O Novo Duelo



Era impressionante o fato de ninguém ter percebido que eles estavam em cima da hora. Faltavam apenas alguns minutos para que aqueles acontecimentos fatídicos na Mansão Malfoy se desenrolassem. Harry também não acreditava no tempo absurdo gasto em conversas sobre aquilo e no estresse sofrido por ele, para que seguissem um plano elaborado na última hora por uma pessoa que haviam acabado de encontrar.


Tanto tempo perdido! Tanta enrolação! Harry achava difícil que aquilo pudesse dar certo, mas não havia outra forma de descobri-lo senão tentando. E ele nem ao menos sabia o que era para ele fazer.


 


CAPÍTULO 10 – O NOVO DUELO


 


O grupo desaparatou algumas centenas de metros longe da Mansão, onde confiaram que não havia feitiços de proteção. Harry estava se achando extremamente idiota quando perguntou:


- O que vamos fazer? – mas “Harry” permaneceu em silêncio – o que vamos fazer? – ele repetiu.


- Nós vamos entrar na Mansão – “Harry” respondeu.


Harry então conteu um forte desejo de estrangular o professor.


- Isso é óbvio! – ele estava impaciente, talvez não estivesse acostumado a receber ordens incompletas – eu quero saber como vamos entrar lá! – ele fez uma pausa – sem ser vistos, é claro.


- Vamos entrar todos nós – explicou “Harry” – vocês podem usar Feitiços da Desilusão – ele apontou para Rony, Hermione, Lavalle, Derose e Frederich – e Harry, você usa sua Capa da Invisibilidade. Quanto a mim, eu vou estar à paisana.


Desta vez ninguém se deu ao trabalho de perguntar. Mais que depressa conjuraram os feitiços necessários, reciprocamente para que pudessem enxergar uns aos outros, enquanto Hermione entregava para Harry a Capa da Invisibilidade, há muito guardada na bolsinha de contas.


- Eu vou entrar do modo mais discreto possível – “Harry” tornou a explicar – vocês aguardam do lado de fora – ele voltou-se para Hermione – Por favor, criem um perímetro protegido em algum lugar para que vocês aguardarem a hora de entrar.


- Correto – assentiu Harry.


Após alguns instantes, todos puderam observar o grupo de seqüestradores aproximando-se do portão vários metros ao longe. Passados uns dez minutos, “Harry” concluiu que era hora de entrar.


- Boa sorte – desejou Harry.


- Ok – disse o professor, se aproximando vagarosamente do portão. Não havia nenhum feitiço de proteção.


 


******


 


- Já disse que não sei onde está! – o corpo magro do fabricante de varinhas foi arremessado mais uma vez contra a parede. Voldemort estava anormalmente calmo.


- Não sabe? – o lorde perguntou, com indiferença.


- Não sei! Não sei! – Olivaras repetia, enquanto era arrastado mais uma vez em direção ao mármore por punhos invisíveis.


Voldemort aproximou-se de onde o bruxo estava. Olivaras estava entre o desmaio e a consciência.


- Só estava checando – ele disse friamente, o que explicava sua calma. Virou as costas e foi abandonando o corpo na sala.


- No entanto... – Olivaras gemeu, e Voldemort girou nos calcanhares, intrigado com o que ele poderia dizer – no entanto... – ele repetiu.


- O que? – Voldemort perguntou, com a voz estranhamente paternal. Não era do seu feitio aceitar ajuda alheia.


- Se o senhor está tão disposto em procurar um objeto de um conto infantil, porque já não recorre a alternativas igualmente improváveis? – os bruxos olharam fixamente nos olhos um do outro.


Era difícil para Voldemort admitir aquilo, mas Olivaras tinha razão. Sempre fora extremamente confiante para fazer um plano B, mas aquela situação era diferente, e exigia medidas inéditas.


Voldemort já sabia o que iria fazer


 


******


 


O exemplar de “OS SEGREDOS DO TEMPO POR ADALBERTO GROSKI” tombou na mesa.


