Duelos



Ao cumprir dos sonhos | Capítulo 33.
Duelos.


A algazarra que os alunos faziam em cada vagão do trem de volta para casa era constante. Para alguns era o início de mais uma das longas e merecidas férias. Para outros, era o fim de Hogwarts e o início de uma nova vida, já que não teriam que voltar daqui a alguns meses para o castelo. 


Algumas pessoas se despediam, outras trocavam modos de manterem contato e outras aproveitavam os últimos momentos para ficarem juntos. Logo chegariam à estação e cada um seguiria seu rumo para suas respectivas casas. Uma cabine estava em risos pelos seus ocupantes. Exceto pelo garoto sentado ao lado da janela, contemplando as imagens que surgiam enquanto o trem andava.


- Eu nunca vi o Jordson correr tanto por causa de uma vomitilha que o James colocou no seu suco de abobora. - Marcus dizia entre risos, arrancando gargalhadas. - Não sabia se a ânsia de vômito era pela vomitilha ou pela cara feia que o James lançou.


Marcus encolheu-se ao lado de Kristen, esperando receber alguns tapas ou palavras irritadas do amigo. No entanto, o que recebera em troca foi apenas o silêncio. James continuava com seu olhar fixo na janela, como se não tivesse ouvido nada em sua volta. Como se ele estivesse ali, sozinho, com seus pensamentos.


- James. - Caleb o cutucou, mas ele permanecia imóvel. Todos trocaram olhares, confusos.


- Qual é, cara. Me bate, me xinga. Faz qualquer coisa. - Marcus disse, finalmente acordando-o de seus devaneios. - Mas não fica calado. Ta me deixando preocupado. 


- Não estou com vontade, desculpe. Talvez Caleb ou Jared gostassem de fazer isso. – comentou esboçando um sorriso forçado. Desde que Emma estava longe de si, era como se não tivesse mais motivo para fazer brincadeiras, nem nada. Estava feliz apenas por poder voltar para casa. Ficar perto da mãe, e da família, era tudo que precisava agora.


Os meninos fizeram uma cara inconformada. Aquele James perdera o brilho, literalmente, e eles se sentiam mal pelo amigo. Sabiam o quanto ele amava a ex-namorada, e sabiam ainda o quão injusto fora o término, visto que Jenna armara tudo. 


- James, olha... - Jared retirou seu braço dos ombros da namorada, inclinando-se para o irmão. - Eu sei que não somos daquele tipo de irmãos sentimentais que entendem um ao outro, mas é tudo uma questão de tempo. Emma vai perceber que tudo foi uma armação e vai te perdoar.


- Se importaria se não tocássemos mais nesse assunto? – perguntou sério. Jared iria retrucar, mas Kira meneou a cabeça negativamente. 


O irmão assentiu, embora as palavras sérias de James o afetassem. Era sempre assim quando tentava uma aproximação melhor com ele. Mas aquele não era um momento apropriado para tocar naquele assunto. James tinha problemas demais e não queria lhe dar mais um motivo, tão pouco irritá-lo. Ajeitou-se em seu assento, apenas aproveitando o silêncio que surgiu na cabine naquele momento.


O som da porta da cabine sendo aberta chamou a atenção de todos. E James enrijeceu-se com a presença da morena ali, suspirando fundo. Ela, no entanto, evitou olhá-lo. Estava ali apenas para cumprir seu papel de monitora. Nada mais. Mas seria inevitável não falar com ele, já que tinha algo para lhe entregar.


- Arrumem suas coisas. Estamos chegando. - Emma avisou-os, voltando-se para James. - Posso falar com você? - perguntou antes de deixar a cabine.


O garoto suspirou, e então se levantou do assento, mas sem emoção alguma refletida em seu rosto. Apenas guardava-a dentro de si, já que o coração se acelerara. Os demais permaneceram em silêncio, vendo-o partir e fechar a porta assim que passou. James ainda pudera ouvir os murmúrios das vozes lá dentro.


Revirou os olhos, e vira Emma parada mais a frente, esperando-o. Sem trocar nada mais que um olhar, ele a seguira até uma cabine vazia. Ainda não entendia porque ela queria conversar, já que deixara bem clara sua aversão a isso. A ele próprio.


A morena retirou um pequeno pacote dos bolsos de suas vestes, entregando-o. 


- Pode entregar à Lily por mim? É o pingente que eu tinha prometido para a pulseira que demos a ela no natal. - explicou, forçando um sorriso. - Eu iria mandar por coruja, mas acabei esquecendo com o passar do tempo.


- Entrego sim, pode deixar. Ela vai ficar feliz. – respondeu, pegando o pacotinho na mão. – Obrigado. – agradeceu visivelmente tristonho, e Emma sentiu seu coração se comprimir.


- Não precisa agradecer. Vou sentir falta dela. - murmurou com os olhos marejados, respirando fundo. Aquilo estava sendo tão difícil para ela quanto para James. Ou até mais. Lutava contra a vontade que tinha de abraçá-lo e esquecer-se de tudo porque o amava, mas tinha a sua maldita dignidade que a fazia lembrar-se sempre do que aconteceu.


- Aposto que ela vai sentir sua falta também, assim... – respirou fundo. – Assim como eu. 


- Eu também. - Emma suspirou, enxugando uma lágrima que rolou por sua face. - Boas férias, James. - desejou antes de se virar para deixar a cabine.


- Não precisa ser assim. – a voz dele, lhe parara. – Você sabe disso, Emmy. Eu te amo, e não importaria se voltasse atrás. Porque sei que é isso que você deseja. Por favor, não acabe tudo assim. – a morena se virou, e percebera os olhos claros marejados.  


- Eu quero James. Não sabe o quanto eu quero. - a morena cruzou os braços, chorando. - Mas eu não posso porque aquela cena não sai da minha cabeça um minuto sequer. E tem os comentários que eu ouvi durante todos esses dias que me machucaram tanto. Eu só... Queria entender porque isso aconteceu com a gente.


- E você não pode engolir esse orgulho idiota, e ficar comigo? – indagou irritado. – Eu sim, posso me humilhar... Enquanto sua dignidade tem que ficar intacta. Não dá pra medir o que eu sinto, mas eu estou tentando. 


Emma recuou um passo, engolindo a seco e o olhando assustada. Secou as lágrimas de seu rosto, abaixando seu olhar.


- Você está com raiva de mim e tem todo o direito de estar. - disse enquanto retirava o seu distintivo de sua blusa. - Eu só espero que você ao menos me entenda um dia. Preciso ir... Tenho que entregar meu distintivo. - ergueu-o, lançando um último olhar para James antes de deixar a cabine.


Desta vez ele não a impedira, e Emma saiu, deixando-o sozinho. Decidiu-se que ela deveria provar um pouco do orgulho dele também. Já que não dava a mínima. Fechou a porta da cabine, e sentou-se no assento vazio. Ficaria ali até que chegassem a King’s Cross, sozinho, com seus pensamentos. Sozinho com seu sofrimento.


Continuou remoendo as palavras de Emma. Será que ela não via o quanto ele sofria com tudo isso também? No entanto, o som da porta da cabine sendo aberta novamente chamou sua atenção. James se levantou com a entrada inesperada da morena ali. Ergueu seu queixo, pronto para tratá-la com todo o orgulho que tinha. Não iria ceder em outra troca de palavras novamente.


Mas surpreendeu-se quando ela se aproximou, tocando-o na face. Emma o olhou nos olhos e James sentira-se desarmado naquele momento. Incapaz de fazer o que tinha planejado segundos atrás. E o roçar dos lábios dela aos seus o fizera esquecer completamente de tudo.


- Eu te amo, James. - a morena sussurrou, beijando-o levemente. - Merlin, como eu amo.


- Eu também... – murmurou, antes de pressioná-la mais em seus braços, aprofundando o beijo com ardor. 


Emma gemera ao contato, e o moreno conduzia-a num ritmo desconcertante, assim como as batidas dos seus corações. Nem tinha noção do quanto sentiam falta e necessidade de estarem perto um do outro. 


A morena enterrou seus dedos aos cabelos negros, apreciando a textura e acariciando-o lentamente na nuca. Seus lábios correspondiam ao beijo com a mesma paixão, aproveitando-se da oportunidade para mordiscá-los de leve, ouvindo-o suspirar. Amava James que não suportaria aquela tortura que seria ficar longe dele. Experimento isso uma vez e não queria passar por todo o sofrimento novamente.


- Me perdoa. - Emma murmurou, desprendendo seus lábios dos dele em busca de ar, olhando-o nos olhos. - Eu não queria te magoar. Desculpe-me...


- Não tenho porque te perdoar, Emmy... – ele disse, afagando o rosto corado. Então sorriu, roubando-lhe um breve beijo.  – Quer namorar comigo de novo? 


