Problemas em dobro



Capítulo XXVI – Problemas em dobro

No dia seguinte, depois de um dia inteiro de trabalho, Diana chegou a seu quarto muito cansada, dando graças a Merlin por ser sexta e ter a manhã seguinte livre para acordar na hora que quisesse. O que mais queria agora era tomar um bom banho quente e ir dormir. Mas ainda na ante-sala, ao passar por sua cômoda, notou algo diferente sobre ela. Entre suas coisas, bem no meio do móvel, estavam uma caixa de bolinhos açucarados, os preferidos dela, e sobre a caixa um único lírio branco.
- Que lindo! – disse ela cheirando a flor – De quem será?
Notou então que havia um pergaminho em baixo da caixa de doces. Pegou-o, a letra era pequena, mas bem desenhada, leu-o inteiro, assinado embaixo de forma rebuscada estava: “Severus Snape”. Leu o pergaminho mais uma vez. Deu um pequeno sorriso e depois mordeu o lábio inferior como costumava fazer quando estava pensativa. Pôs a carta debaixo da caixa de bolinhos mais uma vez, e foi tomar seu banho. Teria a noite inteira para ficar pensando nisso.
A manhã de sábado estava ensolarada e Snape tomava seu café inquieto. Diana ainda não tinha aparecido no salão. “Severus, você está parecendo um desses adolescentes idiotas que tanto odeia” pensou, “Realmente se importa com que ela vai responder?”. Preferiu calar seus pensamentos a responder a própria pergunta. Passou os olhos pelo salão e mais uma vez não a viu. Seu olhar encontrou o de Harry na mesa da Grifinória, o garoto levou uma mão à frente da boca para tampar o riso. Nunca imaginou que um dia iria presenciar uma coisa dessas com relação a Snape. O bruxo lançou-lhe um olhar gelado e o rapaz parou de rir. Logo depois o mestre de poções levantou-se e foi para suas masmorras com uma cara de poucos amigos. Menos de dez minutos depois Diana entrou no salão, muito bonita, e sorrindo como sempre.
O dia se passou e nada aconteceu. Já quase anoitecendo Harry viu Snape em um corredor e apressou o passo para andar ao lado dele.
- E então? – perguntou o garoto sorrindo e caminhando ao lado do bruxo – Nada?
Snape não respondeu, nem ao menos olhou para o rapaz, continuou andando. Tinha a cara fechada.
- Pelo jeito não… É, pelo menos você tentou. Mas de repente já era tarde demais. Ou então vai ver que ela não gostava mesmo de você…
- Vá para seu salão comunal Potter. – falou o bruxo com sua voz letal – Não é hora de alunos estarem andando pelos corredores. Dez pontos a menos para Grifinória.
- QUÊ? – revoltou-se o rapaz.
- Quer que eu tire vinte? – Snape olhou friamente para Harry. O garoto apressou o passo e ao virar o corredor murmurou: “morcego maluco”.

Snape jogou-se em sua cama. Fechou os olhos. Para quê tinha feito aquilo? Nunca tinha se rebaixado tanto por motivo algum. Agora além dela não querer mais nada com ele também deveria rir pelos cantos de sua falta de dignidade. Talvez mostrasse a carta para amigas e ficasse gargalhando dele. “Vêem?” deveria dizer, “É um idiota, depois do que fez me vem com um pedaço de papel e acha que vai ficar tudo certo. Não sei o que foi que eu vi neste cara. Ele é feio, arrogante, frio, chato, ninguém gosta dele! Acho que devo ter bebido muito naquela noite”. Então lhe veio um surto de racionalidade. Diana nunca faria uma coisa dessas. Por mais que o odiasse. Ela tinha princípios, era uma mulher de classe. No máximo jogaria a carta fora ou a queimaria e fingiria que nada aconteceu.
O bruxo virou-se de lado e abriu os olhos. Então viu um pedaço de pergaminho sobre sua mesa de cabeceira. Pegou-o. Escrito em uma letra muito bonita e bem desenhada estava um pequeno recado:
”Severus,
Encontre-me em meus aposentos amanhã. Às sete da noite. Lá conversaremos.
Diana”

