Robert.




Capítulo 8; Robert.


To desesperado.

Minha criatividade sumiu. Evaporou no ar como fumaça, e justo poucos dias antes da festa do ano. Isso não é justo, cara, não é mesmo.

- Já decidiu qual fantasia vai usar, Rob?

- Pela sétima vez, Nathaniel, eu não decidi qual fantasia vou usar. Pára de encher meu saco, homem.

- Eu vou de Mickey – ele falou, ignorando o que eu havia dito. – Mickey Mouse, sabe? Um rato preto bonitinho, trouxa e tal.

Fala sério, se até o Nate já pensou na fantasia, por que eu não consigo pensar em uma?

Considerei várias idéias, tipo a príncipe – quer coisa mais clichê? -, a de soldado – verde não é a minha cor –, a de dragão – logo risquei da lista quando me imaginei vestindo aquilo, com escamas roxas cintilantes -, de Adão – não desisti dela por vergonha, mas porque eu ia morrer de frio vestindo só uma folhinha minúscula -, de cavaleiro – pena que a armadura é muito pesada -, bombeiro – embora eu nem saiba direito o que é um -, policial – idem ao bombeiro -, e, por fim, a de Comensal da Morte – aqueles seguidores do tal Voldemort, que já morreram faz tempo. Aposto que todo mundo ia sair correndo quando eu aparecesse vestindo aquele manto comprido e preto e a máscara medonha -, mas nenhuma delas me deixou muito contente.

- Alôou, Robert...?

- Ah, foi mal, Nate – falei, suspirando e sentando na minha cama. – É que eu to meio sem idéias pra fantasia aqui, e isso tá me matando.

- Vai de Pato Donald – ele disse, os olhos brilhando. – Nós formaríamos um belo par!

- Nate, raciocina comigo. Que garota vai querer ficar com um pato?

- A Margarida, ué – Ele sorriu. Rolei os olhos. Tenho pena da menina que vai casar com o Nate um dia.

- Nathaniel, nenhuma menina vai se fantasiar de pata! – exclamei. – Agora, que tal você realmente me ajudar a escolher algo pra vestir? Tipo, algo que não tenha a ver com Walt Disney?

Eu sei, além de gostoso, popular e maravilhoso, eu também tenho um ligeiro conhecimento do mundo trouxa. Quando eu era bem pequeno e meu irmão Matthew nem tinha nascido ainda, eu desenvolvi certa obsessão por coisas da Disney, especialmente por filmes de princesa como Cinderella, Branca de Neve e Bela Adormecida. É um dos meus segredos mais sombrios, e ninguém, nem mesmo Johanna – que cresceu comigo – sabe disso.

- Hm, que tal samurai? – Nate perguntou. Balancei negativamente a cabeça.

- Quem já viu um samurai loiro de olhos azuis?

- Rockstar?

- Seria perfeito se eu soubesse tocar guitarra – falei.

- Eu posso te ensinar – Nate disse, apontando pra sua guitarra encostada em seu criado-mudo. – Posso até te emprestar a Bess.

- Como eu vou aprender acordes até sábado?

- Tem razão – ele disse. - Então, astronauta?

- Nem vem, Nate – falei. – Eu não vou conseguir beijar nenhuma menina naquele troço.

- Ah, Rob, assim não dá – Nate reclamou. – Você não gosta de nenhuma das minhas idéias!

- É porque você só tem idéia ruim.

Ele pareceu se ofender, fechou a cara e, em um movimento rápido, tacou o travesseiro com força em mim.

- Toma essa, Robert! – ele berrou, e em seguida saiu do dormitório, rindo que nem um maluco.

Franzi o cenho, com uma expressão descrente. Sinceramente, eu acho que nunca vou entender a mente subdesenvolvida desse garoto.



Como não tinha nada para fazer e ainda eram seis horas, fui caminhando devagar até o Corujal. O jantar só seria servido em uma hora – a gente tinha duas horas de intervalo entre a última aula e a janta -, e eu estava complestamente entediado. Nate continuava zangado comigo e parecia que todas as meninas estavam ocupadas demais pensando na festa para darem atenção à um menino carente e bonitão como eu.

- Cadê você, Queen? – chamei. As corujas do Corujal me olharam desconfiadas, mas segundos depois minha coruja marrom apareceu, piando feliz.

Eu sei que o nome dela é a coisa mais ridícula – fala sério, que coruja se chama “rainha” ? -, mas quando eu tinha sete anos, a criatividade era escassa em minha cabecinha alourada. Eu a tenho há anos, e, apesar de ser velhinha, Queen ainda, hm, funciona direitinho. Como eu visitava o Corujal raramente, ela sempre ficava animada-além-da-conta quando eu aparecia por lá.

- Fala, garota – Acariciei sua cabeça. – Sentiu minha falta?

Ela piou, como se dissesse sim, e em seguida mordiscou minha orelha. Peguei um chocolate com nozes que estava no meu bolso e parti em pequenos pedacinhos, oferecendo para ela. Queen comeu, piando feliz.

