Robert.



Capítulo 18; Robert.



A primeira coisa que veio à minha mente foi o fato de como o roxo contrastava com o branco do pescoço dela. Nem sei por que, mas meus olhos pararam naquelas marcas e subiram até seus lábios, e eu percebi que estava pensando, sem querer, em como seria beijar Addie Finley.


 


Mas então eu acordei e percebi que a minha situação no momento não me permitia sonhar.


 


- Caralho. – Foi o que saiu da minha boca, porque minha cabeça estava totalmente embolada, cheia de nós. Sério, eu não sei o que pensar! Eu falo uma besteira, estrago um momento importante com a menina que estou tentando conquistar e, de repente, descubro que foi ela que eu beijei na noite passada.


 


Merlin, você tirou o dia pra complicar minha vida, não é?


 


- O que foi? – Addie perguntou, e eu me assustei com o quanto sua voz parecia firme. Será que ela não tá com vergonha ou é só impressão minha?


 


- Você... Seu pescoço... Eu... Ai, Merlin, o que aconteceu com seu pescoço? – Comecei a andar de um lado pro outro, porque, mesmo que ela não estivesse assustada, eu estava, e muito. – Era você... Ah, não, era você, Addie!


 


Acho que só falei aquilo pra confirmar pra mim mesmo a verdade. Porque é difícil acreditar que eu fui tão burro a ponto de confundir a Addie com a Heather. Enquanto uma é quase uma prostituta – apesar de bem, beeem gostosa –, a outra não poderia estar mais longe disso.


 


- Eu...?


 


Ela me olhou com uma cara estranha. Seu cenho estava franzido e ela entortou a cabeça como se estivesse pensando. Depois de alguns segundos, seu rosto ficou da cor de uma beterraba e ela finalmente entendeu tudo.


 


- V-você é o... – Juro que de onde eu estava eu consegui a ouvir engolir um seco. - Robbie?


 


Assenti levemente. Foi meio estranho ouvir a Addie me chamar de Robbie, e por algum motivo isso me fez corar. É vergonhoso admitir, mas eu gostei do jeito como meu apelido soou saindo dela.


 


- Ai, meu Merlin – ela sussurrou. – Ai, meu Merlin!


 


Quando olhei dentro de seus olhos, vi que ela estava com medo de mim. E isso meio que doeu. Eu gostaria que ela se sentisse segura perto de mim, e eu senti do nada uma vontade gigante de abraçá-la e dizer que tudo vai ficar bem, embora eu não tenha certeza de que realmente vá ficar.


 


- Me desculpa – comecei, dando um passo pra frente. – Eu sinto muito, Addie. Se eu soubesse que aquela garota era você, e não a Heather, eu nunca... eu nunca teria feito aquilo. Juro.


 


Eu entendo que ela esteja com raiva de mim agora. Sério, se isso tivesse acontecido comigo, eu também estaria muito, muito puto com ela. Acho que eu só tenho que culpar a mim mesmo.


 


Cara, como eu sou idiota às vezes!


 


Aposto que agora ela deve pensar que eu sou um garoto sem escrúpulos que pega todas, e talvez eu seja mesmo, mas eu realmente não queria que a Addie começasse a me ver desse jeito.


 


E o pior é que eu nem sei por que me importo tanto com o que ela pensa.


 


- Que vergonha... – ela murmurou, enterrando o rosto nas mãos.


 


- Addie... – falei, encostando no ombro dela. Addie pulou pra trás e eu recolhi minha mão.


 


- Você não vale nada, Robert, nada mesmo! – ela exclamou.


 


Quando eu abri minha boca pra responder e pedir desculpas, ela me deu um tapa. Nunca antes na minha vida uma garota bateu em mim, e agora aqui estou eu, parado na frente da menina-estranha-dos-embrulhos-prateados, com o rosto ardendo de dor e vergonha.


 


Eu não sei o que eu estava esperando que acontecesse, mas o que quer que fosse não era isso.


 


- Você... Você me bateu... – balbuciei, encostando de leve na minha bochecha ardida, já imaginando a marca que se formaria ali e rezando pra que ela desaparecesse antes da festa.


 


- Tarado! – ela berrou e em seguida correu escada acima, sumindo numa curva antes que eu pudesse sequer me recuperar do choque.


