Páscoa



Rony não tivera coragem de contar o que ouvira nem à irmã, nem à Mione. Harry tentava conversar com ele, mas o ruivo estava muito preocupado. Neville percebera que Rony descobrira e foi conversar com ele.


Harry e Neville contaram-lhe da Ordem da Fênix, ocultando o fato de Harry ser o "Menino-Que-Sobreviveu" e a profecia, e contaram que sabiam desta porque os pais resolveram que eles deviam saber, apesar de quase a família toda de Rony fazer parte da Ordem.


- Porque eles não me disseram? - revoltou-se.


- Acho que tinham receio de que você ficasse assim, ou que contasse para Gina. - arriscou Harry.


- Desde quando vocês sabem?


- Desde o natal. - respondeu Neville. - Belo presente, não? - gracejou.


- Vocês ganharam de presente de natal, mas guardaram para me entregá-lo de presente de aniversário. - retrucou o ruivo no mesmo tom; já era março, e ele fizera aniversário na semana anterior.


Os três riram, e ficaram um tempo jogando xadrez de bruxo. Era domingo, quase primavera, e todos estavam do lado de fora, aproveitando o sol que estava começando a aparecer.


- Onde vocês vão passar a Páscoa? - perguntou Neville, observando Rony massacrar Harry, como sempre, no tabuleiro.


- Lá n’A Toca, creio eu. Vocês não querem passar lá, com a gente?


- Rony, acho que Neville e eu devemos ir para a Sede da Ordem. Meus pais estão lá desde o natal, e além do mais, é uma oportunidade de saber o que está se passando...


- Ótimo! Vou ficar sozinho e sem notícias na Páscoa, só porque minha família pensa que sou criança! - resmungou.


- Rony, por favor, fique em casa! Já tem gente inocente envolvida demais nessa história, e, se você for, com certeza a sua irmã vai querer ir também!


- Ela não se atreveria!


- Você acha isso mesmo? - perguntou, descrente.


- Droga! É exatamente o que ela vai fazer! Porque aquela ruiva tem que ser tão teimosa?


- Acho que é herança genética, sabe? - provocou, rindo.


- Ah, Harry, não enche! - jogou uma almofada dele.


* * * * * * * * *


Largo Grimmauld estava uma digníssima confusão; era um entra e sai de gente, o quadro da mãe de Sirius gritava furiosamente, mas ninguém lhe dava atenção. Harry foi levado ao mesmo quarto que ficou no natal, e viu outra cama armada. Antes que pudesse perguntar de quem era, Neville entrou, arrastando sua mala.


- Simpática, a casa... - brincou, enquanto sentava na cama ao lado da que Harry estava sentado.


- Eu tive essa mesma sensação agradável quando vim aqui pela primeira vez... - sorriu, também irônico.


- Cadê teus irmãos, cara?


- Liam foi passar as férias de páscoa com Jo-Jo, e Ellen preferiu passá-las com uma colega de escola, também.


- Certo... - deitou-se na cama, fixando o olhar no teto. - Alguma novidade?


- Nada de efetivo. - deitou-se também. - Não há notícias do paradeiro dos comensais, ou do próprio Voldemort. Eles não querem dizer, mas eu acho isso tudo muito estranho.


- Você acha que eles estão escondendo algo?


- Possivelmente; afinal, nem somos da Ordem, não é? - Ouviram um "POP" e se levantaram, varinha em punho, para ver o que era.


- Harry Potter, meu senhor! - Dobby gritou de satisfação, e abraçou-se à perna do moreno.


- Calma, Dobby! - deu uns tapinhas na cabeça do elfo, para que se acalmasse. - Esse aqui é o meu amigo Neville. - apresentou, virando-se para o garoto. - Esse é meu amigo Dobby, Neville.


O elfo começou a chorar, e Neville riu. Harry ordenou que Dobby parasse de chorar, e ele disse que estavam sendo chamados para almoçar, desaparecendo em seguida.


- Esse elfo é do Sirius? - perguntou, curioso.


- É uma longa história, Neville... - riu e começaram a descer as escadas, enquanto Harry lhe contava como Dobby aparecera nas suas vidas, e o amigo ficou extremamente curioso quando soube que o elfo trabalhara para os Malfoy.


- Ele deve saber cada podre, hein? - falou, pensativo. - Acho que devíamos conversar com ele, Harry, pra ver se ele tem alguma informação do que está se passando. - Neville sabia que Draco provocara Harry, mostrando que sabia mais do que devia sobre os comensais e Voldemort.


