma outra que em retribuição me ataca duas vezes e depois, do nada, diz que está satisfeita em me ver. E só faz dois dias que eu estou com você.
Harry fez um olhar de “não é minha culpa”.
- O que vamos fazer com ela? Não podemos deixa-la aqui, ela não está bem. – disse olhando para a moça.
- Vamos leva-la conosco. Alvo estará na reunião, saberá o que fazer. – falou observando o rosto angelical da mulher que tinha em seus braços. – Abra a porta do carro.
Harry abriu a porta de trás do carro e Snape a deitou delicadamente no banco traseiro.
- Não é melhor tentar acorda-la?
- Pra que? Pra ela tentar me matar de novo? Não. Deixa ela aí, está bem assim. Entra no carro, garoto.
Harry obedeceu, ainda segurando as botas e a varinha da moça. Snape catou sua blusa e seu sobretudo no chão, e começou a secar seu corpo com a varinha. Tinha alguma coisa nele que a fez ataca-lo. E então ele percebeu o que era. Enquanto secava seu braço o motivo do ataque olhava pra ele como se zombasse com a sua cara.
- Maldita tatuagem. – resmungou – Vai me infernizar até o final dos meus dias…
Ele vestiu sua blusa e o sobretudo e entrou no carro.
- Professor, eu… eu acho… - falou Harry observando a moça sobre o banco.
- Fala logo Potter. Antes que eu comece a dirigir.
- Acho que ela tá sangrando.
- Ai, droga… - revirou os olhos - Sai do carro.
Harry saiu. Snape saiu também, deu a volta, reclinou o banco onde Harry estava, e observou novamente a mulher. Realmente, as vestes estavam rasgadas na altura do joelho que ela estivera segurando ainda há pouco durante a batalha e estavam ensangüentadas. Snape crispou os lábios, entrou no espaço que havia entre o banco reclinado do carona e o traseiro e suspendeu as vestes dela até um pouco acima dos joelhos, exibindo duas pernas bonitas, torneadas de pele branca e macia. Com alguns arranhões, e um joelho totalmente lacerado.
- Parece que bateu em alguma pedra do rio… - falou para si mesmo como se analisasse a situação. - Pode ter deslocado… É melhor não fecha-lo. A Sra. Weasley e Dumbledore são melhores em cuidar de feridas do que eu, podem dar um jeito nisso.
Snape puxou a varinha do bolso da calça e apontou para o ferimento, que imediatamente ficou limpo, mas não se fechou. Ele conjurou ataduras bem firmes em torno dele e arriou as vestes dela.
- Parece que você me deve muito, Sra. “Anjo”.
Snape passou para o banco do motorista dali mesmo, sem sair do carro e depois mandou Harry entrar.
- Há mais alguma coisa que nos impeça de seguir viagem?
- Não da minha parte – falou Harry.
- Então vamos embora. – Snape ligou o carro e partiram.
A viagem transcorreu bem. Sem mais conversas. E a mulher no banco de trás não acordou. Depois de um bom tempo, quando já era entre as cinco e seis da tarde, Harry, movido novamente pela curiosidade, interrompeu o silêncio.
- Sna… Senhor? – chamou.
- Hum? – respondeu o bruxo sem tirar os olhos da estrada, virando num acesso habilmente.
- Eu estive pensando…
- Você tem pensado demais, Potter. Isso não é um costume seu. Cuidado, não exagere, pode te fazer mal. – Estavam numa ruazinha de terra agora.
Harry revirou os olhos.
- É que… A maioria dos bruxos nem sabe o que é um carro. E o senhor, não só sabe, como dirige muito bem.
- É verdade, Potter. A maioria dos bruxos não sabe o que é um carro. Mas eu não sou como a maioria. Chegamos.
Entraram nos limites da Toca, Snape estacionou o carro bem perto de uma casinha onde, comumente, os Weasleys guardavam as suas vassouras.
- Toma. – Snape entregou a chave do carro a Harry. – Tira a minha mala e a sua mochila da mala do carro. E leva essas coisas aí também. – apontou para a varinha da mulher que estava em cima do painel do carro e as botas que estavam no chão, na parte de trás. – Eu levo a mala mais pesada. – completou tirando a moça do banco de trás e a erguendo pela terceira vez nos braços.
