Addie.





N/A: E tá aqui o primeiro capítulo. (: Eu sei que ninguém comentou, mas algumas pessoas visitaram a fic [\o\], então eu to postando. Na verdade, eu odeio postar fic antes de ter muitos capítulos prontos, porque sempre perde a graça [sei lá por que uu'], mas resolvi arriscar com essa. *-* Espero que gostem ;D E, só pra deixar claro, cada capítulo vai ser contado do ponto de vista de um dos personagens principais [Addie ou Robert]. E, não, eu não tirei o nome do Robert do Robert Pattinson. E eu nem sei por que to escrevendo isso :x HASUHSAUHSUAH; ... não teve graça. Eu sei. (?)' Enfiim, eu não vou pedir comentários nem nada, mas se quiser comentar não tem problema não :D E, bem, eu aceito capas \o [quem não aceita? o.õ]

'Brigada por ler tudo até aqui (: Normalmente eu escrevo o N/A no fim do capítulo, mas resolvi escrever no início dessa vez.

Beeijo!




Capítulo Um; Addie.



- Atrasada novamente, Srta. Finley.

Entrei correndo na sala de Estudo dos Trouxas, parando subitamente ao perceber o olhar de todos em mim. Abaixei a cabeça e caminhei até minha carteira – a primeira da fila -, xingando mentalmente a porcaria do meu despertador que não tocou.

O professor Brooks balançou a cabeça levemente e se virou pro quadro negro, escrevendo alguma coisa sobre tomadas. Eu suspirei, pegando um pedaço de pergaminho, um tinteiro e uma pena, e começando a escrever.

Venho de uma família tradicional trouxa, escocesa. Costumávavos viver em uma ilha chamada Mainland, situada no arquipélago de Orkney. Era linda, fato. Eu amava morar lá, mas, infelizmente, a plantação de abóboras que tínhamos foi subitamente inundada pelo rio, que transbordou devido às intensas chuvas de outono. Meu tio Albert trabalhava em Londres, e, sabendo da nossa situação, ofereceu um emprego ao meu pai. Tivemos que nos mudar de nossa casa cheia de flores e vida para um apartamento muito pequeno no centro da cidade. Até hoje não me acostumei com as multidões e falta de ar puro da Inglaterra, por isso amo tanto Hogwarts. Aqui eu posso passear pelos jardins e observar a chegada da primavera, respirando o ar limpo do campo.

- O que nos diz, Srta. Finley?

- Hã?

- Eu fiz uma pergunta, Srta. Finley, e espero que você responda. – Brooks disse, rolando os olhos. Ele era bonito, jovem e musculoso. A maioria das meninas na classe estavam aqui apenas pra observá-lo, mas eu não. Eu nunca liguei muito para beleza, já que não me achava nem um pouco bonita.

- Desculpe, professor – falei baixinho. – Poderia repetir?

- Esqueça, Srta. Finley. – ele disse, balançando a cabeça negativamente. – Sr. Winchester, qual é a resposta?

Corei, enquanto Brooks reclamava para si mesmo em voz baixa e outro aluno respondia.

Depois de alguns minutos humilhantes - que o professor passou me encarando -, o sinal tocou. Aliviada, juntei minhas coisas e saí.





Me dirigi ao Salão Principal, já que tinha acordado atrasada e não tinha tomado café-da-manhã. Porém, ao chegar lá, não havia sobrado comida nenhuma nas mesas. Respirei fundo e resolvi ir ao banheiro, lavar o rosto e pensar em um jeito de ignorar a fome.

Eu gostava de usar o banheiro da Murta, pois ele estava sempre vazio e lá ninguém iria implicar comigo, tirando uma fantasma esquisita e chorona.

- Olá, Murta – falei, enquanto abria a porta. Se eu não a cumprimentasse sabia que ela faria um escândalo e me molharia com água da privada. – Como vai?

- Oh, olá Addie querida – Murta apareceu, saindo de um dos boxes. – Tudo continua o mesmo, infelizmente. Nenhum menino vem aqui desde o Harry, e eu estou entediada como nunca.

Harry Potter havia frequentado Hogwarts há alguns anos atrás, uns sete, acho. Ele era famoso no mundo bruxo, mas eu mal sabia algo sobre ele, já que eu só tinha contato com o mundo mágico quando estava em Hogwarts. Os boatos diziam que em seu segundo ano ele havia quebrado as regras da escola e feito uma Poção Polissuco nesse banheiro, mas nada foi comprovado.

- Ainda bem que você me faz companhia, Addie – Murta rodopiou no ar. – Não somos muito diferentes, sabe? Eu me indentifico tanto com você!

Olhei para ela, seus óculos fora de moda, seu penteado de maria-chiquinhas, suas saias no joelho, meias compridas e sapatos de fivela. Depois disso, me analisei no espelho. Eu estava usando meias pretas até o joelho, sapatos pretos – não de fivela, graças a Merlin – e a saia normal, também preta. Mas a minha era um pouquinho mais curta que o normal, já que eu a usava havia dois anos. Meu pai insistiu em comprar uniformes novos para mim, mas eu não deixei. Não ia gastar nosso dinheiro, que já era pouco, em coisas fúteis como essa. Além do mais, ninguém prestava atenção em mim, mesmo. Ajeitei a gravata vermelha e dourada, voltando o olhar para meu cabelo e rosto.