O estômago de Snape revirou e ele guardou o pergaminho dentro da gaveta da mesa de cabeceira. Pelo menos iriam conversar. E era isso que o assustava. Não era bom com palavras…
O dia seguinte pareceu uma eternidade para o mestre de poções. O tempo se arrastava, o que o deixava cada vez mais carrancudo. Diana, ao contrário dele, sorria o tempo todo, como sempre. Mas não lhe dirigiu a palavra uma vez sequer.
Finalmente a noite caiu. E às sete horas em ponto Snape batia à porta dos aposentos da professora de herbologia.
- Vejo que leva a pontualidade inglesa muito a sério. – brincou Diana sorrindo ao abrir a porta – Entre.
Snape a olhou por um momento, como estava linda. Suas vestes púrpuras delineando levemente seu corpo, os cabelos castanhos muito bem penteados soltos sobre os ombros, a pele macia exalava o mesmo cheiro bom de sempre, seus olhos verdes cintilavam.
- Prefere conversar sobre a soleira da porta? – falou ela trazendo-o de volta à realidade.
O bruxo entrou na ante-sala despindo a capa. Notou que sobre a cômoda estava o lírio dentro de uma bonita jarra com água. E a caixa de bolinhos açucarados também estava ali, ainda lacrada.
- Eu não envenenei os doces sabia? – falou o bruxo segurando sua capa.
Diana sorriu.
- Presumo que não. Mas não tenho me sentido muito bem ultimamente, então preferi guardá-los para comer quando não for mais colocá-los para fora.
Snape levantou uma sobrancelha.
- Mas isto não vem ao caso. – ela desconversou rapidamente - Bem… Eu recebi sua carta.
- Mesmo? – ironizou Snape.
- Mesmo. – falou Diana displicentemente – Me diz uma coisa, não foi você que a escreveu não é?
Snape levantou uma sobrancelha mais uma vez.
- Não. – respondeu, e Diana sorriu – Não fui eu. Mas perdi até o último pingo de dignidade e orgulho pedindo a ajuda de alguém que realmente detesto, só para conseguir desculpar-me decentemente. E além do mais, pense, se eu lhe entreguei esta carta é porque desejava que lesse cada uma das palavras. É realmente relevante se fui eu mesmo quem as escreveu?
- Não me importo se você as escreveu ou não. – falou Diana docemente – São bonitas palavras… Só tive curiosidade de saber se eram suas. Como dizem, o que vale é a intenção não é?
- E o que tem a me dizer? – perguntou Snape já impaciente.
- Eu… Não sei ao certo o que quero Severus… - falou ela. O bruxo involuntariamente murchou por dentro – Só sei que não quero me machucar mais uma vez.
- Sabe que não vou forçá-la a nada. – falou ele com sua voz arrastada.
- Sei… - Diana mordeu o lábio inferior e ficou em silêncio por um momento – Olha Severus, eu gosto de você. Gosto muito… Mas queria que perdesse pelo menos um pouco dessa postura de frio e insensível… Queria que fosse mais humano… Acho que é esta a palavra: humano.
- Não estou acostumado a ser assim… Não sei ser assim.
Diana aproximou-se de Snape e pôs suas mãos delicadamente no peito dele, ajeitou seu colarinho. Levantou o rosto e o olhou nos olhos.
- Você é inteligente… - disse de forma doce – Sei que vai conseguir aprender. Está tudo dentro de você… Só precisa de incentivo para deixar vir à tona.
O bruxo deu um sorriso torto, jogou a capa para um lado e segurou o rosto dela com suas mão grandes.
- Então, - falou de forma suave – como minha professora e maior de todos os incentivos, terá de ser bastante paciente…
- Eu sei… - ela murmurou dando-lhe um beijo curto – E eu serei.
Os dois se beijaram. E era quase doloroso o quanto ambos desejavam aquele momento. O beijo era ansioso, quase sedento. Snape interrompeu-o por um momento.
- Que falta senti de seus doces lábios… - falou tocando a boca dela levemente com os dedos. – Desejava-os a todo o momento…
Beijou-a novamente de forma ávida. Os corpos colados, um clamando desesperadamente pelo outro. Diana começou a despir o sobretudo dele, mas o bruxo segurou as mãos dela.
- Não. Espera. – falou com a respiração funda – Antes fala. Fala para mim… Eu preciso muito ouvir.
Diana deu um pequeno sorriso, ficou nas pontas dos pés, e sussurrou no ouvido dele:
- Eu te perdôo Severus. – beijou-lhe o pescoço – Perdôo-te por tudo.
Snape fechou os olhos de contentamento e a abraçou fortemente, encostando sua cabeça na dela. Deu-lhe um beijo na testa e murmurou:
- Nunca pensei que fosse tão bom ouvir isso de alguém…
A beijou mais uma vez, depois a levantou nos braços carregando-a pela porta lateral até o quarto da bruxa. E desta vez, era definitivo.

