Addie.



Capítulo 15; Addie.


O que Ashton está fazendo aqui? Certo, eu nem me importo muito em ter Robert Caldwell aqui do meu lado, apesar de ele ser um loiro irritante e estúpido. Mas, Ashton Ludmoore... ? Já não basta nosso, hm, passado turbulento, eu ainda tenho que dar de cara com ele fora de Hogwarts, em um dos raros momentos em que eu me encontrava realmente feliz.

- Ashton? – repeti, e esfreguei os olhos só para me certificar que eu não estava vendo uma miragem ou algo do tipo.

- Addie? – Ele arregalou os olhos, e sua boca abriu tanto que o chiclete roxo caiu no chão. Mas que eca. O estranho é que ele parecia tão surpreso quanto eu.

- Vocês se conhecem? – Robert fraziu o cenho e ficou alternando olhares entre Ashton e eu.

- É uma longa história – falei, suspirando e colocando uma mecha do cabelo atrás da orelha.

Olhei para Johan, Licy e Em, e as três pareciam bastante chocadas. Então, o rosto de Johanna se iluminou e eu tive a sensação de que ela ia fazer algo e que eu não ia gostar nadinha disso.

- Emily, Felicity, acho que esqueci de falar pra Mildred uma coisa sobre minha fantasia – ela disse. – Vamos lá comigo? Por favooor?

- Hã, claro. Me dá sua fantasia, Addie, eu tomo conta dela pra você – Licy disse. Ela levantou uma sobrancelha para Johanna. Em teve um ataque de risadinhas, e Johan as arrastou até Madame Malkins, me deixando sozinha com um loiro idiota que não me deixa em paz, um ex-amigo de infância que me odeia, e uma menina desconhecida.

Muito obrigada, Johanna. Muito obrigada.

- O que vocês dois estão fazendo em Hogsmeade? – Robert perguntou, cruzando os braços.

- Não te interessa, Robert – falou a menina, Beatrice, acho. – E você? Me seguiu até aqui, é isso?

É impressão minha ou esses dois não se dão muito bem?

- Claro que não, Beatrice – Ele rolou os olhos. – Na verdade, eu vim aqui com a Addie.

- O QUE? – berrou Ashton, ao mesmo tempo que eu abria minha boca pra perguntar o mesmo. Ele recebeu um olhar feio de Beatrice e se calou.

- Só concorda comigo, pelo amor de Merlin. Eu to te implorando, Addie, por favor, por favor – Robert murmurou por entre os dentes para mim.

Suspirei, me xingando em pensamento. Acho que às vezes sou boazinha demais mesmo. Eu provavelmente não concordaria em circunstâncias normais, mas ele realmente parecia desesperado, e, bem, o que eu podia fazer? Tudo bem, eu não gosto dele. Mas também não sou tão má a ponto de recusar um pedido quando o garoto mais precisa de mim.

... E isso soou meio estranho, mas tenho certeza que qualquer um concordaria se visse a expressão no rosto dele.

E, embora eu tenha quase certeza de que vou me arrepender disso depois, apenas assenti discretamente.

Robert abriu um sorrisão para mim. Ele parecia agradecido de verdade. E isso meio que me fez sorrir involuntariamente também.

- Com ela? – Beatrice perguntou, me encarando com desdém.

- É, com a Addie – Robert disse, num tom defensivo. Então ele colocou seu braço em volta do meu ombro, assim como antes. – Por que? Algum problema?

Menti para mim mesma dizendo que estava odiando aquela sensação, quando, no fundo, eu desejava que ele nunca me soltasse.

Ai, que vergonha por admitir isso.

- Não, problema nenhum... – Ela passou a encarar suas unhas pintadas de vermelho. -  Apenas nunca achei que seus padrões pudessem cair tanto.

- Eu não vou admitir que você fale assim da minha namorada, Beatrice. – Robert falou, me puxando para mais perto. Ele disse aquilo com tanta certeza na voz, que eu achei até estranho.