- A gente pode tentar, mas a magia que o impede de falar dos antigos mestres é muito forte, além do que eu acho que aquela família não devia confiar nem mesmo nos seus elfos domésticos.


- Pois eu acho justamente o contrário; eles os acham tão sem importância e subservientes, que não se importam em falar o que quer que seja na frente deles...


* * * * * * * * *


Depois do almoço, quase todos saíram. Harry e Neville foram ajudar Sirius a tornar a casa um pouco mais habitável.


Fazia mais de quinze anos que estivera fechada, e o elfo doméstico que cuidava dela, Kreacher, estava completamente pirado. Sirius o mandou para Hogwarts, e ele trabalhava na lavanderia da escola.


- Essa é a sala mais crítica! - gemeu, dando passagem aos garotos. - À sua direita, os senhores podem ver os mais finos artigos de magia das trevas; à sua esquerda, a tapeçaria da mui nobre família Black, e caso queiram algum souvenir, dirijam-se à lojinha próxima á saída... - brincou Sirius, como se estivessem visitando um museu.


Ensacaram tudo o que puderam, mas não conseguiram despregar a tapeçaria da parede. Sirius deu um suspiro alto, e xingou os pais baixinho.


- Deve ter a mesma porcaria de cola que tem no quadro da velha louca lá embaixo! - gemeu, tentando vários feitiços, sem fazer qualquer efeito.


- Ei, acho que meu nome deveria ser neste ponto aqui, não é? - falou Neville, apontando para uma sucessão de três gerações de pontinhos queimados na tapeçaria.


- Exatamente! Olha, aqui , - apontou para um ponto acima dos queimados. - era a detestável tia-avó Denêbola Black, que se casou com Jack Longbottom. Como vocês podem ver, a partir do nome dele, a família foi toda renegada, ou seja, tornaram-se pessoas melhores.


- Meu borrãozinho está aí? - Harry brincou.


- Sinto muito, meu caro, mas nessa tapeçaria apenas os puro-sangue. - Sirius falou numa voz pomposa, que Harry imaginou que devia pertencer ao seu pai. - Aqui era eu, ao lado do estúpido do Régulo... - ficou com o olhar parado um instante.


Harry sabia que o irmão de Sirius tinha sido morto quando tentara deixar de ser comensal, e sabia também que o padrinho nunca havia perdoado a fraqueza de espírito do irmão.


- Eu tô morrendo de fome! - tentou mudar o assunto. Olhou para o relógio. - Merlin, já são quase sete horas!


* * * * * * * * *


Finda a refeição, os membros da Ordem que não dormiam na sede se despediram, ficando apenas o padrinho, os pais e os Longbottom.


- Eu tenho algo a contar pra vocês. - falou Harry, antes de dizer aos presentes a conversa que ele e Rony haviam presenciado entre Snape e Karkaroff.


- Então o velho Karkaroff está com medinha? - provocou Sirius.


- Medinha? Ele está neurastênico! - Harry afirmou. - Eles eram comensais, não eram?


- Eram sim, mas se safaram no julgamento, quando Voldemort desapareceu há quinze anos. - falou Frank, com uma xícara fumegante de café entre as mãos.


- Karkaroff estar na Durmstrang é até compreensível, mas o que Snape faz em Hogwarts?


- O Ranhoso tem muita sorte! Dumbledore confia nele, e, à minha revelia, ele também está na Ordem da Fênix... - falou Sirius, desgostoso.


- Se Dumbledore confia nele, é o bastante! - falou Lily, pondo um ponto final na conversa, e botando os garotos para irem apara cama.


* * * * * * * * *


Harry se debatia na cama. Estava sonhando com aquele lugar lúgubre de novo, mas a sensação agora era diferente; ele se arrastava rapidamente pelo chão, e estava ansioso. Aproximou-se da primeira porta, e viu um homem sentado numa cadeira, meio adormecido.


O garoto ouvia ecoar na sua cabeça palavras desconexas, como "matar!", ou "comida!". Antes que pudesse assimilar o que estava por acontecer, reconheceu este homem sentado à porta como o Sr. Weasley. Tentou falar alguma coisa, mas só ouviu um silvo, e percebeu seu corpo ondulando. Naquele instante, percebeu que era uma cobra, e deu o bote.


- NÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃOOO!!! - gritou, acordando assustado. Antes que pudesse se levantar, sentiu uma forte náusea e vomitou. A porta foi aberta, e quando Harry levantou a cabeça, os rostos apreensivos de todos mirados no seu. - O Sr. Weasley, - arquejou, sem ar. - ele foi atacado. - e vomitou de novo.