 


Quando Addie foi embora eu ainda passei alguns minutos ali em pé, com a mão no rosto, encarando o nada. É estranho pensar que uma simples garota possa ter um efeito tão grande sobre mim. Eu nunca achei que fosse me sentir tão mal ao machucá-la, porque, bem, eu já machuquei muitas meninas antes. Mas parece que ela é diferente, de certa forma.


 


Eu andei até o pé da escada e peguei o cachecol dourado, o segurando contra meu rosto e respirando o cheiro de violetas que saía dele. E então, meio que inconscientemente, eu cogitei a possibilidade de que eu talvez esteja gostando dela um pouco mais do que eu devia.


 


 


 


Depois de chegar no meu dormitório, eu resolvi dormir um pouco, mais pra tirar certos pensamentos da minha cabeça do que qualquer outra coisa.


 


Infelizmente, eu mal tinha fechado os olhos quando ninguém menos que Nathaniel Benson pulou em cima de mim, me esmagando com seu corpo ossudo e magrelo.


 


- Rob! – ele exclamou, sorrindo. – Onde você foi? Eu senti sua falta.


 


- Sai de cima de mim, sua peste – resmunguei, o jogando pro lado e me levantando, já desistindo completamente de dormir. – Eu te disse que ia pra Hogsmeade pegar minha fantasia, não disse?


 


- Sim – Ele fez uma cara de coitadinho. – Mas eu não achei que você fosse demorar tanto. Eu até faltei as aulas da tarde e fiquei te esperando aqui. Achei que a gente podia ter um tempo “mano-a-mano”, sabe? Faz um tempão que a gente não conversa direito.


 


Devo admitir que sim, realmente faz bastante tempo que não converso direito com Nate. Ele é meu melhor amigo e acho que talvez eu não esteja dando a ele a atenção que ele merece. Ele é carente demais e eu sinto pena da sua futura namorada, mas o que posso fazer? Eu amo esse homem.


 


Isso soou estranho demais, hm.


 


- Beleza, Nate – falei. – Vamos dar uma volta nos jardins, então.


 


Ele sorriu e nós fomos. Acho que vai ser bom sair um pouco com ele porque, além do Nate me distrair e eu rir muito com ele, isso também vai me ajudar a esquecer certa pessoa e certos sentimentos estranhos que eu ando sentindo em relação a ela.


 


 


 


O sol estava se pondo quando a gente saiu do castelo e pisou no gramado do jardim. Sério, até hoje eu não consigo me acostumar com a beleza de Hogwarts. É tudo tão lindo aqui, e, de certa forma, tão romântico. Eu me sinto em um filme às vezes.


 


Normalmente eu não penso assim, mas eu pareço estar bem mais sensível esses dias. Vai saber, né.


 


Eu e Nate andamos devagar até uma árvore grande perto do lago. Durante todo o caminho eu fiquei pensando se deveria contar pra ele sobre a Addie ou não, e, apesar de que falar sobre ela iria ser como me contradizer porque antes eu havia dito que queria esquecê-la, eu estava quase abrindo a boca quando literalmente tropecei em uma pessoa deitada no chão.


 


- Merda – resmunguei.


 


- Ih, foi mal, Robert – a pessoa disse.


 


Pearê, eu conheço essa voz.


 


- Todd?! – exclamei. – Seu maluco, o que você tá fazendo aqui?


 


Ele sorriu e se levantou, me ajudando em seguida.


 


- O mesmo que você e o Nate. Matando aula.


 


- Rob, não acredito que você foi idiota o bastante pra tropeçar em uma pessoa. – Riu o infinitamente-mais-idiota-que-eu-Nate.


 


- Cala a boca, Nathaniel.


 


- Nem comecem, vocês dois – disse Todd. – Não to afim de ficar vendo briga hoje. Já não basta o que aconteceu ontem, né.


 


- O que aconteceu ontem? – perguntei, levantando uma sobrancelha.


 


- Ah, eu... Bem, sabe a Jennifer?


 


- Sua ex? – perguntou Nate. – O que tem ela?


 


- Eu tava na biblioteca, fazendo um projeto pra minha aula de Feitiços e... – Nessa hora Nate deu uma risadinha e Todd socou o braço dele. – Nem vem, Nate. Eu sou um bom aluno às vezes, tá? Mas enfim, como eu tava dizendo, enquanto trabalhava eu ouvi uns barulhos estranhos vindo de detrás de uma estante. Quando eu fui até lá pra ver o que era, adivinha quem eu encontro?