- É o que eu mais quero. - o respondeu, esboçando um largo sorriso e exibindo um brilho em seus olhos castanhos.


- Te amo... – murmurou, beijando-a outra vez. 


Emma murmurou algo contra os lábios do moreno, fazendo-o sorrir antes de aprofundar o beijo. James sentia-se como há muito não o fazia, como não fazia desde que terminara seu relacionamento. Agora estava em paz consigo mesmo, pois estava inteiro outra vez.


**


Hermione tentava com todo o custo soar naturalmente enquanto esperava os filhos desembarcarem, com Ben e Lily ao seu lado. Mas por dentro sentia como se algo faltasse. O marido sempre a acompanhava. Nunca havia faltado para levar ou buscar os filhos até a estação. E naquele momento, pela primeira vez, ele não estava presente. Sentiu-se desamparada.


Tratou logo de esquecer aqueles pensamentos ao ver Jared desembarcar. Forçou um sorriso enquanto ele se aproximava, procurando James.


- E ai, rapaz. - Jared cumprimentou Ben ao bagunçar os cabelos negros, vendo-o soltar um muxoxo. - Hei gatinha. Como você cresceu. - pegou Lily nos braços, beijando-a na testa e olhando para a mãe. - Como vocês estão? - perguntou beijando-a na face, olhando para os lados. - Cadê o papai?


- Seu pai teve algo para resolver, e está fazendo uma viagem, querido. – Hermione respondeu, sorrindo forçadamente. – Como você está? – então alisou o rosto dele. 


- Eu estou bem, mãe. - o garoto sorriu algo que a fizera lembrar-se de Harry. - E pela primeira vez feliz por estar de férias. 


- Agente fez bolo para você e pro Jimmy, o Benji quase comeu tudo, mas eu não deixei. – Lily falou, ao irmão mais velho.


- Guloso. - Jared disse ao irmão.


- Eu não consegui resistir. É receita nova da mamãe. - Ben comentou, observando os alunos que desembarcavam do trem. Voltou-se para a mãe, seus olhos castanho-esverdeados brilhando. - Quando eu vou para Hogwarts?


- Daqui a uns três anos, meu amor. Tenha paciência. – a morena disse, acariciando seus cabelos escuros. – E por onde anda o James?


- Estava comigo há pouco. - Jared respondeu, olhando para os lados. - Até Emma o chamar. Eles... Tiveram um desentendimento em Hogwarts. Longa história.


Hermione assentiu, mas com a expectativa de descobrir tudo mais tarde. Pra inicio de conversa já tinha problemas demais, e não suportaria mais esse. Não suportaria ver James sofrer por conta de um desentendimento com a namorada. 


- Certo...


- Tô com saudade do papai... – Lily disse a esmo. – Ele está demorando um montão de tempo. Jared você podia saber cadê ele. Você sabe de tudo.


- Imagine eu que não o vejo há meses, Lily. - o moreno disse, notando o olhar triste da mãe. Alguma coisa tinha acontecido e poderia notar, mas ali não seria o local apropriado para perguntas. - Se eu pudesse trazia ele de volta agora, mas não sei onde ele está.


- Tá bom, eu vou escrever uma cartinha pra ele, e vou pintar um coração bem grande. Você podia me ajudar. – a menina sugeriu, com um sorriso nos lábios. 


- Está bem. - concordou, sorrindo para a irmã e a beijando no rosto. - Eu vou te ajudar assim que chegarmos em casa.


Lily concordou risonha, enquanto começava uma brincadeira com Ben, contando as malas que passavam por eles. De vez em quando riam quando a menina se perdia nos números. Mas o irmão pacientemente a ajudava, e se divertiam com isso. Hermione os observava silenciosa, imaginando por onde o marido estaria, e se estaria bem. Ele estava perdendo muita coisa, inclusive perdera o ultra-som, e nem sabia que esperavam mais uma menininha.


Ela repreendeu o choro, mas as lágrimas banharam seus olhos rapidamente. E tão logo, ela desviara os olhos quando Jared a fitou intrigado.


O garoto olhou para os lados em procura do irmão, preocupado pela reação da mãe. E já que ele não estava por perto, teria que fazer alguma coisa. Aproveitou do momento em que Ben e Lily estavam distraídos, se aproximando dela.


- Mãe. - Jared a tocou no ombro. - O que aconteceu? Cadê o papai?


- Já disse filho. Ele teve que viajar... Nada fora do normal, não é? – desconversou, temendo soar muito desesperada.


- É, mãe. Você nunca ficou assim quando ele foi viajar. - insistiu, porém com cuidado para não pressioná-la. - E já aconteceu do papai voltar de viagem no mesmo dia em que vamos ou voltamos de Hogwarts.


- Não se preocupe querido. Sabe que as mulheres grávidas tendem a ter os hormônios a flor da pele. – respondeu, e sorriu tentando tranqüiliza-lo. No entanto, o garoto se intrigou mais, sorte dela que James caminhava ao lado de Emma para perto deles.


- Jimmy!!! – Lily exclamou e saiu correndo em disparada até o irmão, que a acolheu nos braços, içando-a do chão.


- Gatinha, que saudade. – ele falou, beijando-a no rosto.


- Eu também tava, e do papai também, mas to feliz que você e o Jared voltaram. Aí a mamãe não vai mais chorar. – ela comentou inocentemente.


Jared, assim como James, notou com certa preocupação as últimas palavras de Lily. Eles trocaram um rápido olhar, intrigados com aquela situação. Foi então que James olhou para os lados, dando falta do pai que não estava ali presente. O moreno caçula fez um sinal de desentendimento. Emma cumprimentou Hermione, voltando-se para Lily. 


- Lembra do pingente que tinha te prometido? - perguntou, vendo-a assentir e estender o braço, mostrando a pulseira que ainda usava. - Aqui está. - sorriu, colocando-o na pulseira.


- Olha mamãe, que lindo! É um passarinho, e uma florzinha. – Lily mostrou, e Hermione sorriu, abraçando o filho mais velho. Com James por perto era como se Harry também estivesse.


- Eu estou indo antes que minha mãe fique louca me procurando. - Emma disse, chamando a atenção do namorado e o beijando na face. - A gente se vê depois. - despediu-se dos demais antes de se afastar.


- Hei, panaca. - Ben deu um leve chute na canela de James, que observava a namorada se afastar. - Não se lembra de mim não?


- Por acaso, tava olhando coisa melhor. – o moreno brincou e o irmão mais novo riu, fazendo uma careta. – Como é que tá Ben? Fez tudo que eu te aconselhei para tirar os gnomos do jardim?


- Fiz. - o garotinho assentiu sorridente. - Diminuiu muito a quantidade. Até a Lily está ficando mais no jardim.


- Que ótimo! – parabenizou, e então se voltou para a mãe. – E então gatona, como é que tá meu irmãozinho?


- Irmãzinha. É uma menina. – respondeu e ele sorriu largo. 


- Outra Lily, a vovó falou. – a pequena intrometeu-se. – E eu vou brincar de boneca com ela. Juntinhas.


- E cadê o papai? – James perguntou, não entendendo muito bem o olhar do irmão.


- Papai ta viajando. Trabalho. - Jared respondeu ao irmão, que agora pareceu entender o olhar confuso dele.


- Ah... – o moreno balbuciou, e suspirou fundo.


- Vamos então? Fiz bolo pra lancharmos, e Lily armou um lençol de piquenique na sala. – Hermione disse desta vez um pouco mais contente.


Todos assentiram, recolhendo seus pertences e deixando a estação. Sentiam um clima desagradável no ar, algo que a ausência do pai proporcionava. E desejavam imensamente que ele voltasse logo.


***


Por pouco tempo esqueceu-se da tristeza que a invadiu pela falta do marido. O retorno dos dois filhos mais velhos de certa forma lhe fizera bem, mas não por completo. E uma vez ou outra era inevitável não rir do bom humor de James naquele momento. Algo que Jared deixou bem claro que não acontecia há tempos. 


Após o piquenique na sala que Lily havia planejado, as brincadeiras e histórias contadas, Hermione conseguiu um tempo para descansar. Repousou-se no sofá, enquanto os dois filhos menores brincavam no jardim dos fundos e os outros dois desarrumavam seus malões nos quartos. No entanto, o som da campainha atrapalhou o que poderia ser algumas horas de descanso.


Hermione suspirou enquanto se levantava. Desejava imensamente que fosse o marido, mas sabia que não era. Harry jamais tocaria a campainha para entrar. Mesmo com tudo que vinha acontecendo. Caminhou até a porta, abrindo-a e se surpreendendo com a presença da mulher ali. A ruiva esboçou um sorriso cínico, lançando um olhar insignificante para Hermione.