Ou ele é mesmo um bom ator, ou ele está falando sério.

Mas espera um pouco... Namorada?!

- Então essa qualquer é sua namorada, não é? – Beatrice disse, falando essa palavra com tanto nojo e ódio que me assustou.

Olhei para Ashton pelo canto do olho e percebi que ele mantinha uma expressão sério e dura, os olhos vidrados em algum ponto ao longe.

- Olha só, eu já te avisei – Robert falou, apertando os olhos. – Não admito que você fale assim com a Addie. Ela é uma pessoa muito melhor do que você jamais conseguiria ser, Beatrice. E, com certeza, ela é uma namorada melhor também.

Assisti enquanto Beatrice enterrava as unhas nas palmas da mão e batia o pé furiosamente, seu salto fazendo um “plec” ao colidir com o chão duro. Achei que ela fosse gritar, ou sair correndo, ou qualquer coisa do tipo, mas, para minha surpresa, ela apenas caminhou até Robert e puxou a gravata dele de leve.

- Eu sei que você ainda me quer, amorzinho – Ela roçou seus lábios nos dele. – E você pode me ter... É só largar essa menina feia, e voltar para mim. Hm, o que você acha? Poderíamos nos divertir bastante juntos... – E então Beatrice aproximou sua boca do ouvido de Robert e sussurrou: - Como nos velhos tempos.

Franzi o cenho, não entendendo o que ela queria dizer. Robert parecia bem atordoado, e havia apoiado todo o peso de seu corpo em mim. Será que os dois já namoraram antes, ou algo do tipo? Isso é bem, hm, não-acreditável, porque, pelo que eu pude perceber nesses poucos minutos de conversa, Beatrice tem um caráter bastante duvidoso. E ela parece meio malvada também.

Ela deu um pequeno beijo nos lábios de Robert, e, sorrindo maquiavelicamente, se virou e começou a andar na direção de onde tinha vindo.

- Vamos, Ashton. – Beatrice estalou os dedos, provavelmente esperando que ele a seguisse.

Mas ele não o fez, apenas continuou parado lá, dessa vez encarando intensamente o meu rosto.

- Hm? – fiz, devolvendo o olhar.

Ashton andou lentamente até mim. Enquanto ele se movia, eu, Robert e Beatrice – ela praticamente chocada – o observávamos. Ashton parou na minha frente e, numa voz rouca e diferente, perguntou:

- É verdade, Addie? Você está mesmo namorando esse cara?

E então, eu me senti como se estivesse no meu primeiro ano da escola de novo, eu e ele ainda melhores amigos. O Ashton na minha frente não era aquele de ultimamente, o popular e idiota que gosta de me humilhar. Não, nesse momento ele era exatamente o Ashton que eu conheci e que eu sempre soube que estava em algum lugar lá dentro dele, escondido, apenas esperando o momento certo para sair.

Ao olhar dentro de seus olhos, eu vi uma criança indefesa, com medo e confusa. Senti uma vontade enorme de abraçá-lo com força e dizer o quanto eu havia sentido sua falta... Mas não fiz nada disso, porque subitamente Robert me puxou ainda mais para perto dele, se é que isso é possível.

- Eu... Hm, eu... – balbuciei. Não conseguiria mentir, pelo menos não ali naquele momento.

- É verdade sim, Ludmoore. Agora, xô. Sua dona está chamando.

Olhei para Robert com raiva, pensando como alguém poderia ser tão insensível assim. Mas Ashton não saiu da minha frente, ainda me encarando, como se procurasse uma resposta no meu olhar.

Suspirei, tentando arrumar um jeito de sair de lá o mais rápido possível. Eu sabia que acabaria deixando alguma coisa sobre fingir namorar o Robert escapar se não fosse embora logo, então comecei a puxá-lo na direção contrária de onde Beatrice e Ashton haviam vindo.

- Vamos, Robert – murmurei, olhando para meus pés enquanto andava.

