Recomeço



Passados alguns meses, a rotina ia se formando. Harry e Rony iam investigando os apagões no trabalho e Hermione ia distribuindo mais sentenças no Ministério. Rony continuava protelando seu noivado com Hermione e Gina e Monstro estavam brigando para cozinhar para Harry, até que ele sugeriu que ambos podiam se ajudar.


 


CAPÍTILO 5 – RECOMEÇO


 


 


- Harry – Rony cutucou o ombro de Harry durante o trabalho. Ele fazia isso toda vez que tinha alguma idéia para pedir Hermione em casamento de um jeito especial.


- O que foi dessa vez? – Harry começava a se irritar – desistiu da idéia de bombom humano ou voltou com a idéia dos peixinhos cantores?


- Não... – os olhos de Rony brilhavam, ele parecia ter uma idéia muito melhor – vou só leva-la tomar café na Soho – é, parecia.


Soho era um bairro de Londres muito famoso pelos seus restaurantes estrangeiros, principalmente pelos japoneses e indianos, e não era um local muito original para se pedir alguém em casamento.


- Soho? – Harry não gostou da idéia – por que não leva ela ao Museu de História Natural e faz o tiranossauro se declarar pra ela, como me disse ontem?


- Isso não é muito discreto.


- Escute – Harry virou na direção de Rony – Gina ganhou um jogo amistoso pelo Harpias de Holyhead, pode bolar alguma coisa para esse dia.


- Não vai ser nada discreto.


- Então vá com ela para a Soho – Harry quase gritou – eu fico perto pra te ajudar, se é o que você quer.


- Obrigado.


- Mas o jogo é neste sábado, você tem dois dias pra se decidir.


- Ok.


Sábado chegou. E seria na Soho mesmo. Harry já estava pensando se ia disfarçado de velhinha ou de mendigo ajudar Rony.


Quando Harry chegou com Gina ao estádio, Hermione, Rony, Moly, Artur, Luna, Neville, e Jorge já estavam esperando. Seria apenas um amistoso, mas isso não diminuía a expectativa geral, muito menos o nervosismo de Gina.


- Fique calma, vai tudo dar certo, é só um amistoso – Harry apertou a mão de Gina, ela tremia.


Mas Gina estava tão nervosa que nem cumprimentou os outros e já foi para o vestiário se trocar. Após achar os lugares, o grupo se acomodou, mas Hermione e a Sra. Weasley desceram para desejar boa sorte à Gina.


Quando Hermione chegou à porta do vestiário encontrou Gina atrapalhada com os nós nos cadarços das luvas. Ela iria jogar como apanhadora.


- Quer ajuda? – ela ofereceu, mas a Sra. Weasley já havia passado na sua frente e ajudava Gina a terminar de se vestir.


- Meu Deus Gina! Pare de tremer! Assim vou dar um nó nos seus dedos!


- Não precisa se preocupar, nós vamos cuidar para que a sua filha não se machuque.


- Perdão?


- Ah sim! Eu sou Guga Jones, capitã do time.


Gina teve que conter um gritinho.


- Me desculpe, é um prazer conhecê-la – cumprimentou a Sra. Weasley.


- Igualmente – ela agradeceu enquanto apertava a mão de Hermione – acho melhor subirem, o jogo já vai começar.


- Claro, boa sorte filha – Moly abraçou e beijou Gina antes de subir, mas Hermione ficou.


- Gina, eu posso lhe fazer uma pergunta?


- C-claro – respondeu Gina.


- Você acha que Rony vai me pedir em casamento?


- Como? Hã... não sei, ele tem conversado muito com Harry ultimamente, e aos cochichos, mas não acho que seja nada. Bem... eles param logo que eu chego perto, mas também pode ser coisa do Ministério...


- Todos os processos secretos do Quartel General dos Aurores são averiguados pelo Departamento de Execução de Leis em Magia desde que Voldemort foi derrotado, se fosse segredo, eu saberia.


- Se você está dizendo... de qualquer forma, não vá assustar o coitadinho do meu irmão.


- Claro – ela riu – agora vai lá e detona – e bateu na palma da mão de Gina, antes de subir para as arquibancadas.


 


- O que eu perdi? – perguntou Hermione para Harry quando voltou dos vestiários.


- O outro time já marcou dez pontos, parece que não veio aqui pra brincar – ele falou a segunda parte mais baixo para que a Sra. Weasley não ouvisse.


- Que Deus a ajude – Hermione suspirou.


Passados cerca de quarenta minutos de jogo, o Harpias ganhava com uma vantagem de vinte e cinco a vinte. Gina ainda não havia localizado o pomo, mas o apanhador adversário também não tinha feito muito progresso.