-Tudo o que está escrito aí é verdade, não é? – Voldemort não precisava fazer aquela pergunta, ele era legilimente.


- Claro – respondeu o professor – só uma pessoa com muita criatividade poderia inventar algo assim.


O que ele dizia era verdade.


- Então quero lhe fazer uma proposta – “Harry” ajeitou-se na cadeira, interessado – essa proposta não precisa de nenhuma garantia, eu vou saber se você estiver mentindo.


- O que você quer? – “Harry” fingiu não saber do que se tratava, embora até aquele momento tudo estivesse correndo de acordo com o seu plano.


- Você sabe o que eu quero – novamente, Voldemort podia ler pensamentos, mas “Harry” o fazia ler apenas o necessário. Se Voldemort descobrisse que “Harry” era Harry, o plano ruiria. Abençoado fosse Snape por suas aulas de Oclumência – Nos últimos meses, meu plano tem sofrido alguns colapsos. Claro que esses erros não se devem à minha pessoa, mas mesmo assim não quero correr riscos.


- Sim? – “Harry” já estava meio impaciente.


- E quero que, se algo der errado e eu morrer, você volte no tempo e conte-me como derrotá-lo.


- Sim – “Harry” repetiu como se fosse a coisa mais fácil a se fazer.


- Não vai querer nada em troca? – Voldemort desafiou.


- Não – e olhou diretamente para Voldemort – quando eu voltar no tempo, irei contatá-lo através de um de seus Comensais para que o senhor me procure. A mensagem será extremamente interessante e discreta para garantir que nada dê errado – na verdade “Harry” poderia ter dito a Voldemort o que fazer já naquele momento, mas isso denunciaria a sua identidade.


- Ótimo – Voldemort sorriu – agora pode sair – ele fez um gesto que abrangeu a sala, como se estivesse destrancando alguma coisa, e o professor desaparatou.


Voldemort saiu da sala e encontrou ainda o mesmo cenário de horas antes: o lustre caído no chão, o tapete rasgado e os móveis revirados. Harry havia escapado por entre seus dedos mais uma vez, pela última vez.


 


******


Até ali o plano de “Harry” estava correndo muito bem. Ao deixar os outros esperando do lado de fora e encaminhar-se para a porta dupla de carvalho da Mansão Malfoy ele recordava que Voldemort iria chamá-lo para conversar sobre seus serviços dali mais ou menos uma hora.


Se ele fosse uma pessoa normal, iria aparecer duas vezes, como no caso de Hermione: uma estava lá dentro e outra, que havia voltado no tempo, estava do lado de fora. Mas ele era um professor, e essa regra não se aplicava. “Harry” apenas aproveitou-se disso e chegou um pouco mais cedo.


Ele entrou.


- Onde vocês pegaram a espada? – ele ouvia Belatrix torturar Hermione nas salas interiores.


- Nós achamos! Nós achamos!


Após mais dez minutos de espera, ouviu os estampidos que indicavam a batalha. Voldemort iria chegar a qualquer momento.


- PAREM OU ELA MORRE – ouviu a voz de Belatrix – Larguem suas varinhas. Larguem ou verão como o sangue dela é imundo!


“Harry” sabia que agora eles estavam sendo amarrados, e então ouviu o som do lustre de cristal despencando, junto com um estampido de desaparatação.


Voldemort havia chego.


“Harry” olhou para baixo, pôde ver a monstruosa cobra-Horcrux de Voldemort deslizar ao seu lado. Permaneceu imóvel, esperando.


- PAREM E FIQUEM ONDE ESTÃO! – nunca a voz fria de Voldemort soara tão cheia de potência. Se ele houvesse se adiado por um ou dois segundos a situação seria completamente diferente – QUEM ME CHAMOU AQUI?


- Foi o jovenzinho Malfoy, milorde – guinchou Belatrix, mentindo.