 


- A Jennifer se agarrando com um cara qualquer – falei, lembrando da minha própria experiência com Beatrice.


 


- Não, pior! A Jennifer se agarrando com outra garota!


 


Enquanto eu e Nate o encarávamos chocados, com a boca aberta, Todd enterrou o rosto nas mãos e começou a rir histericamente.


 


- Hã, Todd – começou Nate. – Por que você tá rindo, cara?


 


- É muito engraçado, não é? – ele respondeu, se contorcendo de tanto gargalhar. – Minha namorada, a pessoa que eu mais amo no mundo, gosta de garotas. E ela ainda passou mais de dois anos comigo, provavelmente me traindo com outra pelas minhas costas, e eu não tinha idéia. Nosso namoro era uma mentira pra ela, uma mentira...


 


E então, do nada, ele começou a chorar. Como eu nunca me vi numa situação assim antes, eu não soube o que fazer, mas Nate o abraçou e começou a bater de leve nas costas dele, como se Todd fosse um bebê.


 


Os dois ficaram lá por alguns minutos, e enquanto isso eu comecei a encarar o lago. Eu não sei o que eu faria se descobrisse que a garota que eu gosto estava me traindo. Quero dizer, isso já aconteceu comigo quando eu namorava a Beatrice, mas, por alguma razão que eu desconheço, quando eu imagino a Addie beijando outro, eu... Bem, não sei, mas alguma coisa acontece lá dentro e me faz querer socar meu travesseiro.


 


- Calma, calma – disse Nate. – Vai ficar tudo bem. Essa menina não te merece. Foi bom vocês terem terminado ou senão você ia passar sabe-se lá mais quantos anos ao lado dela.


 


- É, você tem razão, Nate – Todd disse, respirando fundo e limpando o rosto na camisa. – Obrigado, cara.


 


- De nada. Eu tenho experiência em consolar meus amigos. Quando o Rob terminou com a Beatrice, quem você acha que passou dias o consolando? Euzinho aqui.


 


- Pelo menos você não descobriu que a Beatrice era lésbica, né Rob. Assim não deve doer tanto – disse Todd.


 


- Você não tem idéia do quanto eu sofri quando a Beatrice terminou comigo, Todd. Então, não tenta comparar minha dor com a sua, por favor.


 


Acho que devo ter falado isso com uma cara tão assustadora que ele ficou quieto rapidinho.


 


- Sabe o que eu acho que você deve fazer? – falei, me encostando no tronco da árvore. – Você deve pegar alguém na festa de hoje à noite e esquecer de uma vez por todas a Jennifer.


 


- Você tem razão, Rob. – Ele suspirou e em seguida levantou os braços pra cima. – Hoje à noite eu vou pegar alguém!


 


- É assim que se fala. – Sorriu Nate, deitando no chão e colocando as mãos atrás da cabeça. – E você vai fantasiado de que, Todd?


 


- De Dumbledore. Arrumei uma roupa roxa brilhante e uma capa com estrelas prateadas, e também uma barba comprida falsa. Ah sim, e um chapéu comprido da cor da capa.


 


- Você devia ir até o antigo escritório do Dumbledore e mostrar sua fantasia pro quadro dele – sugeriu Nate, rindo. – Vai ficar maneiro, mas não sei se alguma garota vai querer ficar com um menino barbudo.


 


- Olha quem fala – eu disse, chutando Nate de leve. – Você vai de Mickey Mouse.


 


- E você, Rob? – perguntou Todd.


 


- Meu irmão desenhou minha fantasia. É tipo um uniforme da armada inglesa, sabe? Com o casaco vermelho e tal.


 


- Não sabia que seu irmão desenhava roupas – comentou Nate, levantando uma sobrancelha.


 


- Pois é, nem eu – falei.


 


Como eu queria mudar de assunto para não ter que discutir a recém-descoberta-quase-homosexualidade do meu irmão – acho que vou precisar de mais um tempo pra aceitar isso –, eu peguei umas pedrinhas e comecei a tacar no lago, as observando quicar até afundar na água.


 


- E a menina-dos-embrulhos, Rob? – perguntou Todd. – Já conseguiu fazer com que ela se apaixonasse por você?