- Harry já retornou da viagem? - Gina perguntou ao entrar na casa, sem ser convidada. Iria aproveitar da ausência dele ali para jogar suas últimas cartas e acabar de uma vez por todas com aquele casamento.


- Você sabe que não, o que está fazendo aqui, Gina? – Hermione perguntou irritada. Queria poder por suas mãos na ruiva, e estrangulá-la, por todas as mentiras que fizera com que ela acreditasse. 


- O que deveria ser meu por direito. - ergueu uma sobrancelha, percorrendo os olhos pela casa. - Essa casa era para ser minha. O filho que está esperando... - olhou para a barriga de Hermione. - Era pra ser meu. Harry era pra ser meu até você “aparecer” e mudar tudo. E sabe o que é injusto, Hermione? Eu o vi primeiro, o desejei primeiro e o amei primeiro. E você o tirou de mim.


- Eu também o amei primeiro, só que de um modo diferente. – Hermione retrucou ofendida. – Eu não tirei Harry de você, ele não é um objeto manipulável, Gina. Ele fez suas próprias escolhas. – acrescentou, sentindo o bebê chutar. Estava tão desconfortável quanto ela mesma.


- Não se faça de santa. - ela riu sarcástica. - Eu tentei separá-los no início, mas ele estava cego por você. Voltei para tentar separá-los, imaginando que com o tempo ele se cansaria de você e sentiria minha falta. Mas o idiota ainda te ama a ponto de me recusar. O imbecil é tão fiel a você que conseguiu resistir a todas as minhas investidas.


Hermione respirou fundo, um tanto aliviada pela revelação. Mas sentia-se tonta demais devido aos acontecimentos. Apoiou-se no sofá e fechou os olhos. Queria tanto que Harry estivesse ali, porque agora estava vulnerável, e aberta para os insultos de Gina.


- Vai embora, por favor...


- Você acha que eu vou perder essa oportunidade, agora que a encontrei sozinha? - Gina disse maliciosa, cruzando os braços.


- Quem disse que ela está sozinha? - a voz de Jared chamou a atenção da ruiva. Ele descia, ao lado de James e postando-se ao lado da mãe. - Não é só porque o nosso pai não está em casa que você tem o direito de entrar aqui e ofender a nossa mãe.


- É melhor você ouvir o que mamãe disse, e ir embora. Não queremos você aqui, Gina. – James falou sério. Sua voz cada vez mais parecida com a do pai. O que fizera com que a ruiva sorrisse. 


- Quem você pensa que é pra falar assim comigo, garoto? - indagou cinicamente. - Não é só porque se parece com o seu pai que vou obedecê-lo.


- Exatamente, eu não sou como meu pai, acredite. – bradou furioso. – Esta é minha casa, e você não está fazendo bem a minha mãe, portanto, saia! – exclamou parando perto dela, olhando-a tão impertinente, que ela dera um passo para trás.


- James... – Hermione murmurou, levando a mão a o ventre.


- Está bem, eu vou. - Gina concordou, caminhando até a porta. Mas antes que saísse virou-se para Hermione, que era amparada pelos dois filhos ao seu lado. - Isso não acaba aqui, Hermione. Não vou desistir assim tão facilmente. - ameaçou antes de deixar a casa.


- Vou buscar água pra você. - Jared disse à mãe ao se levantar, seguindo para a cozinha. 


James sentou a mãe, no sofá, e ajeitou-se ao seu lado. Segurava-lhe as mãos frias, amaldiçoando Gina e seu atrevimento. Ainda bem que Hermione não estava sozinha, senão as conseqüências teriam sido piores, e nem queria pensar nelas. Tocou o rosto pálido, e macio, e então o afagara. A morena sorriu, e fechou os olhos, tentando recobrar o bem estar.


- Está tudo bem, mamãe, não vou deixar nada te machucar, nem te magoar. – James murmurou, abraçando-a. Ela se atou a ele, e não pode mais conter o choro.


Hermione manteve-se por ali durante certo tempo, nos braços do filho. James era tão parecido com Harry que a presença dele já a acalmara bastante. Jared voltou logo em seguida, entregando o copo para a mãe. Hermione o pegou com as mãos trêmulas, tomando alguns goles e cessando lentamente o seu choro.


- Não quero nem pensar no que teria acontecido se o papai estivesse aqui. - Jared comentou, acariciando os cabelos da mãe.


- Nem eu... Mas ele também não deixaria barato. – James falou, beijando a testa de Hermione, que ainda soluçava.


- Obrigada, meus amores... Eu amo tanto vocês. – declarou, fungando, e tentando beber mais um pouco de água.


- Também amamos você, mãe. - Jared a beijou na face, ajudando-a a levantar. - Vem. Vamos te levar pro quarto. Precisa descansar um pouco.


***


Seu coração batia rápido, talvez mais rápido do que seus passos enquanto atravessava a cidade ao lado do amigo e com dois aurores em seu encalço. Tinha ansiedade em acabar logo com tudo aquilo e voltar para casa. Resolver seu maior problema que ainda o incomodava mais; seu casamento. E após esses dias que passaram observando pistas, recebendo informações e seguindo algumas pessoas suspeitas naquela cidade, finalmente tiveram uma notícia concreta sobre um possível ataque do novo bruxo que vinha causando pânico.


Seria ao fim do dia, no lado leste da cidade e próximo ao oceano. Um lugar propício para arruinar com todo o local. Foi tudo o que conseguiram descobrir durante todos aqueles dias.


Girou a varinha em suas mãos, sentindo um incomodo aperto no peito que o fizera respirar fundo. Fechou os olhos, caminhando e desejando que Hermione estivesse bem. Não soube por que teve aquela sensação naquele momento, mas não o agradou em nada. E a vontade que tivera em abandonar aquela missão o invadiu outra vez. Queria largar tudo e voltar para casa, mas não podia. Colocaria o mundo bruxo e o trouxa em risco, colocaria sua família em risco. 


Abriu os olhos, olhando para o amigo ao seu lado.


- Isso tudo pode acabar hoje. - Harry disse, sorrindo. - Eu to louco pra voltar pra casa, resolver esse desentendimento com a Mione e ficar ao lado dela até meu filho nascer. 


- Filha. – Rony falou sorrindo também.  O moreno franziu o cenho, e esperou até que o amigo se explicasse. – Luna me escreveu. E contou que Hermione fez um... – pensou um instante. – Um daqueles exames trouxas que dá pra se ver o nenê lá dentro. 


- Um ultra-som? - Harry o ajudou divertido. Rony ainda se confundia quando o assunto era a vida dos trouxas.


- Exatamente, e vocês vão ter outra menina. 


- Outra princesa? - o moreno o olhou sorridente. Rony assentiu, vendo o sorriso do amigo aumentar. - Merlin, eu vou ter outra princesa. Isso é maravilhoso.


- Se você acha. – Rony comentou divertido. – Eu quero ter um garotão. Merlin, queira que seja um menino.


- Pelo visto aceitou bem a idéia. - Harry comentou, dando um leve tapa no ombro do ruivo. - Só basta aceitar meu afilhado de volta que eu paro de chamá-lo de idiota por uma semana.


O ruivo suspirou. A cada dia o momento em que aceitaria Caleb de volta no seio da sua família, estava mais perto. E não podia nem negar a si mesmo. Com a chegada de mais um membro, sentia falta do garoto. 


- Veremos Harry... Vamos deixar isso tudo acabar, aí então... Posso conversar com meu filho.


- Isso é ótimo, idiota. - ele brincou, fazendo o ruivo rir e estranhar aquele fato. Deveria estar furioso com ele pelo apelido.


Caminharam mais alguns minutos até o local. Poderiam aparatar, mas a idéia de reaparecerem no local do ataque e serem surpreendidos por comparsas os esperando não era agradável. Então preferiam pela opção mais lógica e segura para todos. Chegaram ao local, onde se dividiram em duplas para vasculhar a área. 


Os outros dois aurores adentraram no bosque que havia ali por perto, enquanto Harry e Rony exploravam os terrenos do penhasco em que estavam. O som do mar era ouvido muitos metros abaixo. E o som de passos logo os fizera ficarem a postos. Prepararam suas varinhas, prontos para duelarem com quem fosse. Estavam prontos para dar um fim em tudo o que vinha acontecendo.


No entanto o moreno surpreendeu-se com a imagem diante de si. As vestimentas caras davam um ar de superioridade ao homem, que se aproximava acompanhado por mais cinco pessoas. Ele e Rony estavam em desvantagem diante de Herbert Smallder, sobrinho do próprio ministro da magia. 


Harry estreitou seus olhos, fitando-o com certa arrogância. Herbert nunca o agradara. Sempre o julgou um mauricinho de primeira por se achar melhor que todos pelo fato de ser sobrinho de alguém tão poderoso. E agora pudera perceber que ele tirou proveito daquela situação, já que trabalhava também no ministério. De lá retirava informações importantes e encobria algumas, como o seu rastro. Por isso nunca conseguiram identificar quem era o causador de todo esse alvoroço. Ele encobria tudo.


