Tatuagem



Harry perdeu a noção do tempo, enquanto esperava, sozinho, na sala comunal. Ainda sentia raiva pelo que acontecera, mas não tinha como não se sentir aliviado, por ter conseguido impedir um estupro. “A palavra é forte, mas era isso o que aconteceria, já que Gina não estava consciente....”, pensou.


Sobressaltou-se ao ouvir o retrato da mulher gorda girando e Gina agradecendo ao diretor por tê-la escoltado. Harry sentiu, subitamente, medo do que quer que ela estivesse pensando... Ele continuava se sentindo culpado, mas não conseguia evitar olhá-la.


Gina entrou na sala com passos firmes, encarando Harry com uma expressão enigmática, que beirava a curiosidade. Ele se sentia totalmente no escuro. Havia se preparado para que ela chorasse de medo, para que o odiasse, ou mesmo para que ela não acreditasse, mas aquela calma era totalmente inesperada.


Sentou-se ao lado dele, no sofá. Harry baixou os olhos, não conseguia mais encará-la. Então Gina falou o que ele mais tinha medo de ouvir.


– Eu não vou te perdoar nunca, Harry!


Ele suspirou, tentando não transparecer o próprio desespero. Os olhos insistiam em queimar, mas ele precisava se resignar: a escolha era dela! Vendo que ele não falava nada, Gina continuou:


– Eu nunca vou te perdoar, Harry, por estar com essa roupa ridícula quando eu finalmente assumo que te amo!


Foram necessários alguns segundos, para que ele conseguisse registrar a informação. Olhou pra ela, incrédulo, mas o sorriso que o recebeu o aqueceu por dentro.


– É sério?


– Puxa, eu sempre achei que, quando te dissesse isso, você iria, no mínimo, dizer que também me amava... – fez graça, sabendo que ele estava em choque.


– Dumbledore te contou que você é a Herdeira e o que isso significa? – ela anuiu, rindo dele. – E, ainda assim, você me ama?


– Sinceramente, já tô começando a me arrepender... Sempre achei que você era um pouco mais intelig –


Harry finalmente saiu do torpor que estava e a beijou, no que foi prontamente atendido. Essa talvez tenha sido a primeira vez que se beijavam sem terem brigado antes; não havia raiva, não havia loucura, mas estava sendo ainda mais maravilhoso.


Beijaram-se por um bom tempo, com Harry, de vez em quando, interrompendo o beijo pra dizer que a amava, ou pra ter certeza de que não estava sonhando. Quando as coisas começaram a esquentar, Gina o afastou.


– Calma, Harry! Precisamos conversar, e eu não consigo nem pensar, quando você me agarra desse jeito!


Por mais contrariado que estivesse, sabia que realmente precisavam conversar, mas não ali. Pegou a capa da invisibilidade e o mapa do maroto e foram para a Sala Precisa, que os recebeu com pufes coloridos e meia luz.


– Mas que sala mais safadinha, essa! – Gina murmurou, enquanto entravam, e Harry riu.


– Imagino que ela deva ter tirado a média do que pensamos, porque eu tinha em mente uma sala bem menos inocente...


Gina riu de volta e os dois se deitaram nos pufes, a uma distância segura um do outro. Ela não conseguiu segurar a admiração, ao perceber que o céu estava encantado para mostrar o céu lá fora, como o salão principal da escola.


Harry pegou a sua mão, enlaçou os dedos aos dela e ficaram em silêncio por um tempo, apenas curtindo o momento raro de calmaria, entre os dois.


– Harry, quando você soube que eu era a Herdeira? – ela quebrou o silêncio, sem tom de acusação, apenas curiosidade.


– Dumbledore me chamou um dia depois que a gente... Você sabe... Quando nós... No vestiário... – tentou falar, constrangido.


– Quando a gente quase transou, Harry? – ela também ficava constrangida, mas era muito divertido vê-lo sem graça!


– Exatamente, Ginevra! Naquela noite memorável! – ele brincou de volta, feliz por poderem conversar abertamente.


– Não seja ridículo, Harry! E não me chame por esse nome! – ralhou, dando-lhe um tapinha.