Os dois caminharam um pequeno pedaço até que os vissem.
- Harry! – gritou a Sra. Weasley que tinha posto a cabeça pra fora da porta da cozinha, e veio o mais rápido que pôde ao encontro dele. – Como é bom te ver de novo, meu menino. – disse abraçando-o com tanta força que as coisas que carregava quase caíram. Harry sorriu. – E ao senhor também Sr. Snape – completou, mais num tom de voz bem mais sério. – E, por Merlin! Quem é ela? – falou assustada olhando para a mulher desmaiada nos braços do bruxo.
- Nós… Nós também não sabemos… - ele respondeu baixo, os olhos fixos no rosto frágil da moça como se, por um momento, admirasse a sua beleza – O Potter a viu sendo arrastada pela correnteza de um rio, - dirigiu-se à Sra. Weasley – eu a tirei de lá. Está viva, mas ainda não tivemos como saber quem é. É uma longa história.
- Venham, entrem logo. – disse a Sra. Weasley fazendo sinal com a mão para entrarem. – Dumbledore já está aí. Ele presumiu que vocês chegariam um pouco antes, disse que queria dispor de um tempo livre antes da reunião porque os dois com certeza iriam querer conversar com ele. Acho que vai gostar de saber que Hermione também está aí Harry, os pais dela vão passar as duas primeiras semanas das férias de verão em um Congresso de… Ah eu nunca sei direito no que eles trabalham… - Harry sabia que os pais de Mione eram dentistas – o importante é que ela pediu para ficar essas duas semanas aqui. – o menino sorriu abertamente. Era tão bom estar de novo na Toca, parecia que tudo era perfeito quando estava lá.
A Sra. Weasley esperou que os dois passassem pela porta da cozinha e depois entrou, seguindo-os. Dumbledore que estava sentado à mesa, aparentemente tomando chá, repousou a xícara na mesa e levantou-se.
- Olá meus rapazes! – disse energicamente, Harry não pôde deixar de sorrir ao ver o bruxo pelo qual tinha tanto respeito, e de se sentir um pouco envergonhado de ter gritado com ele e destruído o seu escritório há tão pouco tempo – E vejo que temos também uma linda moça! Como a encontraram? – Ele parecia realmente curioso. – Existem muitas pessoas atrás dessa mocinha.
- Você a conhece, Alvo? – perguntou Snape levantando uma sobrancelha.
- Claro. E você também. Molly, utilizaremos um de seus quartos para que ela possa repousar, sim?
- Fique à vontade Alvo, podem coloca-la no quarto da Gina. Sabe onde fica, não? Eu estou terminando o jantar. – respondeu a mulher virando-se para o fogão.
- Tudo bem Molly, não se incomode. Vamos meus meninos. – Disse Dumbledore saindo da cozinha e se dirigindo ao lance de escadas que levava ao patamar superior da casa. Harry e Snape, ainda carregando a mulher, o acompanharam.
- Quem é ela Alvo? – perguntou Snape admirando novamente a beleza da mulher.
- Você devia lembrar-se melhor de seus ex-alunos, Severus.
O bruxo olhou novamente para ela enquanto subiam as escadas. Harry ouvia atentamente a cada palavra da conversa.
- Agora que disse… Me lembro sim… Foi uma de minhas primeiras alunas não? – falou mais em tom de afirmação do que de pergunta – Como se chamava mesmo? Castellani… É, Castellani… Não me lembro o primeiro nome…
- Diana, Diana Castellani. – Acrescentou Dumbledore enquanto abria a porta do quarto de Gina. – Já estava no terceiro ano quando você começou a dar aulas.
- Então por isso ela me reconheceu… - Snape repousou a moça delicadamente na cama de Gina, que era coberta por uma colcha de retalhos. Harry nunca tinha entrado no quarto dela. Era pintado de rosa (apesar da tinta já parecer gasta) e tinha muitos posters colados nas paredes. Uma estante acima da cama com bichinhos de pelúcia que já estavam um tanto quanto velhos, mas bem limpinhos. Um pequeno guarda-roupa e uma penteadeira muito antiga. Sobre ela uma escova, alguns grampos de cabelo e um pote pequeno de perfume que já estava pela metade. E ainda havia uma segunda cama que parecia recentemente colocada. O espaço livre no pequeno cômodo era escasso.