- Devia ter imaginado que se tratava de alguém do ministério. - Harry disse, arrancando uma risada rouca do homem.


- Harry Potter, que honra. – ele disse sarcasticamente. – Estava esperando ansiosamente por este momento, acredite. Você deve estar perdendo o tino para herói, demorou muito para me encontrar... Mas eu deveria ter imaginado que a culpa é toda daquela sua mulherzinha sangue-ruim. No entanto, nos encontramos finalmente, e sem formalidades...


- Seu desgraçado. Como ousa falar assim de Hermione? - o vice-ministro sibilou entre dentes, avançando em direção do outro bruxo. Porém Rony o puxou de volta, mantendo-o afastado. - Por que está fazendo isso tudo? Acha que vai ganhar o título de Voldemort Jr?


- É claro que não, serei maior que Voldemort. – respondeu sombrio. – Muito maior. 


Harry sentiu todos os seus músculos do corpo se enrijecer ao ouvir aquilo. A voz do homem fora vil e cruel, e a ameaça contida nela lhe dava medo. Medo não por si, mas por sua família. Hermione estava grávida, Ben e Lily tão pequenos, e Jared e James, apesar de crescidos ainda se exporiam a perigos. Apenas por pensar em vê-los dentro de um mundo conturbado, sem paz, fazia seu coração apertar. 


Se Smallder conseguisse se intento naquela noite, todos os bruxos conheceriam seu rastro de terror.


- Faça-me rir, Smallder. - Harry riu sarcástico, mas por dentro ainda sentia receio pelas palavras do homem. - Você não é ninguém. Apenas um filhinho de papai, sobrinho do ministro que vive cercado de mimos e está cansado da vida que leva. Está fazendo isso pra chamar a atenção. Quer que todo mundo veja que você existe, já que nunca notaram sua presença.


- A propaganda é alma do negocio, Potter, é por isso que estou aqui. Em breve todos me conhecerão, e terão medo de mim. E vou fazer o que Voldemort não conseguiu. – falou e quatro homens vestidos de preto, apareceram, cercando o grupo de Harry. – Vou matar você...


Harry olhou para os lados, sentindo-se acuado. Estava em desvantagem. E por mais que tivesse conhecimento o suficiente durante uma batalha, as probabilidades de saírem vitoriosos ou ilesos dali eram mínimas. Olhou rápido para Rony, que também pensava em alguma solução para livrar-se daquilo. Teria que distrair o inimigo até encontrar algum jeito de atacar.


- Se nem Voldemort conseguiu, o que o faz pensar que irá conseguir? - perguntou, erguendo uma sobrancelha.


- Fique e veja com seus próprios olhos até que o ultimo suspiro de vida saia do seu corpo. – então mais homens apareceram do nada, fechando de vez o cerco.


- Isso não vai acabar aqui, Smallder. Eu vou te pegar. - Harry o ameaçou, cheio de raiva, recuando alguns passos. - E terei o prazer em deixá-lo vivo só para te mandar com uma passagem de ida para Azkaban. E a única visita que irá receber será a minha para vê-lo enlouquecer e apodrecer na presença dos dementadores. Guarde minhas palavras.


Smallder rira mais uma vez, e liderou o séquito de seus comparsas. Harry, Rony e os dois aurores que lhes acompanhavam foram obrigados a dispersarem-se para não se juntarem e ficarem presos na armadilha do inimigo. O vento começou a assolá-los com mais fúria. As capas negras esvoaçavam. E um feitiço mudo, viera em direção ao moreno. 


Harry recuara com facilidade, derrubando um dos inimigos e dando ordens para um de seus aurores. Ouviu-o chamar reforços com a ajuda de um patrono. Logo voltara seu foco para a batalha que acontecia em sua volta, desviando-se de mais um dos feitiços que lançaram em sua direção. Rony duelava por perto e, mais a frente, pode ver seu outro auror caído. Desejou que ele não estivesse morto, mas agora eram apenas três. Estavam cada vez mais em desvantagem.


Conseguiu derrubar outro comparsa, voltando-se para o inimigo principal de tudo aquilo. Smallder observava toda a batalha com um sorriso já vitorioso empenhado nos lábios. E Harry iria aproveitar do momento de distração dele para atacá-lo. Só não imaginava que ele também mantinha o foco em si, defendendo-se do feitiço com facilidade. Outra gargalhada soara por entre os ruídos de feitiços enquanto ele se aproximava do vice-ministro.


Olhou para os lados procurando alguém em que pudesse pedir apoio, mas Rony e o outro auror estavam ocupados demais com os outros comparsas. Sua batalha com Smallder seria solitária. Apenas os dois e a única oportunidade que tinha em derrubá-lo. Recuou alguns passos, atraindo-o para longe dos demais. Não queria que ele aproveitasse um momento seu de descuido para derrubar as únicas duas pessoas que o ajudava. Seria pior.


No entanto um calafrio percorreu seu corpo quando seu calcanhar deixou o chão firme. Harry deu um passo para frente, ouvindo com clareza o som do mar a vários metros penhasco abaixo e o vento frio que o açoitava. Mais um passo para trás e estaria morto.


E Smallder soubera muito bem aproveitar daquele momento de medo de Harry, lhe lançando uma maldição Cruciatus. Ele caiu ao chão, rendendo-se àquela dor agonizante que percorria por todo o seu corpo. O outro sorriu, aproveitando-se do momento de sofrimento. Aproximou-se, cessando o feitiço. Harry tentou se levantar, ignorando aquela dor que sentia em cada parte de seu corpo, mas o chute que recebeu no peito naquele momento o impediu fazendo com que caísse outra vez.


Harry respirou com certa dificuldade, visto a força que o chute lhe atingira. Levantou-se lentamente, secando um filete de sangue que desprendeu de seus lábios. Ergueu seu olhar para Smallder, posicionando-se para uma nova batalha com a varinha em mãos. 


- Expelliarmus.


Um dos comparsas o desarmara, fazendo com que sua varinha rolasse para alguns metros dali. Seu coração bateu mais rápido, pensando no que poderia fazer naquele momento. E agradeceu mentalmente por Rony receber seu olhar e entendê-lo. O ruivo derrubou o outro com quem duelava, lançando a varinha de Harry de volta para ele.


Entretanto, o que acontecera naquele momento foi rápido demais para que pudessem impedir. O feitiço de Smallder atingiu Harry em cheio no peito, assim que este tocara em sua varinha. Não teve tempo para se defender e seu corpo caiu penhasco abaixo. Ouviu-se o som dele ao colidir com a água. Rony gritou, correndo até a beira do penhasco e olhando para o mar, procurando algum vestígio de que Harry pudesse ter escapado. Entretanto o que via era apenas água. Nada mais do que água.


- O duelo acabou meus amigos. - Smallder disse para os demais, chamando a atenção do ruivo e do auror. - Harry Potter está morto. - virou-se rapidamente para Rony, que avançava para atacá-lo. Apontou sua varinha em riste, assim como os demais. - Vamos deixá-los vivos apenas porque precisamos de alguém que espalhe a notícia de que Herbert Smallder matou Harry Potter e vai assumir o poder no mundo bruxo. Mas se entrarem no meu caminhou outra vez, não viverão para contar outra história. - em seguida aparatou com os demais, deixando-os sozinhos.


 


A algazarra que os alunos faziam em cada vagão do trem de volta para casa era constante. Para alguns era o início de mais uma das longas e merecidas férias. Para outros, era o fim de Hogwarts e o início de uma nova vida, já que não teriam que voltar daqui a alguns meses para o castelo. 


Algumas pessoas se despediam, outras trocavam modos de manterem contato e outras aproveitavam os últimos momentos para ficarem juntos. Logo chegariam à estação e cada um seguiria seu rumo para suas respectivas casas. Uma cabine estava em risos pelos seus ocupantes. Exceto pelo garoto sentado ao lado da janela, contemplando as imagens que surgiam enquanto o trem andava.


- Eu nunca vi o Jordson correr tanto por causa de uma vomitilha que o James colocou no seu suco de abobora. - Marcus dizia entre risos, arrancando gargalhadas. - Não sabia se a ânsia de vômito era pela vomitilha ou pela cara feia que o James lançou.

Marcus encolheu-se ao lado de Kristen, esperando receber alguns tapas ou palavras irritadas do amigo. No entanto, o que recebera em troca foi apenas o silêncio. James continuava com seu olhar fixo na janela, como se não tivesse ouvido nada em sua volta. Como se ele estivesse ali, sozinho, com seus pensamentos.

- James. - Caleb o cutucou, mas ele permanecia imóvel. Todos trocaram olhares, confusos.