- Que diabo é aquilo? – perguntou a Sra. Weasley ao ver a defesa do time adversário. A goleira havia executado com perfeição um giro da preguiça.


- Calma mãe – pediu Rony – eu faço isso sempre.


- É... de preguiça ele entende – riu-se Jorge, enquanto a Sra. Weasley ficava na mesma.


- Quando a Gina vai achar esse pomo? – perguntou Neville, preocupado.


- Ela pode tentar a Flinta de Wroski – sugeriu o Sr. Weasley – se o outro apanhador não cair nela ele deve ter visto o pomo.


Desta vez a Sra. Weasley nem se deu ao trabalho de perguntar.


Como se tivesse ouvido a sugestão do pai, Gina se encaminhou a toda velocidade para o centro do campo, cada vez mais para baixo e para o centro. Mas o outro apanhador não repetiu o seu movimento: ele estava do outro lado do campo, contornando-o em sentido horário. Então, sem pensar duas vezes, Gina deu uma guinada na vassoura quando estava a meio caminho do chão, e passou a contornar o campo em sentido anti-horário.


Ela passou raspando na arquibancada e Harry pôde ver a minúscula bola dourada que o outro apanhador perseguia, em sentido oposto.


- Eles vão bater! – gritou a Sra. Weasley, já pondo as mãos no rosto.


- Não, não vão! – garantiu Harry. Ele conhecia o comportamento dos pomos e sabia que aquelas asinhas funcionavam como detectores de movimento. Se fosse perseguido de ambos os lados rente á arquibancada, a bola só teria uma rota de fuga.


Então, quando estavam a menos de meio metro um do outro, Gina virou para a esquerda e conseguiu apanhar o pomo antes que qualquer um percebesse.


- ELA CONSEGUIU! – a Sra. Weasley levantou em um salto e comemorou com o resto da torcida.


Harry viu Gina voar até o meio do campo e entregar a bola ao juiz, que considerou a vitória, depois, ela lançou um beijo na direção de Harry.


 


- A sua filha é a apanhadora mais habilidosa que eu já vi – Guga conversava com o Sr. Weasley após a partida – gostaríamos muito de tê-la conosco nos regionais.


- Bem... – o Sr. Weasley coçou a cabeça – eu também gostaria muito; ela gosta do que faz, mas... – ele olhou na direção dos vestiários, onde a Sra. Weasley estava agarrado com Gina.


- Pra tudo se dá um jeito – Guga sorriu – minha mãe também era assim e hoje ela coordena o meu fã clube! – e foi indo na direção de Moly.


- Essa aí não tem mesmo amor à vida – Rony cochichou para Neville.


- Eu acho realmente fantástica a possibilidade dela jogar pelo Harpias de Holyhead! – Luna já sonhava.


- Eu também – concordou Harry, embora o risco da profissão também o preocupasse.


No entanto, a reação da Sra. Weasley foi bem diferente da que eles imaginaram: primeiro ela abraçou Guga, falou que confiava inteiramente nela, e em seguida perguntou onde assinava.


Gina ficou radiante. Não sabia se ria ou se chorava. A ficha foi caindo aos poucos, conforme o treinamento ia se intensificando. No fim do dia, ela relatava o que aprendia pra Harry, que também falava do seu trabalho, enquanto Gina brigava com Monstro pela posse do fogão, até que um dia Harry sugeriu que eles poderiam se ajudar.


O tempo foi passando e dois anos depois Gina já estava nas nacionais. Rony e Hermione ainda estavam empacados, e Harry continuava a investigar os apagões. Quando Rony finalmente tomou uma atitude, era 21 de dezembro de 2002, véspera do grande jogo de Gina.


- Harry – pela milionésima vez ele abordou o amigo, mas dessa vez havia um tom bem mais decidido em sua voz – é hoje.


- Não – resmungou Harry – o jogo de Gina é amanhã.


- Não! – Rony se ofendeu com a falta de atenção do amigo – vou pedir a mão de Hermione hoje, depois do trabalho eu queria que você e Gina fossem junto, pra apoiar.


- Claro – Harry não estava botando muita fé naquilo, acreditava que antes deles chegarem ao Átrio Rony poderia mudar de idéia – vou pegar Gina em casa e a gente encontra vocês lá... onde mesmo?


- London Eye – confirmou Rony, orgulhoso, enquanto a pouca convicção de Harry naquilo tudo ia por água abaixo. De todos os lugares que ele poderia imaginar Rony pedindo Hermione em casamento, uma roda gigante de 156 metros de altura girando vagarosamente ao lado de um dos rios mais rápidos do mundo era o menos provável, visto o medo declarado de Rony por invenções trouxas, adquirido depois daquela experiência de quase morte no Ford Anglia.