Ele riu e a puxou para si, apoiando a cabeça dela no ombro dele, ficando abraçados. Ele começou a brincar com uma mecha de cabelos dela, e perguntou:


– Você está com medo, Foguinho?


– Não, não estou... Incrível, né? Mas acho que, mesmo sem ter ouvido nada sobre essa história, eu já imaginava que havia algo muito forte nos ligando... Mas Harry, Dumbledore não conseguiu me dizer que poder vai ser desencadeado, quando, você sabe...


– É, ele também não me disse nada conclusivo. Mas acho que é porque realmente ele não sabe, apesar de eu achar que ele considera muitas possibilidades, mas não dividiu com a gente...


Ficaram um tempo confabulando sobre o que poderia acontecer, mas não chegaram a lugar nenhum, e combinaram de tentar, discretamente, pesquisar sobre o assunto, na biblioteca.


– Precisamos ser práticos, agora, ruiva... Acho que precisamos manter as aparências...


– Oi? Como assim?


– Não é porque nós não sabíamos sobre a lenda da Herdeira que outros não podem saber... Inclusive, acho que toda essa história de o Malfoy ter tentado se aproximar de você desde o começo do ano letivo e essa poção do amor hoje são prova de que não só ele sabe, como não vai medir esforços para tentar chegar até você! – completou, com raiva. – E sabe o que mais me irrita? Ele só queria te usar para impedir que o poder da lenda fosse liberado, aquele desgraçado!


– Realmente, faz muito sentido, mas se acalme... Ele não conseguiu o que queria, e também não deve saber que sabemos a verdade...


– Exato! Por isso, sugiro que as pessoas não saibam que estamos juntos e que continuemos a brigar em público...


– Oi? E nós estamos juntos? – a ruiva provocou, tirando a cabeça do apoio, para fitá-lo nos olhos.


– Claro que estamos! Eu não tinha te avisado, ainda? – Harry devolveu, com o seu melhor sorriso, dando-lhe um beijo, de leve. – Como eu dizia, acho que devemos nos manter como sempre fomos, dois doidos brigões!


– Concordo, mas acho bom que tenhamos um código, senão vamos acabar brigando de verdade, hein?


– Excelente ideia! Sempre que eu estiver fingindo em público, te chamarei de Gina, e, quando estiver sendo sincero, te chamarei de Foguinho!


– Certo! E eu te chamarei de Potter quando estiver brigando, e de Harry quando estiver falando sério...


– Ah, como nos velhos tempos... – suspirou, com um sorriso bobo no rosto, ainda brincando com o cabelo dela.


Combinaram também de não comentarem com os amigos. Precisavam saber se conseguiriam manter as aparências e, se os amigos acreditassem, ninguém teria motivos para duvidar. Além disso, demoraram tanto para se resolver, que queriam guardar um pouco para si o que estava acontecendo.


Assim, depois de todas as emoções da noite, finalmente relaxaram e dormiram, nos braços um do outro.


* * * * * * * * *


Harry estava indignado! Quem terá sido o idiota que deixou as janelas abertas, depois de terem chegado tão tarde? A luz do sol no seu rosto tornava impossível continuar a dormir. Quando abriu os olhos, percebeu que ainda estavam na sala precisa, e que Gina estava aninhada a ele, dormindo profundamente.


Odiava ter que acordá-la, mas não podiam dar a entender que passaram a noite juntos, especialmente agora que tinham se comprometido em manter as aparências.


– Que horas são? – murmurou ela, se recusando a abrir os olhos.


Harry não tinha relógio, mas, magicamente, um grande relógio de pêndulo apareceu, no canto da sala, marcando 6h37.


– Gina, são quase 7h da manhã!


– Ai, Merlin! Precisamos sair daqui! – empertigou-se nos pufes, preocupada, e Harry começou a rir. – Qual a graça, hein?


– Nada, só estou feliz... – levantou-se e deu-lhe a mão, para ajudá-la. Ela sorriu de volta, deram-se um selinho e enfiaram-se embaixo da capa da invisibilidade.


Os corredores estavam sem ninguém, afinal, ainda era muito cedo. Quando chegaram na sala comunal, combinaram de dizer que Dumbledore os havia levado para passar a noite na ala hospitalar, por causa do choque.