- Qual é, cara. Me bate, me xinga. Faz qualquer coisa. - Marcus disse, finalmente acordando-o de seus devaneios. - Mas não fica calado. Ta me deixando preocupado. 

- Não estou com vontade, desculpe. Talvez Caleb ou Jared gostassem de fazer isso. – comentou esboçando um sorriso forçado. Desde que Emma estava longe de si, era como se não tivesse mais motivo para fazer brincadeiras, nem nada. Estava feliz apenas por poder voltar para casa. Ficar perto da mãe, e da família, era tudo que precisava agora.

Os meninos fizeram uma cara inconformada. Aquele James perdera o brilho, literalmente, e eles se sentiam mal pelo amigo. Sabiam o quanto ele amava a ex-namorada, e sabiam ainda o quão injusto fora o término, visto que Jenna armara tudo. 

- James, olha... - Jared retirou seu braço dos ombros da namorada, inclinando-se para o irmão. - Eu sei que não somos daquele tipo de irmãos sentimentais que entendem um ao outro, mas é tudo uma questão de tempo. Emma vai perceber que tudo foi uma armação e vai te perdoar.

- Se importaria se não tocássemos mais nesse assunto? – perguntou sério. Jared iria retrucar, mas Kira meneou a cabeça negativamente. 

O irmão assentiu, embora as palavras sérias de James o afetassem. Era sempre assim quando tentava uma aproximação melhor com ele. Mas aquele não era um momento apropriado para tocar naquele assunto. James tinha problemas demais e não queria lhe dar mais um motivo, tão pouco irritá-lo. Ajeitou-se em seu assento, apenas aproveitando o silêncio que surgiu na cabine naquele momento.

O som da porta da cabine sendo aberta chamou a atenção de todos. E James enrijeceu-se com a presença da morena ali, suspirando fundo. Ela, no entanto, evitou olhá-lo. Estava ali apenas para cumprir seu papel de monitora. Nada mais. Mas seria inevitável não falar com ele, já que tinha algo para lhe entregar.

- Arrumem suas coisas. Estamos chegando. - Emma avisou-os, voltando-se para James. - Posso falar com você? - perguntou antes de deixar a cabine.

O garoto suspirou, e então se levantou do assento, mas sem emoção alguma refletida em seu rosto. Apenas guardava-a dentro de si, já que o coração se acelerara. Os demais permaneceram em silêncio, vendo-o partir e fechar a porta assim que passou. James ainda pudera ouvir os murmúrios das vozes lá dentro.

Revirou os olhos, e vira Emma parada mais a frente, esperando-o. Sem trocar nada mais que um olhar, ele a seguira até uma cabine vazia. Ainda não entendia porque ela queria conversar, já que deixara bem clara sua aversão a isso. A ele próprio.

A morena retirou um pequeno pacote dos bolsos de suas vestes, entregando-o. 

- Pode entregar à Lily por mim? É o pingente que eu tinha prometido para a pulseira que demos a ela no natal. - explicou, forçando um sorriso. - Eu iria mandar por coruja, mas acabei esquecendo com o passar do tempo.

- Entrego sim, pode deixar. Ela vai ficar feliz. – respondeu, pegando o pacotinho na mão. – Obrigado. – agradeceu visivelmente tristonho, e Emma sentiu seu coração se comprimir.

- Não precisa agradecer. Vou sentir falta dela. - murmurou com os olhos marejados, respirando fundo. Aquilo estava sendo tão difícil para ela quanto para James. Ou até mais. Lutava contra a vontade que tinha de abraçá-lo e esquecer-se de tudo porque o amava, mas tinha a sua maldita dignidade que a fazia lembrar-se sempre do que aconteceu.

- Aposto que ela vai sentir sua falta também, assim... – respirou fundo. – Assim como eu. 

- Eu também. - Emma suspirou, enxugando uma lágrima que rolou por sua face. - Boas férias, James. - desejou antes de se virar para deixar a cabine.

- Não precisa ser assim. – a voz dele, lhe parara. – Você sabe disso, Emmy. Eu te amo, e não importaria se voltasse atrás. Porque sei que é isso que você deseja. Por favor, não acabe tudo assim. – a morena se virou, e percebera os olhos claros marejados.  

- Eu quero James. Não sabe o quanto eu quero. - a morena cruzou os braços, chorando. - Mas eu não posso porque aquela cena não sai da minha cabeça um minuto sequer. E tem os comentários que eu ouvi durante todos esses dias que me machucaram tanto. Eu só... Queria entender porque isso aconteceu com a gente.

- E você não pode engolir esse orgulho idiota, e ficar comigo? – indagou irritado. – Eu sim, posso me humilhar... Enquanto sua dignidade tem que ficar intacta. Não dá pra medir o que eu sinto, mas eu estou tentando. 

Emma recuou um passo, engolindo a seco e o olhando assustada. Secou as lágrimas de seu rosto, abaixando seu olhar.

- Você está com raiva de mim e tem todo o direito de estar. - disse enquanto retirava o seu distintivo de sua blusa. - Eu só espero que você ao menos me entenda um dia. Preciso ir... Tenho que entregar meu distintivo. - ergueu-o, lançando um último olhar para James antes de deixar a cabine.

Desta vez ele não a impedira, e Emma saiu, deixando-o sozinho. Decidiu-se que ela deveria provar um pouco do orgulho dele também. Já que não dava a mínima. Fechou a porta da cabine, e sentou-se no assento vazio. Ficaria ali até que chegassem a King’s Cross, sozinho, com seus pensamentos. Sozinho com seu sofrimento.

Continuou remoendo as palavras de Emma. Será que ela não via o quanto ele sofria com tudo isso também? No entanto, o som da porta da cabine sendo aberta novamente chamou sua atenção. James se levantou com a entrada inesperada da morena ali. Ergueu seu queixo, pronto para tratá-la com todo o orgulho que tinha. Não iria ceder em outra troca de palavras novamente.

Mas surpreendeu-se quando ela se aproximou, tocando-o na face. Emma o olhou nos olhos e James sentira-se desarmado naquele momento. Incapaz de fazer o que tinha planejado segundos atrás. E o roçar dos lábios dela aos seus o fizera esquecer completamente de tudo.

- Eu te amo, James. - a morena sussurrou, beijando-o levemente. - Merlin, como eu amo.

- Eu também... – murmurou, antes de pressioná-la mais em seus braços, aprofundando o beijo com ardor. 

Emma gemera ao contato, e o moreno conduzia-a num ritmo desconcertante, assim como as batidas dos seus corações. Nem tinha noção do quanto sentiam falta e necessidade de estarem perto um do outro. 

A morena enterrou seus dedos aos cabelos negros, apreciando a textura e acariciando-o lentamente na nuca. Seus lábios correspondiam ao beijo com a mesma paixão, aproveitando-se da oportunidade para mordiscá-los de leve, ouvindo-o suspirar. Amava James que não suportaria aquela tortura que seria ficar longe dele. Experimento isso uma vez e não queria passar por todo o sofrimento novamente.

- Me perdoa. - Emma murmurou, desprendendo seus lábios dos dele em busca de ar, olhando-o nos olhos. - Eu não queria te magoar. Desculpe-me...

- Não tenho porque te perdoar, Emmy... – ele disse, afagando o rosto corado. Então sorriu, roubando-lhe um breve beijo.  – Quer namorar comigo de novo? 

- É o que eu mais quero. - o respondeu, esboçando um largo sorriso e exibindo um brilho em seus olhos castanhos.

- Te amo... – murmurou, beijando-a outra vez. 

Emma murmurou algo contra os lábios do moreno, fazendo-o sorrir antes de aprofundar o beijo. James sentia-se como há muito não o fazia, como não fazia desde que terminara seu relacionamento. Agora estava em paz consigo mesmo, pois estava inteiro outra vez.

***

Hermione tentava com todo o custo soar naturalmente enquanto esperava os filhos desembarcarem, com Ben e Lily ao seu lado. Mas por dentro sentia como se algo faltasse. O marido sempre a acompanhava. Nunca havia faltado para levar ou buscar os filhos até a estação. E naquele momento, pela primeira vez, ele não estava presente. Sentiu-se desamparada.

Tratou logo de esquecer aqueles pensamentos ao ver Jared desembarcar. Forçou um sorriso enquanto ele se aproximava, procurando James.

- E ai, rapaz. - Jared cumprimentou Ben ao bagunçar os cabelos negros, vendo-o soltar um muxoxo. - Hei gatinha. Como você cresceu. - pegou Lily nos braços, beijando-a na testa e olhando para a mãe. - Como vocês estão? - perguntou beijando-a na face, olhando para os lados. - Cadê o papai?

- Seu pai teve algo para resolver, e está fazendo uma viagem, querido. – Hermione respondeu, sorrindo forçadamente. – Como você está? – então alisou o rosto dele. 