Ele não disse nada, apenas passou a andar do meu lado.

Enquanto ia para longe, eu me forcei a não olhar para trás, porque de alguma forma sabia que Ashton continuava me encarando. Eu conseguia sentir o olhar dele queimando em minhas costas.

Segurei o braço de Robert e comecei a arrastá-lo quando percebi que ele estava andando mais e mais devagar a cada passo. Ele relutou um pouco no começo, mas, depois, simplesmente desistiu. Continuei o puxando até meu braço começar a doer por arrastar aquele saco de músculos – e eu sei que isso soou estranho demais.

Me joguei no banco mais próximo, ofegando. Olhei em volta. Atrás de mim estava a Casa dos Gritos, e, um pouco a frente na esquerda, o Três Vassouras.

- O Ludmoore agiu muito estranho perto de você, Addie – Robert começou, frazindo o cenho. – O que aconteceu entre vocês?

- Eu já disse, é uma longa história, e eu não gosto de falar sobre isso – Suspirei. – Por favor, não faça mais perguntas.

- Ok, foi mal.

- Mas... E você e a Beatrice?

- Vou repetir o que você disse. É uma longa história, e já tá no passado. Prefiro ignorar a existência dela, só isso.

Depois dessas palavras, ele ficou quieto durante alguns minutos, apenas encarando seus sapatos. Então, Robert se levantou num pulo e jogou os braços para cima.

- EU TE ODEIO, BEEAAATRIICEEE! – ele berrou, me assustando.

- Mas o que...? – murmurei, atordoada, ainda sentindo a voz dele ressoar em meus ouvidos.

- Ah, desculpa, Addie – Robert disse, sorrindo. – Mas eu não tava aguentando mais. Sabe, às vezes é bom deixar a raiva ir embora. Nossa, eu me sinto infinitamente melhor!

O encarei como se ele fosse maluco. Desde quando gritar daquele jeito ajudava em alguma coisa?

- Você tá doido – falei, balançando a cabeça negativamente. – Completamente doido.

Robert riu.

- Como você é engraçada, Addie – ele disse, a ironia em pessoa. – Mas por que não tenta me imitar? Pode te ajudar com a sua “longa história” com o Ludmoore. Você está com vergonha? Ou será que é medinho mesmo? – Robert ergueu uma sobrancelha e sorriu de lado.

É impressão minhas ou esse garoto estúpido está me desafiando? Ah, mas ele vai ver. Eu realmente odeio quando duvidam da minha capacidade de fazer algo, e meu pai Leigh sempre me disse para nunca dar pra trás em um desafio, por mais bobo que ele seja.

Pigarreei, levantando também e o empurrando com um olhar malvado pro lado.

- EU TE ODEIO, AAAASHTOOOON! VOCÊ É UM IDIOTA POPULAR QUE É PÉSSIMO EM ESTUDO DOS TROUXAS!

Me senti diferente quando acabei de berrar, como se um peso tivesse sido tirado das minhas costas. Sorri aliviada e feliz com aquele sentimento bom. Olhei para o Robert, e ele parecia bastante chocado. Seus olhos estavam arregalados e ele havia até caído no chão, mas um sorriso pequenininho se encontrava no canto da sua boca.

- Nunca duvide de mim, Robert – falei, me jogando no banco. Ele continuou ali sem dizer nada. Rolei os olhos, levantando novamente e estendendo a mão pra ele.

- Ah. Valeu – Robert disse, pegando minha mão. E eu tentei ignorar as borboletas que apareceram no meu estômago quando minha mão encostou na dele. – Você tem umas cordas vocais potentes pra cacete!

Nos olhamos por alguns segundos. Eu comecei a sentir uma coceira na garganta, como uma risada subindo até meus lábios. Simplesmente não aguentei e... Comecei a gargalhar. Robert parecia estar sentindo a mesma coisa que eu, porque ele também começou a rir. Alto, muito alto.