Peguei um cacho do meu cabelo e o olhei de perto. A cor era exatamente como a de minha mãe, um castanho-claro-acobreado-dourado estranho. Para encurtar, castanho. Poderia ser bonito, se eu cuidasse da minha aparência. Meus shampoos eram sempre os mais baratos que eu encontrava no mercado e eu tinha uma escova de cabelo tão velha que a maioria das cerdas havia caído. Olhei para meu rosto no espelho rachado e sujo. Meu queixo era de um tamanho normal, minhas bochechas fofinhas e minha boca aceitável. O nariz não era perfeito, lógico, era ligeiramente comprido demais. Meus olhos eram cinzentos e sem-graça, grandes e com cílios compridos.

Suspirei, afastando a franja dos olhos e repreendendo-me mentalmente. Nunca liguei para aparências e não seria hoje que começaria a ligar.

- Addie, está com fome? – Murta perguntou, ao ouvir o forte ronco que meu estômago deu. – Por que não vai até a cozinha? Os elfos preparam tudo fresquinho. Eu fazia isso muito quando era viva, sabe, mas agora que eu estou... estou...

- Morta...?

- Mas que insensível! Não precisava me lembrar! – ela gemeu e pulou no vaso sanitário. Se eu não tivesse me esquivado a tempo, teria ficado encharcada.

Enquanto saía do banheiro, pensei no que a Murta disse. Minha barriga roncou de novo, então eu resolvi seguir seu conselho.

Ao chegar no quadro que eu sabia que era a entrada para a cozinha, fiquei confusa. Não havia maçaneta, trincos, nada. Já estava desistindo quando uma criaturinha pequena e orelhuda se aproximou.

- Olá, senhorita – disse o elfo doméstico. Ele tinha grandes olhos amarelados e tufos de cabelo preto saindo de suas orelhas anormalmente gigantes. – Quer entrar na cozinha? Manny pode ajudar, senhorita.

- Oi, hm, Manny – falei. – Quero sim, por favor.

- Manny vai mostrar como se faz, sehorita – Manny limpou as mãos sujas no trapo que estava usando e estendeu um dedo cinzento longo até a pêra na cesta de frutas da pintura. O quadro rodou para o lado e eu sorri. – Entendeu, senhorita?

- Obrigada, Manny – falei, dando um passo e passando a mão levemente pela sua cabecinha careca, como se acariciasse um cachorro. Os olhos amarelos dele se encheram de lágrimas. – E pode me chamar de Addie se quiser.

- A senhorita é tão bondosa! Tocar em Manny! Ninguém toca em Manny, senhorita. Manny está tão feliz! Manny agradece muito, senhorita! – Ele assoou o nariz na roupa. – E Manny não pode chamar a senhorita pelo primeiro nome, senhorita. É feio.

- Por favor, Manny – falei, um pouco desconcertada pela sua gratidão. -, me chame de Addie. Faça isso por mim, tudo bem?

- Se a senhorita insiste, Manny faz – ele disse, os olhos marejados. – Vamos entrar na cozinha, senhori- Addie. Manny vai preparar uma coisa especial!

O segui, sorrindo. Lá dentro vários outros elfos trabalhavam, colocando e tirando coisas do forno, sovando massas e misturando ingredientes.

- Sente aqui, Addie – Manny me puxou até umas cadeiras no canto e eu me acomodei. – Manny já volta com comida.

Cantarolei uma música enquanto observava os outros elfos trabalhando. Eles, de certa forma, me lembravam meu pai e seus empregados trabalhando na plantação de nossa antiga casa, estudando as abóboras debaixo do sol escaldante e as colocando na carroça para vender no mercado da vila. Era uma coisa singela e pequena, mas as pessoas da cidade gostavam de nossas abóboras e nós nunca passamos fome.

Éramos só eu e meu pai, mas nem sempre foi assim. Aos nove anos, um ano depois de me mudar para Londres, minha mãe sofreu um acidente. Ela estava atravessando a rua para me buscar na escola trouxa quando um carro a atropelou. Disseram que o motorista estava bêbado, mas ninguém nunca o pegou pois ele fugiu assim que derrubou mamãe no asfalto. Ela foi direto para o hospital, já que a diretora da escola havia visto tudo e chamado uma ambulância. Eu e papai não tivemos que esperar muito tempo na recepção do hospital para descobrir que minha havia entrado em coma. Os médicos falaram que seu cérebro se desligou devido ao choque da batida, mas o coração estranhamente continuava a funcionar. Era como se ela não tivesse mais alma, mas continuasse viva. Como uma concha vazia.

Mamãe continua assim até hoje, aos meus dezesseis anos. Eu a visito todos os dias nas férias, e mando cartas de Hogwarts, mesmo sabendo que ela não pode lê-las. Meu pai tem que pagar as contas do hospital e ainda cuidar de mim e dele mesmo, por isso eu não o faço gastar tanto quanto uma adolescente gastaria em condições normais.