Despediram-se ao pé da escada para o dormitório feminino, após Harry conferir, no mapa do maroto, que estavam todos nas suas camas.


Harry jogou-se na cama do jeito que estava, debaixo da orquestra habitual de roncos do seu quarto. Gina entrou sorrateiramente no seu quarto, e as meninas dormiam profundamente. Ela resolveu tomar um banho, pra ver se conseguia tirar, nem que fosse com água e sabonete, aquele sorriso que estava colado ao seu rosto.


Ela repassou a conversa com Dumbledore na mente. Muitas vezes, ela pensara que os pais eram excessivamente protetores com ela, assim como os irmãos... Mas será que os meninos sabiam dessa lenda? Talvez Gui, Carlinhos e Percy, mas duvidava que os gêmeos ou Ron soubessem...


E esse poder, o que seria? Será que seria algo que pudesse ajudar Harry a derrotar Voldemort? E quando será que finalmente consumariam o ritual? Porque o diretor fora taxativo, ao informar que o timing deveria ser perfeito, que haveria um sinal para que tudo ocorresse...


Cheia dessas dúvidas, saiu do chuveiro e, quando voltou para o quarto, foi recebida por Hermione e Tonks, curiosas.


– Gina, estávamos preocupadas com o seu sumiço! O que houve? Aconteceu algo com o Harry? Sabemos que ele também não voltou e –


– Calma, Mione! Se você não parar de perguntar, vamos passar o dia inteiro aqui! Harry está bem, mas passamos a noite na ala hospitalar...


– Mas por quê? Você se machucou, com o impacto do feitiço que acertou o Draco?


– Mione, Harry me levou à sala de Dumbledore, para que contássemos o que havia ocorrido, e ele achou mais prudente que passássemos a noite lá, pois Harry ainda estava em choque, eu acho, e o diretor queria que Madame Pomfrey nos medicasse. Saímos de lá faz uns 10 minutos e foi tudo o que aconteceu... Agora me diga o que mais rolou na festa!


Hermione contou que, quando ela e Rony voltaram para a festa, Lupin já estava saindo do salão, perguntando o que tinha havido. Eles o acalmaram, contando que estava tudo bem, mas não entraram em detalhes sobre o que Malfoy havia feito, apesar de ele saber da poção do amor, pois Slughorn havia providenciado um antídoto para o que Luna havia tomado.


– E vocês ainda ficaram muito tempo por lá? Deram falta do babaca do Malfoy?


– Ficamos até o final da festa, pois imaginávamos que vocês talvez voltassem... Se alguém deu falta do Draco, nós não percebemos! Na certa, ele já devia ter inventado uma desculpa, já que era para ele estar com você... Ah! Luna e Neville acabaram se entendendo, ontem!


– Nossa, que boa notícia! Já não era sem tempo!


– Exatamente! E você e o Harry, se entenderam?


– Mione, eu e Harry temos incompatibilidades crônicas... Acho que o tempo de ficarmos juntos já passou... – odiava ter que mentir tão descaradamente, ainda mais com algo que a deixava tão feliz, mas tinham combinado assim. – Inclusive, eu agradeço se vocês não tocarem mais nesse assunto comigo...


Hermione e Tonks ficaram chocadas com o que Gina tinha dito, mas resolveram respeitar o pedido feito pela ruiva.


* * * * * * * * *


As pessoas estranharam o afastamento de Harry e Gina, especialmente depois do baile, quando muitos achavam que eles iam, finalmente, se entender. As meninas cortaram o assunto, ao verem que Gina, aparentemente, estava muito bem com a distância de Harry, e vice-versa.


Gina era vista com frequência na biblioteca até altas horas, enquanto Harry adquirira o hábito de dormir cedo, logo após o jantar, fato estranhado pelos colegas de quarto, mas ninguém se intrometeu muito nisso.


Obviamente, quando saía da biblioteca, Harry esperava Gina, já debaixo da capa da invisibilidade e ambos iam para uma sala desocupada, perto da sala comunal da Grifinória, devidamente imperturbalizada, claro.


Março voou e, no começo de abril, ambos receberam um bilhete de Dumbledore, para que fossem ter com ele, naquela noite. Ao chegarem à sua sala, além do diretor, estavam Slughorn e Ellis.