Lily sentou-se na cama, e segurou a testa do filho, como se fosse pequeno, e pediu a Tiago que fosse buscar seu kit de medibruxa. Os Longbottom saíram do quarto, para deixar a família mais à vontade. Lupin e Tonks os seguiram, deixando apenas os quatro no quarto, agora que Tiago retornara. A mãe lhe deu uma poção que o aclamou um pouco.


- O que houve, Harry? - perguntou o pai.


- Eu sonhei que era uma cobra e que atacava o Sr. Weasley. - falou, sem emoção. Com certeza, efeito da poção que a mãe lhe dera. - Ele está muito ferido, numa espécie de masmorra, guardando uma porta.


Os três adultos de entreolharam, e Sirius saiu correndo do quarto. O garoto sentiu uma pontada na cicatriz, e caiu de novo no chão.


- O Sr. Weasley está quase morrendo! - gemeu, segurando a testa. - Ai, droga... Gina!


- O que tem a Gina? - a mãe perguntou. Tiago havia descido também, deixando-os sozinhos.


- Ela sabe que o pai está mal. - gemeu mais uma vez. - Mãe, ela precisa de mim; eu tenho que ir n’A Toca! - levantou-se.


- Harry, você não tem condição de ir a lugar nenhum! Como medibruxa, eu não posso permitir que -


- Mãe, sinto muito, mas eu vou lá sim! - falou, resoluto. Levantou-se e trocou de roupa, sem nem ligar que a mãe ainda estava no quarto.


Desceu as escadas correndo, e encontrou Tiago e Sirius na lareira, falando com Dumbledore.


- Ele já está sendo levado para St. Mungus, o alarme foi dado. - disse o diretor, num tom neutro.


- Professor, a família já foi avisada? - Harry falou, assustando os dois homens, que não tinham percebido a presença dele.


- Molly já deve saber. Que relógio maravilhoso, aquele que ela tem... - divagou. - Eu estou indo lá agora, Harry.


- Posso ir com o senhor?


- O que a sua mãe disse sobre isso? - o diretor perguntou, observando, com a cabeça na lareira, Lily descer as escadas. Harry lhe dirigiu um olhar suplicante.


- Ele pode ir. - falou, séria. Harry se levantou e lhe beijou o rosto, agradecendo. - Mas quando o senhor voltar, vamos ter uma conversinha!


- Obrigado, mãe.


* * * * * * * * *


Dumbledore aparatou nos portões d’A Toca, com Harry segurando o seu braço. Não era maior ainda, e a lareira dos Weasley não estava ligada à Via de Flu, por medida de segurança. Bateram à porta, que foi aberta pouco tempo depois por Gui, que os saudou com uma expressão triste.


Harry fizera tanta questão de vir, que nem por um momento lembrou-se de que Gina não falava com ele. Ficou subitamente com vergonha de estar ali, no meio da dor da família que ele tanto amava, mas que não era a sua.


Quando chegaram à sala, a Sra. Weasley descia pressurosamente as escadas, e correu para os visitantes. Abraçou Harry efusivamente, apesar do semblante claramente preocupado. Dumbledore conversou rapidamente com eles, mas Harry não ouvira nada. De lá ele escutava Gina gritando com alguém, e seu coração estava apertado de ansiedade.


Harry entrou na cozinha, depois que os adultos saíram da casa. Gina vestia uma camisa enorme dos Chudley Cannons, que lhe chegava à altura dos joelhos, e estava vermelha de raiva, discutindo a plenos pulmões com Percy e Carlinhos.


- Porque eu não posso ir? Eu vi papai sendo atacado por aquela cobra! - gritava.


- Você vai ficar aqui até que papai melhore! Não tem sentido irmos todos! - gritava de volta Percy.


- Então porque você não fica? - os olhos faiscavam, e a voz transmitia a sua dor. Harry não agüentou mais, e atravessou a cozinha, até onde ela estava.


- Gina... - tocou seu braço. Ela se virou, e toda a raiva que sentia desapareceu.


- Harry... - soluçou. - Meu pai... - e não se aguentou mais.


Ele a abraçou carinhosamente. Nunca a tinha visto chorar, e não queria vê-la sofrendo daquele jeito nunca mais. Ela se abraçou a ele, chorando convulsivamente. Nesse momento, nem se lembrava de que não estava falando com ele; era o único que podia consolá-la.


Levou-a no colo até a sala, sentou-se numa poltrona grande e a pôs no seu colo, aninhando-a como uma criança, beijando-lhe a testa, ambos completamente alheios aos olhares estupefatos dos ruivos para eles.


* * * * * * * * *


- Grande irmão, você hein, Ronald? - brigou Fred.