- Ora, ora, ora – “Harry” podia imaginar Voldemort arrastando Draco para perto de si – PARECE QUE VOCÊ ME TROUXE AQUI À TOA!


O rosto de Harry certamente ainda estava bastante afetado pela Azaração Ferroreante de Hermione.


- De f-forma alguma Você-Sab...m-milorde – gaguejou Draco, sem saber o que fazer. Certamente seria estuporado logo em seguida.


E tudo seria consumado.


- Então não será problema para você enfrentar-me num duelo formal – Voldemort riu.


- NÃO! – gritou Narcisa – Ele é apenas um meni...


- É UM COVERDE COMO O PAI ISSO SIM! – Belatrix guinchou novamente, direcionando insultos à irmã.


- Cale-se, Bella, por favor – a voz de Narcisa expressava desdém.


- Por favor – zombou Voldemort – Draco e eu estamos um pouco ocupados, ou será que ele gostaria de trocar as calças? – ele riu – pois bem, não se esqueça de agradecer ao Snape por isso. Sectum...


Mas o feitiço não foi completado, alguma coisa havia atraído a atenção de Voldemort: era Naguini.


- Hu czairous spizzifu zacaixzche – “Harry” teria entendido se fosse ofidioglota. Mas não precisava ser, Voldemort logo traduziu:


- Parece que vocês estão mesmo mentindo – seu tom de voz ficou mais áspero – Naguini está me dizendo que Harry Potter está parado na porta desta mansão.


- Mas isso é impossível senhor – disse Lúcio, coberto de cautela –Potter está amarrado ali!


Ao que parecia, o rosto de Harry já havia recuperado a forma original. Mas antes que pudessem confabular a respeito, as portas da sala se abriram, e “Harry” entrou.


Por sorte as cobras eram muito burras, e Naguini não poderia contar à Voldemort que era aquele o bruxo que ela havia visto. Mesmo porque também havia um outro Harry Potter fora da Mansão, cujo cheiro nenhum feitiço de proteção seria capaz de conter.


- Sinto muito se estou interrompendo alguma coisa, mas creio que o senhor tenha me chamado – “Harry” esforçou-se para falar exatamente as mesmas palavras ditas da última vez que estivera ali, na sua primeira reunião com Voldemort. Também cuidava para ocultar seus pensamentos do lorde, embora ele estivesse ocupado com outra coisa.


- Belatrix, Lúcio, Narcisa, revistem a casa enquanto eu vou cuidar dos seus jardins.


Ignorando completamente o novo integrante da cena, os Comensais saíram, e Voldemort passou reto por “Harry” antes de acrescentar:


- E fique aí cuidando dos prisioneiros, Draco, nem pense em fugir – e virado de costas ergueu o braço acenando a varinha. As portas duplas trancaram com um estrondo.


 


******


Foi ao mesmo tempo que os outros que Harry percebeu uma movimentação anormal na Mansão Malfoy.


Derose ergueu a cabeça assim que Voldemort se aproximou do portão. O lorde não os veria: estavam cobertos por Feitiços da Desilusão e cercados por um perímetro seguro.


- “Harry” é um gênio – ele exclamou.


- O que? – perguntou Harry, confuso.


- Não você, o outro – esclareceu Hermione.


- Mas qual deles? – perguntou Rony.


- Ora Rony, o que é Professor! – Harry estava impaciente – por que Sr. Derose?


- Ele economizou tempo não nos contando o plano, pois sabia que eu adivinharia assim que olhasse para Voldemort – concluiu Derose – Naguini sentiu seu cheiro e contou para Voldemort que você estava aqui fora, quando na verdade deveria estar lá dentro. Isso deixou Voldemort confuso; estão revistando a mansão, e isso nos dará tempo.


- Então você pode me explicar porque Voldemort está vindo rápido em nossa direção com a varinha em punho? – perguntou Harry. De fato Voldemort, tinha uma postura decidida. Desfez os feitiços ao redor da mansão e estava desfazendo qualquer outro que pudesse ocultar o inimigo.