Gina foi apresentada formalmente ao Professor Ellis, e Dumbledore tomou a palavra.


– Meus caros, agradeço a presença de todos esta noite. Harry, Gina, os Professores Slughorn e Ellis são da minha inteira confiança, e pedi-lhes que envidassem todos os esforços para que pesquisassem o que pudessem, sobre a Herdeira da Luz e da Pureza.


Os garotos olharam para Slughorn e Ellis atentamente, esperando terem respostas mais satisfatórias sobre o assunto, já que estavam, até o pescoço, imersos em dúvidas e suposições.


– Primeiramente, boa noite a todos. – começou o Professor Ellis. – Alvo havia me pedido para pesquisar qual seria o momento ideal para que o ritual seja realizado... Conforme imagino que já saibam disso, os rituais ancestrais geralmente aconteciam em datas significativas na natureza, muito comumente nos equinócios e solstícios. Mas há uma data sagrada entre os pagãos, o 1° de maio. Neste dia, comemora-se o fim do inverno e o começo do verão, numa cerimônia conhecida como Fogueiras de Beltane. Vocês a conhecem?


Harry tinha quase certeza de ter ouvido algo parecido com isso na aula de História da Magia, mas realmente, era tudo o que sabia. Gina também não conhecia muito, além do nome.


– Pois bem, nesta cerimônia celebra-se a fertilidade e a fartura, por meio de danças ao redor da fogueira. Este ritual também é uma metáfora de quando a Deusa se apaixona, representada pela entrega das mulheres aos homens, em agradecimento às dádivas concedidas a cada um deles... Acredito que a incrível energia desta noite deveria ser aproveitada para que o ritual seja realizado. Outra hipótese seria no solstício de verão, em 21 de junho.


– Jonathan, muito obrigado pela pesquisa. Harry, Gina, o que acham?


Ambos se entreolharam, um tanto constrangidos de decidirem a sua intimidade na presença dos professores, mas também sabiam que não era hora para pudores.


– Professor Ellis, qual das duas datas o senhor acha que seria melhor para que realizássemos o ritual?


– Dada a natureza da situação dos senhores, acredito que a data das Fogueiras de Beltane seja a mais indicada, por ser um ritual realizado antes mesmo da noção de solstícios e equinócios... A véspera do dia 1° de maio é uma noite poderosa e energética, além de ser menos conhecida pelos bruxos modernos.


– E não podemos nos esquecer de que há outras ameaças pairando sobre nossas cabeças, e eu não me espantaria em nada que Tom resolvesse agir no solstício de verão... – Dumbledore completou, sem dar muito detalhes.


Harry e Gina acataram a sugestão de 30 de abril para 1° de maio, mas esse dia caía numa quarta-feira. Dumbledore explicou-lhes que não se preocupassem, que ele daria um jeito para que saíssem da escola e que os outros não desconfiariam.


* * * * * * * * *


Abril foi um mês extremamente contraditório, pois passou ora lenta, ora rapidamente, para ambos. Mantiveram as suas atividades na escola, como os treinos de quadribol, os encontros da AD , os deveres, as aulas de aparatação e os seus encontros fortuitos.


No final de abril, Harry trouxe para Gina um presente. Ela olhou meio desconfiada para o envelope que ele lhe entregara, mas a curiosidade falou mais alto e ela puxou a foto de dentro: era da noite do baile, ele estava com as vestes laranjas ridículas, mas na foto se abraçavam e sorriam um para o outro, felizes.


– Colin me procurou ontem, dizendo que era uma pena que não estivéssemos juntos, pois formávamos um belo casal, como na foto, e me entregou. – explicou-lhe, frente à pergunta muda que ela lhe lançara. – Eu já tenho várias fotos suas, claro que você está ainda mais linda nessa, mas acho que esse momento é seu, pra que você nunca se esqueça de que me ama, mesmo com essa roupa ridícula!


– Como se eu não me lembrasse disso todo dia!


– Que me ama? – provocou, puxando-a mais pra perto.


– Não, dessa sua palhaçada! – devolveu, antes de beijá-lo.