- Alguma carta pra mim, Queen? – perguntei. Sei que as cartas são entregues durante o café-da-manhã, mas às vezes ela se esquecia e colocava a correspondência em sua caminha. Acho que a idade já está começando a afetá-la, tadinha.

Ela voou até sua, hm, cama e voltou trazendo duas cartas presas no bico. Sorri, pegando as cartas e me sentando no parapeito da janela pra ler. Uma era dos meus pais; outra do meu irmão Henry. Abri a dos meus pais primeiro.

“Robbie,

Como andam as coisas? Faz tempo que você não escreve, ficamos preocupados! Nada de muito novo acontece por aqui, querido. Eu e seu pai continuamos trabalhando no St. Mungos, como sempre. Ah, e também contratamos um elfo doméstico novo aqui para casa. Ela se chama Pika, e é bastante simpática. Enfim, é isso. Estamos mandando, junto com a carta, alguns de seus doces preferidos, para levar um pouquinho de casa aí para Hogwarts. E como está o Mattie? Diga que nós mandamos um beijo!

Seu pai está perguntando como andam os estudos.

Beijos, Robbie. Amamos você.

Mamãe e Papai.”


Meus pais são os únicos que podem me chamar de Robbie, sem que eu me estresse. Eles também chamam o Matthew de Mattie e o Henry de Hen-hen. Há, não é minha culpa se ele tem um nome que não tem apelido.

Olhei em volta, procurando os tais doces, mas não os encontrei. Lancei um olhar malvado para Queen, que se encolheu e piou envergonhada.

- Meus doces, por favor, Queen – falei. Ela voou de novo até sua cama e voltou com um pacotinho vermelho.

Mamãe havia colocado sapos de chocolate, torrões de batata e varinhas de alcaçuz, além de três bolinhos de caldeirão feitos em casa dentro do pacote. Pena que metade dos doces estavam fora da embalagem e meio-comidos.

- Queen, sua safada! – exclamei. Ela me lançou um olhar tão culpado que eu não aguentei e comecei a rir. – Espero que isso não se repita, Srta. Queen.

Queen mordiscou minha orelha novamente.

Peguei alguns torrões de batata e enfiei na minha boca enquanto abria a carta do Henry.

“Robertzito, meu caro irmão,

Como anda tudo? Pegando muitas gatinhas? Por aqui está tudo muito bem. Nelly aprendeu aprendeu a usar o penico ontem, estou tão orgulhoso dela! Agora não preciso gastar rios de galeões em fraldas, o que é um alívio. Anne manda beijos e pergunta se você já tomou vergonha na cara e arrumou uma namorada de verdade. Não a ouça, Rob, aproveite sua juventude e pegue muitas garotas. Não é que eu me arrependa de ter começado a namorar a Anne cedo e casado com ela – minha primeiro e única namorada -, afinal, eu a amo e minha vida não poderia ser melhor – principalmente porque a Nelly existe -, mas eu quero que você experimente bastante antes de decidir pela ‘garota certa’.

Me responda decentemente dessa vez. Estou cansado das suas cartas que só dizem ‘Não enche, Henry’. Respeite seu irmão mais velho, Robertzito.

Nelly está com saudades do tio dela. Quando você vem nos visitar? Ah, e Anne está mandando você trazer uma namorada dessa vez, ou não passará da porta de entrada.

Abraço pra você, Rob.

Henry, o papai mais orgulhoso do mundo.

P.s.: Mande um oi pro Matt.”


Ele pode ter sete anos a mais que eu, e ser estupidamente estúpido, mas eu amo esse homem. ... Nossa, isso soou estranho.

Hm, é melhor eu arrumar uma namorada antes de ir pra casa deles, porque eu sei que a Anne está falando sério. Ela realmente odeia me ver ficando com um bando de garotas diferentes, e sonha em preparar meu casamento um dia. Eu sei disso porque ela vive me lembrando que, se eu não a deixar organizar tudo, escolher o bolo, a decoração e a minha roupa, ela vai me dar umas boas palmadas na bunda. É, meio esquisito, mas ela é bem capaz de fazer isso, de verdade.

Peguei uma pena e um pedaço de pergaminho velho que achei no bolso da calça. O parti em dois e comecei a responder.

“Mãe, pai,

Eu vou bem. Desculpa não ter dado notícias, mas é que eu não tenho nada de interessante pra contar. Obviamente vocês continuam trabalhando no St. Mungos, ou eu saberia, né? Legal. Embora ninguém nunca vá substituir o bom e velho Kree, eu fico feliz que vocês tenham achado um novo elfo. Obrigado pelos doces, eu e a Queen adoramos. O Matt está bem, mas eu não o vejo muito porque ele está sempre com aquele amigo dele, o tal do David.

Os estudos andam bem, como sempre. Há, eu sou o filho de vocês, afinal de contas.

Beijos, eu amo vocês também.

Robert.”


Essa foi bem simples. Agora, vamos ver como eu vou responder ao meu queridíssimo irmão mais velho.