- Hum – Harry suspirou, não queria deixar claro para o amigo que não o apoiava – só preciso pegar Gina depois do trabalho e... – fazer uma oração, pensou Harry.


Depois do término do expediente, Harry desceu com Rony e encontraram com Hermione no Átrio.


- Hermione – perguntou Rony enquanto passavam em frente ao elfo doméstico que soltava água pelas orelhas – o que você acha de irmos à London Eye?


- Hum – Hermione pareceu confusa – pensei que tivesse medo das invenções dos trouxas...


- É – ele hesitou – mas dizem que a vista é linda...


- Bem, então... vamos.


- Ótimo! – encorajou Harry - vamos até em casa primeiro?


- Seria bom tomar uma xícara de chá com Gina! – Hermione se alegrou, enquanto Rony dava uma piscadela para Harry.


Então os três tomaram a lareira até o banheiro público e de lá desaparataram para o Largo.


Enquanto Monstro servia chá e distraía as duas a mando de Harry, Rony procurava as alianças junto com Harry:


- Seu idiota! Não sabe que pra pedir alguém em casamento é preciso estar com as alianças? – perguntou Harry, enquanto revistava a maleta do amigo.


- É que já faz tanto tempo! Pode estar até lá na Toca!


- É bom que não esteja! – reclamava Harry – Ah, mais que idiota eu sou! – ele sacou a varinha – Accio aliança! – e nada – mais que p...


- Eu enfeiticei a aliança pra Hermione não encontrar – desculpou-se Rony – na hora pareceu uma boa idéia!


- Que ótimo! – ele suspirou – Finite! – e todos os feitiços da bolsa foram anulados, mas como nela também havia um Feitiço Indetectável de Extensão, a maleta começou a transbordar de objetos – Merda! Accio aliança! – desta vez deu certo, mas a maleta estava quase rasgando – Reparo! – Harry ordenou, e a maleta não parecia mais um cão raivoso.


- Acho que agora podemos ir! – disse Rony.


- É – Harry estava irritado – de nada.


- Obrigado – Rony deu um tapinha nas suas costas.


- Senhoritas – falou Harry – acho que agora podemos ir!


 


Já eram quase seis horas da tarde, e muitos pubs começavam a ficar cheios. Foram a pé, não era muito longe. Eles desceram pela Gloucester Place até a Oxford Street, perto da embaixada do Brasil. Seguindo pela Oxford até a Davies Street, passaram pelas embaixadas da Itália, da Argentina e do Canadá. Virando à esquerda algumas quadras depois, chegaram ao Picadilly Circus, descendo mais algumas quadras passaram em frente à Cavalaria e atravessaram a ponte de Westminster, em frente ao Parlamento.


Após cerca de meia hora, eles chegaram à London Eye.


- Eu não acredito que você está fazendo isso – comentou Hermione, enquanto Rony adquiria, com grande dificuldade, os bilhetes.


- Parece que alguém está com pressa em fazer alguma coisa – cochichou Gina, para Harry.


- Como assim? – Harry perguntou.


- Digamos que você terá uma grande surpresa – Gina riu, maliciosamente.


Aquilo só serviu para aumentar a preocupação de Harry: será que Hermione havia arrumado outro namorado e Gina sabia de alguma coisa? Enquanto eles esperavam na fila os pensamentos mais assustadores passavam pela cabeça de Harry. Uma coisa era certa: aqueles seriam os trinta minutos mais longos da sua vida.


Quando a cápsula foi se aproximando muito lentamente da catraca, o guarda liberou a passagem de doze pessoas, entre elas, os quatro bruxos. A cápsula não pararia para eles embarcarem, no entanto, seu movimento era mesmo tão vagaroso que chegava a irritar.


Após entrarem na cápsula, o guarda fechou a porta de correr e a travou antes que eles ficassem sobre o rio. Harry não pôde deixar de sentir um pouco de medo, visto que já era de noite e o vento gelado entrava por algum lugar aos seus pés, mesmo com o ar condicionado.


- Fique calmo – pediu Gina – aproveite a vista – ela o abraçou e os dois ficaram rentes ao painel de acrílico que os separava do chão, por enquanto cinco metros abaixo.


Era tão fácil falar, quando não se sabe que o irmão está prestes a tomar um pé na bunda.


Os outros turistas se divertiam com suas câmeras, fazendo poses diante do horizonte da cidade, e quando eles chegaram ao topo houve um verdadeiro frenesi para aproveitar os segundos de vista total. Harry suspirou.