* * * * * * * * *


No dia 29 de abril, ambos estavam extremamente nervosos e ansiosos. O comportamento deles estava tão errático, que as pessoas começaram a estranhar. Voltaram do treino de quadribol direto para o jantar, num horário com poucas pessoas. Na mesa da Grifinória, além do time, estava apenas Hermione.


– Harry, você tá bem? O seu rosto tá tão estranho... Tá cheio de manchas escuras! – disse Rony.


– Caraca, que coisa esquisita! – Dino Thomas confirmou, olhando para Harry. – E Gina, você também está com as mesmas manchas!


– Ai, Merlin! – Hermione se levantou da mesa, num salto. – Tá com cara de que é altamente contagioso! Parece um pouco com varíola de dragão, mas não sei ao certo! Vocês dois precisam ir para a ala hospitalar imediatamente!


Gina e Harry foram correndo para a ala hospitalar, onde foram prontamente recebidos por uma apavorada Madame Pomfrey, que confirmou as suspeitas, e pediu para chamarem o diretor.


– Alvo, eles não podem ficar na escola, varíola de dragão é altamente contagiosa!


– Não se preocupe, Papoula, eu mesmo os levarei para o St. Mungus e avisarei aos seus pais.


Seguiram Dumbledore até a sua sala, onde usaram uma chave de portal. Quando finalmente terminaram de rodar, encontraram-se na sala de jantar do Largo Grimmauld, sendo recebidos por Lily, Sirius e Tiago.


– Eca, vocês estão horríveis! – disse Tiago, com a sua falta de tato habitual.


– Tiago! – ralhou Lily. – Dumbledore, precisava deixá-los assim? Poderíamos ter pensado em outra maneira para tirá-los da escola, sem levantar suspeitas!


– Poderíamos, de fato, mas provavelmente não seria tão eficiente no sentido de evitar, inclusive, que as pessoas cogitem visitá-los nos próximos dias.


– Tudo bem, pelo menos as manchas são fáceis de resolver! Tomem isso! – Lily lhes entregou uma poção cor de rato, terrível de engolir mas, em segundos, livraram-se de todas as manchas.


– Gina, Harry, deixo-lhes hoje aos cuidados de Lily, Tiago e Sirius. Preparem-se para amanhã, espero que tudo corra de maneira tranquila!


Os garotos agradeceram ao diretor e, depois que Dumbledore saiu, Lily puxou Gina e se despediu dos rapazes.


Harry e Gina foram separados para se prepararem para o ritual. Alimentaram-se apenas de frutas e cereais, fizeram banhos de imersão com essências de amêndoas e flores, purificando-se para a noite que viria.


Às 17h, quando o céu começou a ter seu horizonte tingido de laranja, finalmente se encontraram, na sala da sede da Ordem da Fênix. Ambos estavam descalços e trajavam branco: Harry estava com uma túnica e uma calça, e Gina usava um diáfano vestido, além de uma coroa de pequenas flores na cabeça.


Harry perdeu a fala, quando a viu. Se não fosse a presença dos demais, teria agarrado a ruiva ali mesmo. Gina também não quebrou o silêncio da sala, evitando olhar pra ele e perder a cabeça.


Lily trouxe o castiçal que seria a chave de portal deles, desejou-lhes boa sorte, deu um abraço e um beijo no rosto de cada um e os apressou: já estava na hora.


Quando chegaram ao destino, viram que estavam numa clareira de floresta, mas não faziam a menor ideia de onde estavam. No centro da clareira havia uma espécie de nicho, com muitas almofadas e muitos panos, tudo imaculadamente branco, ladeado por duas grandes fogueiras trepidantes. Na centro do nicho, uma bandeja com suculentas frutas vermelhas e vinho.


Harry segurou a mão de Gina e a guiou até as almofadas, conforme havia sido instruído, mas não conseguia mais ficar calado.


– Gina, pensei muito sobre esse momento, e eu não quero que o que vai acontecer hoje seja uma espécie de obrigação...


– Eu também não quero isso, Harry. Independente de Herdeira e Guardião, essa noite eu serei eu mesma!


