Robert.





Capítulo Dois; Robert.



Acordei com o sol na minha cara. O idiota do Nate, meu colega de quarto, tinha aberto minhas cortinas de propósito. Ele sabia que eu planejava faltar as aulas hoje, e ainda assim fez uma coisa dessas. To falando, eu não mereço. Não mereço mesmo.

Quando eu acordo não consigo mais dormir. Então, depois de meia hora encarando o teto do quarto, resolvi levantar, tomar um banho e andar por aí. Quem sabe procurar pelo meu próximo alvo. É, talvez. Era sempre divertido ver a expressão das meninas quando eu jogava meu cabelo para o lado e sorria. Elas babam por mim, eu sei.

Eu não sou convencido, prefiro me chamar de realista. Afinal, se eu nasci com essa beleza toda, por que não aproveitar? Henry, meu irmão mais velho, vive me lembrando que eu tenho que ser livre e pegar quantas meninas conseguir. Acho que ele tem uma idéia maluca de me incentivar a fazer o que ele não fez, e nem pode mais, já que agora está casado e com uma filhinha.

Enfim, ao sair do Salão Comunal com o cabelo molhado e o corpo perfumado, resolvi ir até o campo de quadribol, voar um pouco e tal, então peguei minha vassoura. Pretendo fazer o teste para artilheiro ainda esse ano. Soube que o capitão do time da Grifinória, Jason Reid, vai escolher os novos artilheiros e batedores um pouco antes da temporada de quadribol começar, então tenho que treinar muito.

Não sei quanto tempo passou, mas quando saí de lá estava tão suado que parecia que tinha tomado outro banho. Suspirei, voltando de novo ao meu quarto e me trocando. Quando estava ajeitando a gravata em frente ao espelho, alguém bateu na porta.

- Heather?

- Oi, Robbie. Como vai?

Heather era uma menina do quinto ano, super gostosa. Bunda grande, peituda e o melhor de tudo: sem cérebro.

- Já disse para não me chamar de Robbie. – resmunguei.

- E como quer que eu te chame, então, Robert Caldwell? – ela falou, fechando a porta com o pé e chegando mais perto. – De qualquer forma, você continua sendo o Robbie pra mim.

- Se você continuar eu vou ficar zangado... – sussurrei, mordendo levemente seu lábio inferior. – E eu posso ser muito, muito mau quando eu quero.

Tomei seus lábios com força. Heather correspondeu, desabotoando minha camisa. Arranquei sua blusa e depois tirei sua saia. Ela colocou uma mão por dentro da minha cueca enquanto a outra brigava com meu zíper. A empurrei com força na cama do Nate, tirando eu mesmo a minha calça e deitando sobre ela.

A brincadeira terminou depois de mais ou menos meia hora. Heather levantou, me mandou um beijinho enquanto se vestia, e disse:

- Espero que a gente possa repetir outro dia, Robbie.

- Você sabe que eu estou sempre a fim, Heather – falei, sorrindo. Ela chegou perto de mim e me beijou, saindo em seguida do meu quarto.

Desci as escadas e procurei por alguma comida. Freqüentemente os alunos esqueciam pacotes de biscoito e latinhas de refrigerante no Salão Comunal, e eu dei sorte de achar alguns pacotes e latinhas ainda fechados. Me esparramei em um dos sofás vermelhos e comi.

Com o tempo comecei a ficar entediado, então resolvi andar pelo castelo só pra ter alguma coisa pra fazer mesmo.

Ao chegar nos jardins, encontrei Todd, um corvinal certinho e engraçado, que usava a camisa para dentro da calça e uma touca verde-limão todo santo dia.

- Matando aula, Todd? Tsc, tsc, que feio. – Balancei minha cabeça e sentei ao seu lado, debaixo da árvore.

- Cala a boca, Robert – ele resmungou, tirando algo de seu bolso. Era um cigarro. Ele acendeu com magia e deu uma tragada. - Quer? – ofereceu.

Não aceitei. Eu não fumava e quase nunca bebia. O negócio é que meu avô estava sempre bêbado e com cheiro de cigarro, e ele sempre batia em minha avó quando voltava pra casa de madrugada. Eu lembro do tempo em que passei minhas férias na casa deles, em como eu forçava meus olhos a se fecharem à noite, embora não conseguisse dormir de jeito nenhum. Eu sabia que em pouco tempo minha avó ia começar a chorar e meu avô ia xingá-la e quebrar garrafas no chão. Era um som horrível, e até hoje eu não pisei mais naquele lugar. Há três anos meu avô morreu de câncer de pulmão, e agora vovó mora na minha casa comigo e com meus pais. Sua antiga mansão – sim, o troço era enorme! – está vazia e abandonada, com teias de aranha por todo lado e tábuas que rangem.