Snape acordou, mas não abriu os olhos. Sabia que ainda era noite. Teria sido um sonho? Não. Ele não tinha sonhos, só pesadelos. E acordar, depois de tudo, sem ela ao seu lado não seria como um pesadelo? Abriu os olhos devagar com receio e teve certeza de que era sonho. Que outra explicação haveria para aquele lindo anjo de cabelos castanhos estar dormindo ao seu lado serenamente, com a cabeça aninhada em seu ombro e o braço sobre seu peito?
Ficou olhando para ela, simplesmente admirando sua beleza. Só então percebeu que estava sorrindo como um tolo. Ah, às favas se nunca fazia isso, agora tinha motivos para sorrir. Passou uma mão pelo braço dela que estava sobre seu peito, a pele dela era tão macia, subiu a mão até o rosto dela, tocando-o levemente. Diana sorriu de forma doce, ainda dormindo e aninhou-se ainda mais contra corpo dele.
Snape ainda a admirava quando sentiu. E era o que menos queria sentir naquele momento.
- Ah não! – murmurou, a marca negra ardia em seu braço – Agora não…
Fechou os olhos na esperança de que ela parasse, mas ela só queimava cada vez mais.
- Eu já vou, já vou. – reclamou como se a tatuagem pudesse ouvi-lo – Mas que droga.
Levantou-se com cuidado para que Diana não acordasse.
- Severus… - ela murmurou. Snape virou-se para vê-la com medo que tivesse despertado, mas ainda estava adormecida.
Ele se vestiu o mais rápido que pôde, e saiu pela lareira. Apareceu instantaneamente nos aposentos de Dumbledore. O diretor dormia tranqüilamente.
- Alvo! Alvo!
- Uhm… Severus? O que faz aqui meu rapaz? São… Deixe-me ver… - olhou para o relógio na cabeceira – Quase uma da manhã…
- Fui chamado Alvo, suspenda as proteções.
- Ah… Compreendo. – Dumbledore levantou – Que… Que cheiro é esse Severus?
- Cheiro?
- Um cheiro doce… Lembra uma mistura de frutas e flores…
Snape ficou um pouco encabulado. Por que diabos o diretor sempre sabia de tudo?
- Alvo, - desconversou o bruxo - se não se incomoda o meu braço está começando a ficar dormente.
- Desculpe-me.
Dumbledore murmurou uma seqüência de palavras mágicas e encantamentos.
- Boa sorte meu rapaz. – falou. E Snape desaparatou.

Aparatou muito longe de Hogwarts. Aparentemente era uma casa abandonada.
- Olá Severus. – Sibilou Voldemort de forma venenosa – Demorou.
- Perdoe-me milorde. – respondeu o bruxo ajoelhando-se em reverência – Digamos que eu estava um pouquinho ocupado. – sorriu cinicamente. Voldemort retribuiu o sorriso cínico e acenou com a mão para que se levantasse.
- Sei que muitas vezes interrompo essas pequenas ocupações de vocês quando os convoco no meio da noite. Mas o que posso fazer não é?
- Não é incômodo algum, pararemos qualquer coisa que estivermos fazendo para atender ao lorde. – falou Snape já de pé.
- Sei que sim. – desdenhou Voldemort.
- E o que faremos hoje milorde? – perguntou Snape olhando a volta para os comensais que estavam ali.
- Vista seus trajes e sua máscara. Vamos dar um pequeno passeio com os dementadores. Já estão todos fora de Azkaban. Veremos que efeitos podem causar fora dela.