- Onde vocês a encontraram? – perguntou Dumbledore sentando-se na cama ao lado da moça e passando uma mão suavemente pelo seu rosto.
- Estava sendo arrastada pela correnteza de um rio. – respondeu Snape cruzando os braços – Foi o Potter quem a viu. Eu a tirei de lá e apliquei primeiros socorros. Foi meio difícil traze-la à consciência. Quando acordou me atacou, suponho que tenha visto a minha tatuagem e tenha ficado com medo de que eu a fizesse algum mal. O ataque gastou o pouco energia que eu tinha fornecido à ela, então desmaiou. E não acordou até agora.
Dumbledore tomou o pulso da mulher.
- Não está com febre, e o pulso está normal. Me parece que está apenas debilitada pelo esforço.
- Ela está com o joelho machucado. – falou Harry colocando as botas dela ao lado da cama e a varinha sobre a estante. – E tem alguns arranhões pelo corpo.
Snape olhou para o garoto pelo canto do olho. Dumbledore levantou as vestes dela até um pouco acima do joelho. As ataduras que Snape havia conjurado estavam molhadas de sangue. Dumbledore as tirou e examinou a ferida.
- Ela está bem diretor?
- Não Harry, não está. Mas vai ficar. O corte foi bem fundo e a pancada foi forte. Suponho que tenha sido você quem fez a assepsia, Severus? – Disse ele passando a mão pela parte de trás do joelho de Diana. Snape fez que sim com a cabeça. – Não está deslocado. Eu recomendo uma poção curativa para que possa cicatrizar bem. E umas três doses de poção revigorante para que ela possa recobrar sua vitalidade. Acho que você pode providenciar isso não é Severus? – Não era uma pergunta, era uma ordem. Ele baixou as vestes dela – Molly deve ter todos os ingredientes, talvez até já tenha a poção curativa.
- Não é necessário. Eu tenho algumas poções em minha mala. Dentre elas a curativa e a revigorante. Trouxe para o caso de precisar. – Snape pegou a mala da mão de Harry e a abriu no chão. O menino percebeu que havia um compartimento onde estavam vários frasquinhos de tamanhos e cores diferentes.
- Você e essa maravilhosa mala. – sorriu Dumbledore olhando sonhadoramente para os vários pertences de Snape organizados com folga dentro da espaçosa mala. – eu preciso de uma dessas. Ah, Harry, meu menino, acho que existem pessoas mais interessantes do que nós que desejam te ver no quarto ao lado. Pode ir. Eu e o prof. Snape precisamos conversar antes de começarmos a tratar da srta. Castellani. – Snape olhou apreensivamente para o velho bruxo.
- Então eu vou – falou Harry sorrindo. E se retirou do quarto.
Ao entrar no quarto de Rony, Harry foi recebido com festa pelos dois amigos.
- HARRY! – gritaram juntos. Hermione o abraçou como se não o visse há anos.
- Calma Mione, nós nos vimos há três dias! – disse o menino rindo.
- Ai, mas eu queria tanto te ver!
- Cadê a Gina? – perguntou Harry que sentiu falta da menina. – Eu não a vi em lugar nenhum…
- A gente aqui cheio de hospitalidade e a primeira coisa que você pergunta é “cadê a Gina?”! – falou Rony cruzando os braços e fingindo que estava magoado.
- Ela saiu mais cedo. Foi visitar uma amiga aqui perto, vão fazer uma reunião de colegas, sei lá… Mas só volta amanhã de tardinha. – respondeu Mione.
Harry murchou um pouquinho, iria embora pela manhã. Mas não soube dizer porque o fato de saber que não a veria o afetou tanto.