Foi um momento quase cômico, quando o perímetro seguro se desfez como uma bolha de sabão na areia. Os feitiços da Desilusão ainda os ocultavam, mas podiam ser ouvidos.


Sem nenhuma alternativa, eles correram o mais depressa e silenciosamente possível para dentro da Mansão, antes que Voldemort lançasse um feitiço no justo ponto em que se encontravam anteriormente.


Ninguém falou nada, todos permaneceram em silêncio. Observavam do hall o lorde refazer os feitiços em volta da mansão e caminhar vagarosamente na direção deles. Harry sentiu a manga da sua camisa ser puxada por Hermione para o cômodo adjacente.


Antes que pudesse falar qualquer coisa ela gesticulou negativamente, e com o indicador nos lábios pedia silêncio. Hermione então pegou um papel e começou a escrever.


 


**********


 


- Quem é você? – perguntou o Harry acorrentado.


- Eu me faço a mesma pergunta – respondeu “Harry”, que caminhava para cá e para lá no saguão, desviando dos fragmentos do lustre recém-caído.


- Ora, quem é você e o que faz na minha casa? – perguntou Malfoy, recobrando o tom ofensivo.


- Que eu saiba, você não está exatamente numa posição de ataque, Draco – disse “Harry”, provocando.


Draco bufou. Os prisioneiros pareciam não entender nada, era evidente a confusão deles, principalmente depois de serem torturados.


- Ora, definitivamente é a decadência! – continuou Harry, cada vez mais teatral, mas ainda convincente – um Malfoy fazendo serviço de babá!


- E então o que você quer que eu faça?! – Draco levantou-se violentamente da poltrona.


- O que você acha? – “Harry” estava rindo por dentro. Aquilo ia ser divertido.


 


**********


 


Os Feitiços da Desilusão não funcionam mais, perderam o efeito aqui dentro assim que Voldemort refez a proteção. Creio que também possam rastrear nossas vozes, e certamente estão procurando por nós pela casa. Acho que não vai adiantar usar a Azaração Ferreteante como disfarce. Isso funcionou da primeira vez porque a proteção de Voldemort só incluía feitiços, mas duvido que ele tenha deixado escapar isso desta vez. Deve ter visto o rosto de Harry naquela sala e tomado providências.


É importante que fiquemos em silêncio absoluto enquanto tentamos chegar até a sala. Se por acaso fizerem algum barulho, saiam correndo na direção da sala e não olhem para trás.


Harry, é bom que nós possamos vê-lo, então só use a Capa da Invisibilidade quando urgente.


 


 


Após terminar de ler o que a amiga havia escrito, todos assentiram e rumaram no mais absoluto silêncio pelo corredor. Por sorte, o espesso tapete abafava seus passos, e os numerosos nichos nas paredes serviam de ótimos esconderijos para espiar o caminho à frente. No entanto, os vários achofres e suas tochas projetavam as sombras do grupo em todos os cantos.


Seguiram por um corredor bastante largo que dava para outro corredor perpendicular. Vindo por aquele caminho estava Greyback.


Mais que depressa eles se separaram. Harry e Rony para um lado, e Hermione e os outros para o outro.


Harry olhou desesperado na direção de Hermione, que já estava muito além no sentido oposto, tentando rapidamente se afastar dali. Então, ele percebeu que não poderia fazer o mesmo, pois o seu caminho estava bloqueado por uma parede maciça. Sem perder tempo, ele agarrou o braço de Rony e empurrou-o para debaixo de um aparador de pernas finas, contando com que a pouca luminosidade os encobrisse.


Greyback estava seguindo na direção de Hermione, e tão logo ele desapareceu de vista, Rony retornou ao caminho original. Harry seguia em seu encalço.


Rony queria seguir o lobisomem, mas Harry quis impedi-lo, olhando furtivamente – uma vez que papel e caneta haviam ficado com Hermione. Antes que pudessem fazer qualquer coisa, ambos foram atropelados por uma Hermione vinda em alta velocidade.


