Labirinto



 A lua já despontava seus primeiros raios quando Brandon desaparatou naquela clareira que parecia a paisagem de outro planeta. Era interessante o modo como adquirira o livro não-publicado de Lawliet – as coisas soam fáceis quando se é extremamente rico e com uma boa dose de bons contatos.


Ele entrou no jardim sem dificuldade: as plantas não detectaram a sua presença, mas ele sabia que estava atrás de algo muito perigoso, até para ele. Já havia feito aquele trajeto antes, e sabia que uma dentre as centenas de árvores filhas seria perfeita para a ocasião. A única que não exigia penetrar no subterrâneo, nem enfrentar um exército de sementes. Virou a esquina e ali estava ela, seu brilho espetacular para atrair os Professores tolos e despreparados, para depois destruí-los lentamente por dentro – ele era diferente: não era tolo, e estava preparado.


Com um floreio da varinha, um único ramo suficientemente grande se destacou da árvore e veio levitando em sua direção pelos trinta metros que os separavam.  Brandon conjurou um frasco espesso de vidro e depositou o ramo em seu interior. Um assomo de excitação percorreu sua espinha e ele murmurou, sorrindo:


- Fácil demais...




CAPÍTULO 7 – LABIRINTO






Ele havia enchido a cabeça de Harry com minhocas, e agora que ele dormia provavelmente com um pesadelo horrível, o Especialista caminhava vagarosamente para o seu quarto. Ele sabia que no outro dia pela manhã Harry aceitaria a sua proposta, e Brandon desempenharia o seu papel de modo exemplar.


Era incrível que tão poucas pessoas tivessem posto a sua confiança em xeque, mas a maior parte deles ou estava morta, ou estava prestes a morrer. Ele sorriu para si mesmo. No exato momento em que virara Professor, ele soube que não adiantaria lutar contra aquilo: era um fardo que deveria carregar por toda a eternidade. E tão logo chegou a essa conclusão, bolou aquele que era o maior plano da sua existência, apenas esperando por um alvo concreto; um alvo que algum tempo depois se materializou na figura de Harry Potter.


Harry Potter.


Aquele nome era apenas um sussurro entre aqueles que habitavam o submundo temporal. Harry, mesmo que sem saber deixara vários rastros seus ao salvar Sirius enquanto estava matriculado no terceiro ano de Hogwarts. Apenas Brandon dava, mas do que valor àqueles rastros, utilidade aos mesmos.


A verdade era clara como água: uma vez mexido com o Tempo, era inevitável tentar novamente, por isso Brandon sabia que mais cedo ou mais tarde Harry bateria à sua porta. O último que fizera aquilo foi Adalberto Groski, e naquele instante Brandon soube que ele publicaria uma tiragem limitadíssima do seu livro, de cuja edição um único exemplar pousaria nas mãos de Hermione Jane Granger junto com o Vira-Tempo.


Quando Brandon ficou sabendo por meio de suas fontes, que Harry havia usado o Tempo para salvar seu padrinho, também soube que a informação que ligava os dois estava muito próxima de Potter, e que ele iria procurá-lo.


Ok, esse último ponto não ocorreu exatamente como esperado, mas Harry bateu à sua porta, duas vezes. No entanto, ainda havia seus amigos, e os outros Especialistas, dos quais estava tratando de dar cabo.


Abriu a porta do seu quarto e encontrou-o exatamente como deixara. Harry estava dormindo e mesmo que quisesse não poderia entrar naquele cômodo, pelo menos por enquanto. Totalmente coberto com painéis de madeira avermelhada, cortinas de veludo vermelho vivo desciam aqui e ali, a mobília também era de madeira, mas de um tom ligeiramente mais claro. Era certamente o mais amplo dos quartos, era dele, e toda a extensão estava coberta por móveis das mais variadas formas: estantes repletas de livros, anotações e outros objetos subiam em espiral até o teto como colunas pitorescas.


Mas o que atraía toda a atenção era sua cama: uma águia de dois metros de altura esculpida em madeira, as asas abertas serviam de cobertura, junto com um fino véu prateado que parecia fumaça.


Brandon admirou aquele móvel por alguns instantes: a madeira caprichosamente polida era um luxo à parte, ele não precisava de uma cama, mas queria muito se deitar.