Dumbledore atravessou a lareira de seu quarto e saiu na do quarto de Diana. A bruxa dormia a sono solto coberta pelos lençóis brancos e abraçada a um travesseiro.
- Diana. – Chamou ele sentando-se ao lado dela na cama – Diana, acorde.
A bruxa despertou.
- Alvo…? – falou esfregando o rosto com uma mão – Mas… - olhou a sua volta – Onde…?
- Ele não está aqui minha menina.
- Como… Você sabia? – ela indagou se sentado na cama e se enrolando no lençol. Dumbledore sorriu. – Eu não acredito que ele foi embora!
- Não. – falou Dumbledore serenamente – Calma. Severus foi chamado por Voldemort, teve que ir.
- Ah…
- Venha comigo minha criança, vamos ao meu escritório. Esperaremos por ele e conversaremos um pouco.
O velho diretor e Diana conversaram sobre muitos aspectos de Snape. O bruxo contou-lhe a história dele de forma resumida. A bruxa contou a ele tudo que aconteceu entre os dois, embora imaginasse que Dumbledore já sabia.
- O que eu não entendo Alvo, - falou Diana servindo-se de mais chá – é por que ele teve que fazer aquilo comigo… Por que era necessário me magoar tanto?
- Não era minha criança. – respondeu Dumbledore – Mas creio que Severus tinha, e ainda tem, medo. Sei que foi duro para você, mas tente compreender o que se passava dentro dele. Por si só você já é alvo das forças de Voldemort, imagina se descobrem que está com ele?
- Eu pensei nisso…
- É tanto perigo para você quanto para ele. O lugar dele como espião está em jogo, e não quero nem imaginar o que Voldemort é capaz de fazer com traidores. Sem contar que é uma vida difícil, como vê, ele tem de atender prontamente não importando as circunstâncias. Ser comensal da morte e tentar se manter na luz ao mesmo tempo é algo que exige muito do psicológico dele. E Severus não é lá um primor de sensibilidade e educação. Então não se julga alguém digno de lhe ter como companheira.
- É… Imagino que realmente seja uma vida difícil… – falou Diana – Mas Alvo se é tão ruim passar por isso sozinho, talvez seja um pouco melhor se eu estiver ao seu lado.
- Concordo plenamente com você minha menina. Mas parece que Severus e seu enorme orgulho demoraram um pouco para aceitar isso. Ele nunca sentiu isso que está sentindo agora por ninguém. Pelo menos não que eu saiba. Acho que isso o assustou um pouco.
Diana sorriu.
- Fico contente que tenha despertado algo de bom em alguém que sempre teve uma vida tão ruim. Mas sabe, o que sinto por Severus… Também não se compara a nada que tenha sentido por ninguém… E é estranho, porque foi uma coisa meio que instantânea… Isso… Isso é possível Alvo?
Os olhinhos azuis do velho bruxo cintilaram por trás dos óculos de meia-lua.
- É minha criança. É claro que é. Agradeça a Merlin por ter te reservado algo tão bonito, pois acredito que com Severus tenha acontecido a mesma coisa. Nem todos têm esta mesma sorte.
- Alvo… - falou Diana receosa.
- Sim?
- Você disse que o fato de eu estar com Severus é muito perigoso, para nós dois…
- É sim. Ninguém pode saber do que há entre vocês.
- Então… Eu acho que… Acho que então o perigo será em dobro…

N/A: Genti!!!!!!!!!!! To adoranu ler os coments!!!!!
Continuem comentando!!!!!! Putz, um ano de fic!!!!! Nem imaginava q era tanto!!!! E pra comemorar a reconcilicação nesse cap!!!!! hehehehehehehehe
Bjuuussssssss.
Ah, e pra kem pudr kiser, um migaum meu fex p/ mim e pra fic, dêem uma moral lah:
http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=24472036 Vlw!!!!!!

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