Addie.

Capítulo 13; Addie.

 

- Ai, não.

Foi o que saiu da minha boca quando meu olhar se encontrou com o do menino loiro. Juro, até tentei me esconder, mas simplesmente não dava. Ele já tinha me visto, e eu apenas pareceria uma idiota tentando me enfiar atrás de uma arara de roupas.

- Ora, ora – ele começou, cruzando os braços e chegando mais perto. – Se não é a menina-dos-embrulhos.

- Quem? – Levantei uma sobrancelha.

- Er, esquece – ele disse, e suas bochechas ficaram levemente avermelhadas. Estranho, nunca achei que um garoto como ele fosse corar.

- O que você está fazendo aqui?

- Eu pergunto a mesma coisa. – ele falou. – Você não deveria estar na escola?

- Eu vim aqui com minhas amigas – eu disse, colocando uma mecha do meu cabelo atrás da orelha. – Agora, com licença, mas eu preciso achá-las.

Me esquivei dele e fui atrás de Johanna, Licy e Em. Depois de dar uns dez passos, me virei e percebi que ele não me seguia. Suspirei aliviada, e sorri.

- Addie, minha filha, onde você tava? – Licy perguntou, me puxando pela mão. – Estávamos preocupadas.

- Ah, eu estava conversando com o... – Foi aí que eu finalmente percebi que não sei o nome dele.

- Com o... ? – Felicity franziu o cenho.

- Comigo. – alguém disse e em seguida passou o braço pelos meus ombros.

Fechando os olhos com medo, eu rezei pra estar ouvindo coisas. Infelizmente, eu não estava, e agora o loiro se encontrava do meu lado, me segurando possessivamente como se eu fosse algo dele.

- Robert Caldwell, você por aqui! – Licy exclamou, abrindo um sorrisão.

Robert? O cara do anúncio sobre a festa no Salão Comunal? Aquele que vai dançar com a dona da melhor fantasia? Robert Caldwell, um dos caras mais populares da escola, aquele que todo mundo comenta sobre? ROBERT? O loiro irritante e idiota é O Robert?

Será que ele também é o Robbie que, hm, beijou meu pescoço ontem à noite? Não, não pode ser. Há vários meninos chamados Robert em Hogwarts, deve ter sido outro. E Robbie pode ser apelido de outros nomes também, tipo Roberval. É, é isso. Não pode ser ele. Eu me recuso a acreditar nisso. Ele é estúpido demais para causar aquelas sensações em mim.

Bem, eu posso não ser popular, mas eu também não sou surda. Ouço pessoas fofocando sobre outras, seja no banheiro, no Salão Comunal, ou na mesa do almoço. E, acredite, o tal do Robert Caldwell parece ser o assunto preferido das meninas, que normalmente o descrevem como “um anjo”, “um deus”, “o maior gostoso”, e derivados. Eu nunca havia me encontrado com ele antes, mas com certeza tinha uma idéia totalmente diferente do menino. Sendo tão popular, eu imaginava que Robert fosse uma pessoa simpática, sorridente e amiga de todos.

Mas, pelo que parece, ele não é nada disso.

Agora, eu me pergunto: o que o famoso Robert Caldwell quer comigo? Por que ele não me deixa em paz? Se ele tem todas as meninas da escola aos seus pés, o que ele está fazendo com o braço em volta do meu ombro?

E por que diabos eu estava gostando da sensação que o braço musculoso dele causava ao meu corpo?

- Fala, Licy! – ele disse, batendo a mão na dela como se os dois fossem velhos amigos. – Cadê a Johanna e a Emily?

É impressão minha ou esse menino é íntimo das minhas amigas?

- Elas estão lá atrás, experimentando fantasias. Eu estava procurando pela Addie, já que ela tinha sumido, mas parece que encontrei – Ela fez uma cara estranha enquanto encarava o braço dele, que, incrivelmente, ainda se encontrava ali, fazendo peso nos meus pobres ombrinhos. – Não sabia que vocês dois se conheciam.

- Addie? Você se chama Addie? – o idiota, digo, Robert perguntou.

- Sim, eu me chamo Addie. Agora, dá pra você me largar?

- Que tipo de nome é esse? – Ele começou a rir, ignorando totalmente minha expressão chocada e o meu pedido.

- Addie é um apelido, meu nome verdadeiro é Adeline – falei. Então lembrei que não devo satisfação nenhuma a esse menino.

Olhei para Felicity pelo canto do olho, e percebi que ela parecia bastante interessada no nosso diálogo.

- Hm, é, acho que faz sentido – Ele colocou sua mão livre no queixo. – Então, Addie, você vai comprar que fantasia?

