Brincadeira “inocente”.



Ao cumprir dos sonhos | Capítulo 26.
Brincadeira "inocente".




- Eu não acredito que estou fazendo isso. - sussurrou Jared com duas caixas em mãos.


James o olhara, fazendo um gesto de silêncio enquanto seguiam pelo corredor deserto no momento. Provavelmente os estrangeiros estariam no saguão de entrada, cercado pelos demais alunos de Hogwarts. Seria o momento ideal para uma boa prega de peça, já que todos presenciariam aquilo. Iriam colocar os visitantes em seus devidos lugares, de exclusão e inferioridade.


Viraram um corredor e entraram em um local apertado e escuro quando avistaram Madame Nora escoltando Filch pelo corredor. O focinho farejava cada canto pelo qual a gata passava. E os quatro garotos espremidos no local tiveram que prender a respiração para não chamarem atenção. James então abriu a porta minutos depois, certificando-se de que tudo estava bem. Então deixaram o corredor.


Conseguiram subornar Pirraça para que não fizesse fofoca e seguiram para o saguão de entrada. Como previsto, os estrangeiros e uma grande quantidade de alunos de Hogwarts estava reunida ali.


- Isso não vai dar certo. - murmurava o Potter mais novo, aflito. As caixas em suas mãos tremiam.


- Quer parar de repetir isso? – James indagou. – Está me irritando.


- Você está se mostrando muito covarde, Jared. Deveria estar animado pela nossa causa. Sei que não tem problemas com os estrangeiros, mas somos seus amigos e precisamos de solidariedade. - Marcus falou em tom de sermão.


- Já me viu com bomba de bosta em mãos? Já me viu em detenção alguma vez? Já me viu atrás do James fazendo essas loucuras? Eu acho que não. - Jared respondeu antes que Marcus abrisse a boca. - Mas eu já estou aqui. Meti-me nessa loucura de vocês e agora não tem volta.


- Não tem mesmo, cunhado. - Caleb sorriu, dando um tapa no ombro de Jared. - E você vai gostar dessa vida de travessuras. Logo se acostuma.


- Só não tente resmungar demais, pode chamar atenção. Nesse caso temos que ser o máximo discretos. – James comentou ao irmão.


Deram mais alguns passos até ocultarem-se por uma coluna. As pessoas prestavam atenção em si mesmas, e eles passaram despercebidos.


Jared permanecera em silêncio após a bronca do irmão. Contudo, ainda sentia-se arrependido por ter aceitado participar de tamanha loucura. Não sabia onde diabos estava com a cabeça em deixar ser convencido pelos outros. Mas também depois da ameaça de James em lhe pregar uma peça, ele se vira obrigado em aceitar aquela insanidade. Não que tivesse medo do irmão, mas sim do que ele aprontava. James era engenhoso demais para armações.


Eles percorreram os olhos pelo local, certificando-se de que os principais alvos estariam ali. Não teria a menor graça pregar a peça nos demais estrangeiros se os outros não estivessem presentes. James sorriu satisfeito ao encontrar Jack Harrison cercado por garotas logo à frente. Aquela seria a oportunidade ideal. Caleb encontrou Nico e Marcus, Dimitri. Os garotos trocaram olhares marotos.


Não havia professores por perto, tão logo evidenciando a “sorte” que tinham. No entanto, não seria nada mal para os garotos se Snape estivesse ali para receber a fedorenta boa vinda. James sorriu, vendo Caleb e Jared seguirem para o outro extremo, levando em mãos, pequenos frascos. Marcus ficara e o ajudava a colocar as bombas em pontos estratégicos por onde passavam sorrateiros.


Após tudo colocado em seu devido lugar, como eles haviam planejado, James e Marcus subiram as escadas para acompanhar a cena de um local onde não fossem afetados. Por mais que o cheiro fosse desagradável, não iriam perder a chance de assistir o espetáculo na primeira fila. Minutos após Caleb e Jared juntaram-se a eles e os garotos logo deram início em uma conversa para despistar o que iria acontecer no saguão de entrada.