– Ótimo, porque é você mesmo que eu quero! – e lhe deu aquele sorriso de amolecer joelhos. – Por isso, eu pedi ajuda ao meu pai e ao meu padrinho ontem, para que não percamos a nossa essência por causa desse ritual...


– Do que você está falando?


– Gina, é muito cedo e muito perigoso para que a gente assuma para todos que estamos juntos, mas pensei em uma forma que possamos assumir para nós dois: pensei, e espero que você concorde, em fazermos tatuagens mágicas.


– Tatuagens mágicas? Você está sugerindo algo como a Marca Negra?


– A essência da magia é a mesma, mas a usaremos para algo bem mais nobre, para que nos conectemos, de modo que possamos chamar um ao outro, quando necessário... Não vou mentir que tenho muito medo de que o Malfoy ou qualquer outro tente tirar vantagem de você, e sei que não tenho como ficar ao seu lado 24h por dia...


– E como seria isso?


– Funciona assim: eu te indico o lugar onde quero que a tatuagem fique e você recita as palavras mágicas, com a sua força de vontade empenhada nisso, e o feitiço imprime a sua inicial em mim. Depois, se eu precisar me comunicar com você, pressiono a tatuagem, e o nosso canal fica aberto, um com o outro. O que você acha?


– Eu acho que isso tudo é muito sério... Você tem certeza?


– Eu sei que é sério! Mas o que eu sinto por você é sério, e não quero que nada de mal te aconteça! E é óbvio que eu tenho certeza, Foguinho... – murmurou ao pé do seu ouvido, enquanto fazia uma trilha de beijos até a sua boca. – Por favor...


– Harry, vamos fazer logo essas tatuagens, antes que a gente não tenha mais controle! – ela riu, se afastando um pouco dele, pra recuperar o fôlego.


Ele tirou a túnica e apontou pra ela um ponto nas costas dele, um pouco abaixo do ombro direito. Ele foi ditando as palavras pra ela, que as repetia, emocionada, e, em segundos, um “G” numa caligrafia rebuscada apareceu no lugar que ele havia indicado.


Na vez dele, ela apontou para um ponto na nuca, um pouco abaixo da linha dos seus cabelos. Agora quem se emocionou foi ele, quando o discreto “H” com a mesma caligrafia rebuscada apareceu no corpo dela.


Agora sim, sentiam que estavam, de certa forma, mais unidos do que se tivessem casado, e o ritual seria uma consequência natural do que sentiam.


Harry tirou os óculos e os jogou para a ponta do nicho, junto da sua varinha e da dela, e começou a beijá-la, sem pudores. Aos poucos, as roupas de ambos já estavam no chão, e os olhos febris dele refletiam as chamas da fogueira atrás deles, quando ele parou e a perguntou se estava pronta. Ela assentiu e o puxou para si.


No instante seguinte, Harry se movia dentro dela, lentamente, como se tivesse medo de machucá-la. Gina arqueava o corpo, incentivando o movimento, e ele logo perdeu o controle.


Nunca conseguiriam precisar quanto tempo durou, mas, quando atingiram o clímax, nenhum dos dois percebeu a descarga de energia que emanava deles.


Quando acabaram, Harry saiu de cima dela e virou-se, ofegante. Segurou-lhe a mão e ficaram olhando a lua e as estrelas, até Gina, que ainda não tinha recobrado o fôlego, perceber que ele tinha parado de respirar. Harry Potter estava morto.


* * * * * * * * *


Como eu já havia dito, se eu deixar, os personagens não calam a boca nunca mais!


Estou tentando me organizar para postar capítulo novo toda quinta (o capítulo 33 saiu no dia 14/11 e o 34, no dia 21/11), mas, como sei que essa semana será puxada no trabalho (vou ficar em eventos externos até sexta), resolvi adiantar o capítulo da próxima semana para hoje!


Não se acanhem em votar e, principalmente, COMENTEM, ok?


O que estão achando?


Beijo grande a todos e muito obrigada a G F.K. e loucapotterygina pelos comments!

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Comentários (1)

  • loucapotterygina

    Quee como assim o Harry parou de respirar? Não pode não (momento desespero) posta mais e faz o Harry respirar novamente. MARAVILHOSA HISTÓRIA.

    2013-11-25
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