- Como você deixou que isso acontecesse? - completou Jorge, com o semblante carregado.


- Ei, o que eu podia ter feito? - defendeu-se Rony.


Os três irmãos estavam discutindo na cozinha. Os gêmeos tinham acabado de chegar de St. Mungus, e tinham deixado Rony para "cuidar" de Gina. Eles lançavam olhares dardejantes rumo à poltrona em que a ruiva e Harry estavam.


Gina dormira no colo de Harry, que se aconchegara a ela e também dormira. Ela estava com o rosto apoiado na curva do pescoço dele, e tinha o braço apoiado na sua cintura. Ele encostara o queixo à testa dela, passara um dos braços pelas suas costas, e a outra mão estava acintosamente espalmada na coxa dela, por baixo da camiseta dos Chuddley Cannons.


Gina acordou com a discussão na cozinha, mas tenta não se mexer, para não acordar Harry. Os três continuam discutindo, e o garoto acordou, percebendo de súbito a situação constrangedora em que estavam.


- Er, desculpa. - falou, sem jeito, tirando a mão da coxa dela, e a ajudando a se levantar.


- Deixa pra lá... - ela deu um sorriso meio de lado, e o puxou pela mão, entrando na cozinha em seguida. - Posso saber que gritaria é essa? - falou séria, olhando para os irmãos, que não tiravam os olhos das mãos deles, que ainda estavam dadas. Harry corou furiosamente, mas manteve a mão junto à dela.


- Estávamos imaginando se a sua cama não ia lhe dar um torcicolo... - provocou Fred, encarando Harry, sério.


- Dá pra vocês pararem com essa infantilidade? - brigou, vermelha. - Como papai está? Vocês têm notícias?


- Acabamos de chegar de St. Mungus. - respondeu Jorge. - Mamãe pediu que viéssemos buscar vocês. Ele está sendo medicado, e as visitas estão liberadas.


Gina suspirou aliviada e abraçou o irmão. Subiu correndo para trocar de roupa, deixando Harry na toca dos leões.


- Será que o senhor pode dizer o que a sua mão afoita fazia embaixo da blusa da minha irmãzinha? - vociferou Fred, apontando ameaçadoramente para Harry.


- Eu... Er... - o que ia dizer?


- Por quais outros lugares essa sua mão passou? - inquiriu Jorge, levantando-se e se aproximando, batendo o punho ameaçadoramente na mão.


Harry foi recuando, até ser encurralado na parede da cozinha, os três ruivos com cara de poucos amigos, fecharam o cerco em cima dele.


- Calma, não é nada disso que vocês estão pensando... - falou, na defensiva.


Os três não se aguentaram mais e caíram na gargalhada. Harry olhava de um para o outro sem entender, com medo que essa reação fosse o início de um surto histérico.


- Você achou mesmo - disse Jorge, com a voz entrecortada de rir. - que a gente ia te bater? - caíram na gargalhada de novo, perante um boquiaberto Harry.


- Dessa vez você se safou, Harry! - falou Rony, tomando fôlego, depois de um tempo. - Eu vi que não aconteceu nada... Mas não pense que a gente não tá de olho em você, viu?


- É bom mesmo se manter de olho, viu, Ronald? - provocou Fred. - Você é o responsável pela idoneidade da nossa querida irmã caçula...


- Eu? - espantou-se. - Vocês já deviam conhecer a Gina o suficiente para saber que ela só faz o que quer, não é? E que eu não conseguiria impedir que nada acontecesse...


- Te vira, Rony! - falou Jorge, meio rindo, meio sério, olhando furtivamente para Harry.


- Eu simplesmente não acredito que vocês ainda estão implicando com o Harry! - Gina falou irritada, descendo as escadas e cruzando os braços, olhando firmemente para os irmãos, que se calaram. Harry agradeceu aos deuses pela ruiva ter descido, porque ele sabia que essa história ainda ia sobrar pra ele. - Então, podemos ir?


* * * * * * * * *


Chegaram ao hospital perto das dez horas, e seguiram para o andar do quarto do Sr. Weasley. Ninguém falava nada, parecia que o medo da noite anterior havia voltado para cada um deles, que só se sentiriam melhor depois que o vissem restabelecido.


Harry agradecia internamente pelo silêncio dos ruivos. Tinha ficado tão desesperado para ir à Toca, que não atentara para os detalhes estranhos. Em primeiro lugar, vira os olhares que os pais e o padrinho lhe lançaram, quando explicou que no sonho ele tinha assumido o lugar da cobra, que acabara realmente atacando o Sr. Weasley. Depois, quando chegou à casa dos ruivos, ouvira Gina gritando que também tinha sonhado com o ataque.