Nem sei quanto tempo passamos ali, nos esgoelando e limpando lágrimas de riso, mas aos poucos fomos nos acalmando e sentamos juntos no banco.

- Até que você é bem legal, Addie – Robert sussurrou, olhando pro céu e colocando os braços atrás da cabeça.

- Hm, obrigada, acho – falei. – Você também não é tão ruim quanto parece.

Ele me deu um soco brincalhão no ombro, como se eu fosse uma antiga amiga de infância. Era muito estranho o fato de que eu estava conversando normalmente com Robert Caldwell, e que ele estava sendo até bastante agradável. Achei que ele fosse um idiota vinte e quatro horas por dia, mas parece que eu estava errada. Não sei o que está acontecendo com ele, pra ser tão, hm, simpático assim, eu só espero que ele demore bastante pra voltar ao normal, porque esse “novo Robert” é mil vezes melhor que o antigo.

- Soube que você vai dançar com a vencedora de melhor fantasia na festa de amanhã – eu disse, só pra puxar assunto mesmo. O silêncio estava se tornando um pouco desconfortável.

- Ah, é – Robert disse. – Isso é coisa da doida da Emily. Eu não quero dançar com uma menina qualquer. Tipo, eu nem me importo de dançar com uma garota, principalmente se ela for gostosa, mas, sei lá... Eu meio que me sinto usado, entende?

- Hm – fiz. – Então eu presumo que, se a vencedora for feia, você vai recusá-la?

- Não, eu não vou recusar a coitada – Ele balançou a cabeça negativamente. – Eu vou apenas matar a Emily depois. Já se ela for bonita... Aí é outra história.

O olhei incrédula. Não é culpa da menina se ela for feia, afinal, ninguém escolhe a própria aparência. Se todos fossem extremamente lindos como ele, o feio não existiria.

... E eu não acredito que acabei de elogiar Robert Caldwell em minha mente.

- Beleza é tão importante assim? – perguntei, o encarando.

- Essa é uma pergunta difícil – Robert riu, mas parou quando percebeu que eu não estava brincando. – Hm, beleza é muito importante pra mim. Mas isso é porque eu só fico com as garotas, não quero nada sério. Se eu estivesse atrás de uma namorada, levaria em conta a personalidade dela e muitas outras coisas. Beleza é bastante relevante nesse caso. – Ele suspirou. – Mas não no meu.

Depois dessa eu fiquei me perguntando se todos os garotos pensam assim.

- Hm, entendo – falei, mesmo não entendendo. – Vamos voltar? Já passou da hora do almoço.

- Tem razão – Robert concordou. – Talvez a gente ainda consiga achar um pouco de comida na mesa da Grifinória, se tivermos sorte.

- Podemos ir até as cozinhas – sugeri. – Conheço um elfo doméstico e ele sempre cozinha o que eu quero.

- É uma alternativa – Ele sorriu. – Só precisamos pegar minha vassoura na Dedos de Mel antes. O dono da loja tá tomando conta dela pra mim.

- Certo. Mas e a Johanna, a Felicity e a Emily?

- Elas já devem ter ido. Se eu conheço a Licy, ela nunca perde uma refeição – Robert riu.

Fomos até a Dedos de Mel, onde Robert conversou rapidamente com o velhinho lá de dentro – o ouvi dizer algo como “O nome dela é Mildred” – e saiu com sua vassoura.

- Hm, pode ir voando se quiser – falei. – Eu vou a pé, não tem problema.

- E deixar você andar sozinha por essas ruas obscuras e perigosas? – ele disse, arregalando os olhos e dramatizando a voz em fingimento. – Ó, donzela, tens a minha palavra de que vou proteger-te enquanto viver. Nunca a deixarei só, meu coração é teu.

Por mais idiota que aquilo tenha soado, eu ri.

- Tá, não precisava dessa última parte, mas tudo bem. – Rolei os olhos, ainda rindo. – Tu tens permissão de acompanhar esta frágil e indefesa donzela até o teu castelo, ó, gentil e nobre cavalheiro.

