O Retorno



O frio veio e foi embora, os dias forma passando quase que às paradas, e eles estavam começando a se acostumar com os Especialistas trabalhando vinte e quatro horas por dia. Após dois meses, quem não se acostumaria? Harry estava se lembrando: aquela era aquela época em que haviam visitado Xenófilo Lovergood. Ele havia ido para Godric’s Hollow com Hermione, já haviam destruído a primeira Horcrux, visitado Xenófilo Lovergood e faltavam apenas algumas semanas para serem seqüestrados e irem parar na Mansão Malfoy.


Harry adquirira o hábito de escrever em um diário. Não que quisesse se lembrar daquilo depois, mas sim por que o livro de Adalberto Groski dizia ser altamente recomendável. E o professor também tinha o seu, que parecia guardar quase que em segredo. Harry estava escrevendo quando finalmente Derose o abordou:


- Harry – ele disse, baixando a cabeça na frente da de Harry para que ele o visse – chegou a hora.


 


CAPÍTULO 9 – O RETORNO


 


Ele desceu para o escritório e encontrou Rony, que vinha do jardim acompanhado por Lavalle; e Hermione, também acompanhada, mas muito a contragosto, de Brandon.


- Então, vocês estão prontos? – perguntou Frederich, que estava no centro daquele círculo, radiante de alegria – espero que a minha invenção funcione corretamente.


- Eu também – respondeu Rony.


- Não se preocupe – Lavalle sorriu – nós inspecionamos a invenção. Está tudo bem...


- VOCÊS O QUE? – Frederich de repente ficou histérico.


- Não se preocupe – repetiu Brandon – nós não vamos fazer nada de ruim. As nossas chances de consertar os nossos erros são infinitesimais, afinal de contas.


- Eu acho bom mesmo!!


- Eu tenho certeza – e sorriu um daqueles seus sorrisos que não se sabe se é de deboche ou aprovação.


- Então está bem – Frederich retirou o pano que recobria a plataforma atrás de si (só agora que Harry a notara) – acho bom que vocês saibam como isso daqui funciona.


Ele subiu na plataforma e Harry notou que havia duas hastes verticais de pouco mais de dois metros de comprimento a cerca de um metro e meio de distância uma da outra e uma terceira haste horizontal, unindo-as no topo. Poderia ser facilmente confundida com um batente de porta.


“Um portal” – pensou Harry – “que original”.


- Bem – continuou Frederich – como vocês podem notar, a plataforma em que eu me encontro tem essa estrutura – ele apontou para a “porta” – mas por incrível que pareça, ela não é a parte mais importante da máquina! – ele desceu e foi até a parede – a parte mais importante da máquina é essa aqui – e apontou para um interruptor: uma alavanca de uns trinta centímetros de comprimento acoplada a uma caixa. Mas não parecia haver nenhum fio conectando a alavanca a uma rede elétrica, embora houvesse vários a conectando à plataforma.


“Eu – continuou o professor – vou acionar esta alavanca com um feitiço para que a máquina ligue. E é esse feitiço que vai lhe fornecer energia. Levei anos para desenvolver um feitiço suficientemente forte. Outro bruxo não conseguiria fazer isso.”


- Que bom que temos você – Rony estava visivelmente impaciente, mas Harry queria saber de tudo.


- Calma que agora vem a melhor parte! – ele deu um pulinho e correu até a mesa onde os Especialistas estiveram trabalhando e voltou.


Com uma carta em mãos.


- Após certo tempo, o portal vai carregar – ele girou ambas as mãos na direção da “porta”, como se já pudesse visualizar aquele espaço vazio sendo completado por algo como uma substancia brilhante e viscosa – Depois, eu vou usar isso – ele ergueu a carta – vocês passarão pelo portal, e VIVERÃO FELIZES PARA SEMPRE! – ele foi aumentando gradativamente o tom da voz e a teatralidade das expressões corporais.


- Só isso? – Hermione repetiu o mesmo tom de incredulidade que usara na casa de Brandon.


- “Obrigado” só já basta – reclamou Derose.


- Obrigado – disse Harry, sorrindo, era difícil de acreditar que fora tão fácil.


- Eu que agradeço – sorriu Frederich – estão prontos?


- Prontos pra quê? – perguntou Rony.


- Para partir, é claro – sorriu Lavalle.


- Mas já? – perguntou Harry – não podemos ficar mais um pouco?


Ele jamais pensara que fosse dizer aquilo. A verdade é que estava tão apegado à idéia de partir que não pensara que fosse haver realmente uma despedida.


- A escolha é sua – disse Derose.


É claro que por um milésimo de segundo Harry considerou essa opção, mas a imagem de Gina dormindo na poltrona, e da vida perfeita que teriam juntos afastou-a de imediato.


- Não – ele disse, seu tom de voz estava mais firme – não podemos mais ficar aqui. Quero que saibam que sou imensamente grato por tudo o que vocês fizeram por mim. Foi muito bom poder contar com vocês – e ele subiu na plataforma, mas antes que pudesse pôr o segundo pé em cima dela, Lavalle foi correndo ao seu encontro e o abraçou:


- Foi muito bom conhecê-lo, Harry, boa sorte - ela demorou em se afastar.


- É – concordou Derose, também o puxando para um abraço – foi bom ver outras pessoas, para variar.


- É bom sentir-se útil em alguma coisa – Frederich também o abraçou – boa sorte na sua vida.


- Obrigado – ele repetia, enquanto Rony e Hermione também eram cumprimentados – obrigado – ele tornou a dizer, olhando na direção de Brandon, que ergueu a mão como se estivesse segurando uma taça num brinde.


- A gente se vê – ele sorriu – quer dizer, eu falo do passado-presente-futuro.


- Claro – sorriu Harry, quando Rony e Hermione também subiram na plataforma.


- Não estão esquecendo de nada, estão? – Frederich perguntou, enquanto ia para perto do interruptor, com a varinha em punho.


Todos riram, e quando Frederich mirou na alavanca o coração de Harry quase saiu pela boca.


- Calma – Hermione segurou sua mão, e Rony pôs a mão no seu ombro.


Harry concentrou-se em sua respiração e não ouviu o feitiço que Nadal lançara no interruptor. Em seguida, começou um pequeno rugido aos seus pés, e da base da porta começaram a surgir algo como pequenas raízes que subiam e engrossavam conforme subiam pela estrutura.


Harry notou que o trajeto daquelas raízes, que começavam a se fundir, ia delimitando os entalhes de uma porta de madeira. Uma última raiz começou a espiralar na direção de Harry até formar uma maçaneta dourada em formato de cone.


Todos olharam para Frederich, que estava extasiado com o funcionamento da sua invenção.


- Ah sim! – ele acordou do seu transe – uma última coisa! – ele então pegou o envelope e foi na direção da porta recém-formada. Harry olhou para baixo e notou que havia uma pequena entrada de correspondências na altura dos seus joelhos. Entendeu imediatamente o que era a carta.


A carta era o diagrama em que os Especialistas estiveram trabalhando durante tanto tempo.


- Espere eu colocar – disse Frederich, se abaixando para passar a carta pela fenda. Quando ele o fez, a carta não caiu nos pés de Harry, ao invés disso, ele ouviu um clique, e a porta foi destrancada.


Harry foi aproximando a mão vagarosamente da maçaneta, e olhou para os professores:


- Eu posso? – ele perguntou.


- Claro que pode – disse Derose – não se preocupe conosco!


Mesmo assim, ele agradeceu mais uma vez.


Olhou para Rony.


Olhou para Hermione.


Os três suspiraram.


E Harry girou a maçaneta.

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