Robert.





Capítulo Quatro; Robert.



Sorri para mim mesmo ao olhar pela janela do dormitório. Mais outro lindo dia de sol, e nada melhor do que aulas de vôo em dias como esse. Claro que a luz na cara atrapalha um pouco, e minha nuca fica toda suada, mas o vento que bate no meu cabelo, aquele céu azul e os passarinhos cantando me deixam tão feliz!

... Certo, isso soou meio gay. Mas é a verdade, ué.

- ‘Bora, Nate!

Nathaniel estava ajeitando a gravata em frente ao espelho, mas por mais que ele se esforçasse a coisa não ficava arrumada. Suspirei, rolando os olhos e arrumando a gravata para ele.

- Valeu, Robs – Nate disse sorrindo. - Vamos?

- Eu to tentando te chamar faz uns dez minutos, ô anta! – exclamei enquanto descíamos a escada para o Salão Comunal. Ele riu, como sempre fazia quando eu o xingava, e bagunçou meu cabelo com uma das mãos.

Confesso que tive vontade de bater – e muito – nele por isso, mas Nate fora abençoado com uma altura muito maior que a minha e uma força do caramba. Eu deveria dar graças por ele ser meu amigo, porque, mesmo sendo o maior bobão e muito infantil, Nathaniel sabia brigar.

- Oi, Rob! Oi, Nate! – uma voz feminina disse, com animação. Era Johanna, uma menina do mesmo ano que eu e uma das mais bonitas do colégio. Já tentei pegar a dita-cuja várias vezes, mas sempre que eu tento beijá-la, Johanna só ri e aperta minhas bochechas. Sei lá, acho que ela é mais como uma irmã para mim do que qualquer outra coisa, porque crescemos juntos. Minha mãe é amiga da mãe dela, e apesar da diferença enorme de idade – a mãe de Johanna engravidou cedo, acho -, as duas se dão bem.

- Fala, Johan – Nate a cumprimentou, fazendo o sinal de paz e amor com as mãos. Estranho.

- E aí, pirralha? – provoquei. Eu era um dia mais velho que ela, e sempre tirava vantagem disso.

- Seu velho – ela deu língua. – Vocês viram a Felicity? Ela sumiu.

- Vi não – respondi. – Ela deve estar na aula. E eu to indo pra lá agora. Vamos juntos?

- Hm, isso foi a mesma coisa que a Allie disse – Johanna falou, pensativa. Vai saber quem é a tal Allie, estou com preguiça demais para perguntar. – Enfim, vamos, meus gostosos!

E então, rindo, ela entrelaçou seus braços no meu e no de Nate, e saímos do Salão Comunal, trotando alegres. Todos pararam para olhar, mas é isso que acontece quando se é tão popular assim.



Madame Hoot parecia feliz. Ela estava parada ao lado de sua vassoura e usando a mesma roupa de sempre. Sinceramente, aposto que ela era bem bonita quando nova, pena que agora tá com rugas e tudo caído e balançando. Ela sorriu para nós quando nos aproximamos.

- Bom dia, garotos – ela disse animada.

- Bom dia, Madame Hoot – respondemos juntos.

Eu e Nate fomos para um canto mais afastado e começamos a conversar, olhando nada discretamente para duas meninas gostosas ali perto, gêmeas. Uma chamada Tracy e a outra Stacy, acho eu. Johanna achou Felicity – estranhamente, seu cabelo rosa estava com um brilho extra hoje, fazendo meus olhos doerem -, que nos cumprimentou com um beijinho no rosto, e as duas foram fofocar por aí.

Não havia muita gente ainda, então foi fácil distinguir a menina estranha quando ela chegou. Sua saia-meio-que-curta, seus cabelos castanhos e seus olhos cinzas. Eu tinha conversado com Nathaniel na noite passada, então ele meio que já sabia de tudo, e, principalmente, do meu objetivo, que era fazê-la se apaixonar por mim.