- Mamãe quase teve um treco quando ela pediu, por causa do perigo e tal. Mas acabou cedendo, Gina sempre teve um jeitinho de pedir as coisas que sempre dá certo. Fred e Jorge diziam que, se ela quisesse, seria capaz até de fazer um duende abonar uma dívida, não importa o quão grande ela seja – falou Rony se aproximando do amigo e pegando a mochila da mão dele. – Mas deixa ela de lado. Estamos curiosos, cara! Você não imagina quantas teorias mirabolantes surgiram nas nossas mentes quanto ao tutor e como estaria sendo a sua estada na casa dos Dursley! – Colocou a mochila em cima de uma das duas beliches que estavam em seu quarto. – Nem mamãe nem papai quiseram dizer quem era. E não tivemos coragem de perguntar ao Dumbledore. Não te vimos chegando.
- Fala, fala logo! Quem é? – falou Mione dando pequenos pulinhos sem sair do lugar.
- Vocês não vão querer saber… - brincou Harry se sentando em uma das camas.
- Larga o suspense cara! – reclamou Rony.
- Tá bom. Foram vocês que pediram. Eu vou passar as minhas férias de verão com ninguém menos, ninguém mais do que – Harry fez uma pequena pausa. Hermione arregalava os olhos de curiosidade. – Severus Seboso Snape.
Rony se largou em cima da outra cama. Hermione murchou e levou uma das mãos à boca.
- Eu não acredito… - ela murmurou.
- Meus pêsames. – falou Rony sério.
- Quer dizer… Como a gente não pensou nele antes? – Ela se sentou ao lado de Rony. – Quem seria melhor em disfarce? Ou em se manter frio mesmo ao lado dos seus tios irritantes? Ou que saberia a melhor forma de proteger o Harry do Voldemort. – Rony estremeceu ao ouvir esse nome. – Ah, pára com isso Rony.
- Desculpa, é involuntário. – falou o menino de cabeça baixa.
- Tipo, ele deve conhecer o mal tão a fundo que deve ser capaz de pensar como ele pensa. De saber qual será o próximo passo. Sem contar que ele é muito inteligente e sabe executar a maioria dos feitiços como ninguém.
- Peraí, - falou Rony – você tá elogiando aquele crápula! Tá dizendo que foi uma boa idéia o Snape passar as férias de verão com o Harry?
- Não Rony, e tô dizendo que a verdade deve ser dita. E ele era realmente uma das melhores opções.
Rony bufou.
- Dá no mesmo.
- Não dá não! – Mione virou-se pra ele.
- Dá sim!
- Não dá!
- Parem de discutir – falou Harry cansado.
- Mas conta cara, como tá sendo isso? – perguntou Rony calmamente como se nada tivesse acontecido.
- O de sempre. Sarcasmo, humor negro, provocações. Só que 24h por dia. E eu ainda tenho que obedecer a ele…
- Putz…
Harry começou a contar como estava sendo viver com Snape, como os Dursley de repente ficaram tão “bonzinhos”, das aulas de defesa pessoal (“Mas isso é maravilhoso!” falou Mione, “Ah, Mione, só você gostaria de ter aulas nas férias” resmungou Rony), das vizinhas novas (Ele pulou, propositalmente, a parte do desentendimento com Snape sobre Sirius), de Sofia ter agarrado o Snape (“Ela beijou ele?” perguntou Rony fazendo cara de asco e botando a língua pra fora, “Eca, Que nojo!”), de Snape ter batido em Arnold (“Ele bateu nele?” perguntou Mione surpresa). Quando contava sobre o salvamento de Diana, sobre como ela atacou Snape e depois desmaiou, alguém bateu na porta.
- Entra. – falou Rony.
- Vou interromper só um pouquinho a conversa de vocês. – disse Dumbledore colocando só a cabeça pra dentro do quarto. – Harry, posso falar um instante com você?
- Claro. – respondeu o menino se levantando e saindo do quarto.
- Acho que vai gostar de saber que Diana está bem. – Disse Dumbledore parando no corredor. – Convenci Severus a cuidar dela. – ele entreabriu a porta do quarto de Gina e Harry pôde ver Snape (já vestido com seus habituais trajes negros de bruxo) abaixado ao lado da cama passando algo branco e de aparência gosmenta nos ferimentos, era muito cuidadoso, mas parecia meio contrariado. – Está em boas mãos. Deve acordar assim que ele acabar de cuidar dos ferimentos e lhe der a poção revigorante. Peço para alguém te avisar quando isto estiver para acontecer.