- Aqui está, Addie. Manny que preparou! – Ele voltou satisfeito, carregando uma bandeja nas mãos ossudas.

- Obrigada, Manny – sorri. Ele fez uma reverência e se retirou.

Peguei o garfo e comecei a comer. Manny tinha cozinhado tanta comida que eu suspeitava que pudesse alimentar toda a Grifinória e ainda sobrar. Havia geléias variadas, pães de todos os tipos, quentinhos e recém-saídos do forno, jarras e mais jarras de sucos, leite integral, leite desnatado, leite com chocolate, leite quente, leite morno, leite gelado, café-com-leite, bacon, ovos, sanduíches, queijo, presunto, manteiga, margarina, pasta de amendoim, açúcar, café, salsichas, iogurtes, chá de camomila, erva-doce, preto, jasmim, laranja e muitos outros, donuts, bolinhos com castanhas, nozes, chocolate, sonhos, bombas de chocolate branco, cookies cobertos de caramelo, sal, laranjas, maçãs, bananas, pêras, uvas, amoras, framboesas, melões, cerejas, caquis, kiwis, cajus, melancias, cajás e mel.

Ao terminar, minha barriga estava imensa e eu comecei a ficar com sono. Decidi ir ao meu dormitório e faltar as aulas do resto do dia. Ninguém ia ligar mesmo, ninguém nunca prestava atenção em mim.

Me despedi de Manny, que chorou um pouco, e segui em direção ao Salão Comunal da Grifinória.




Pensei que todos estavam em aula àquela hora, mas me enganei. Ao virar um corredor no quarto andar, bati de frente com dois meninos, derrubando as torradas e bolinhos que Manny havia enrolado em um pano brilhante e dito para eu comer mais tarde.

- Desculpe... – murmurei, corando e catando a comida, agora esparramada pelo chão sujo.

- Tudo bem – ouvi um dos meninos falar. – Eu te conheço?

Voltei meu olhar para os dois, percebendo que eu já os havia visto no Salão Principal algumas vezes. Um deles era alto, com cabelos loiros caindo em seus olhos azul-vivos. O outro era um pouco mais baixo, com cabelo cacheado escuro escondido debaixo de uma touca verde-limão e olhos também claros. O primeiro usava o unirforme da Grifinória e o segundo da Corvinal.

- Não – respondi, corando e abaixando a cabeça. – Com licença.

Comecei a andar, meus braços lotados de alimentos agora-não-comestíveis. Porém, o menino mais alto me segurou justamente pelo cotovelo, e todos os bolinhos caíram de novo.

- Espera, me diz seu nome. – ele disse, enquanto seu amigo suspirava e rolava os olhos.

- Por que você quer saber? – perguntei, tirando sua mão do meu braço. Me abaixei para pegar a comida.

- Acho que é meio óbvio – ele falou, sorrindo para mim. Corei, fato. O sorriso dele é lindo, fato. E ele também é um idiota, fato. – Você tá livre no sábado à noite?

O encarei de boca aberta. Quem ele pensa que eu sou? Uma qualquer? Se tem uma coisa que minha mãe me ensinou quando eu era pequena é pra nunca ir em um encontro com uma pessoa que te chama pra sair antes mesmo de dizer o próprio nome. Respirei fundo, contendo a vontade de dar um tapa naquele rosto bonito.

- Não.

O menino fez uma cara estranha, como se tivesse comido algo estragado. Ele apertou os olhos e disse:

- Acho que eu não ouvi direito. O que você disse?

- Tenho certeza que você ouviu direito, menino – falei, terminando de catar os bolinhos e o encarando diretamente nos olhos. – Eu disse não. Êne-á-ó-til. Não. É tão difícil de entender?

Rolei os olhos, dando as costas para a expressão perplexa dele e os risos do amigo. Percebi que ele disse alguma coisa, mas não consegui ouvir.

Ao chegar em meu dormitório caí na cama, jogando os bolinhos e torradas no lixo antes. Pensei em como seria legal se eu socasse o rosto daquele garoto. Quando eu era bem pequena e nós vivíamos em Mainland, meu pai me ensinou a me defender. Como eu sempre fui “o filho que papai nunca teve”, Leigh Finley, meu pai, gostava de me tratar como um menino, e assim eu fui criada, não ligando para minha aparência, apesar dos protestos de mamãe e de suas tentativas de me fazer colocar um vestido. Eu sei como quebrar o nariz de alguém e como desarmar uma pessoa, mas não sei andar de salto alto. É estranho, quando eu era menor nunca me preocupei com isso, mas, de uns tempos para cá, tenho passado noites em claro pensando em como me tornar mais feminina. Talvez sejam os hormônios, vai saber, o caso é que eu não tenho mais uma mãe para compartilhar essas coisas e me contar sobre suas experiências, por isso vivo na ignorância. De qualquer forma, isso nunca me incomodou, não até agora, pelo menos.

O negócio é que quando eu fui me olhar no espelho, percebi que meu rosto estava vermelho e meu coração batendo mais forte.




O próximo capítulo será sob o ponto de vista do Robert ;D

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.