Aparentemente, aqueles corredores davam voltas e mais voltas pela mansão, criando um verdadeiro labirinto.


Harry e Rony olharam para a amiga, assustados.


“Eu não sei onde estão os outros!” – ela acrescentou, não-verbalmente. Arregalou os olhos.


Narcisa vinha logo atrás deles.


Mais que depressa, Harry apontou a varinha para ela, mentalizando com toda a força o feitiço não-verbal:


Confundus!” – e os olhos de Narcisa reviraram levemente enquanto ela desviava abruptamente dos três, esbarrando num aparador e derrubando um vaso.


Para o horror de Harry, quem vinha em disparada na direção deles era novamente Lobo Greyback, estavam tão apavorados que nenhum dos três conseguiu lançar nenhum feitiço. Hermione correu para a esquerda, Rony para a direita. Harry ficou imóvel, não conseguia se mexer.


O lobisomem ia se aproximando cada vez mais.


Cada vez mais próximo.


Mas quando estava prestes a colidir com Harry, deu uma guinada para a esquerda na direção de Hermione.


 


********


- Mas o que você espera que eu faça?! – Draco Malfoy ia ficando cada vez mais nervoso, era o que “Harry” queria. Bastava que ele lançasse um feitiço em Harry, com certeza ele revidaria e o estrago estaria feito.


- Você sabe muito bem o que fazer, ande logo – “Harry” estava sentado numa lustrosa poltrona de couro preto, usando seus ares mais arrogantes possíveis.


- Mas é o lorde quem deve matar ele – Draco parecia intrigado, observando Harry com a cabeça virada.


- Ninguém está pedindo pra você matá-lo – continuou “Harry”.


Um sorriso se formou nos lábios do rapaz.


- Desamarre-o – Draco ordenou ao gnomo, que obedeceu, relutante.


 


*******


 


Hermione corria o mais rápido que suas pernas conseguiam. Diante da situação, ela perdera completamente o senso de direção, e guiava-se à esmo pelos corredores vazios. Podia sentir o cheiro do lobisomem atrás dela, cada vez mais forte, cada vez mais próximo.


Não culpava Harry, obviamente ele ficara em estado de choque, sem ação. Mas ela começava a reconsiderar essa idéia enquanto ouvia a respiração ofegante e sedenta do Comensal se aproximando.


Antes que pudesse fazer qualquer coisa, Rony esbarrou nela, vindo em alta velocidade na direção oposta. Ainda bem que o feitiço de Voldemort detectava apenas vozes, porém, Greyback continuava se aproximando, cego por seu apetite, incapaz de alertar o lorde das Trevas.


Então ela viu algo que poderia ser a sua salvação: uma sala vazia com a porta aberta, luzes acesas e aspecto convidativo. Ambos rumaram para o seu interior, no que a porta fechou-se com um estrépito.


- Ora, ora, ora. Vejam o que temos aqui – a voz de Belatrix ecoou pelo recinto – acharam que trocando de roupa poderiam passar despercebidos?


Rony e Hermione se entreolharam.


- Vamos ver até onde vocês agüentam. Imperio!


 


*******


 


Harry pôs a Capa da Invisibilidade, estava diante da porta daquela sala. Podia ouvir alguns estampidos. Seria seguro entrar?


Ele apontou a varinha e mentalizou com força:


Alorromora” – a maçaneta girou com um clique, e ele rapidamente se esgueirou para dentro, sem que ninguém percebesse.


Então ele absorveu a cena:


Harry – que não era ele nem “Harry” – estava duelando com Draco, e aparentemente estava ganhando. “Harry” assistia a tudo confortavelmente sentado numa poltrona.


Então ele viu.


Seus amigos.


E principalmente Dobby.


Queria gritar, queria avisá-los para fugir enquanto podiam, queria fazer alguma coisa para evitar a morte do elfo. No entanto, tal qual era a sua vontade de fazê-lo era a certeza de que não poderia fazer.