De repente, tudo ficara escuro. Como se o saguão fosse nada mais que um quarto fechado. A escuridão tomou conta do espaço, e vários murmúrios se fizeram ouvir. Algumas garotas emitiram gritinhos agudos, e alguns meninos risadas curiosas. Apesar de Jared não ir a favor daquela absurda travessura, tivera a idéia de usar pó escurecedor instantâneo. Ele e os amigos veriam algo, mas os envolvidos não.


O feitiço fora disparado e o estalo das bombas estourando fez-se ouvir entre a escuridão e as conversas que preencheram o saguão. Não demorara muito tempo para que um forte odor invadisse as narinas dos presentes. As pessoas gritaram enquanto a escuridão diminuía aos poucos. Reclamaram do cheiro, demasiado desagradável. E algumas pessoas correram do local, enojadas com a situação.


Os garotos não foram afetados pelo odor, por conta do contra feitiço arranjado por Caleb, o qual era usado pelo tio dono das Gemialidades Weasley. E por mais que tentassem fingir surpresos com a cena, fora inevitável. Eles caíram na gargalhada ao verem os demais alunos correrem, desesperados para se livrarem daquela situação repugnante.


Tudo era cômico demais. Mas o fato que mais os alegrava era verem seus “rivais” naquela situação. Alguns faziam vômito, devido ao odor forte, outros mal se agüentavam aspirando aquele terrível “aroma”. Todo o saguão, e seus presentes estavam empesteados daquilo.


Jack Harrison subiu os degraus da escada rapidamente. Precisava de ar fresco e um longo e caprichado banho para que aquele odor deixasse seu corpo. Entretanto as risadas chamaram sua atenção. Ele se virou, furioso ao se deparar com James Potter e os amigos gargalhando pelo ocorrido. O garoto bufou, aproximando-se do grifinório.


- Deveria ter imaginado que tinha dedo seu nisso, Potter. - sibilou apontando o dedo em riste para James. O moreno enxugou as lágrimas, tentando cessar as risadas. - Não pense que isso vai ficar assim, porque não vai.


- Vai com calma aí, garoto... garoto... – parou para pensar numa palavra apropriada.


- Garoto titica? – sugeriu Marcus gargalhando juntamente com Caleb, até mesmo Jared não pudera se controlar.


- Isso! Garoto titica... Essa foi boa. – voltou-se para o amigo que sorriu orgulhoso.


- Merlin. Como vocês estrangeiros fedem. - comentou Caleb arrancando mais gargalhadas.


- Isso não tem a menor graça. - retrucou Jack entre dentes.


- Olha, pra falar a verdade tem sim. - Jared o corrigiu, apoiando-se no ombro de Caleb e rindo. - Eu não imaginava que isso pudesse ser tão engraçado.


- Eu espero que tenha treinado quadribol o suficiente para amanhã, Potter. - Harrison disse em tom de ameaça, fitando James intensamente. Esboçou um sorriso cínico. - E é bom ficar de olho na sua garota.


James ficara sério, assim como os outros, notando o tom de ameaça na voz de Jack.


- Qual é cara? Não tem senso de humor? – Marcus indagou, tentando tomar a palavra, mas o apanhador grifinório, dera um passo à frente, encarando Jack de igual para igual.


- É melhor você se preparar, eu nunca estive tão confiante quanto a minha habilidade no quadribol, como agora. – bradou, e seus olhos estavam como duas chamas verdes. – E para o seu bem, fique longe de Emma, se não quiser alguma coisa pior que um cheiro de bosta pro resto da semana!


- Motivos para me perder nesse castelo é o que não vai me faltar de agora em diante. - o sorriso do americano aumentou ao ver que conseguira o que queria. - A culpa não é minha se você deixa alguém tão apreciável como ela solta por aí. - emendou antes de se afastar.


James fizera menção de avançar em Jack, disposto a descarregar toda a raiva que sentira naquelas palavras. Porém seu intuito fora impedido quando Jared e Marcus o seguraram.


- Calma aí. Não vai dar uma de Caleb Weasley e sair distribuindo socos por aí. - disse Jared tentando tranquilizar o irmão.


Caleb fizera uma careta de contragosto, e ergueu a sobrancelha, pensou em retrucar, mas o momento não era propício. James grunhiu algo, e então se voltou para o outro.