- Se assim desejas, assim será – Robert fez uma reverência e nós dois começamos a caminhar juntos em direção à Hogwarts. 



 

- Coça a pêra.

- O que? – Robert ergueu uma sobrancelha, encarando o quadro na nossa frente.

- Coça a pêra – repeti. – Assim.

Estendi meu dedo para a fruta e o quadro rodou para trás, abrindo uma passagem até as cozinhas. Eu e ele entramos devagar. Procurei Manny com os olhos, e o achei cortando biscoitos em forma de estrelinhas perto do forno.

- Oi, Manny – falei, sorrindo. Robert estava olhando pra tudo e parecia bastante interessado no trabalho dos elfos domésticos. – Tudo bem?

- Addie! – Manny exclamou, seus olhões amarelados começando a lacrimejar. – Você voltou pro Manny! Manny estava com muitas saudades!

Ele correu para me abraçar, jogando seus braços finos em volta da minha cintura e encharcando minha blusa com suas lágrimas.

- Calma – eu disse, desconcertada com aquele gesto súbito de afeto. – Calma, Manny.

Manny parou de chorar aos poucos. Ele assoou o nariz no trapo velho que usava.

- O que vai querer hoje, Addie? – ele perguntou.

- Eu quero pizza. De novo – falei. Me virei para Robert. – E você, Robert?

- Sanduíche de geléia com manteiga de amendoim, por favor – ele pediu.

- Quem é esse, Addie? – Manny sorriu de lado. – Seu namorado?

- NAMORADO?!

Ao mesmo tempo em que Robert gritou “namorado”, eu engasguei com minha própria saliva, tossindo sem parar. Manny pegou correndo um copo de água pra mim. Bebi, tentando me recompor.

- Esse é o Robert. E não somos namorados. Somos apenas... – Pretendia falar amigos, mas fiquei com vergonha. – Colegas.

- É, é isso. Colegas – Robert concordou.

- Hm... – fez Manny, colocando a mão no queixo e nos encarando com desconfiança. – É que a Addie e o menino loiro formariam um belo casal. E Manny teve uma sensação esquisita quando viu os dois juntos. Manny não sabe o por que, simplesmente acha que vocês vão acabar juntos.

Senti minhas bochechas esquentarem. Tinha absoluta certeza de que naquela hora eu estava parecendo um tomate-cereja. O estranho é que Robert parecia pior do que eu.

- Deve ter sido só impressão, Addie – Manny disse, balançando a cabecinha careca. – Manny pede desculpas se os deixou envergonhados. Agora Manny vai preparar o almoço.

Enquanto Manny ia para detrás do fogão e começava a preparar o molho de tomate da minha pizza, eu me sentei em uma mesa no canto da cozinha, junto de Robert. Encarei meus sapatos pela maior parte do tempo, até que ele resolveu falar.

- Hey, Addie... Quer sair comigo?

- Não. E por que você continua insistindo? – Rolei os olhos. Sabia que aquela pergunta viria mais cedo ou mais tarde, de qualquer forma, então nem me surpreendi.

- Não sei. É divertido – Ele deu de ombros.

Tentei ignorar a presença dele depois disso. É muita cara-de-pau dizer que eu sou apenas um divertimento, ainda mais na minha frente. E, mesmo eu já sabendo desse fato desde o início, aquilo meio que doeu.

Manny chegou com nosso almoço em pouco tempo. Mastiguei minha pizza enquanto observava Robert comer seu sanduíche, saboreando cada mordida como se fosse um manjar dos deuses. Acho que ele deve realmente gostar de amendoim.

Ao terminarmos de comer, eu e Robert nos encaminhamos até a saída. Manny nos seguiu, seu nariz começando a escorrer.

- Tchau, Manny – eu disse, acenando de leve. – Te vejo em breve.

- Promete, Addie?

- Prometo – Sorri, dando tapinhas amigáveis em sua cabeça como se ele fosse um cachorrinho.