- Eu não sei ainda, Robert – Rolei os olhos. – Por favor, tira seu braço de mim.

Ele finalmente me soltou, e eu suspirei aliviada.

- Vem, Rob, a Johan vai adorar te ver – Licy disse, arrastando o garoto até o fim da loja.

Fazendo uma careta, eu os segui.

Lá atrás, Em e Johanna se encontravam sentadas em poltronas cor-de-laranja, conversando com Mildred.

- Entendo, entendo, querida – Mildred disse, anotando algo em um bloquinho. – E a saia vai ser cinza mesmo? Tem certeza? Eu poderia arrumar uma azul-clara, combinaria com você.

- Não, vai ser cinza mesmo. Quero algo bem, hm, feio mesmo – falou Johanna. – Sabe, acho que um lenço seria legal e... Rob!

Ao vê-lo, ela correu e abraçou o dito cujo. Rolei os olhos.

- E aí, pirralha? – Robert beijou a bochecha dela. Eca. Ele acenou para Emily. – Oi, Em.

- Rob – ela deu um pequeno aceno com a cabeça e sorriu.

- Veio aqui escolher a fantasia, velhote? – Johan perguntou.

- Na verdade, meu irmão já encomendou a minha. Eu só vim aqui buscar.

- Ah, você deve ser Robert, o irmão daquela gracinha chamada Matthew! – Mildred exclamou, entrando na conversa e se aproximando do Robert.

- Sou sim – ele disse, levantando uma sobrancelha. – A senhora tem minha fantasia?

- Me chame de Mildred, querido – ela falou, o sorriso murchando. Acho que Mildred tem que corrigir tantas pessoas por dia que ela já faz isso de um jeito até automático. – E, sim, eu tenho. Venha comigo.

Robert a seguiu até o balcão na frente da loja, mas não sem antes piscar um olho para mim.

- Uuuh, Addie! – Johan riu. – Tá rolando um clima entre você e o Rob ou é impressão minha?

- Isso porque você não viu o que aconteceu antes – Licy disse, sorrindo de lado.

- Jura? O que aconteceu? – Em perguntou, os olhos brilhando.

- Nada aconteceu, gente! – exclamei.

- Bem, o Robert estava com o braço em volta dos ombros da Addie e ela parecia estar gostando – Licy riu, me ignorando totalmente.

Ah, espere só até você estar dormindo, Felicity Bloom. Eu vou arrancar um por um cada cabelinho do seu nariz com uma pinça, pensei, lançando um olhar malvado para ela.

- Nem adianta me olhar assim, Addie. Você sabe que é verdade.

- O tal do Robert realmente colocou o braço nos meus ombros, mas eu não estava gostando! – falei, indignada. – Eu odeio aquele garoto!

- Odeia? Por que?

- Ele é um esquisito que não cansa de me chamar pra sair e tornar minha vida um inferno.

- Ele tem te chamado pra sair? Jura? – Emily arregalou os olhos. – Ai, meu Merlin!

- Que foi? – perguntei.

- Não aceite, Addie – Em disse. – O Rob é legal, mas é o maior galinha do mundo. Ele só vai te fazer sofrer.

Hm, eu já sabia disso.

- Que nada, Em – disse Johanna. – Talvez o Rob tenha mudado. E normalmente ele desiste de chamar a menina pra sair quando recebe o primeiro fora, já que ele diz que não vai ficar implorando por migalhas ou sei lá o que. Não que isso aconteça sempre, óbvio, porque quase ninguém diz não pro Robert. Mas, pelo que eu entendi, ele te chamou pra sair mais de uma vez, o que pode mostrar que ele está te levando a sério.

Certo, admito que isso meio que faz sentido. Mas eu não consigo – e me recuso – a acreditar que Robert Caldwell tenha mudado. E ainda mais por mim. Por que em sã consciência ele teria mudado por mim?

- Ah, é? Então por que ele tava se agarrando com a Heather Miller no início da semana e com a Amber McKay dois dias depois?

- Desculpa, Johan, mas a Emily tem razão – Licy disse, dando de ombros. – O melhor a fazer é ignorar as investidas do Rob. Uma hora ele cansa e desiste de você, Addie.

- Vocês vão ver. Um dia a Addie e o Rob vão namorar e ser muito felizes juntos, e você duas vão quebrar a cara. Ou isso acontece, ou eu não me chamo Johanna Elizabeth Montgomery! – Johan se estressou, batendo o pé no chão.

- Então acho melhor você escolher um novo nome – Riu Em. – O que acha de Gertrudes?