- Nos vemos no campo de quadribol, Harrison, seu babaca. Espero que esteja preparado para sua derrota.


A risada sarcástica de Jack ecoou pelo local, aumentando à ira de James. Agora sim seria uma questão de honra vencer Goldsmiths no próximo jogo. E mostraria para todos os presentes, principalmente para Harrison, que ele era o melhor apanhador.


- Marcus. - Caleb cutucou o moreno, chamando a atenção de todos. Apontou para o outro lado do saguão, onde Dimitri Russell fazia caretas de vômito.


- Ah, cara, hoje é simplesmente uma ocasião tão feliz! – exclamou o moreno, sorrindo, para logo em seguida explodir numa risada. – Quero ver a Kristen agüentar ficar perto desse loiro aguado. Ela vai preferir a mim.


- Certamente, só por conta do cheirinho especial dele. – James provocou, não deixando a raiva por conta do americano tomar conta de si. Confiava o bastante em seu talento, e mais ainda em Emma.


- Então Marcus Wolfgan admite estar apaixonado por Kristen Lenox? - Jared indagou, sorrindo maroto.


- Eu disse que isso ia acontecer, não disse? - Caleb sorriu orgulhoso pela própria dedução. - Marcus não resistiu aos encantos da ruivinha. Ainda mais quando a viu com o russo.


- Não é isso... – desconversou, e os três amigos o olharam intrigados. – Qual é pessoal, eu não estou apaixonado. Só não quero vê-los juntos. 


- Ah, então quer dizer que você não está apaixonado e pode aproveitar a vida com qualquer outra garota enquanto a Kristen tem que ficar sozinha? - Jared indagou, erguendo uma sobrancelha.


- Não estraga o momento, ok? Então fecha essa sua boca grande. – resmungou Marcus.


- Certo pessoal, sem desavenças entre nós. – James apaziguou. – Vamos curtir o resultado de nossa genialidade. Rir bastante e depois sair contado para o castelo todo.


- Mal posso esperar pra contar a Pand... - Caleb mordeu o próprio lábio, refreando as palavras. - Contar ao pessoal. Isso. - corrigiu-se, forçando um sorriso.


- Sei. Vai ver a Pandora Malfoy logo, vai Caleb. - Jared riu, empurrando o Weasley.


Caleb se virou, dando um leve soco no ombro de Jared. Então seguiu ao lado dos amigos, rindo e comentando do feito daquele dia. Certamente aquela história se prolongaria por todo o resto da semana. Despediu-se dos demais, virando um corredor. Não iria para o salão comunal da Grifinória junto com os demais. Seu destino era outro.


...


A história narrada pelo loiro sorridente em sua frente a fazia rir. De fato ela não sabia o que poderia ser mais engraçado. Imaginar o saguão coberto por bomba de bosta e as reações dos alunos presentes ou o entusiasmo de Caleb pelo feito realizado.


Sentia-se bem quando estava com ele. Caleb a fazia esquecer-se de todos os problemas que ela tinha. Não apenas em Hogwarts, mas principalmente os problemas que tinha em relação aos pais. Ele a divertia, e fazia o possível para não vê-la triste. Meses atrás se julgaria louca. Seus sentimentos pelo garoto ficavam cada dia mais forte. Fora inevitável.


- E o Harrison da Goldsmiths ficou furioso. - dizia Caleb entre risos. - Você tinha que ver a cara dele. Foi simplesmente hilária.


- Ah, queria tanto ter visto tudo, mas estava estudando... – lamentou-se, rindo. – Agora terei um motivo pertinente para que Zandone fique a léguas de mim. Vocês foram geniais! – elogiou, e o garoto ficara corado.


- Bom, eu apenas me lembrei do contra feitiço para que o outro não nos afetasse. Foi algo que eu aprendi com os meus tios. - ele sorriu para a garota. - Mas é bom que o Zandone fique longe de você. Esse foi o principal motivo em ter concordado fazer isso.