“Não”, ele pensou, “Há coisas mais importantes”. Dirigiu-se até sua mesa alguns metros dali e percebeu as inúmeras anotações que ele havia espalhado por cima dela naqueles anos. No entanto, aqueles apontamentos não eram sobre métodos de voltar para a sua época – ele sabia que no seu caso era impossível fazê-lo – ele não sentia saudades da sua outra vida.


O frasco contendo o ramo venenoso levitava ao seu lado, abriu-o. Desejava do fundo da sua alma que aquilo desse certo, tinha tudo para dar certo. Começou a executar vários movimentos complexos com sua varinha enquanto o conteúdo do frasco ia se alterando: de pó se transformou em gás, de gás em líquido e novamente para pó. Quando o pó se liquefez Brandon soube que sua tarefa fora cumprida.


Ele sorriu. Muito tempo atrás aquela mansão funcionava de acordo com ordens suas, ou seja, somente apareceria um papagaio num cômodo se ele soubesse que o ocupante queria um papagaio. Agora era diferente: a casa era como um segundo cérebro, ainda conectado ao Especialista, mas com uma inteligência muito mais avançada que a dele, e cujas idéias Brandon era incapaz de compreender. Por isso não precisava saber qual era a bebida preferida de Lavalle, a casa se encarregaria disso.


Mesmo com isso, ainda lhe era impossível decifrar outros Professores. Ele fechou novamente o frasco e suspirou:


- Agora é só uma questão de tempo...




*******




- O que aconteceu com ela? – Harry estava aflito – Ela não devia ter sido curada quando destruímos a árvore?


- Sim – disse Lawliet – teoricamente sim...


- Teoricamente sim?


- Ora, o veneno não atacou mais do que já havia atacado, e seus efeitos regridem; mas, tanto o processo de cura como o de remoção do veneno devem ser extremamente desgastantes – explicou o Professor.


- Mas então ela está... – Harry não quis pronunciar a última palavra.


- Não tenho certeza, infelizmente não posso afirmar nada.


Harry queria sair correndo, queria explodir, se ao menos soubesse se ele tinha fracassado ou não... Mas diante daquilo ele não podia fazer nada, nem chorar, nem comemorar.


Nada.


Sua respiração começou a ficar pesada, o suor era frio, sua pálpebras estavam se fechando: só restava uma coisa a fazer. Uma última coisa a fazer, já que Brandon estava certo.


Ele pôs o corpo de Lavalle em seus braços. Ela que naturalmente já era fria estava agora gelada, seus cabelos negros e lisos emolduravam seu rosto cada vez mais branco apesar da fuligem que o cobria. Os seus braços delicados balançavam displicentemente conforme iam caminhando para fora do jardim, parecia que ela estava num balanço.


Sua expressão, apesar das provações, era doce e ao mesmo tempo carregava a magnitude de uma vida eterna. Ele devia estar feliz, já que finalmente fora libertada da sua prisão, embora isso significasse que agora era Harry quem estava preso.


Ela estava morta.


Harry queria acreditar, ele ainda tinha uma gota de esperança que ao próximo passo seu ela abriria os olhos perfeitamente bem, e curada. Era muito difícil.


Os quatro chegaram até o fim do jardim, onde Lawliet sacou sua varinha e ordenou que as plantas se acalmassem. Os ramos formaram um grande arco através do qual eles sairiam.


- Desculpe não poder ajudar mais – disse Lawliet, pondo a mão no ombro de Harry – vocês não fazem idéia do bem que me proporcionaram.


- Você vai ficar bem? – perguntou Harry, de repente, aquele jardim pareceu muito mais acolhedor do que a mansão de Brandon, e pensou que talvez fosse melhor ficar ali. Mesmo assim, nenhum lugar seria melhor que sua casa, que os braços de Gina.


Ele afastou aquela imagem da sua cabeça.


- Não se preocupe comigo – Lawliet sorriu – estarei torcendo por você! Agora vá antes que essas coisas resolvam se rebelar contra mim também! – ele apontou para os ramos – Parece que a minha existência está fadada a lutar contra os vegetais!