 

Meia hora depois, Mildred havia voltado, e, com ela, Robert também. Johan ainda estava zangada com Emily e Felicity por duvidarem do que ela passou a chamar “previsões astrológicas do amor”. Ela disse que estava escrito nas estrelas que nós dois iriamos acabar juntos.

Há. Faz-me rir, Johanna.

- Então, queridas – começou Mildred. – Agora que já terminei o que tinha que fazer com esse doce de menino, posso dedicar minha atenção à vocês. Johanna já me explicou a fantasia que quer, mas ainda preciso saber qual será a de você, você e você – Ela apontou para mim, Emily e Licy. – As três, venham comigo por favor. Preciso conversar sobre suas fantasias com vocês. Johanna, querida, faça companhia para o Robert, sim?

- Claro, Mildred – ela disse, levantando uma sobrancelha.

- Vai lá, Addie – Robert disse. – Escolha uma fantasia bem sexy, ok?

Respirando fundo e controlando minha vontade de meter a mão na cara daquele garoto, eu segui Mildred e as meninas até uma outra parte da loja.

 

- Sim, sim – Mildred disse, balançando a cabeça afirmativamente para Emily. – Entendo. Então seu vestido será verde-claro e curto. Já anotei. E o seu – Ela apontou para Licy. -, será o de bolinhas brancas mesmo?

- Uhuum. Vai ficar bem legal, não acha?

- Claro, querida, claro – Mildred sorriu. – Agora é sua vez, amorzinho.

- Hm? Eu? – perguntei, arregalando os olhos.

O negócio é que eu subitamente me lembrei que, bem... Eu não tenho dinheiro para comprar uma fantasia. Deve custar, no mínimo, uns vinte galeões, e tudo o que eu tenho são cinco.

Abaixei a cabeça com vergonha, corando.

- Acho que não vou querer nada, não. Mas obrigada mesmo assim – Comecei a me levantar, tentando esconder o rosto vermelho.

- O que? Como assim, Addie? – Felicity perguntou, me parando. – Você não vai mais na festa, é isso?

- É que... – Suspirei, me preparando mentalmente para proferir a próxima frase. – Bem, eu não tenho como pagar, é isso.

O silêncio que se seguiu foi tudo menos reconfortante.

- Oh, minha querida – falou Mildred, com uma expressão de pena em seu rosto gorducho. – Por que não disse antes? Não há problema nenhum. Nós temos uma sessão de roupas que já saíram de moda ou estão fora da estação aqui na loja, e elas são bem mais baratas. Quem sabe você não acha algo de seu interesse lá?

- Sério? – perguntei, meu rosto se iluminando. Nossa, eu acho que amo essa mulher!

- Sim – Ela sorriu. – Venha, me siga. Emily, Felicity, vocês poderiam se juntar aos seus outros amiguinhos enquanto eu e a Addie vamos lá pros fundos da loja?

- Tudo bem – Em disse, puxando Licy. As duas sumiram em poucos segundos.

- Vamos – disse Mildred.

A segui até um lugar bem mais escuro e empoeirado da loja Madame Malkins. Era um outro cômodo, como se fosse um depósito, e eu comecei a tossir assim que cruzamos a porta.

- Desculpe pela sujeira – ela disse. – Eu sei que a loja abriu há pouco tempo, mas ainda não tive tempo de limpar esse lugar.

- Não tem problema.

Mildred tirou duas caixas de papelão de uma pilha e as colocou no chão, aos meus pés. Então ela acendeu a luz – finalmente – e disse:

- Vou deixá-la aqui por alguns minutinhos para experimentar o que você quiser, amor. Nessas duas caixas estão as melhores roupas daqui. Tem um espelho ali, sim? Vou até o balcão da frente resolver umas coisas da loja. Volto daqui a pouquinho.

- Certo – Assenti com a cabeça. – E obrigada!

- De nada, Addie, de nada...

Quando ela saiu e fechou a porta, eu comecei a remexer aquelas caixas. Havia realmente muitas roupas ali. Eram coisas antigas, como corsets, saias compridas, vestidos de mangas bufantes e muitos bordados. Me lembraram de roupas que as pessoas usavam nas cortes nos tempos dos reis e rainhas.

Confesso que aquele tempo sempre me fascinou. Os vestidos de baile, os penteados, as jóias, as carruagens... Sempre gostei muito, e secretamente desejava poder voltar no tempo e me casar com o rei Charles II – sempre tive uma queda por ele, apesar do homem ter várias amantes e uns catorze filhos, cada um com uma mulher diferente.

Sorri quando achei um espartilho branco, com pequenas flores rosas bordadas. Então, na mesma caixa dele, achei um vestido que combinava, esse branco com detalhes rosas nas mangas e no decote. Era comprido, chegando até os meus pés, com a saia rodada e bem cheia. Depois catei um par de luvas brancas e um enfeite de cabelos perolado.