Pandora o fitou ternamente. Era tão bom ter alguém do seu lado, cuidando e se importando. Nunca antes havia experimentado esse sentimento, e agora que o fazia, nunca mais queria deixar de senti-lo. De todo Caleb era especial, por isso entregara seu coração a ele, e era arrepiante pensar nisso.


- Não se preocupe, eu sei colocar aquele imbecil em seu lugar. – Pandora falou, mantendo um sorriso nos lábios. – Mas é bom saber que esteja disposto a fazer qualquer coisa por mim. – rira, e se aproximou dele. – Só não extrapole Weasley, não o quero metido em problemas. – acrescentou divertida.


- Eu já me acostumei em receber detenções. E você sabe muito bem disso já que a maior parte era culpa sua. - comentou rindo com a garota. Ele a envolveu pela cintura, afagando a face de Pandora carinhosamente. - Mas se eu tiver que extrapolar outra vez eu o farei. Eu quero você só pra mim, Pandora.


- Já o tem. Tem a mim só para você. – ela murmurou expondo seus sentimentos de forma clara. Não queria mais esconder nada de Caleb, nem tinha motivos. – E... Você? É todinho meu?


Caleb assentiu, suspirando ao fitar o olhar intenso que Pandora lhe lançava. Seu coração disparou e ele se esquecera de tudo. Das brincadeiras dos amigos pela sua relação com a garota, dos comentários que ouvia pelos corredores e até mesmo do ataque que seu pai teria se soubesse com quem estava se envolvendo. Isso não lhe importava agora. O que importava para ele era ter Pandora, protegê-la de tudo de ruim que já acontecera e que ainda poderia acontecer.


Ele já não reconhecia mais a palavra ódio. A desavença e a fúria que tinha pela morena deram lugar a um sentimento que ele jamais imaginara sentir antes. Ainda mais por Pandora Malfoy. Era algo forte, algo que o deixava alucinado e que ele tinha certeza absoluta do que sentia por ela.


- Eu to apaixonado por você. - murmurou contornando os lábios femininos com a ponta dos dedos. Sorriu com a expressão surpresa da morena. - Eu... Eu te amo, Pandora.


- Também... – corou e hesitou por um instante. – Também o amo. Muito. – acrescentou, fechando os olhos logo após vislumbrar o brilho que os dele adquiriram a sua revelação.


Caleb mal podia acreditar no que ouvira. Que Pandora tivesse se declarado seguida dele, e com tanta sinceridade. Podia ouvir as batidas do coração dela, se juntarem as suas. Juntos numa sincronia perfeita.


Os dedos que contornavam os lábios da morena afagaram o rosto, e a mão firmara-se na nuca feminina. Num movimento preciso, Caleb colara sua boca a de Pandora, num beijo delicioso, lento e diferente. Delicioso porque tinha um sabor especial depois das palavras ditas pelos dois, lento, contrariando a vontade que sentiam de experimentarem-se, mas que dava espaço para a calma de se encontrarem. E diferente, porque a partir de agora, os beijos seriam selos de que ambos ficariam juntos sem temer nada, nem ninguém.


Mergulharam nas sensações que aquele beijo lhes proporcionava. Aquele momento fora único e aquele beijo significava mais do que qualquer outro que já haviam trocado durante o tempo. O futuro era incerto para ambos. E tão pouco se importavam com ele naquele momento. O que importava era que estavam juntos. Mais ainda após revelarem seus sentimentos.


Afastaram-se minutos depois, ofegantes ao buscarem ar. Caleb sorriu, estudando cada traço delicado no rosto bonito de Pandora. Por que nunca tinha reparado antes o quanto ela era linda?


- O que foi? – ela perguntou vermelha, e ofegante. Enquanto ele continuava concentrado em estudá-la.


- Nada. É que... - o sorriso dele aumentou ao vê-la corada. - Só estou observando o quanto você é linda.


- Obrigada. – respondeu rindo, ambos ficaram em silêncio por mais um momento, e então, ela dissera. – Posso lhe dizer que este é o momento mais especial que já vivi até hoje. Mas é só por conta de você estar presente... – o sorriso diminuíra um pouco. – Obrigada por me amar, Caleb.