É agora ou nunca – pensou.


- Hermione... – começou Rony.


- Sim? – ela perguntou, e Harry fazia um esforço enorme para ouvir, devido aos risos dos turistas.


- Eu estive pensando – ele pôs a mão no bolso para pegar as alianças – faz muito tempo que eu venho tentando encontrar uma forma de lhe dizer isso...


- Harry? – perguntou Gina, justo agora que Harry queria ouvir o que Rony dizia.


- Sim?


-...já havia tentado inúmeras vezes....


- Tenho que te contar uma coisa...


- O quê? – Harry estava ficando impaciente.


- Harry eu...


-... mas sempre faltava um pouco de coragem para...


- Eu...


- O quê, Gina?


- Bem... eu estou....


- Eu estou grávida, Harry – Gina sorriu.


- O QUÊ? – Harry e Hermione, que na verdade não estava prestando atenção no que Rony dizia, perguntaram em uníssono.


- Eu fiz o teste ontem e bem... você vai ser pai...


Harry pensou que estava derretendo. Ele seria pai.


- QUE MARAVILHA! – ele abraçou Gina e girou-a como pôde naquele espaço minúsculo, enquanto Rony continuava balbuciando “Hermione, eu...”.


- Para quando vai ser? – perguntou Hermione, animada.


- Hermione, eu... – continuava Rony, mas ninguém conseguia ouvir, os turistas não pareciam entender o que se passava.


- Eu não sei, vou ao St. Mungus amanhã fazer alguns exames... Harry pode ir comigo.


- Com o maior prazer – a felicidade parecia querer sair por cada poro do seu corpo.


- Hermione, eu...


- O que foi Rony?


Então todos sentiram um solavanco, houve um ruído de máquinas desligando, as luzes da cidade abaixo se apagaram até o horizonte. Começou a ficar mais frio.


Ninguém gritou, todos ficaram em silêncio, exceto por...


- HERMIONE, VOCÊ QUER CASAR COMIGO?


Silêncio.


Total.


Quando a energia se restabeleceu, Harry viu:


Rony.


E Hermione.


Abraçados.


Se beijando.


Se ela achou que o apagão foi obra de Rony, Harry não tinha certeza. O fato e que os dois permaneceram agarrados e se beijando pelos quinze minutos restantes. E Harry e Gina não ficaram segurando vela.


Somente antes de desaparatarem para o Largo Grinmauld é que Hermione respondeu:


- É claro que eu aceito.


 


Quando eles entraram em casa e comeram o excelente jantar oferecido por Monstro, Harry percebeu que finalmente havia começado a viver.


Logo teria um filho. Seus melhores amigos se casariam e teriam filhos e seus filhos seriam amigos... E foi sem nenhuma reclamação que aquele encontro se estendeu por várias horas, até mesmo Neville havia aparecido. Ele lecionava Herbologia em Hogwarts, e foi entregar uma remessa especial de Poção Polissuco para Harry, feita por Slughorn para “o mais ilustre auror, que precisa sempre de um bom e bem abastecido estoque de poções”.


Mas ele não ficou por mais de dez minutos, pois tinha que voltar para Hogwarts o mais rápido possível para coordenar a saída dos alunos para o feriado no dia seguinte.


Ninguém parecia se preocupar com a hora. Gina não se preocupava com o jogo no dia seguinte, nem os outros três com o serviço. E foi com muito bom humor que eles esvaziaram a bolsinha de contas de Hermione – que agora ela conservava sempre perto de si – e outros objetos utilizados a um milhão de anos atrás.


Gina estava acomodada na poltrona, que não estava sobre o tapete e por isso era o local mais frio da sala. Harry acendeu a lareira e se acomodou no sofá com Rony e Hermione, que estavam de mãos dadas. Quando o relógio do console da lareira deu quatro horas, todos começaram a pegar no sono.


A cada segundo, Harry embarcava mais fundo no sono. Ele sentia a sala se distanciando e já queria saber qual seria o seu sonho para aquele dia maravilhoso.


O som do relógio foi se intensificando e Harry nem percebeu que aquele último segundo antes do sono total pareceu durar um pouco mais.

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Comentários (1)

  • Luh Broekhart

    UAU! Nota enigmática essa do fm do capítulo... "Harry nem percebeu que aquele último segundo antes do sono total pareceu durar um pouco mais." *----* Sorte sua que essa fic já está concluída, se não eu ia ficar te encomodando até não poder mais *o* Vou indo para o próximo capítulo, beijos Nemo ;**

    2011-04-19
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