“Henryzito, meu nada-caro irmão,

Tudo anda bem, claro. Por que não andaria? Claro, com quem você acha que está falando? Eu sou um rei entre as meninas, elas me idolatram. Eu tenho uma sobrinha muito esperta, pode falar. Ainda acho que você deveria ter colocado o nome dela de Roberta, mas tudo bem. Mande beijos pra Anne e deixe claro que ela, mamãe e Nelly continuam sendo as únicas mulheres importantes na minha vida. Não precisa nem falar, Henry. Você sabe que as meninas me amam, e quem sou eu pra não amá-las de volta? Eu só dou a elas o que elas querem.

A resposta foi boa o bastante? Sabe, eu só não escrevi ‘Não enche, Henry’ pra ver se você pára de reclamar. Considerando que meu irmão mais velho tem uma mentalidade menor que a minha, eu não acho que deva te respeitar. Deveria ser o contrário, pra falar a verdade.

Abraço pra você também, Henry.

Robert, o tio mais gostoso do mundo.

P.s.: Se o Matt estivesse aqui, provavelmente estaria mandando outro oi de volta.”


É, acho que está bom. Amarrei os pergaminhos na pata da Queen e acariciei sua cabecinha.

- Leve estas cartas pros meus pais e pro Henry, ok, menina?

Ela piou e rapidamente saiu voando.

Olhei no relógio. Seis e quarenta e cinco. Hora de ir pro Salão Principal e esperar o jantar. Uma das coisas boas de chegar sempre cedo pro almoço, pro jantar e pro café-da-manhã é sempre pegar a comida quentinha e tal.

Quando eu estava colocando o pé fora do Corujal, esbarrei em alguém. Normalmente eu iria esperar a pessoa dizer desculpas, ou simplesmente passar reto, mas o cabelo loiro me chamou a atenção.

- Matt! – exclamei, ao perceber que era realmente meu irmão mais novo. Ele se parece muito comigo, tem o mesmo cabelo e os olhos azuis. Já Henry é um pouquinho diferente; seus cabelos são castanho-claros e seus olhos verdes.

- Ah, oi, Rob – Matt disse, dando um meio sorriso.

- Hm, tudo bem? A gente quase nunca se fala.

- É, tudo. E com você?

- Tudo. Mamãe e papai me mandaram uma carta, e o Henry também – falei.

- O que eles queriam? – Matt perguntou, colocando as mãos no bolso.

- Nada importante, só saber como eu tava e tal. Eles mandaram um beijo e um oi pra você.

- Hm, legal.

E então o assunto morreu. Na verdade, eu nunca fui muito íntimo do Matthew, éramos sempre eu e Henry. Apesar da diferença de idade, nós dois sempre fomos mais chegados, e o Matt sempre foi bastante... Bem, distante e meio isolado em seu próprio mundo.

- Alguma novidade, Matt? – perguntei, tentando puxar assunto.

- Não. Você?

- Hm, deixa eu ver... – Coloquei a mão no queixo. – Ah, você ouviu falar da festa no sábado, não é?

- Ah, sim. – Matt disse. – Eu vou.

- Vai? Vai mesmo? – Me impressionei. Matthew nunca participava de nada, então ele ir numa festa era meio que um choque pra mim.

- Vou mesmo – Ele sorriu. – A minha fantasia vai ser de pirata. Um pouco infantil, mas é bem divertida, acho. E a sua?

- Eu não sei – Suspirei. Era mesmo impressionante; Matt estava conversando comigo! De verdade! – Alguma idéia?

- Me deixa pensar rapidinho – ele disse, o cenho franzido. Matthew sempre foi muito criativo, cheio de idéias boas. Ele era minha última esperança. – Já sei!

- Fala! – exclamei, ansioso.

- Olha só – começou Matt. -, uma loja nova abriu em Hogsmeade semana passada. É uma filial da Madame Malkins. Eles tem fantasias também. Eu vou mandar uma coruja pra dona da loja agora, já que eu tenho o endereço de lá, e pedir pra ela deixar sua fantasia separada. Amanhã você passa na loja e pega. Tá?

- Hm, tá – falei. – Mas por que você não me fala exatamente qual é a fantasia?

- Surpresa, Robert. – Matt piscou o olho e entrou no Corujal, me largando lá fora com uma sobrancelha levantada.

Certo, me aproximar mais do meu irmão: ótimo. Morrer de curiosidade: nem tanto assim.




N/A: desculpa a demora, mas a criatividade foi um pouco malvada comigo nesses últimos dias. enfim, terminei o capítulo 9 hoje de madrugada, às 3 da manhã. (: espero que gostem desse. quando eu terminar o 1O, posto o 9. eu sei que a Addie não apareceu e tal, e faz bastante tempo desde que ela e o Robert tiveram uma cena juntos, mas os dois vão, hm, contracenar no próximo capítulo. *-* prometo que respondo os comentários amanhã, mas agora preciso ir. vou fazer cookies. :9 'Brigada a todo mundo que comentou e que passou aqui na fic! :D Beeijo !

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