 


- A Addie? Não – falei, correndo a mão pelo meu cabelo. – Eu fui um idiota hoje mais cedo e arruinei completamente minhas chances com ela.


 


Os dois se entreolharam e Nate sorriu de lado.


 


- Sabe, Todd, acho que o contrário tá acontecendo.


 


- Eu concordo, Nate. Nosso amigo Rob pode não querer admitir, mas talvez ele esteja começando a gostar um pouco demais dela.


 


- Fiquem quietos – resmunguei. Minha cabeça já tá embolada o bastante sem os comentários infelizes deles. – Não preciso que vocês fiquem me lembrando do que eu já sei.


 


- Caralho! – exclamou Nate, levantando num pulo e segurando meu ombro. – Então é verdade? Cara, a gente só tava te zoando.


 


- Então o famoso Robert Caldwell está realmente abrindo seu coração mais uma vez? E justo pra única menina nessa escola que não te quer?


 


- Eu não sei, tá?! – gritei. – Eu to cansado disso tudo. Quando eu to com ela, eu me sinto bem. Quando eu to longe, eu penso nela. No começo eu achei que fosse só porque ela me recusou e eu queria a conquistar pra não ferir meu orgulho, mas agora... Ah, eu não sei!


 


- Acho que você tá se apaixonando, Robert.


 


Olhei pro Todd como se ele tivesse acabado de falar a maior besteira do mundo. Eu ri de leve, balançando a cabeça.


 


- Não, não – eu disse. – Eu não vou me apaixonar, não de novo. Eu não quero me machucar mais uma vez. Eu não gosto da Addie, entenderam? Ela é só mais uma entre todas as meninas nessa escola, não tem nada de especial a respeito dela. Eu vou fazer ela se apaixonar por mim, vou sair com ela, e depois vou terminar tudo. E pronto. É só isso que vai acontecer, e nada mais.


 


Parei de falar, ofegando. Me senti meio mal em falar isso sobre a Addie, mas eu tenho que convencer os dois de uma vez por todas que eu não vou me apaixonar por ela.


 


Mas, mais ainda, eu tenho que convencer isso a mim mesmo.


 


- Certo, Rob – disse Todd. – Eu não falo mais nada, prometo. Mas você vai acabar vendo que eu não to errado, e quando você vir isso eu não quero que você venha correndo na minha direção pra me pedir conselhos.


 


- Foi mal, Todd – falei. – Mas sério, vamos mudar de assunto, por favor.


 


- Você acham que eu fico sexy vestido de rato? – perguntou Nate, do nada. Eu ri. – Ah, qualé! Eu vou ficar bonitinho com um rabinho preto, né não?


 


- Pergunta isso pra uma garota, Nate. Eu não posso te responder de forma sincera, sabe. – Riu Todd.


 


Enquanto os dois discutiam o corpo “sexy” de Nathaniel Benson, eu repetia a conversa em minha mente. Talvez Todd esteja certo, pensei. Talvez eu esteja mesmo gostando da Addie. Talvez não seja tão ruim assim me apaixonar de novo. Mas eu afastei esses pensamentos na hora, porque eu não quero ter esperanças de que ela vá retornar meus sentimentos.


 


O que quer que esses tais sentimentos sejam, quero dizer.


 


 


 N/A: DESCULPA! Eu sei que prometo postar em fevereiro (estamos em agosto :O), mas eu realmente tenho andado ocupada. Mas, mais que ocupada, eu tenho andado sem inspiração. Nesse meio-tempo em que eu não postei, eu viajei de férias pro Brasil, arrumei um namorado, voltei pro Canadá, terminei o namoro, passei por uma fase chorona por causa da saudade dos amigos, e agora estou aqui. Afe, minha vida anda agitada, vou te contar viu! Husuashuash. Enfim, nesse capítulo o Rob finalmente começa a perceber que os sentimentos dele em relação à Addie são mais fortes do que ele gostaria... Não acontece quase nada nesse capítulo, a não ser os sentimentos do Rob e o Todd e tal. Desculpe se não teve muita ação :/

Só esperem chegar o cap. da festa! Sério, tenho TANTA coisa planejada pra ele, vou chocar o mundo hasusauh. 

Eu amo vocês, e desculpem mesmo pela demora. Sinto muito ):

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