- Obrigada, senhor. – “será que ele me chamou aqui só pra dizer isso?” Pensou Harry.
- Mas eu não te chamei aqui só pra dizer isso – falou Dumbledore displicentemente, “quando eles vão parar de responder aos meus pensamentos?” pensou o menino chateado. – eu queria conversar com você sobre a estadia do seu professor de poções na casa de seus tios. – Continuou, e Harry revirou os olhos involuntariamente – Severus me contou como estão indo e disse que o novo relacionamento de vocês começou com o pé esquerdo.
- Melhor dizer que nem começou. – disse com sinceridade.
- Eu sei que é muito desconfortável para os dois, mas Severus foi a melhor solução que encontrei, Harry. E vocês podem não perceber, mas tem muito a aprender um com o outro. Não vou entrar em discussão sobre essa questão porque não há outra alternativa para este problema, o mais importante agora é você ficar seguro e sei que com Severus você ficará. Eu quero falar sobre outra coisa. Ele me contou que vocês tiveram um pequeno desentendimento hoje pela manhã.
- Pequeno? Será que o prof. Snape não lhe omitiu nada, senhor? – falou Harry ironicamente, não podendo se conter. Dumbledore lhe olhou por de trás de seus oclinhos de meia-lua como se sorrisse com eles.
- Harry, eu venho pedir por Severus. Venho pedir para que tenha paciência. Para que perdoe-o, mesmo que ele não tenha pedido perdão. Ele tem de ser tão duro e se mostrar insensível há tanto tempo, que creio que não saiba como se pede desculpas. Então eu venho pedi-las por ele, meu menino, desculpe-o, desculpe-o porque Severus só teve uma pessoa por quem chorar em toda a sua vida, e a perdeu há tanto tempo, de uma forma tão severa, que não deve se lembrar mais o quanto dói quando alguém toca numa ferida como esta.
Harry olhou pela porta ainda entreaberta do quarto de Gina e observou o bruxo que cuidava com precisão da feridas de Diana.
- Eu sei que é difícil, e não é necessário que diga que o perdoou, as palavras muitas vezes mentem, algumas dessas até para nós mesmos. Eu quero que você apenas sinta, sinta dentro de você, que não guarda rancor, pelo menos não dessa discussão. – Harry olhou novamente para os olhos azuis do diretor que pareciam um pouco tristes – A vida maltratou muito o seu professor, Harry. E eu vou fazer com que você saiba disso, não de tudo, mas sei que já tem idade suficiente para saber de algumas coisas. Severus está vendo pelo que você teve que passar durante a sua infância, por dez anos, e pelo que ainda passa há cinco. Nada mais justo que você saiba de algumas das peças que o destino pregou a ele. Você não sabe por que ele se tornou comensal ou por que deixou de ser, sabe?
Harry arregalou levemente os seus olhos e fez com a cabeça que não, realmente não sabia praticamente nada do passado de Snape.
- Pois então, não posso te falar porque é um segredo que não é meu. Mas farei com que Severus conte. Só tenho de pensar como… - Dumbledore coçou a barba e olhou pra cima. – Eu vou convence-lo a contar de alguma forma. Mas se o conheço bem, ele vai fazer o possível para adiar esta data o máximo possível, não vai dizer de livre e espontânea vontade. Então quando você decidir que deve, que está pronto, pergunte. Não pergunte diretamente… - Harry prestava atenção à cada palavra – Pergunte… Deixe-me ver… - coçou a barba novamente. – Pergunte por que o prof. Snape protege tanto os sonserinos.
Harry não entendeu o que isso tinha a ver.
- Você vai entender, apenas pergunte. E Harry, eu quero que prometa que não vai repetir para mais ninguém o que ele te disser. Nem para os seus dois melhores amigos. Só cabe a Severus contar. E, se ele não quer que ninguém saiba, esse é um direito dele.
-Tudo bem. – respondeu o menino.
