Addie.



Capítulo 19; Addie.




- Addie... Addie, acorda...




Abri os olhos devagar. Johanna e Emily se encontravam do meu lado, me cutucando.




- Hm? Que horas são? – perguntei.



- Sete e meia – Em respondeu. – Você acabou dormindo, e a gente ficou com pena de te acordar.




Sentei, bocejando. Licy estava de braços cruzados no canto, com uma cara emburrada.




- Vamos, a gente tem que começar a se arrumar – Johan disse, se levantando. Fiz o mesmo.




Me espreguicei, bocejando e me preparando psicologicamente pra maratona de serviços de beleza que aconteceria a seguir.




- Ah, Licy, não fica chateada! A gente já pediu desculpa – falou Johanna.




- Além do mais, você não gostaria de perder a festa, gostaria?




- Não, Emily, eu odiaria perder a festa – resmungou Felicity, suspirando. – Mas, poxa! Vocês me acordaram na melhor parte do sonho, quando eu ia descobrir a indentidade secreta do Mickey que estava dançando tango comigo em um salão de baile feito de cristal lá em cima nas nuvens.




- Felicity, você é doida. – Riu Em. – Levanta daí e me ajuda a fazer o cabelo da Addie. Vai demorar um pouco porque a gente tem que fazer cachos, então é melhor começar com o dela.




Johan me empurrou pro banheiro e eu tomei um banho rápido, tentando não pensar muito no que havia acontecido mais cedo. Quando saí, fui arrastada até a cadeira em frente à penteadeira.




- Nós vamos fazer você ficar lindona, Addie. – Sorriu Emily. Ela penteou meu cabelo e disse: – Nossa, você tem muito cabelo. Mas é muito bonito também.




Eu pensei em como minha mãe costumava brincar com meu cabelo antes de dormir. Ela gostava tanto de inventar penteados estranhos... Uma vez ela usou um pote inteiro de gel e colocou todo meu cabelo pra cima, como em um imenso topete. Foi engraçado e nós rimos por um tempão, até que meu pai chegou e brigou com ela por ter gastado o gel dele.




Depois de secar meu cabelo, Licy e Em começaram a fazer vários cachinhos e prender com um grampo. Enquanto elas mexiam no meu cabelo, Johanna fazia suas unhas. Ela as estava pintando de um verde estranho, meio que cor de vômito. Resolvi nem perguntar nada.




Quando as duas terminaram de enrolar meu cabelo, cada uma foi fazer uma coisa. Emily começou a alisar suas, hm, madeixas loiro-escuras, e Licy entrou no banho. Andei até Johanna e sentei ao seu lado na cama.




- Tudo bem, Johan? – perguntei.




- Tudo. – Ela sorriu. – Obirgada por me ouvir mais cedo, Addie. Significa muito pra mim.




- De nada – respondi. – Faz minhas unhas?




- Claro! – Ela começou a remexer no seu estojo de esmaltes. – Adoro fazer as unhas das minhas amigas. Que cor você quer?




- Acho que rosa, mas bem clarinho.




Ela assentiu e começou a trabalhar. Nós conversamos sobre várias coisas, até mesmo sobre minha aula de Estudo dos Trouxas.




- Jensen Brooks é muito gostoso! – ela exclamou, rindo. – E ele também é maduro e sério. Pena que ele não namore alunas.




- Não sei, acho ele meio estranho – disse. – Tem alguma coisa a respeito dele que me deixa desconfortável.




- Mesmo assim, você tem que admitir que ele tem uma bunda que ai-meu-Merlin! – Ela começou a se abanar, fingindo estar com calor.




- Fica quieta, Johanna! – Ri, balançando a cabeça. – Eu não reparo nessas coisas não, tá?




Nessa hora, Licy saiu do banheiro. Quando me virei pra olhar pra ela, percebi que ela já estava pronta pra festa. Ela havia prendido sua franja com um grampo e vestia um vestido vermelho com bolhinhas pretas. Suas sapatilhas também eram pretas e ela usava luvas brancas.




- Ah! – ela exclamou, voltando pra dentro do banheiro e reaparecendo segundos depois, usando um arco com orelhas da Minnie. – Pronto!




- Own, que fofa! – Emily largou sua chapinha e correu pra abraçar Felicity. – Agora só falta sua maquiagem. Espera um pouquinho que eu já te ajudo.




Quando Em voltou a alisar seu cabelo, Licy veio até mim.




- Suas unhas estão, hã... interessantes, Johan – ela disse, fazendo uma careta. Johanna riu.




- Você vai ver, vai combinar com minha fantasia.




Depois que Johan terminou de fazer minhas unhas, ela me ajudou a colocar meu vestido. Eu nunca conseguiria apertar aquele espartilho sozinha.