Isso me ensinou a não fumar, entende? Porque eu não quero acabar como aquele velho, batendo na esposa e decepcionando toda a família.

- O que aconteceu, Todd? – perguntei. Alguns podem dizer que eu não tenho sentimentos, e talvez eu não tenha mesmo. Mas Todd era meu amigo e parecia mal, o que mais eu poderia fazer?

- A Jennifer... Ela terminou comigo hoje.

Todd e Jennifer eram considerados por todos em Hogwarts como o casal perfeito. Eles estavam sempre sorrindo, se abraçando, beijando e fazendo juras de amor por aí.

- Mas vocês pareciam tão bem ontem... – falei, franzindo o cenho.

- Eu também achava isso – Ele balançou os ombros. – Mas hoje de manhã ela me disse que não estava dando mais certo, que não gostava mais de mim do mesmo jeito de antes, que eu ia achar outra menina melhor que ela e blá blá blá, todas essas baboseiras que mulheres falam. – Todd tragou seu cigarro e colocou uma mão em meu ombro. – Siga esse conselho, Rob: não se apaixone. Só traz dor de cabeça, to falando. A gente investe pra cacete no relacionamente e tal, pra depois ela te chutar como se você não valesse nada. Mulheres não prestam, meu amigo, não prestam.

- Todd, você tá com uma puta dor-de-cotovelo – falei, arregalando os olhos. – E pára de fumar essa droga, homem.

Arranquei o cigarro de suas mãos, jogando no chão e apagando-o com o pé. Todd fez uma cara feia, mas suspirou em seguida e chacoalhou a cabeça.

- Depois não diga que eu não te avisei, Rob.

- Eu não me apaixono, Todd – eu disse. – Você sabe disso. Nunca me apaixonei e nunca vou me apaixonar.

- Que seja – Ele deu de ombros. – Quer dar uma volta?

- Pode ser.

Nós dois andamos pelo castelo em silêncio. Em minha mente eu procurava por algum assunto que melhorasse seu humor.

- Você vai fazer o teste pro time de quadribol? – perguntei, forçando um sorriso.

- Eu ia, mas não sei se vou mais – Quando perguntei o por que, ele respondeu: - Depois que a Jenny arrancou meu coração e o jogou no chão, quebrando o coitado em mil pedacinhos, eu não tenho mais vontade de nada.

- Ah. – Foi o que eu consegui dizer. – Bem, é um alívio para mim. Você joga bem, Todd, embora eu seja muito melhor, é claro. Não ia ser bom ter um batedor como você no time adversário.

- Idiota – Todd resmungou, mas estava sorrindo levemente. – Agora eu vou ter que entrar no time só pra te mostrar que eu jogo muito mais que você.

Ri um pouco, arrancando a touca dele e correndo. Todd me seguiu, gritando pela touca. Quando ele conseguiu me alcançar, já estava ofegando. Mas estava rindo.

- Toma – falei, jogando o troço pra ele, que me xingou e depois me deu um tapa na cabeça. – Não acha que tá na hora de mudar o visual não?

- Mas foi... Foi a Jenny que me deu essa touca no nosso aniversário de uma semana de namoro, há dois anos atrás.

- Foi mal... – Sorri sem jeito. – Vocês namoraram por dois anos? Como você aguentou ficar com a mesma mulher por tanto tempo?

- É fácil quando você a ama – ele disse. – E os anos passam num piscar de olhos, to falando sério. Quando você tá apaixonado só pensa naquela pessoa, só quer beijar aquela pessoa e fazer, hm, outras coisas com aquela pessoa. Nada mais importa.

Fiz uma careta, pensando na coisa melosa que ele havia acabado de falar. Eca, se apaixonar deve ser uma droga. Merlin que me livre, espero nunca amar alguém tanto assim. E se a pessoa beijar mal? Será que eu vou achar que ela beija bem só porque estou apaixonado? Haviam tantas perguntas que eu queria fazer, mas tinha vergonha. Isso ficou martelando na minha cabeça, até eu virar um corredor qualquer no quarto andar e bater de frente com uma menina.

Ela estava carregando um embrulho cheio de bolinhos e torradas, a coisa mais estranha.