- Você não precisa me agradecer por isso, Pandora. - Caleb a olhou nos olhos. - Não é sacrifício algum amá-la. Se fosse ainda estaria por ai te chamando de Malfoyzinha. - brincou em uma tentativa de fazê-la sentir melhor.


- Urgh, odeio que me chame assim. – ela resmungou, revirando os olhos e esboçando um sorriso tímido.


- Eu sabia que você odiava. - o loiro disse, rindo. - Ainda mais quando ele vinha regado de sarcasmo.


- Sim, nós dois paramos com o sarcasmo. Agora nos unimos para usá-lo contra os outros. – brincou, beijando-o levemente.


- Ah, nem me fale. - sorriu, beijando-a no queixo. - Essa convivência com você está me rendendo vários tapas na cabeça. Dizem que eu ando muito irônico e sarcástico.


- Oh, me conte quem está fazendo isso, e essa pessoa vai se ver comigo! – exclamou risonha. – Você mesmo sabe, que não se deve provocar Pandora Malfoy.


- Merlin. Tenho pena das pessoas. Prefiro não citar nomes, não quero a ira de Pandora Malfoy sobre eles. - disse em tom maroto. - Mas desconte tudo no Zandone. Ele merece.


- Depois a malvada... – enlaçou-o pelo pescoço. -... Sou eu. – roçou os lábios contra os dele, e iniciou outro beijo.


- Nós somos. - sussurrou corrigindo-a, aprofundando o beijo logo em seguida.


Pandora sorriu entre o beijo, deixando-se levar pelo garoto outra vez. Seus dedos agarraram-se nos cabelos loiros e ambos suspiraram. O sabor daquele momento era apreciado lenta e prazerosamente.


- Ainda bem que você existe... – ela murmurou com a boca colada a de Caleb. Ele sorrira, capturando o lábio de Pandora, mordiscando-o.


Envolveram-se em um novo beijo, esquecendo-se de tudo. Pois a única coisa que era importante, era estarem juntos. De sentimentos e problemas compartilhados. Teriam um no outro seu refúgio e coragem. E assim, enfrentariam o que fosse.


...


Tiveram sorte de encontrarem parte do caminho deserto. A maioria dos alunos ainda estava ocupada em livrar-se do cheiro da bomba de bosta estourada no saguão de entrada. A história teve uma rápida repercussão e os quatro garotos foram recebidos no salão comunal da Grifinória como heróis. Além do fato tramado contra os estrangeiros, tinha a travessura que fora muito bem planejada.


Subiram as escadas lentamente, atingindo o patamar da torre em seguida. Ele a guiou até a janela e viu os olhos azuis brilharem intensamente diante da vista. O pôr do sol fazia um belo contraste com a floresta proibida. As grandes árvores acolhiam os últimos raios de sol com precisão, cintilando seu brilho no lago. A cena era magnífica.


- O que acha? - perguntou Jared, sorrindo ao fitar a namorada.


- É tão perfeito. Você é tão perfeito, por me trazer aqui, para contemplar algo tão maravilhoso! – Kira respondeu, suspirando.


- Eu não sou perfeito. - disse abraçando-a por trás, depositando um beijo na face de Kira. A garota sorriu, deixando-se envolver e encostando sua cabeça ao ombro de Jared. - Isso é pouco perto do que eu realmente queria fazer por você, Kira.


- Não discuta comigo, Sr. Potter. Estou falando a verdade. – brincou, sentindo o coração acelerar. – Isso é tão romântico... – emendou olhando para o horizonte pintado como numa bonita tela. – Nunca vou me esquecer dessa ocasião.


- Muito menos eu. - Jared suspirou, sentindo o doce aroma que emanava dos cabelos loiros de Kira. - Eu agradeço todo dia por ter tomado uma atitude ao seu respeito. Sempre fui apaixonado por você, mas sempre algo me impedia de contar o que eu sentia.


- Por quê? – ela indagou de frente pra ele. Sorria docemente, e Jared afagou seu rosto delicado.


- Porque eu julgava não fazer o seu tipo. - revelou, seus olhos verdes fitando os azuis intensamente. - Você é bonita, divertida e inteligente. Eu sou apenas um nerd nada social e... - ele foi impedido de prosseguir com os dedos de Kira sobre seus lábios.