- Eu estou bem, mãe. - o garoto sorriu algo que a fizera lembrar-se de Harry. - E pela primeira vez feliz por estar de férias. 

- Agente fez bolo para você e pro Jimmy, o Benji quase comeu tudo, mas eu não deixei. – Lily falou, ao irmão mais velho.

- Guloso. - Jared disse ao irmão.

- Eu não consegui resistir. É receita nova da mamãe. - Ben comentou, observando os alunos que desembarcavam do trem. Voltou-se para a mãe, seus olhos castanho-esverdeados brilhando. - Quando eu vou para Hogwarts?

- Daqui a uns três anos, meu amor. Tenha paciência. – a morena disse, acariciando seus cabelos escuros. – E por onde anda o James?

- Estava comigo há pouco. - Jared respondeu, olhando para os lados. - Até Emma o chamar. Eles... Tiveram um desentendimento em Hogwarts. Longa história.

Hermione assentiu, mas com a expectativa de descobrir tudo mais tarde. Pra inicio de conversa já tinha problemas demais, e não suportaria mais esse. Não suportaria ver James sofrer por conta de um desentendimento com a namorada. 

- Certo...

- Tô com saudade do papai... – Lily disse a esmo. – Ele está demorando um montão de tempo. Jared você podia saber cadê ele. Você sabe de tudo.

- Imagine eu que não o vejo há meses, Lily. - o moreno disse, notando o olhar triste da mãe. Alguma coisa tinha acontecido e poderia notar, mas ali não seria o local apropriado para perguntas. - Se eu pudesse trazia ele de volta agora, mas não sei onde ele está.

- Tá bom, eu vou escrever uma cartinha pra ele, e vou pintar um coração bem grande. Você podia me ajudar. – a menina sugeriu, com um sorriso nos lábios. 

- Está bem. - concordou, sorrindo para a irmã e a beijando no rosto. - Eu vou te ajudar assim que chegarmos em casa.

Lily concordou risonha, enquanto começava uma brincadeira com Ben, contando as malas que passavam por eles. De vez em quando riam quando a menina se perdia nos números. Mas o irmão pacientemente a ajudava, e se divertiam com isso. Hermione os observava silenciosa, imaginando por onde o marido estaria, e se estaria bem. Ele estava perdendo muita coisa, inclusive perdera o ultra-som, e nem sabia que esperavam mais uma menininha.

Ela repreendeu o choro, mas as lágrimas banharam seus olhos rapidamente. E tão logo, ela desviara os olhos quando Jared a fitou intrigado.

O garoto olhou para os lados em procura do irmão, preocupado pela reação da mãe. E já que ele não estava por perto, teria que fazer alguma coisa. Aproveitou do momento em que Ben e Lily estavam distraídos, se aproximando dela.

- Mãe. - Jared a tocou no ombro. - O que aconteceu? Cadê o papai?

- Já disse filho. Ele teve que viajar... Nada fora do normal, não é? – desconversou, temendo soar muito desesperada.

- É, mãe. Você nunca ficou assim quando ele foi viajar. - insistiu, porém com cuidado para não pressioná-la. - E já aconteceu do papai voltar de viagem no mesmo dia em que vamos ou voltamos de Hogwarts.

- Não se preocupe querido. Sabe que as mulheres grávidas tendem a ter os hormônios a flor da pele. – respondeu, e sorriu tentando tranqüiliza-lo. No entanto, o garoto se intrigou mais, sorte dela que James caminhava ao lado de Emma para perto deles.

- Jimmy!!! – Lily exclamou e saiu correndo em disparada até o irmão, que a acolheu nos braços, içando-a do chão.

- Gatinha, que saudade. – ele falou, beijando-a no rosto.

- Eu também tava, e do papai também, mas to feliz que você e o Jared voltaram. Aí a mamãe não vai mais chorar. – ela comentou inocentemente.

Jared, assim como James, notou com certa preocupação as últimas palavras de Lily. Eles trocaram um rápido olhar, intrigados com aquela situação. Foi então que James olhou para os lados, dando falta do pai que não estava ali presente. O moreno caçula fez um sinal de desentendimento. Emma cumprimentou Hermione, voltando-se para Lily. 

- Lembra do pingente que tinha te prometido? - perguntou, vendo-a assentir e estender o braço, mostrando a pulseira que ainda usava. - Aqui está. - sorriu, colocando-o na pulseira.

- Olha mamãe, que lindo! É um passarinho, e uma florzinha. – Lily mostrou, e Hermione sorriu, abraçando o filho mais velho. Com James por perto era como se Harry também estivesse.

- Eu estou indo antes que minha mãe fique louca me procurando. - Emma disse, chamando a atenção do namorado e o beijando na face. - A gente se vê depois. - despediu-se dos demais antes de se afastar.

- Hei, panaca. - Ben deu um leve chute na canela de James, que observava a namorada se afastar. - Não se lembra de mim não?

- Por acaso, tava olhando coisa melhor. – o moreno brincou e o irmão mais novo riu, fazendo uma careta. – Como é que tá Ben? Fez tudo que eu te aconselhei para tirar os gnomos do jardim?

- Fiz. - o garotinho assentiu sorridente. - Diminuiu muito a quantidade. Até a Lily está ficando mais no jardim.

- Que ótimo! – parabenizou, e então se voltou para a mãe. – E então gatona, como é que tá meu irmãozinho?

- Irmãzinha. É uma menina. – respondeu e ele sorriu largo. 

- Outra Lily, a vovó falou. – a pequena intrometeu-se. – E eu vou brincar de boneca com ela. Juntinhas.

- E cadê o papai? – James perguntou, não entendendo muito bem o olhar do irmão.

- Papai ta viajando. Trabalho. - Jared respondeu ao irmão, que agora pareceu entender o olhar confuso dele.

- Ah... – o moreno balbuciou, e suspirou fundo.

- Vamos então? Fiz bolo pra lancharmos, e Lily armou um lençol de piquenique na sala. – Hermione disse desta vez um pouco mais contente.

Todos assentiram, recolhendo seus pertences e deixando a estação. Sentiam um clima desagradável no ar, algo que a ausência do pai proporcionava. E desejavam imensamente que ele voltasse logo.

***

Por pouco tempo esqueceu-se da tristeza que a invadiu pela falta do marido. O retorno dos dois filhos mais velhos de certa forma lhe fizera bem, mas não por completo. E uma vez ou outra era inevitável não rir do bom humor de James naquele momento. Algo que Jared deixou bem claro que não acontecia há tempos. 

Após o piquenique na sala que Lily havia planejado, as brincadeiras e histórias contadas, Hermione conseguiu um tempo para descansar. Repousou-se no sofá, enquanto os dois filhos menores brincavam no jardim dos fundos e os outros dois desarrumavam seus malões nos quartos. No entanto, o som da campainha atrapalhou o que poderia ser algumas horas de descanso.

Hermione suspirou enquanto se levantava. Desejava imensamente que fosse o marido, mas sabia que não era. Harry jamais tocaria a campainha para entrar. Mesmo com tudo que vinha acontecendo. Caminhou até a porta, abrindo-a e se surpreendendo com a presença da mulher ali. A ruiva esboçou um sorriso cínico, lançando um olhar insignificante para Hermione.

- Harry já retornou da viagem? - Gina perguntou ao entrar na casa, sem ser convidada. Iria aproveitar da ausência dele ali para jogar suas últimas cartas e acabar de uma vez por todas com aquele casamento.

- Você sabe que não, o que está fazendo aqui, Gina? – Hermione perguntou irritada. Queria poder por suas mãos na ruiva, e estrangulá-la, por todas as mentiras que fizera com que ela acreditasse. 

- O que deveria ser meu por direito. - ergueu uma sobrancelha, percorrendo os olhos pela casa. - Essa casa era para ser minha. O filho que está esperando... - olhou para a barriga de Hermione. - Era pra ser meu. Harry era pra ser meu até você “aparecer” e mudar tudo. E sabe o que é injusto, Hermione? Eu o vi primeiro, o desejei primeiro e o amei primeiro. E você o tirou de mim.

- Eu também o amei primeiro, só que de um modo diferente. – Hermione retrucou ofendida. – Eu não tirei Harry de você, ele não é um objeto manipulável, Gina. Ele fez suas próprias escolhas. – acrescentou, sentindo o bebê chutar. Estava tão desconfortável quanto ela mesma.

- Não se faça de santa. - ela riu sarcástica. - Eu tentei separá-los no início, mas ele estava cego por você. Voltei para tentar separá-los, imaginando que com o tempo ele se cansaria de você e sentiria minha falta. Mas o idiota ainda te ama a ponto de me recusar. O imbecil é tão fiel a você que conseguiu resistir a todas as minhas investidas.