- Desculpe... – ela murmurou, e eu aproveitei para dar uma boa olhada no conteúdo enquanto ela abaixava para catar a comida.

A garota era magra, com cintura fina e pernas bonitas. Era muito branca e seus cabelos não tinham cor definida. Era mais pra castanho, acho. Sua saia era um pouquinho curta, não tanto quanto a da Heather, lógico, mas o bastante para eu conseguir ver um minúsculo pedacinho de sua calcinha verde.

Ela não era muito meu tipo, sendo muito sem comissão de frente e sem bunda. Eu gostava do tipo, hm, “mulher”, e ela estava mais para “menina” ainda.

- Tudo bem – falei. Tive a súbita impressão de ter visto a dita-cuja em algum lugar, talvez na Sala Comunal da Grifinória. – Eu te conheço?

- Não – ela respondeu, abaixando a cabeça. Percebi que suas bochechas ficaram vermelhas. Que criança. – Com licença.

Eu ia deixar a menina ir embora, mas alguma coisa me fez estender a mão e segurar seu cotovelo. Não sei o que foi, uma força sobre-natural, talvez?

Ela deixou os bolinhos caírem de novo, a desastrada. De qualquer forma, pensei, até que poderia ser divertido brincar um pouco com ela. Tão inocente e bobinha, aposto que adoraria passar a noite comigo, afinal, não são muitas – ok, são sim – que tem o privilégio de dormir com o gostosão aqui.

- Espera, me diz seu nome. – eu disse, dando uma de bonzinho, com voz de criança. As ingênuas sempre caíam nessa.

Pra meu espanto, ela apenas suspirou e rolou os olhos.

- Por que você quer saber? – perguntou ela, tirando minha mão de seu braço. Então ela abaixou para pegar a comida, me deixando com cara de idiota.

- Acho que é meio óbvio – falei, lançando meu sorriso-sedutor-e-matador-de-garotas. Ótimo, ela corou. Isso é bom. Continuei sorrindo, mas minha boca já começava a doer. Decidi ser direto. Ela tinha cara de ser tão boazinha que provavelmente iria responder “sim” antes mesmo de pensar em outra resposta. – Você tá livre no sábado à noite?

Ela escancarou a boca. Ok, mau sinal, mau sinal. A menina estava com uma expressão tão surpresa que eu fiquei com medo de ela estar tendo um ataque cardíaco ou coisa do tipo. Então ela respirou fundo, parecendo sair do transe em que estava antes, e me olhou.

- Não.

Aposto que minha cara deveria estar muito estranha naquela hora, porque eu fiquei chocado. Como assim ela me rejeitou? Eu queria gritar, esmurrar o travesseiro, alguma coisa, mas mantive o auto-controle e sorri novamente, apertando os olhos pra ela e fingindo estar bem.

- Acho que não ouvi direito. O que você disse?

Não posso ter sido rejeitado. Não, isso é impossível. Qualquer garota de Hogwarts mataria para sair comigo e agora essa... essa ninguém vem e diz um não bem grande na minha cara. Eu devo ter escutado errado, é claro. Essa é a única explicação plausível.

- Tenho certeza que você ouviu direito, menino – ela falou, me encarando com seus olhos azuis-acinzentados-estranhos. Ouch, essa doeu. Uma garota não te chama de “menino” se quer sair com você. – Eu disse não. Êne-á-ó-til. Não. É tão difícil de entender?

Ela se virou, andando – quase correndo, na verdade – e eu percebi que Todd estava rindo, o retardado. Dei um socão no seu braço e ele parou. Fechei minhas mãos com força, cravando as unhas na pele. Olhei para as costas da garota e disse:

- Grave essas palavras, Todd – Ela virou no próximo corredor e sumiu de vista. - Eu vou fazer essa menina se apaixonar por mim. Pode contar com isso.

Parece que achei meu próximo alvo. Há.




N/A: Eu queria agradecer pelos comentários *-* E pela capa muucho perfeita que minha Mana Chel fez pr'eu. (: E também pra quem passou aqui na fic \o . Espero que tenham gostado desse capítulo, eu amei escrever do ponto de vista de um garoto [eu sempre faço o POV de meninas :~]. O Robert é um safado, galinha, nojento e provavelmente já deveria ter contraído uma doença sexual pelas tantas vezes que ele já, hm, fez sexo [foram MUITAS.], mas eu não consigo evitar e amo esse menino [que, infelizmente, só existe em fic uu']. Tenho que ir agora, senão escreveria um N/A maior :T . Beeijo !

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