- Pare de dizer besteiras. – ela sussurrou. Sua voz fora levada por uma leve brisa, ecoando no coração dele. – Você pode não ser tão popular quanto James, mas quem liga? Eu te amo do mesmo jeito, até mais. E é lindo, companheiro, e educado... Sempre pensa no que eu quero, e às vezes se esquece de você mesmo. – sorriu, abraçando-o. – Não iria querer outro, Jar, só você.


Jared sorriu, respirando fundo ao corresponder o abraço. Aqueles momentos ao lado de Kira eram inesquecíveis. E muitas vezes se arrependera de não ter revelado seus sentimentos antes, pois já estariam vivendo aquele romance há muito tempo. Porém isso não o importava, a forma que estavam naquele tempo era perfeita.


Afastou-se para olhá-la, colocando uma mecha do cabelo liso da garota atrás da orelha para que pudesse apreciar melhor sua face.


- Eu te amo. - seus dedos afagaram o rosto de Kira, roçando seus lábios aos dela.


- Eu idem. – respondeu, com pressa, antes de apossar-se da boca do namorado, para um beijo longo.


O moreno reprimiu um sorriso pela resposta, aprofundando o beijo logo em seguida. Os dedos de Kira deslizaram entre os cabelos negros de Jared quando sentira a língua dele em contato com a sua, fazendo-a suspirar. As mãos dele acomodaram-se na cintura fina da garota. Jared a pressionara na janela, colando seus corpos. Seus lábios conduzindo-a naquela carícia intensa.


Kira gemera, quando a avidez do beijo tornara-se irrefutável. Nunca haviam se beijado desta forma, e apenas seus instintos comuns, os guiavam. Seus corpos estavam juntos demais, podia sentir o tecido das roupas de Jared, roçarem contra as suas. E ainda, podia sentir a cálida presença dele.


Os dedos de Jared trataram em surpreendê-la, erguendo lentamente a blusa que Kira usava. O que fazia naquele momento era irracional, nada planejado e tudo não premeditado. Eram guiados apenas pela situação do momento. E o moreno ofegou nos lábios da garota, sentindo-se aquecer cada vez mais quando seus dedos tocaram a pele lisa de Kira.


A loira surpreendera-se mais com a sua impassividade. Nunca imaginara deixar um garoto ousar tanto, mas era Jared e ela não se importava. Deixava-o tocar onde seus dedos alcançavam, no entanto, quando ele insinuara subir mais os carinhos, deslizando a mão por sobre a sua roupa, Kira, retirara-a delicadamente, recolocando-a em sua cintura, outra vez.


Mas ele não se contentara com a recusa. Tentara algo mais sutil, como pequenos afagos ali. Enquanto a boca trabalhava em conjunto.


Como se fosse possível, Jared colou mais seu corpo ao dela. Aquele momento estava fazendo-o perder a sanidade. Sempre soubera se controlar quando estava com Kira, reprimindo seus desejos. Entretanto estava sendo difícil agora. Era praticamente impossível parar, sentia que precisava de Kira, precisava tocá-la. Dera uma leve mordida no lábio inferior da garota, enquanto sua mão fizera outra tentativa sob o tecido da blusa.


Lentamente seu toque elevara-se, os dedos frios encontravam calor na pele de Kira. Sutilmente ele a acariciava por onde passava, e sem delongas tocou-lhe num dos seios. O toque fora delicado e suave, mas a garota assustou-se, ainda mais por sentir-lhe tão “desejoso”.


- Jared... – ela protestou arfante.


O garoto abriu os olhos, surpreso consigo mesmo. Era como se o protesto de Kira lhe devolvesse a sanidade e fizesse com que ele se desse conta de que estava ultrapassando os limites. Amaldiçou-se mentalmente por isso, sentindo seu rosto corar. Não era assim que tratava à namorada e não gostou nada de ter deparado com a expressão assustada dela por sua causa.


- Desculpa. - sussurrou, respirando fundo ao virar-se de costas. Não estava em condições apresentáveis e lembrou-se do conselho do irmão. Precisava de um banho frio.