Nada poderia ser feito. E isso o deixava ainda mais abalado.


Ele se aproximou, lentamente, estudando mais uma vez aqueles olhos que pareciam duas enormes bolas de tênis, agora fixos no duelo e completamente alheios ao amigo que se aproximava bem na sua frente.


Malfoy caiu no chão, derrotado. E tão grande foi seu desespero em revidar, que disparou vários feitiços à esmo.


E o jato vermelho atingiu Harry, que caiu estuparado no chão, erguendo uma notável quantidade de poeira. Seu pé ligeiramente exposto fora da Capa.


 


*******


O braço de Hermione tentava desesperadamente não erguer a varinha na direção de Rony, lutando contra a maldição. Saberia Merlin qual feitiço Belatrix a faria disparar.


Porém não havia jeito, seus esforços logo sucumbiriam à força da maldição. Hermione lutava para permanecer em silêncio, para ninguém ouvir sua voz. Era inútil.


Numa brecha em seus esforços, a varinha girou rapidamente de volta na direção do namorado e ela murmurou:


- Crucio – um jato de luz azul saiu imediatamente da sua varinha, atingindo a coxa de Rony, que se dobrou de joelhos – me desculpe – uma lágrima escorria pelo seu rosto, e Rony lutava para não gritar. Todavia, Voldemort não estava interessado neles, pois já deveria ter detectado a voz de Hermione, que agora soluçava.


- Você já vai ter motivos para chorar! – Leastrenge girou a varinha como se fosse um chicote, e Hermione se retorceu, presa.


Lentamente, Rony erguia o braço em sua direção, apontando a varinha.


- Não! – ele gritou mas já era tarde. Hermione fora atingida no rosto, e milhares de minúsculas agulhas pareciam penetrar na sua bochecha.


- Ok, ok – disse Belatrix, se encaminhando entre os dois – sabem, eu lembro que o Lorde proibiu qualquer um de matar Harry Potter, mas creio que não fez nenhuma objeção a vocês. Então? Quem vai fazer as honras?


Rony e Hermione arregalaram os olhos. As lágrimas escorriam em silêncio no rosto de ambos.


- Primeiro as damas – disse Belatrix, apontando a varinha para Rony, que havia se levantado, num ato de recusa – ou você prefere que eu faça? Só não garanto que serei gentil...


- PARE!


Derose e Lavalle arrombaram a porta, investindo contra Belatrix sem pensar duas vezes. Uma chuva de fagulhas roxas saiu da varinha de Derose, deixando a Comensal desacordada provavelmente por várias horas, talvez dias. Lavalle socorria os outros dois, levando-os para longe dali enquanto Derose dava cobertura.


 


*******


 


Todos creram que Draco havia acertado a lareira – o que também havia ocorrido. Uma nuvem de cinzas inundou o ambiente enquanto Harry acertou Draco um último Feitiço Extuporante, arrancando a varinha de sua mão.


“Harry” levantou-se rapidamente, cobrindo Harry com a capa e acordando-o:


- Enervate! – ele murmurou – agora levante e não se preocupe, isso não interferiu em nada mesmo. Fique calmo – cochichou.


Os prisioneiros pareciam radiantes com a situação.


- Vamos fugir enquanto há tempo! – disse Hermione.


- Isso, vamos indo! – concordou Rony.


- Receio que não possam fazer isso – “Harry” levantou-se – preciso de vocês aqui.


- Como? – perguntou Luna, mas antes que pudesse obter qualquer resposta, o ar foi tomado por uma fumaça amarelada, e todos os prisioneiros entraram numa espécie de transe, como se estivessem sonhando acordados, completamente alheios ao mundo real.


- Mas o que foi isso? – Harry saiu debaixo da capa quando o ar normalizou.


- Você lembrou de tapar a boca, não foi?


- Óbvio – Harry estava perplexo – mas onde você iria arrumar tantos “Feitiços Patenteados para Devanear”?