Suspirou, desolado. De certa forma, se sentia responsável pelo que tinha acontecido, e percebeu que mesmo tentando se afastar, ele ainda continuava perigosamente próximo às pessoas de quem gostava.


- Você está bem? - perguntou Gina, baixinho, quando se aproximaram da porta.


Tentou falar, mas não conseguiu... apenas assentiu. Neste momento Lily, Tiago e Sirius passam pela mesma porta por onde os garotos vieram, rumo a eles.


- Oi, Gina, como você está? - perguntou Lily, depois de dar um beijo na testa do filho, que se mantinha calado, mas deu um meio-sorriso para a mãe.


- Tudo bem, Sra. Potter. Meu pai está melhor...


- Que bom! - sorriu sinceramente. Então olhou preocupada para o filho, que mais uma vez baixara a cabeça. - O que houve? - perguntou para Gina, de forma inaudível. A ruivinha balançou a cabeça e deu de ombros, sinalizando que não sabia por que ele estava assim.


- As visitas já foram liberadas! - Avisou Rony. - Podemos ir?


Harry não escutara nada. Havia um bolo formado na sua garganta, e a culpa o corroía. O Sr. Weasley havia quase sido morto por sua causa, e ele não queria estar lá quando a família soubesse que fora ele quem atacara, mesmo em sonho, o pai deles.


Lily fez um sinal para que Gina ficasse com Harry, e arrastou os outros para o quarto do senhor Weasley. Gina sabia que Harry não ia falar nada, e também sabia que ele estava sofrendo. Aproximou-se dele e o puxou para um abraço.


Por mais que quisesse se afastar, não conseguiu não abraçá-la de volta. Enterrou seu rosto na curva do pescoço dela, sentindo-lhe o cheiro de flores, segurando-a firmemente pelas costas.


- Hem, hem. - Sirius pigarreou um tempo depois, na porta do quarto, fazendo com que o casal se soltasse. - Artur quer ver vocês dois. - falou, com o mesmo sorriso divertido que fizera quando os surpreendera na lareira, em novembro.


Gina entrou na frente, seguida pelos dois. Os irmãos estavam meio desconfiados, mas não falaram nada, ao verem a expressão de tristeza no rosto de Harry. A Sra. Weasley estava sorrindo, sentada ao lado da cama de um pálido, mas também sorridente, Sr. Weasley.


- Harry, por favor. - Sr. Weasley chamou o garoto, depois de ser efusivamente abraçado pela ruivinha. - Eu gostaria de te agradecer. - puxou o ar com um pouco de dificuldade. - Se não fosse você ter dado o sinal, quem sabe eu não estaria aqui, hoje.


- Artur, não diga isso! - censurou a Sra. Weasley. - Meu querido, muito obrigada! - virou-se para o garoto.


- O que Harry tem a ver com o papai ter sido salvo? - perguntou Rony, intrigado.


- É melhor não conversarmos sobre isso aqui. - interrompeu Lily, olhando preocupada para o filho, que mal conseguira responder ao agradecimento dos Weasley.


- Lily está certa! - entendeu a senhora ruiva. - E Artur precisa descansar.


- É melhor irmos, não é? - propôs Tiago, e a esposa assentiu em resposta.


Lily saiu do quarto, puxando o filho, seguida por Tiago e Sirius, todos preocupados com Harry, deixando Rony e Gina curiosos e consternados.


* * * * * * * * *


- Harry, tome isso. - a mãe lhe entregou um cálice, com uma poção verde-escura, preocupada com a mudez do filho desde St. Mungus. - Sente-se melhor?


- Não. - gemeu. Apesar de a poção ter lhe esquentado um pouco, nada poderia apagar a sua culpa.


- Fale o que você sentindo, filho! - pediu Lily, passando a mão pelos cabelos dele.


- Mãe... - respirou fundo, tentando desfazer o bolo na garganta. - Fui eu que ataquei o Sr. Weasley... Ele quase foi morto por mim!


- Não, Harry... Isso não é verdade. - falou uma voz cansada, da porta da cozinha, onde os dois estavam.


- Dumbledore! - Lily exclamou. - Aconteceu mais alguma coisa?


- Ainda não. Mas temos que ter uma conversa séria. - falou o diretor, sentando-se próximo aos dois, e imperturbalizando a cozinha, dando-lhes privacidade.


* * * * * * * * *


Obrigada pelos comments e votos (Merlin, adorei! Quase 200 votos em uma semana! Quase me deu vontade de me mudar de novo, pra ver se vocês se compadecem!) =D


Bjos! =D

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