- Olha só, Nate – o cutuquei com força nas costelas. Ele me olhou indignado. – Aquela é a garota. A que, hm, me rejeitou, lembra? Te contei sobre ela ontem.

- Hm, vou lá dar meus parabéns pelo bom-senso dela! – ele exclamou rindo. Soquei seu braço de leve.

- Vai se fuder, Nathaniel – resmunguei. Ele riu. – Deixa que eu faço as honras.

- Baixou o espírito cavalheiro, hein?

O ignorei e segui até a menina. Ela parecia triste ou algo do tipo. Seus olhos estavam voltados pro chão e ela mordia o lábio inferior como que contendo a vontade de chorar.

Que idiota, chorando do nada. Será que ela não sabe que chorar em público faz a popularidade cair ainda mais? E a dela já é praticamente zero. Vai entender.

- Estão todos aqui? – Madame Hoot começou a falar, e eu fiquei parado atrás da menina, que havia olhado para cima com um sobressalto asism que ouviu a voz da professora. – Muito bem. Como vocês já estão mais do que iniciados na arte de voar, iremos tentar algo um pouco mais radical hoje. Cada um terá que arrumar um parceiro, e os dois irão tentar algumas acrobacias no ar. A atividade será feita em dupla para diminuir o risco de lesões, já que muitos aqui, infelizmente, ainda não conseguem pilotar uma vassoura direito.

Me amaldiçoei em pensamento por ter feito aquela promessa idiota, já que eu poderia fazer par com qualquer garota bonita da classe, ao invés dessa esquisita. Mas, enfim, promessa é promessa e eu é que não vou quebrá-la.

Nate me olhou rindo do outro lado do campo, segurando uma das gêmeas – Tracy ou Stacy, vai saber – pela cintura. Mandei o dedo do meio para ele, que fingiu estar chorando de tristeza. Retardado.

A menina do meu lado estava mais branca que cera e, embora isso não seja muito difícil já que ela parece um fantasma de tão branquela – fala sério, será que ela não sabe que bronzeadores artificias existem? -, eu meio que me preocupei porque ela parecia mal de verdade.

- Os grupos já estão formados? Ótimo – Madame Hoot disse, assentindo positivamente, com as mãos na cintura. Uma pose meio cômica.

A garota abriu a boca para dizer algo, mas fechou com uma rapidez impressionante, porque eu me adiantei mais pra perto dela e segurei seu braço. Aposto que ia dizer que não tinha dupla, há, coitada!

- Prestem bem atenção, pois só irei mostrar uma vez. – falou Madame Hoot, subindo em sua vassoura e subindo lá pro céu.

Eu ia prestar atenção, já que vôo é uma das poucas aulas que prestam nessa escola, mas a menina me olhou com um olhar esperançoso, sorrindo. Hm, até que o sorriso dela é bonitinho, pensei na hora, mas mudei de idéia depois quando ela fez a cara mais desapontada do mundo ao me reconhecer.

- Você! – ela gritou, soltando meu braço com um puxão, como se eu fosse um troço nojento no qual ela não podia encostar. Confesso que fiquei com raiva, muita raiva, e acho que por isso comecei a falar coisas sem pensar.

- Sim, eu, que beleza, não? – Sorri irônico.

- Ah, claro, a melhor coisa que poderia ter me acontecido – Ela girou os olhos. Que menina fresca, vou te contar, viu? – Idiota. Eu não quero ser sua dupla. – Há, se não for minha dupla, vai ser a dupla de quem?

- Hm, então tá. Mas você sabe que não vai arrumar outra pessoa, né? Que vai ficar igual uma coitadinha ali na frente, enquanto a professora arruma um grupo para você se encaixar, porque você é a excluída, a perdedora fracassada e sem amigos.