Fiquei tão feliz com a roupa que quase esqueci de procurar por um par de sapatos. Foi quando eu vi, pendurado em um cabide – um cabide! – no canto mais afastado de lá, um par de all star. E, acredite ou não, mas esse era branco com o cadarço de cetim rosa.

Não conseguia parar de sorrir. Porque, bem, a fantasia era tão linda que eu quase chorei diante dela. Parecia mesmo uma roupa de época, da corte. Era bem parecido com um dos vestidos que a Maria Antonieta usava, para falar a verdade.

- E então?

- AH! – gritei. Mildred havia aparecido do nada e agora sorria na minha frente.

- Desculpe – ela disse. – Mas, e então?

- Achei sim. Esse aqui, por favor.

- Nossa, vai ficar lindo! – ela exclamou, seus olhos enrugados brilhando de animação. – Vamos, vou fazer um embrulho bem bonito pra você.

A segui até o balcão, e assisti enquanto Mildred embrulhava minha fantasia em um papel prateado brilhante. Ao terminar, ela colocou um lação rosado em cima.

- Aqui – Ela me entregou o embrulho. – Serão três galeões e cinco sicles, querida.

- Só? – Me assustei.

- Só – Ela assentiu, rindo um pouco.

Paguei, peguei o troco, e agradeci mais uma vez.

- Não precisa dizer obrigada, Addie. Aquelas roupas estão encalhadas na loja do Beco Diagonal faz um tempão, eles só mandaram pra cá pra ver se eu conseguia vendê-las. E acho que encontrei uma ótima dona para elas.

Sorri, realmente feliz. Disse tchau para Mildred, que respondeu com um “Volte sempre!”, e saí da loja.

- Addie! Escolheu? – Emily perguntou, vindo em minha direção. Ela, Licy, Johan e Robert estavam sentados em um banco em frente à Madame Malkins.

- Escolhi – falei, mostrando o embrulho prateado.

- Nossa, que embrulho lindo! – Licy exclamou. Ela realmente parecia estar falando sério.

- Posso ver, Addie? – Johan perguntou.

- Agora não – Balancei a cabeça negativamente. – Amanhã, quando eu me arrumar pra festa.

- Ah... – ela falou, com uma expressão triste.

- Espero que tenha comprado algo bem decotado, Addie – disse Robert, sorrindo de lado.

- Cala a boca – resmunguei. – Por que você não pára de me encher e... Ashton?

Arregalei os olhos enquanto assistia Ashton Ludmoore virar a esquina com aquela outra menina, uma tal de Beatrice.

Ai, Merlin, o que está acontecendo com esse mundo?

 

N/A: eu sei, eu sei. prometi pra minha mana Chel que iria postar sábado, mas simplesmente não deu. e olha que dessa vez nem foi minha culpa. pra começar, quando eu cheguei de viagem, descobri que a internet não estava funcionando na minha casa. tipo, agora eu to na casa do meu vizinho usando o computador dele (eu salvei a fic naquele troço, um tal de usb). e eu não posso demorar muito, porque, bem, o computador não é meu e eu tenho vergonha de usar coisas dos outros. mas vou aproveitar meu tempo aqui e responder os comentários - que foram tantos! *-* - e, obviamente, postar. (: estou na metade do capítulo 15 já! não é legal? :DD bem, de qualquer, forma, espero que gostem desse capítulo. eu achei bem legal escrever. amei a fantasia da Addie, e ter um vestido de época é um dos meus sonhos. ah, e pelo fato de eu ter citado o rei Charles II, bem... eu tenho meio que uma queda por ele. certo, ele é muito feio e tem um bando de filhos e amantes, mas ele foi um rei muito bom e a Inglaterra viveu ótimos momentos financeiramente enquanto ele estava no poder e... ok, to viajando aqui. Haushauh; é por isso que eu vou estudar história medieval na faculdade ;D (e eu sei que Charles II não nasceu na era medieval nem nada do tipo). enfiiim... eu quero agradecer de novo a Istéfani M. por todo o apoio. *-* (como eu disse antes, vou continuar agradecendo até você ver). e também a Na Ximenes, já que ela não tem fic e eu não posso responder (e agradecer) pelo comentário. pra terminar, obrigada a todo mundo que comentou e passou na fic :D ah, e desculpa pelo N/A gigantesco. Beeijo !

P.s.: Gaby Black, MUITO OBRIGADA pela capa totalmente maravilhosa *-* vou colocar como capa da fic agora :DD

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