Depois de algumas lágrimas e mais promessas de que nunca o abandonaria, finalmente conseguimos ir embora. Tomando cuidado para não esbarrar em nenhum professor – ou, pior ainda, Filch –, eu e Robert chegamos em segurança no Salão Comunal da Grifinória.

- Criaturinha simpática aquele elfo – ele comentou, colocando as mãos nos bolsos da calça jeans que usava. O lugar estava vazio, já que todos os estudantes tinham aula, mas eu conseguia ouvir risadas altas vindo das escadas do dormitório feminino.

Licy, Johan e Em parecem estar se divertindo, pensei.

- É – falei. – O Manny é um bom amigo.

Sorrimos sem-graça um para o outro. Mas subitamente eu me lembrei de algo que deveria ter perguntado lá em Hogsmeade.

- Hm, posso perguntar uma coisa?

- Fala, Addie – ele disse.

- Por que você disse pro Ashton e pra Beatrice que eu sou sua, hm, namorada? – perguntei, colocando uma mecha do cabelo atrás da orelha e olhando pro teto.

- Ah, é. Desculpa por aquilo, mas eu precisava de algum motivo pra tirar a Beatrice do meu pé, sabe? Ela acha que eu continuo apaixonado por ela, vê se pode. – Robert disse. – Aí eu pensei: o que seria melhor do que fingir que a Addie é minha namorada? Você tava perto, a situação era ideal... Então, eu meio que te usei. – Ele sorriu de lado. – Mas você bem que gostou, hm?

Me senti extremamente usada, admito. E com muita, muita raiva daquele menino ridículo, idiota e sem escrúpulos. Fiquei com vontade de dar o chute mais forte que conseguisse, acertando bem o meio das pernas dele.

Tentei controlar meus impulsos, respirando fundo. Mordi a língua pra não xingar Robert Caldwell de todos os nomes feios que eu conhecia.

- Você é um garoto estúpido – falei, por entre os dentes. – Quando eu finalmente estava começando a mudar minha opinião a seu respeito, você diz uma besteira dessas. Me usando como se eu fosse um troço sem sentimentos, no que você estava pensando? – Respirei fundo para dizer a última frase de efeito. – Eu te odeio, Robert.

Senti algumas lágrimas se juntarem no canto dos meus olhos, mas engoli a bola que se formava na minha garganta e me virei, andando decidida até as escadas. Eu nem sei por que estou tão chateada e triste pelo que Robert fez, mas parece que uma pedra se alojou no meu estômago e não quer sair de lá.

- Addie, eu... – ouvi ele dizer, mas o ignorei.

Teria chegado até ao meu dormitório em segurança se não fosse o maldito prego que segurava um quadro na altura do meu pescoço. Acontece que um fio solto do meu cachecol – havia até me esquecido que o estava usando, sério – agarrou naquele prego. Em alguns segundos meu cachecol se encontrava jogado em um degrau...

... e Robert encarava com olhos arregalados as marcas de chupão roxas no meu pescoço.



N/A: sim, sim. eu sei que demorei, e eu peço desculpas por isso. eu já tinha escrito esse capítulo, mas resolvi reescrever porque tinha ficado péssimo, com o Rob contando pra Addie do namoro dele e tal. :\ acho que o tamanho compensa, porque tá praticamente o dobro do que eu normalmente escrevo. hmm, eu fiquei super feliz que agora a gente pode colocar imagens, músicas e mudar a fonte dos caps de novo. :DD o problema é que não tem Calibri, minha fonte-preferida-de-todos-os-tempos, mas acho que essa Trebuchet MS dá pro gasto. (: vou responder os comentários amanhã, porque cheguei de Búzios hoje e to com sono. :~ aah, sabe o que eu fiz? o Robert e a Addie no The Sims. tãao fofos. *---* eles eram namorados, uma graça. :DD  eeenfiiim... tchau, minha gente \o obrigada a todo mundo que comentou/passou na fic, fico muito feliz. Beeijo !

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