Hermione respirou fundo, um tanto aliviada pela revelação. Mas sentia-se tonta demais devido aos acontecimentos. Apoiou-se no sofá e fechou os olhos. Queria tanto que Harry estivesse ali, porque agora estava vulnerável, e aberta para os insultos de Gina.

- Vai embora, por favor...

- Você acha que eu vou perder essa oportunidade, agora que a encontrei sozinha? - Gina disse maliciosa, cruzando os braços.

- Quem disse que ela está sozinha? - a voz de Jared chamou a atenção da ruiva. Ele descia, ao lado de James e postando-se ao lado da mãe. - Não é só porque o nosso pai não está em casa que você tem o direito de entrar aqui e ofender a nossa mãe.

- É melhor você ouvir o que mamãe disse, e ir embora. Não queremos você aqui, Gina. – James falou sério. Sua voz cada vez mais parecida com a do pai. O que fizera com que a ruiva sorrisse. 

- Quem você pensa que é pra falar assim comigo, garoto? - indagou cinicamente. - Não é só porque se parece com o seu pai que vou obedecê-lo.

- Exatamente, eu não sou como meu pai, acredite. – bradou furioso. – Esta é minha casa, e você não está fazendo bem a minha mãe, portanto, saia! – exclamou parando perto dela, olhando-a tão impertinente, que ela dera um passo para trás.

- James... – Hermione murmurou, levando a mão a o ventre.

- Está bem, eu vou. - Gina concordou, caminhando até a porta. Mas antes que saísse virou-se para Hermione, que era amparada pelos dois filhos ao seu lado. - Isso não acaba aqui, Hermione. Não vou desistir assim tão facilmente. - ameaçou antes de deixar a casa.

- Vou buscar água pra você. - Jared disse à mãe ao se levantar, seguindo para a cozinha. 

James sentou a mãe, no sofá, e ajeitou-se ao seu lado. Segurava-lhe as mãos frias, amaldiçoando Gina e seu atrevimento. Ainda bem que Hermione não estava sozinha, senão as conseqüências teriam sido piores, e nem queria pensar nelas. Tocou o rosto pálido, e macio, e então o afagara. A morena sorriu, e fechou os olhos, tentando recobrar o bem estar.

- Está tudo bem, mamãe, não vou deixar nada te machucar, nem te magoar. – James murmurou, abraçando-a. Ela se atou a ele, e não pode mais conter o choro.

Hermione manteve-se por ali durante certo tempo, nos braços do filho. James era tão parecido com Harry que a presença dele já a acalmara bastante. Jared voltou logo em seguida, entregando o copo para a mãe. Hermione o pegou com as mãos trêmulas, tomando alguns goles e cessando lentamente o seu choro.

- Não quero nem pensar no que teria acontecido se o papai estivesse aqui. - Jared comentou, acariciando os cabelos da mãe.

- Nem eu... Mas ele também não deixaria barato. – James falou, beijando a testa de Hermione, que ainda soluçava.

- Obrigada, meus amores... Eu amo tanto vocês. – declarou, fungando, e tentando beber mais um pouco de água.

- Também amamos você, mãe. - Jared a beijou na face, ajudando-a a levantar. - Vem. Vamos te levar pro quarto. Precisa descansar um pouco.

***

Seu coração batia rápido, talvez mais rápido do que seus passos enquanto atravessava a cidade ao lado do amigo e com dois aurores em seu encalço. Tinha ansiedade em acabar logo com tudo aquilo e voltar para casa. Resolver seu maior problema que ainda o incomodava mais; seu casamento. E após esses dias que passaram observando pistas, recebendo informações e seguindo algumas pessoas suspeitas naquela cidade, finalmente tiveram uma notícia concreta sobre um possível ataque do novo bruxo que vinha causando pânico.

Seria ao fim do dia, no lado leste da cidade e próximo ao oceano. Um lugar propício para arruinar com todo o local. Foi tudo o que conseguiram descobrir durante todos aqueles dias.

Girou a varinha em suas mãos, sentindo um incomodo aperto no peito que o fizera respirar fundo. Fechou os olhos, caminhando e desejando que Hermione estivesse bem. Não soube por que teve aquela sensação naquele momento, mas não o agradou em nada. E a vontade que tivera em abandonar aquela missão o invadiu outra vez. Queria largar tudo e voltar para casa, mas não podia. Colocaria o mundo bruxo e o trouxa em risco, colocaria sua família em risco. 

Abriu os olhos, olhando para o amigo ao seu lado.

- Isso tudo pode acabar hoje. - Harry disse, sorrindo. - Eu to louco pra voltar pra casa, resolver esse desentendimento com a Mione e ficar ao lado dela até meu filho nascer. 

- Filha. – Rony falou sorrindo também.  O moreno franziu o cenho, e esperou até que o amigo se explicasse. – Luna me escreveu. E contou que Hermione fez um... – pensou um instante. – Um daqueles exames trouxas que dá pra se ver o nenê lá dentro. 

- Um ultra-som? - Harry o ajudou divertido. Rony ainda se confundia quando o assunto era a vida dos trouxas.

- Exatamente, e vocês vão ter outra menina. 

- Outra princesa? - o moreno o olhou sorridente. Rony assentiu, vendo o sorriso do amigo aumentar. - Merlin, eu vou ter outra princesa. Isso é maravilhoso.

- Se você acha. – Rony comentou divertido. – Eu quero ter um garotão. Merlin, queira que seja um menino.

- Pelo visto aceitou bem a idéia. - Harry comentou, dando um leve tapa no ombro do ruivo. - Só basta aceitar meu afilhado de volta que eu paro de chamá-lo de idiota por uma semana.

O ruivo suspirou. A cada dia o momento em que aceitaria Caleb de volta no seio da sua família, estava mais perto. E não podia nem negar a si mesmo. Com a chegada de mais um membro, sentia falta do garoto. 

- Veremos Harry... Vamos deixar isso tudo acabar, aí então... Posso conversar com meu filho.

- Isso é ótimo, idiota. - ele brincou, fazendo o ruivo rir e estranhar aquele fato. Deveria estar furioso com ele pelo apelido.

Caminharam mais alguns minutos até o local. Poderiam aparatar, mas a idéia de reaparecerem no local do ataque e serem surpreendidos por comparsas os esperando não era agradável. Então preferiam pela opção mais lógica e segura para todos. Chegaram ao local, onde se dividiram em duplas para vasculhar a área. 

Os outros dois aurores adentraram no bosque que havia ali por perto, enquanto Harry e Rony exploravam os terrenos do penhasco em que estavam. O som do mar era ouvido muitos metros abaixo. E o som de passos logo os fizera ficarem a postos. Prepararam suas varinhas, prontos para duelarem com quem fosse. Estavam prontos para dar um fim em tudo o que vinha acontecendo.

No entanto o moreno surpreendeu-se com a imagem diante de si. As vestimentas caras davam um ar de superioridade ao homem, que se aproximava acompanhado por mais cinco pessoas. Ele e Rony estavam em desvantagem diante de Herbert Smallder, sobrinho do próprio ministro da magia. 

Harry estreitou seus olhos, fitando-o com certa arrogância. Herbert nunca o agradara. Sempre o julgou um mauricinho de primeira por se achar melhor que todos pelo fato de ser sobrinho de alguém tão poderoso. E agora pudera perceber que ele tirou proveito daquela situação, já que trabalhava também no ministério. De lá retirava informações importantes e encobria algumas, como o seu rastro. Por isso nunca conseguiram identificar quem era o causador de todo esse alvoroço. Ele encobria tudo.

- Devia ter imaginado que se tratava de alguém do ministério. - Harry disse, arrancando uma risada rouca do homem.

- Harry Potter, que honra. – ele disse sarcasticamente. – Estava esperando ansiosamente por este momento, acredite. Você deve estar perdendo o tino para herói, demorou muito para me encontrar... Mas eu deveria ter imaginado que a culpa é toda daquela sua mulherzinha sangue-ruim. No entanto, nos encontramos finalmente, e sem formalidades...

- Seu desgraçado. Como ousa falar assim de Hermione? - o vice-ministro sibilou entre dentes, avançando em direção do outro bruxo. Porém Rony o puxou de volta, mantendo-o afastado. - Por que está fazendo isso tudo? Acha que vai ganhar o título de Voldemort Jr?

- É claro que não, serei maior que Voldemort. – respondeu sombrio. – Muito maior. 

Harry sentiu todos os seus músculos do corpo se enrijecer ao ouvir aquilo. A voz do homem fora vil e cruel, e a ameaça contida nela lhe dava medo. Medo não por si, mas por sua família. Hermione estava grávida, Ben e Lily tão pequenos, e Jared e James, apesar de crescidos ainda se exporiam a perigos. Apenas por pensar em vê-los dentro de um mundo conturbado, sem paz, fazia seu coração apertar. 