Hermione sorriu, ela e Rony estavam muito calados.


- Ok – Harry sussurrou – boa sorte.


- Igualmente – o Professor movimentou a varinha, e enquanto ele desaparecia por trás dos ramos Harry aparatou de volta para a mansão.




Voltar para aquele ambiente não era fácil. Significava enfrentar todas as provações que podiam existir, inclusive admitir que Brandon tinha razão: não havia alternativa.


- O que aconteceu? – Derose veio correndo, ele e Frederich estiveram corrigindo os erros na máquina – Ela está...


Harry apenas acenou com a cabeça, queria chorar, mas não conseguia.


- Vamos levá-la para outro lugar – sugeriu Frederich, tentando tirar Lavalle dos braços de Harry.


Ele resistia, de alguma forma não queria separar-se dela.


- Harry, por favor, você precisa descansar... – disse Hermione, então Harry soltou Lavalle, e Frederich levou-a para outra sala. Agora parecia que um peso enorme estava em suas costas; a esperança ínfima irradiada pela Especialista lhe dava forças, mas naquele momento Harry só conseguiu deixar-se cair numa poltrona, enquanto as lágrimas lavavam seu rosto.


Hermione se ajoelhou-se diante dele, ergueu sua cabeça. Harry entendeu que ela queria, como sempre, oferecer algum conselho sábio, mas a amiga não conseguia encontrar palavras para serem ditas. As palavras que ela buscava não existiam; então ela se aproximou vagarosamente, beijou-lhe a testa e abraçou-o, esperando transmitir algum afeto.


A cada segundo Rony ficava mais pálido. Já era quase impossível ver as suas sardas. Estava em pé ao lado dos dois, observando um ponto fixo da sala com o olhar vago. Estavam na sala de visitas, e ela estava da mesma forma como da primeira vez: escandalosamente parecida com o salão comunal da Grifinória.


Lembrar daquilo não melhorou o estado de nenhum dos três, e eles nem notara quando Derose se ausentou da sala. As coisas ficaram críticas quando Brandon apareceu.


- Então? – ele sorria, como sempre – O que eu disse?


Harry limitou-se a olhar para ele, pois sabia que Brandon estava apenas provocando-o para se divertir.


- O que houve? – ele se fez de desentendido.


A situação se repetiu.


- O que eu perdi? – ele olhou ao redor – Ah, sim! Lavalle está morta – ele frisou aquela última palavra como se estivesse lançando um punhal na direção de Harry.


Mas Potter se manteve firme, e não cedeu.


- Ora, vamos parar de fingir que nada aconteceu! – ele disse como se estivesse contando sua melhor piada – Vocês estão presos aqui! E o melhor... – ele olhou para os lados, para assegurar que ninguém mais ouvisse aquele “segredo” – estão presos aqui para sempre!


Brandon começou a rir escandalosamente. Aquilo era de gelar a espinha. Harry apenas abriu os olhos.


- Ótimo! – Brandon dava pulinhos, uma cena extremamente infantil – Sei que podemos esperar grandes coisas do senhor! – ele fixou o olhar em Harry, sua voz ficou séria – Já que o casalzinho aqui terá a decência de morrer!


Com um movimento da varinha, Rony e Hermione foram arrastados com violência para o seu lado, os dois mantidos à uma certa altura do chão, aparentemente pendurados pelo pescoço por cordas invisíveis.


Harry agora olhava fundo nos olhos de Brandon. As lágrimas ainda vertiam, mas ele não piscava.


- Você não se importa que seus amigos morram diante de você? – Brandon perguntou em tom malicioso.


- Não – Harry respondeu, e outro sorriso se formou nos lábios de Brandon – você não precisa fazer isso. Eu sei o que você quer.


- Eu sabia que você diria isso. Desde o primeiro momento em que pus os olhos em você, ou melhor, em que conheci você, soube que era uma pessoa diferente – Brandon fez uma pausa, enquanto Rony e Hermione giravam lentamente ao seu redor, ainda suspensos. Nenhum dos dois conseguia lutar contra aquelas cordas invisíveis – você merece a vida eterna, Harry, este é um privilégio oferecido a poucos por ordem do acaso, mas eu, eu escolhi você, Harry. Você é digno deste dom.