- Digamos que a Srta. Granger deve cuidar melhor da sua bolsinha de contas – Harry pareceu não entender, nunca iria imaginar um uso daqueles para uma Gemialidade Weasley, aquilo era coisa de...


- Gênio! – exclamou Harry – quer dizer, isso nos dá tempo para reverter a memória deles, e eles não foram exatamente “derrotados” num duelo. Então...


- A posse da Varinha de Sabugueiro continua com quem deve estar! – completou “Harry”


A porta se abriu mais uma vez e dela surgiram Rony, Hermione, Derose e Lavalle.


- Mas o que houve aqui? – ela perguntou, mas Lavalle, que convenientemente já sabia de tudo, interveio:


- Não temos tempo para isso! Precisamos alterar a memória deles antes que Voldemort consiga entrar!


- Perdão? – perguntou Harry.


- Nós conseguimos trancá-lo fora da propriedade, mas é só uma questão de tempo até que ele consiga entrar novamente! - disse Derose - e eu dei cabo de Lúcio e Greyback!


- E como nós vamos conseguir fazer isso em tão pouco tempo? – perguntou Rony.


Lavalle suspirou.


- Eu preciso que vocês três se concentrem muito no que aconteceu aqui naquele dia – ela explicou, e todos estavam sérios (exceto pelos prisioneiros).


- Extraiam essas memórias – o trio pôs suas varinhas na têmpora e três nuvenzinhas prateadas ficaram flutuando no meio da sala – Ótimo, agora fiquem atentos, pois vão ver um pouco do que sou capaz de fazer!


Ela apontou a varinha para a nuvem e um pequeno sino pareceu soar. A substância começou a fervilhar, ainda flutuando, e logo depois explodiu em pequenos cometas que se espalharam pela sala e pelo resto da Mansão.


Os prisioneiros – ainda tendo devaneios – levantaram sozinhos e se deixaram enrolar pelas correntes. As cinzas retornaram para dentro da lareira. Draco foi reanimado do feitiço extuporante, mas logo entrou em transe como os outros, pois também havia inalado a fumaça amarela.


As portas se abriram e dela surgiram os Comensais, ainda de olhos fechados, mas movimentando-se normalmente. Todos pareciam ocupar os mesmos lugares que Harry lembrava daquele duelo na Mansão Malfoy.


A situação pareceu se normalizar, mas ainda havia um minúsculo ponto brilhante flutuando no ar.


- Preparados? – ela perguntou – Acho que agora podemos ir.


- Acredito que eu deva ficar – disse “Harry”.


- Tudo bem – aceitou Derose.


- Eu também quero ficar – disse Harry.


- Você tem certeza? – Hermione e Rony perguntaram em uníssono.


- Tenho, não se preocupe comigo – ele vestiu a Capa, sorrindo.


- Ok, então – Lavalle apontou a varinha uma última vez para o ponto luminoso – Já não se ensinam feitiços como antigamente!


Então o ponto se dissolveu em pequenas ondas muito rápidas, e todos acordaram do transe, no exato instante em que os outros desaparatavam e Voldemort entrava na sala.


 
******************** 

Eu sei que esse capítulo não terminou onde muitos de vocês queriam, mas também não terminou onde eu queria. Acontece que ele é extremamente grande (da pag. 133 até a pag. 145). Se eu não cortasse aqui, ele seguramente se estenderia por mais 10 páginas. Não se preocupem, o restante estará no próximo.
 Semana que vem já pretendo postar o primeiro capítulo da Parte 4, indo para a reta final da fic.
Comentem por favor, é sempre bom saber o que os leitores pensam!
Desde já agradeço! 

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Comentários (1)

  • Matheus Domingues

    Augusto, eu estou simpesmente adorando essa fic!O jeito como você escreve é simplesmente incrível! E essas coisas complexas de entender parece tão óbvias se prestarem atenção! Te dou nota 100000 !!! Parabéns e continue assim!  *aparatando para o próximo capítulo*

    2011-08-03
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