Nós fomos pro banheiro. Depois de apertar tanto o espartilho que eu mal conseguia respirar, ela me ajudou a colocar o vestido. Fiquei com um pouco de vergonha porque o decote era um pouco mais fundo do que eu gostaria, mas quando me olhei no espelho mal pude acreditar.




Eu estava bonita. Mesmo!




O vestido não era tão rodado quanto eu esperava, mas acho que isso é uma coisa boa porque assim fica mais fácil de andar no meio da multidão da festa. Eu conseguia ver um pouco do espartilho aparecendo no decote, mas não tinha ficado feio. As mangas chegavam até meu cotovelo e elas haviam sido adornadas por fios rosas, assim como a barra da saia.




Nunca em toda a minha vida em me achei tão bonita assim. E olha que meu cabelo e minha maquiagem nem estavam prontos ainda. Quase chorei quando pensei em como meu pai estaria orgulhoso de ver sua “pequena” daquele jeito. Eu realmente gostaria de tirar uma foto de mim mesma naquele momento, mas eu não tenho uma câmera.




- Você vai arrasar corações, Addie – Johanna disse, descansando a cabeça no meu ombro e sorrindo pro meu reflexo.




Emily pulou em cima de mim quando me viu, quase me jogando no chão.




- Você tá tão linda! Parece uma princesa – ela disse. – Licy, eu vou me arrumar. Termina de arrumar o cabelo da Addie?




- Tá – Licy falou. – Vai ficar ainda mais bonita, Addie!




- Eu faço sua maquiagem – disse Johan. – Senta aqui.




- Mas e você? Quando vai se arrumar? – perguntei, sentando.




- Não se preocupe – ela respondeu. – Vai dar tudo certo.




Licy estava cantarolando uma música enquanto soltava os meus cachos, e Johan começou a me maquiar. Eu quase dormi ali na cadeira.




- Prontinho – disse Johan.




- Eu também terminei. – Licy deu um passo pra trás pra admirar sua “obra de arte”.




Me olhei no espelho, reparando na maquiagem leve que Johanna havia aplicado no meu rosto. Todas as minhas espinhas haviam sido escondidas e meus olhos pareciam bem maiores. Meu cabelo caía sobre meus ombros em cachos castanhos.




- Obrigada – eu sussurrei, as lágrimas vindo. – Obrigada mesmo...




- Ah não! Não chora! Vai borrar o rímel. – Johan correu até mim e secou meus olhos de leve com um lencinho de papel.




Não pude responder, porque Emily saiu do banheiro, gritando “Ta-da!”. Ela estava usando um vestido verde-claro beeem curto, sapatilhas verdes com pompons brancos, e seu cabelo havia sido amarrado em um coque alto no topo da cabeça.




- Ué? Ninguém vai me abraçar e dizer o quão linda eu estou, não? – Ela riu, colocando as mãos na cintura.




Nós fomos até ela e abraçamos, tomando cuidado pra não estragar o penteado dela. Em nos abraçou de volta e disse:




- Que horas são?




- Quinze pras dez. Acho que tá na hora da gente ir.




- Licy, você não tem que arrumar o Salão Comunal, não? – perguntei.




- Eu programei pro Salão se arrumar sozinho com magia. Já deve estar tudo pronto lá embaixo. – Ela sorriu.




- Peraí, gente! Eu ainda tenho que me arrumar! – exclamou Johan. – Vou demorar menos de cinco minutos, juro.




Ela entrou no banheiro e menos de cinco minutos depois saiu de lá.




Eu realmente não tenho palavras pra descrever o choque que a fantasia de Johanna Montgomery causou em mim. O que quer que eu estivesse esperando, com certeza não era isso.




Porque a fantasia dela consistia de nada menos nada mais que um vestido comprido marrom e sujo, um avental que um dia deve ter sido branco mas que agora estava cinza, tamancos horrorosos de madeira, e uma vassoura trouxa com as cerdas feitas de galhos.




- O QUE É ISSO?! – berrou Emily, arregalando os olhos.




- Você tá parecendo a Cinderella antes do baile! E por que você passou barro no rosto?




- Licy, minha filha, essa era a minha intenção desde o início. Eu quero parecer o mais suja e miserável possível, não entendeu? – Johan sorriu. – Por isso eu não passei maquiagem nem arrumei meu cabelo, e ainda sujei meu rosto.




- Mas por quê? – perguntei.




- Eu não quero ser vista só como um objeto. O garoto que ganhar aquele concurso estúpido vai ver o que é bom. E se ele gostar de mim mesmo quando eu estiver vestida assim, então isso quer dizer que ele gosta de mim pelo que eu sou.