Harry não desgrudava dos olhos de Brandon, tentando não ouvir o que ele dizia, apesar da sua voz soar estranhamente confortável aos seus ouvidos.


- Além disso – Brandon continuou – eu lhe dei uma segunda chance. Sei que você não cometerá os mesmos erros que “Harry”, você é diferente, é mais forte! Assim você poderá visitar os seus pais quantas vezes quiser, Harry. Eu sei que você sente a falta deles. Melhor ainda! Aqui poderá encontrar tudo o que precisa para, quem sabe, trazê-los de volta à vida! Mas para isso... – ele olhou para os seus dois reféns.


As palavras de Brandon estavam seduzindo-o de tal forma que já era difícil manter o contato visual. Ele olhou para seus amigos: Rony e Hermione haviam passado por tudo junto com ele, sempre que precisou eles estiveram ao seu lado sem questionar – e ele era grato por isso – e agora questionava-se se eles mereciam passar por mais aquele sofrimento junto com ele. Talvez Harry devesse aquele último favor aos amigos, em troca de quase dez anos de convivência...


Harry refrescou a mente. Aquilo era um absurdo! Não devia pensar aquilo! Seria exatamente naquele momento que Harry mais precisava de ajuda que iria matar as duas pessoas que mais o ajudaram? Não. Mas não estaria ele sendo egoísta? Poupando os amigos de um destino menos doloroso do que ficarem presos naquele lugar só porque precisava deles? Harry chegou à conclusão de que seria mesmo melhor que fossem mortos.


Tão logo pensou aquilo, arrependeu-se. Não iria fazer nada daquilo, e Rony e Hermione nada sofreriam, não se pudesse evitar.


Brandon sabia persuadir as pessoas, isso explicava muita coisa.  Lembrou-se dos felizardos da loteria que sustentavam aquela ilha. Brandon havia dito que “eles seriam mortos, então bastava mexer uns pauzinhos para que eles vivessem felizes ali a vida que teriam perdido”. Agora Harry sabia quais “pauzinhos” eram aqueles.


Harry não seria mais uma marionete nas mãos daquele Especialista.


- Então Harry, já posso matá-los? – perguntou Brandon inocentemente.


- VOCÊ NÃO VAI FAZER MAIS NADA ESTA NOITE!


Harry levantou-se apontando a varinha para Brandon. Dela saiu um raio de luz prateada que teria acertado o Especialista se ele não tivesse desviado no momento certo. No lugar onde antes ele se encontrava havia um grande buraco que faiscava. Pelo menos ele se desconcentrou o suficiente para que Rony e Hermione fossem libertados.


No entanto, Harry não estava satisfeito. Agora que havia começado não iria parar até descontar a última gota de frustração em Brandon.


- NÃO FUJA SEU COVARDE! – Harry viu que Brandon estava do outro lado da sala. Num movimento hábil, explodiu a mesa de madeira maciça que os separava, mas desta vez Brandon foi mais astuto. Antes que pudesse ser ferido, todas as lascas de madeira ficaram estáticas no ar, suas pontas perigosamente afiadas à mercê da sua vontade.


Num piscar de olhos, Brandon fez com que todas elas se voltassem contra Harry.


- PROTEGO! – Hermione interveio, ao mesmo tempo em que lançava os outros móveis na direção do Especialista, mas desistiu, pois todos eles eram rebatidos.


- Harry – Brandon falava com bastante suavidade, enquanto Harry ofegava como se alguém tentasse arrancar os seus pulmões – eu lhe fiz a proposta por bem. Junte-se a mim e tudo pode ser diferente!


Rony e Hermione observavam aquilo calados, e a uma distância segura.


- Eu posso ficar preso nessa época para sempre, mas vou me juntar a você SÓ DEPOIS DA ETERNIDADE!


Diante do impacto daquelas últimas palavras, Brandon embranqueceu, coberto de fúria.


- JUNTOS NÓS VAMOS FAZER GRANDES COISAS HARRY POTTER! A ETERNIDADE É LONGA E COM VOCÊ TEREI A CHANCE DE DOMINAR O MUNDO!


Harry começou a rir.