Se Smallder conseguisse se intento naquela noite, todos os bruxos conheceriam seu rastro de terror.

- Faça-me rir, Smallder. - Harry riu sarcástico, mas por dentro ainda sentia receio pelas palavras do homem. - Você não é ninguém. Apenas um filhinho de papai, sobrinho do ministro que vive cercado de mimos e está cansado da vida que leva. Está fazendo isso pra chamar a atenção. Quer que todo mundo veja que você existe, já que nunca notaram sua presença.

- A propaganda é alma do negocio, Potter, é por isso que estou aqui. Em breve todos me conhecerão, e terão medo de mim. E vou fazer o que Voldemort não conseguiu. – falou e quatro homens vestidos de preto, apareceram, cercando o grupo de Harry. – Vou matar você...

Harry olhou para os lados, sentindo-se acuado. Estava em desvantagem. E por mais que tivesse conhecimento o suficiente durante uma batalha, as probabilidades de saírem vitoriosos ou ilesos dali eram mínimas. Olhou rápido para Rony, que também pensava em alguma solução para livrar-se daquilo. Teria que distrair o inimigo até encontrar algum jeito de atacar.

- Se nem Voldemort conseguiu, o que o faz pensar que irá conseguir? - perguntou, erguendo uma sobrancelha.

- Fique e veja com seus próprios olhos até que o ultimo suspiro de vida saia do seu corpo. – então mais homens apareceram do nada, fechando de vez o cerco.

- Isso não vai acabar aqui, Smallder. Eu vou te pegar. - Harry o ameaçou, cheio de raiva, recuando alguns passos. - E terei o prazer em deixá-lo vivo só para te mandar com uma passagem de ida para Azkaban. E a única visita que irá receber será a minha para vê-lo enlouquecer e apodrecer na presença dos dementadores. Guarde minhas palavras.

Smallder rira mais uma vez, e liderou o séquito de seus comparsas. Harry, Rony e os dois aurores que lhes acompanhavam foram obrigados a dispersarem-se para não se juntarem e ficarem presos na armadilha do inimigo. O vento começou a assolá-los com mais fúria. As capas negras esvoaçavam. E um feitiço mudo, viera em direção ao moreno. 

Harry recuara com facilidade, derrubando um dos inimigos e dando ordens para um de seus aurores. Ouviu-o chamar reforços com a ajuda de um patrono. Logo voltara seu foco para a batalha que acontecia em sua volta, desviando-se de mais um dos feitiços que lançaram em sua direção. Rony duelava por perto e, mais a frente, pode ver seu outro auror caído. Desejou que ele não estivesse morto, mas agora eram apenas três. Estavam cada vez mais em desvantagem.

Conseguiu derrubar outro comparsa, voltando-se para o inimigo principal de tudo aquilo. Smallder observava toda a batalha com um sorriso já vitorioso empenhado nos lábios. E Harry iria aproveitar do momento de distração dele para atacá-lo. Só não imaginava que ele também mantinha o foco em si, defendendo-se do feitiço com facilidade. Outra gargalhada soara por entre os ruídos de feitiços enquanto ele se aproximava do vice-ministro.

Olhou para os lados procurando alguém em que pudesse pedir apoio, mas Rony e o outro auror estavam ocupados demais com os outros comparsas. Sua batalha com Smallder seria solitária. Apenas os dois e a única oportunidade que tinha em derrubá-lo. Recuou alguns passos, atraindo-o para longe dos demais. Não queria que ele aproveitasse um momento seu de descuido para derrubar as únicas duas pessoas que o ajudava. Seria pior.

No entanto um calafrio percorreu seu corpo quando seu calcanhar deixou o chão firme. Harry deu um passo para frente, ouvindo com clareza o som do mar a vários metros penhasco abaixo e o vento frio que o açoitava. Mais um passo para trás e estaria morto.

E Smallder soubera muito bem aproveitar daquele momento de medo de Harry, lhe lançando uma maldição Cruciatus. Ele caiu ao chão, rendendo-se àquela dor agonizante que percorria por todo o seu corpo. O outro sorriu, aproveitando-se do momento de sofrimento. Aproximou-se, cessando o feitiço. Harry tentou se levantar, ignorando aquela dor que sentia em cada parte de seu corpo, mas o chute que recebeu no peito naquele momento o impediu fazendo com que caísse outra vez.

Harry respirou com certa dificuldade, visto a força que o chute lhe atingira. Levantou-se lentamente, secando um filete de sangue que desprendeu de seus lábios. Ergueu seu olhar para Smallder, posicionando-se para uma nova batalha com a varinha em mãos. 

- Expelliarmus.

Um dos comparsas o desarmara, fazendo com que sua varinha rolasse para alguns metros dali. Seu coração bateu mais rápido, pensando no que poderia fazer naquele momento. E agradeceu mentalmente por Rony receber seu olhar e entendê-lo. O ruivo derrubou o outro com quem duelava, lançando a varinha de Harry de volta para ele.

Entretanto, o que acontecera naquele momento foi rápido demais para que pudessem impedir. O feitiço de Smallder atingiu Harry em cheio no peito, assim que este tocara em sua varinha. Não teve tempo para se defender e seu corpo caiu penhasco abaixo. Ouviu-se o som dele ao colidir com a água. Rony gritou, correndo até a beira do penhasco e olhando para o mar, procurando algum vestígio de que Harry pudesse ter escapado. Entretanto o que via era apenas água. Nada mais do que água.

- O duelo acabou meus amigos. - Smallder disse para os demais, chamando a atenção do ruivo e do auror. - Harry Potter está morto. - virou-se rapidamente para Rony, que avançava para atacá-lo. Apontou sua varinha em riste, assim como os demais. - Vamos deixá-los vivos apenas porque precisamos de alguém que espalhe a notícia de que Herbert Smallder matou Harry Potter e vai assumir o poder no mundo bruxo. Mas se entrarem no meu caminhou outra vez, não viverão para contar outra história. - em seguida aparatou com os demais, deixando-os sozinhos.

N O T I N H A:
Bem pessoal, como muitos comentários surgiram, nós decidimos postar! *---* Até mesmo leitores novos surgiram nesse meio tempo (Bem vindos!), isso é muito bom! Espero que tenham gostado do capt anterior e deste também. Como já dissemos as coisas agora tendem a ficarem tensas. O que será que vai acontecer agora hein? SUSPENSE total!
Comentem muito que em breve postaremos mais! Beijos a todos. (autora péssima para notinhas, mas que ama muito seus leitores <3 ) 

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Comentários (8)

  • Isis Brito

    BOQUIABERTA!! Nem sei o que dizer!! Vou ler logo o próximo capítulo que eu não tô me aguentando de curiosidade!! =D

    2011-08-02
  • Pacoalina

    naoooooooooooooooooooooooooooooooooo....como assim vcs terminam desse jeito!?!!!!??quer q a gente morra de curiosidade?!!!postem logo,please!

    2011-07-30
  • Stéfane Carneiro

    *taNtas;hihi

    2011-07-29
  • Stéfane Carneiro

    eu não sei o que comentar é sério,são tamtas perguntas e tamtas dúvidas que se eu for escrever não vai ter espaço hehehe...o jeito é esperar pelo proximo cap ): posta logo please!!!!!

    2011-07-29
  • Potter 7

    AAA POR FAVOR, NÃO DEMORA, TA DE DE PARABENS PELA HISTORIA....HARRY MORRER É TRISTE DEMAIS...H²

    2011-07-28
  • rosana franco

    Quanto tempo ele vai ficar desaparecido?Quem vai encontrar?Como a familia vai suportar a noticia?Nossa quantas perguntas!!!Por favor não demore muito para responder.

    2011-07-28
  • Carolzinha Gregol

    Parabéns, você conseguiram estou chorando igual uma grávida e não consigo parar de chorar! que RAAAIVA, eu sei que o Harry naõ morreu, mas é ruim sabe?! eu fico triste, poxa! GRAAÇS A DEUS O JAMES E A EMMA VOLTARAM *-* Jaaaaaaames manda a gina para seu lugar! EU GOSTO DE ORDEM NO TRIBUNAL(?) capitulo LINDO E DIVO, chooooooorei muito e quero mais! EU QUERO O HARRY VIVO ENTENDEU? se ele morrer, eu morro junto, que história é essa do harry deixar a Mione com cinco filhos para criar? QUE ISSO PRODUÇÃO?! não pode, não pode! não quero e não deixo HSAUIHAUISA brincadeira, não demora, gosto de atualização rapida *-* (nãoqueronadané?!)

    2011-07-28
  • Taís e Jessy

    gente não desistam de ler a notinha, a FEB me odeia, e a formatação nunca fica direito :/

    2011-07-28
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