- Prometa, Harry. Prometa não contar. – falou Dumbledore sério.
- Eu prometo não contar.
- Assim está melhor. Agora pode ir conversar com seus colegas. Aposto como estão doidos para saberem o que eu queria com você. Lembre-se que a sua promessa é só sobre o segredo de Severus. – falou com um sorriso maroto nos lábios – E pense no que eu disse meu menino, - colocou uma mão sobre o ombro de Harry – tente ser tolerante, tente perdoa-lo, e eu vou tentar pôr um pouco de sensibilidade naquele coração duro. Nesses tempos que estamos presenciando que simbolizam o ódio e falta de consideração com o próximo, devemos dar o exemplo, e procurarmos não criar inimizades entre nós mesmos. – Ele soltou o menino e entrou novamente no quarto de Gina, fechando a porta.
Harry seguiu de volta para o quarto de Rony. E foi recebido por uma enxurrada de perguntas. E acabou tendo de contar sobre o desentendimento com Snape sobre Sirius, e sobre o pedido de Dumbledore para desculpa-lo.
- Quer dizer que o seboso ainda teve a audácia de implicar com uma coisa dessas? – indagou Rony.
Harry tinha uma sombra de tristeza sobre seu rosto.
- Mas Harry, você não disse que ele tentou meio que… meio que te “consolar”? – perguntou Mione sentando-se ao lado dele na cama.
- Mione ele invadiu a mente do Harry! Você vai querer defende-lo agora? Aliás, você tá defendendo ele demais ultimamente… - Rony olhou para a garota com ar de desconfiança.
- A verdade é que ele fez aquela tentativa frustrada de me consolar na intenção de dar uma de bonzinho e livrar a cara dele por todas as besteiras que vinha me dizendo desde o dia anterior. – Harry cruzou os braços, se levantou, andou até a janela e ficou olhando para o jardim sem realmente enxerga-lo.
- Era nesse ponto que eu queria chegar Harry. - Mione se levantou também – Isso já é um grande avanço. Desde quando o prof. Snape tenta ser bonzinho? Mesmo que de jeito rude? Desde quando ele tenta livrar a própria cara por ter magoado alguém? Desde quando ele se importa com as besteiras que diz? – ela voltou a se sentar ao lado de Rony, que ainda olhava desconfiado pra ela, mas parecia não encontrar argumentos para responde-la.
Harry continuou olhando pela janela refletindo as palavras da amiga. Então alguém bateu na porta novamente.
- Entra. – Disse Rony.
Era Snape. A porta se abriu, mas ele não entrou. Falou com sua voz arrastada da porta mesmo.
- Potter, Dumbledore me pediu para que lhe avisasse. Vou dar a poção revigorante para a srta. Castellani agora, e ela deve acordar. Então se você quiser estar presente queira vir comigo.
- Srta. Castellani? – perguntou Rony – É a moça que vocês salvaram? Podemos ir também?
- Melhor não. –Snape respondeu rispidamente – Ela já vai acordar em um lugar estranho. É melhor que não haja muitas pessoas ao seu redor. Anda logo, Potter. Não posso demorar, a reunião da Ordem é daqui à pouco mais de meia hora.
- Eu vou. Vocês dois esperem aqui, depois eu volto.
Snape saiu com sua capa se enfunando atrás e Harry o seguiu. E foi seguindo o professor pelo corredor até o quarto de Gina, que Harry decidiu, com compaixão, que nenhuma pessoa merece mais receber o perdão por um erro, do que aquela que em sua vida tão solitária, fria e desprovida de carinho, não aprendeu a pedi-lo.

N/A: Bom, não deu p/ pôr um capítulo novo, mas deu pra pôr a continuação desse. Vlw pela paciência, e obrigado pela audiência! Rsrsrsrs… (ainda rimou!) Espero que estejam gostando. Bjs pra geral q lê a minha fic!!!! Vlw msmo!!! Xau!!! Ah! Se kiser me add, meu msn eh: [email protected], e vô fazer um pequeno merchan, meu flog público do Harry: www.thedungeon.myflog.com.br, se puderem (e kiserem) passem lá. Eu vou gostar muito.


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