- Sem problema... – murmurou, respirando fundo, controlando-se também. – A culpa não é só sua, eu deixei então... Desculpe-me você. Não queria deixá-lo assim...


- Tudo bem. - Jared passou os dedos pela nuca, bagunçando os cabelos. - A gente aprende a se controlar com o tempo.


- Bem... Eu acho que sim. – respondeu, mordendo o lábio.


Jared suspirou, levando certo tempo para que se recompor-se. Feito isso ele sorriu, virando-se para a namorada.


- Não vou atacá-la de novo, prometo. - disse erguendo as mãos ao se aproximar.


- Prometo que vou me acostumar com isso, só temos que ir mais devagar. Tudo bem? – indagou sorrindo também.


- Prometo tentar ir mais devagar. - concordou, beijando-a na face. - Não queria assustar você. De verdade.


- Tudo certo, Jar... Eu entendo. – suspirou. – Acho melhor voltarmos pra sala comunal.  Está ficando tarde.


- Está bem. Vamos voltar. - Jared forçou um sorriso enquanto deixava a torre ao lado de Kira.


Sua mente teimava em lhe dizer que não estava tudo certo, mas ele iria contornar aquela situação. Controlaria nos desejos e exageraria no romantismo para que a namorada esquecesse o pequeno incidente.


...


O silêncio reinava em todos os cômodos da casa, trazendo tranquilidade para o casal. Levaram certo tempo para que os dois filhos mais novos dormissem, mas quando o fizera fora demasiado satisfatório. Eles precisavam daquela paz, principalmente para prosseguir com uma quinta gestão não era tão fácil quanto fora antigamente, mas ainda amava aquela sensação de estar gerando uma vida dentro de si.


A morena suspirou, acomodando-se mais na banheira de água e espuma e no peitoral do marido. Aquilo era agradável, relaxante. Um bom e demorado banho de espuma junto com Harry era o que precisava. E senti-lo afagar seus cabelos a deixava calma, lutando para não pegar no sono ali mesmo.


- Mione? - Harry a chamou em um sussurro. Hermione murmurou algo, ajeitando-se novamente no corpo dele. - Hei, nem pense em dormir aqui.


- Não irei... – ela respondeu, bocejando, e em seguida beijara o pescoço do moreno. – É impossível, por mais que eu queira.


- E porque é impossível? - indagou olhando-a. - Além do fato de você poder engasgar com a água se dormir, claro. - emendou, rindo junto com ela.


- Deixaria que eu me engasgasse? Onde está o herói com quem me casei? – perguntou caçoando.


- Que parte eu disse que a deixaria engasgar? - revidou, franzindo o cenho pensativo. - Eu disse que você poderia, se eu não estivesse aqui. - sorriu, acariciando a face da esposa. - Sabe que eu não deixaria que isso acontecesse. Ainda mais agora.


- Eu sei bobo. Só estava brincando. – Hermione falou, encostando seus lábios aos dele. – É justamente por estar aqui comigo que eu não dormiria.


- Me casei com uma mulher sarcástica. - comentou beijando-a levemente nos lábios. - O que eu faço com você, Sra. Potter?


- Hm... Que tal usar sua imaginação? – ela indagou marota.


- Você anda impossível ultimamente hein. - Harry comentou maroto e fazendo-a rir.


Hermione rira, afagando o rosto úmido do marido. No queixo anguloso, contornou os traços. E o olhou intensamente, mostrando além de diversão, um resquício de desejo. Os castanhos estavam tão bonitos, que o atraíam demais.


Ele se aproximou, lentamente, roçando seus lábios aos de Hermione. A morena suspirou, ansiando por aquele beijo tanto quanto ele. Harry então a beijou, lentamente. Suas línguas se tocaram, despertando cada vez mais o desejo evidente. Os dedos do moreno afagaram a nuca de Hermione, tomando posse do beijo e conduzindo-a naquela prazerosa carícia.


- Viu o porquê de eu não dormir? – ela indagou num sussurro, Harry riu roucamente, deslizando as mãos por sobre os ombros pequenos dela. Então suas mãos rumaram para a cintura, o qual a fizera encaixar-se mais em seu corpo.