Tá, isso foi meio malvado. Certo, meio nada, muito malvado. Percebi que ela engoliu um seco, como que pra controlar o choro, sei lá. Fiquei com pena de verdade, não deveria ter falado aquelas coisas. Afinal, não é culpa dela se ela é a maior anti-social que eu já conheci. ... Ok, de certa forma, é culpa dela sim. E, ah!, que se dane a garota. Nem sei porque estou sentindo compaixão por ela, pra começar.

Acho que ela pensa que eu não vi aquela lágrima caindo pelo rosto dela.

- Entenderam? – Madame Hoot perguntou, voltando ao chão. A menina sorriu forçado. Ela ficava com uma cara tão estranha assim que eu quase ri. – Agora podem ir. Irei observá-los daqui.

- O que temos que fazer? – ela perguntou para mim.

- Sei lá, tava distraído conversando com você – respondi. Nem me importo, minha nota em vôo é a mais alta da turma, tenho um talento natural, bêibe. – Vamos improvisar!

Pisquei para ela, rindo. Todo mundo tava voando em duplas, com duas pessoas na mesma vassoura, então disse para ela subir na minha garupa, obviamente. Eu é que não vou deixar essa esquisita pilotar a vassoura na qual eu vou estar voando também! Fora que minha vassoura é perfeita, e, embora não seja a mais nova que lançaram, é muito boa. Vai saber o que uma menina como ela poderia fazer com a minha vassourinha lindinha fofinha Sunny. Afee, não quero nem pensar. Fiquei com medo quando ela olhou com desejo pra minha bebê, é melhor eu colocar um cadeado nela, pelo menos por essa noite.

- Eu não vou subir aí, não vou mesmo – ela falou, e andou um passo para trás. – Eu só vôo a, no máximo, trinta centímetros do chão. É sério, menino, eu tenho medo. Mesmo.

- Deixa de bobeira, garota – falei, e, num puxão, a coloquei em cima da vassoura comigo. Ela soltou um grito abafado e arregalou os olhos. – Eu não vou deixar você cair.

Fala sério, quem é que pode não gostar de voar? Aposto que ela tem medo porque nunca voou de verdade, mas assim que a menina ver o quanto é bom vai ficar viciada, assim como eu.

- Não olha pra baixo, não olha pra baixo, não olha pra baixo – ela murmurou para si mesma. Fiquei um pouco desconfiado de que ela realmente tivesse medo. Apertou a minha cintura – e até que foi legal – e enfiou a cara na minha roupa. Que nojo, espero que ela não esteja assoando o nariz nela. – AAAAH!

Ignorei seu grito e fiz a Sunny dar alguns rodopios no ar. Só pra me mostrar, eu sei, mas se as pessoas gostam de me observar, não vou privá-las desse privilégio, certo? Percebi que as outras vassouras não estavam mais no ar, e algumas pessoas bateram palmas.

- Me tira desse troço! Me tira daqui AGORA! – ela gritou, esmurrando minhas costas. Coitada, ela acha que dói. Depois de levar socos do Nate durante meus anos em Hogwarts, nada mais me machuca.

- Ai, garota, como você é chata! – reclamei. Porque ela é. E novamente eu me estressei comigo mesmo por não ter pensado melhor antes de prometer aquela porcaria. Acho que se ela não parecesse realmente fofa com os cabelos ao vento e a cara vermelha de raiva, desistiria até. Mas então ela me socou de novo, e todo o encantamento momentâneo foi embora. – Tá bom, tá bom! Afee, mas que droga, hein?

A levei até o chão, trincando os dentes de raiva. Desmontei da Sunny, que estava planando baixinho no ar, e perguntei para ela, que continuava sentada com uma cara enfezada:

- Como é? Não vai descer?

Ela respirou fundo, e apoiou um pé no chão. Percebi que ela fez uma careta e o pé meio que cedeu, sei lá.

- Hm, será que você... Bem, será que você pode me ajudar? – a menina perguntou com vergonha, não encarando meus olhos. Hm, até que as bochechas vermelhas combinam com a cor dos olhos dela.