- Você acha mesmo que eu ajudaria você a dominar o mundo? Ou você vai me dizer que não há alternativa? – sua voz era carregada de desprezo.


- Acontece, senhor Potter, que o senhor conhece apenas uma pequena parcela do meu plano – Brandon aproximou-se, embora mantivesse uma distância segura e a varinha a postos – depois de matar Lavalle, o Sr. Weasley e a Srta. Granger seriam apenas um petisco. Eu vou matar todos aqueles que você ama antes mesmo deles o conhecerem! E então Potter, então...você não terá nada pelo que lutar! E irá se juntar a mim.


- Você é mesmo muito ingênuo... – Harry continuava transmitindo desprezo – Você sabe que uma pessoa ofereceu-me exatamente a mesma coisa, e eu recusei. Ela ofereceu novamente E EU A MATEI!


- VOCÊ NÃO VAI CONSEGUIR ME MATAR!


- Ora, não? Você acha que é superior à Lavalle ou ao “Harry”? Eles pelo menos tinham um motivo para morrer! Você pode viver eternamente, Brandon, mas viverá sem nada, e eu ainda posso matar você!


- Seu tolo – Brandon limitou-se a dizer.


- O que? – no entanto, Harry havia escutado perfeitamente – ele olhou para os amigos, que estavam assistindo à discussão como à final de Wimbledon, e não obteve respostas.


- “Harry” não morreu porque Voldemort o matou.


Harry digeriu a informação por um segundo, mas não entendeu.


- “Harry” não morreu porque Voldemort o matou – repetiu – ele morreu porque era pra ser assim! Não há como matar um Professor, nem de causas naturais, nem com a Maldição da Morte, ou seja lá o que preferir usar! Só existe uma forma de um Professor morrer...


- E qual é? – Harry desafiou.


- Seu plano dar errado, pela segunda vez – ele acrescentou – você não acha estranho que nós, Especialistas estejamos gastando toda a eternidade em raciocínio, cálculos e previsões à toa? Se nós errarmos, nós deixamos de existir! “Harry” planejou matar você e assumir o seu lugar! Voldemort o matou por mera coincidência!


- E quem lhe contou isso?


- Não importa! Nós sabemos disso! Por isso eu já desisti de tentar voltar para a minha época. A MINHA ÉPOCA É ESTA AQUI! E EU QUERO QUE VOCÊ SEJA MEU ALIADO!


- Você está blefando!


- Pode perguntar isso ao Derose, ou ao Frederich! Eles vão confirmar!


- Eles não estão aqui, e, além disso, eu estou com um pouco de PRESSA!


- Você deve aliar-se a mim! – agora o tom de Brandon era quase um aviso, chegava a ser assustador.


- Eu já disse! EU NÃO VOU ME ALIAR A VOCÊ NEM ISSO QUE SIGNIFIQUE PERDER TODOS OS QUE EU AMO! – Harry fez uma pausa – Além disso, eu ainda posso tentar matar você!


- ISSO NÃO FAZ DIFERENÇA! ISSO NÃO VAI LEVÁ-LO DE VOLTA!


E Harry entendeu. Por mais que descontasse sua fúria em Brandon – e por mais que ele merecesse isso – a sua situação não melhoraria; mas, o que seria melhor: viver com Brandon ou sem o Especialista do Futuro?


- Você entendeu, não foi? Se me matar, isso será apenas mais um ponto na sua lista de decepções...


Harry não acreditava que estava fazendo aquilo. Há muito tempo sabia das intenções de Brandon para com ele, mas agora que o momento chegou, e teria que admitir isso, não sabia o que fazer. Imaginou que talvez fosse assinar algum contrato ou termo de compromisso. É claro que a situação não tinha nada haver com essas formalidades.


- Ok. E o que você espera que eu faça?


Tudo silenciou.


Harry não percebeu, mas a sala estava intacta. Brandon sentou-se numa poltrona. “Como Derose e Frederich não interromperam os dois?”. Deviam estar muito longe.


- Vamos parar de adiar o inevitável – o Especialista sentou-se numa poltrona – acredito que...


A porta se abriu rapidamente, dela saiu um Frederich ofegante.


- Harry! Harry! É a Lavalle! Ela está acordando!

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.