- Entendo – falei, colocando uma mão no queixo e olhando pra ela de cima a baixo. Tentei achar um elogio em minha mente, mas não consegui achar nenhum. Eu nunca achei que fosse dizer isso sobre Johanna, mas ela estava mesmo feia. – Muito esperto da sua parte.




- Eu sei. – Ela sorriu. – Agora, vamos? Eu estou doida pra saber o que os outros vão achar da minha fantasia.




E assim, uma fada, uma rata, uma princesa e uma empregada desceram as escadas e adentraram o mundo encantado do Salão Comunal.








- Nossa! – nós dissemos juntas quando vimos o Salão Comunal.




Estava mesmo lindo. A cor das paredes havia mudado de vermelho pra branco e véus prateados e azuis haviam sido pendurados em algumas paredes. O teto havia sido enfeitiçado pra parecer o céu à noite. Havia um palco com uma mesa de DJ e um menino já estava lá em cima, mexendo em alguns CDs. No outro canto havia uma mesa comprida com vários doces e garrafas de cerveja amanteigada. Pufes prateados haviam sido espalhados pelo lugar, que havia sido aumentado de tamanho três vezes. Licy também havia enfeitiçado o Salão inteiro e o feito a prova de som para que McGonagall não ouvisse o barulho da festa.




Antes que qualquer uma de nós pudesse dizer alguma coisa, um menino ruivo vestido de Mickey Mouse desceu as escadas correndo e se jogou em cima da Licy.




- FELIZ! – ele gritou.




- Natinho, sai de cima de mim!


Levantei uma sobrancelha enquanto observava os dois. Eles estavam rindo.




- Nate, eu não acredito que você também se vestiu de rato! – exclamou Johanna. – Vocês dois nasceram um pro outro mesmo.




- Hey! Johan, fica quieta. O Natinho é como um irmão pra mim. Ele pode ter a cor de cabelo mais legal do mundo, mas isso não quer dizer que a gente vá namorar.




- É verdade – assentiu o menino. – A Feliz também é como uma irmã pra mim. E ela não gosta de admitir, mas ela nunca vai conseguir pintar o cabelo da mesma cor que o meu. Porque eu sou ruivo natural, há!




Os dois começaram a discutir. Era engraçado assisti-los, porque eles eram tão iguais e tão diferentes ao mesmo tempo. De certa forma, parecia que eles foram feitos um pro outro.




- Esse é o Nate, ou melhor, Nathaniel Benson. Melhor amigo do Rob – disse Johanna. – Ele é legal, mas meio estranho. Ele e a Licy se amam, apesar de não admitirem.




- HEY! – os dois berraram juntos e partiram pra cima de Johan.




Me senti meio como que uma intrusa ali, então procurei pela Emily. Ela estava com o menino perto da mesa de DJ. Assumi que aquele fosse seu namorado Jason, pelo jeito que os dois estavam se, hm, agarrando.




- Você está bonita.




Virei e meus olhos encontraram os azuis de Robert Caldwell. Corei, uma mistura de raiva e vergonha, e saí andando na direção contrária. Lá de longe, o observei. Ele suspirou e passou uma mão pelos cabelos já bagunçados, e em seguida andou até o tal de Nate e começou a conversar com ele.




Robert estava muito bonito, apesar de eu odiar admitir isso. Sua fantasia era de época e estranhamente combinava bastante com a minha. Por um segundo, eu cogitei a possibilidade de ser destino, mas afastei isso da minha mente. Eu não quero ter nada a ver com ele, não mais. É melhor que a gente ignore a presença um do outro, porque apesar de o dia que eu passei ao lado dele ter sido muito divertido, é difícil tirar da minha cabeça o fato de que ele na verdade é o Robbie e que ele me viu tão vulnerável como naquela noite. Eu não sei se ele sabia que era eu ou não, mas isso não importa. Porque mesmo que algo acontecesse entre a gente, nunca daria certo.


Nós pertencemos a mundos diferentes, e isso nunca vai mudar. 




N/A: hoje eu pensei bastante nessa fanfic, se eu deveria continuar com ela ou não. Porque, apesar de eu amar isso aqui, eu sinto que estou deixando todas as minhas leitoras na mão. E aí eu pensei que eu as deixaria mais na mão ainda se desistisse disso aqui. E eu decidi levar essa fanfiction mais a sério. Até escrevi o capítulo 20, olha só! Espero que gostem desse, e eu sei que não tá muito bom, mas o próximo estará melhor. E eu vou tentar fazer as coisas acontecerem mais rapidamente, porque eu sei que ando enrolando bastante, rere. Eu postei um trecho do capítulo 20 no meu blog, makearainbow.tumblr.com, se quiserem ler. É só procurar lá (:

Eu amo todas vocês, independente de já ter falado com vocês ou não. Obrigada por não desistirem da Addie e do Rob, e principalmente, por não desistirem de mim.

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