- Que seja – respondi, rolando os olhos. Fui até ela e passei meus braços pela sua cintura enquanto ela se apoiava em meus ombros. Ela ficou mais vermelha ainda, e eu rezei para que todos estivessem prestando atenção na gente, para poder usar esse acontecimento em algum momento de chantagem.

Minhas preces foram atendidas, e toda a turma, inclusive Madame Hoot, nos olhavam com expressões muito estranhas. Sorri internamente, e nós dois começamos a andar devagar.

- Quer ir para a enfermaria? – perguntei, tirando a franja dos olhos. Droga, acho que já tá na hora de cortar de novo.

Ela balançou a cabeça afirmando, e eu vi seu rosto adquirir um tom esverdadeado. Fiquei com medo dela vomitar ali perto de mim, ou, pior, nos meus sapatos como acontece em filmes algumas vezes, por isso comecei a andar bem rápido em direção à Ala Hospitalar. Madame Pomfrey, aquela velhinha fofa e enrugada, nos recebeu com um sorriso e mandou a garota sentar em uma das camas enquanto ela fazia uma poção.

Parei ao lado dela com uma expressão entediada, cruzando os braços e soprando a maldita franja da cara.

- Pode ir embora, menino – ela falou para mim. Dei graças à Merlin, mas também aproveitei o momento para implicar com ela um pouco mais. Impressionantemente, eu acho a maior graça ao fazer isso.

- Não antes de ouvir a palavrinha mágica – falei com um sorriso sarcástico.

- Eu não vou te agradecer. Pra começar, foi você que começou tudo isso me colocando na sua vassoura e me levando lá pro alto, seu... seu... Argh! – ela exclamou, a maluca, depois enfiando a cabeça no travesseiro.

- Hm, foi mal – falei, e nem sei o por que. Ela parecia mal de verdade, e eu sabia que a culpa dela não estar se sentindo bem era minha. – Eu não levei a sério quando você disse que tinha medo de altura. Me perdoa?

A olhei com minha infalível carinha de filhote de cachorro. E, claro, esperei que aquilo a fizesse se apaixonar por mim, ou, pelo menos, mudar seus conceitos para facilitar minha conquista.

- Tudo bem – ela falou, mas parecia meio desconfiada. – Ah, e... Obrigada também, por me trazer aqui, sabe como é. – Ela corou, e mordeu o lábio inferior. Como eu não tinha notado o quão carnudo ele era antes? Normalmente eu tenho um faro especial para essas coisas, mas parece que estou perdendo minha habilidade. Porcaria.

- Sem problemas. A propósito, quer sair comigo?

Os olhos dela se arregalaram tanto, que eu a olhei como se visse um alienígena. Credo, pensei, ela tá parecendo o Pirraça.

- Não.

Obviamente eu sabia qual seria a resposta, senão não teria nem perguntado. Então eu ri, mais para disfarçar minha derrota do que por vontade.

- Eu já esperava por isso. – E então, piscando, saí da enfermaria mandando um beijinho no ar para ela e sorrindo.

Hm, é melhor que o Nate esteja com bastante disposição hoje à noite, porque a história vai ser looonga...




N/A: esse foi o pior capítulo que eu escrevi até agora. por favor, prometo que o próximo vai ser bem melhor. já tá escrito, na verdade, mas vou terminar o seis para postar o cinco. se eu não fizer as coisas desse jeito, aposto que vou abandonar a fic, como fiz com as minhas outras :\ e eu não quero abandonar essa. porque to gostando mesmo de escrever (: 'Brigada de novo a todo mundo que comentou a passou aqui *-* e tentem ignorar esse capítulo bem ruinzinho. como eu disse, vou compensar com o próximo. tenho que ir agora, to com sono e tenho escola amanhã de manhã --' Beeijo !

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