Harry aprofundou o beijo. Suas mãos acariciavam o corpo molhado de Hermione, instigando-a. A mulher se arrepiou com os toques firmes que o marido distribuía. Acomodou-se mais contra o corpo de Harry, fazendo com que ambos ofegassem diante aquele gesto. O moreno afastou-se para fitar os olhos castanhos, recuperando o ar que se esvaíra durante o beijo.


- Mione, não me tortura assim. - suplicou murmurando.


- Desculpe amor... Não o farei mais. – ela respondeu, afastando-se um pouco dele. Sorriu de lado. – Que tal falarmos de trabalho? Eu li a notícia que saíra n’O profeta. São apenas rumores?


- Sobre o ataque? - respondeu, respirando fundo e tentando se recompor.


Hermione assentiu quando ele se referiu ao ataque de um bruxo em uma cidade distante, onde alguns trouxas haviam morrido e um bruxo estava desaparecido. As expressões de Harry ficaram sérias diante aquele assunto.


- Não são rumores. É verdade.


- Então é por isso que anda preocupado, nem me deixa sair de casa. – disse e suspirou. – Porque não me contou? E nem venha dizer que era assunto do ministério...


- Devia ter avisado, eu sei. Mas sabe que pra mim, você e as crianças sempre vem em primeiro lugar. - Harry disse, desviando seu olhar. - E eu tenho medo de que você saiba demais. Isso pode ser perigoso, tanto quanto é pra mim.


Hermione o fitou compreensiva. Entendia perfeitamente os argumentos do marido, mas não gostava de ser deixada de fora de qualquer assunto que fosse. Antes, quando viviam a mercê de outros perigos, Harry não lhe escondia nada.  E agora, mal acostumada, queria saber tudo que se passava.


- E... E o que farão a respeito? – indagou curiosa. 


- Eu não sei. - murmurou pensativo, passando os dedos entre os cabelos. - O ministro parece mais preocupado com a copa mundial de quadribol do que com isso. - revirou os olhos. - Mas pensei em visitar a cidade que sofreu o ataque amanhã.


- Só não me diga que pretende fazer isso sozinho! – ela exclamou apavorada. – Por favor...


- Sozinho não. Vou acompanhado com outro auror apenas. - Hermione o olhara, perplexa. - Os outros estão em missões. Já foi difícil conseguir um apenas, imagine outros.


- Você é o vice-ministro, deveria ter o quartel todo a seu dispor! – respondeu indignada. – Pode ser perigoso, Harry.


- Mione a situação não anda nada fácil ultimamente. Tem outros ataques acontecendo e estamos fazendo de tudo pra ocultar isso. Não queremos assustar ninguém com um "novo" Voldemort circulando por aí. - ele a tocou no queixo, sorrindo em uma tentativa de amenizar a angústia da esposa. - E nós já passamos por momentos mais perigosos.


- É diferente em todas às vezes. – Hermione argumentou ainda apreensiva. De repente tudo de calmo que sentia, dera lugar aquele sentimento agonizante. – Tenho tanto medo por você... Medo de que algo aconteça nessas suas missões “extra-oficiais”, e...


Harry a silenciou quando pressionara seus lábios aos da morena, beijando-a lenta e carinhosamente. O beijo não durara muito, mas fora o suficiente para Hermione sentir-se um pouco tranquilizada, pouco.


- Não vai me acontecer nada. - sussurrou fitando os olhos castanhos enquanto acariciava a face da esposa. - Vai dar tudo certo. E eu não quero que fique se preocupando com isso. Sabe que não te faz bem.


- Me promete que vai tomar cuidado? – indagou, e sorriu fracamente. – Não vai me deixar criar cinco filhos, sozinha. – terminou num tom mais leve.


- Eu prometo. - disse Harry rindo pelo comentário. - Não vou deixar um fardo tão grande como esse pra você.


- Espero que sim. Que nunca me deixe sozinha... Eu não suportaria.


 


 



N/A: Mais um capítulo engraçado e com cenas cutes postadas. *-*
E pra quem viu HP7, ver uma cena Harry e Hermione dessas a gente se convence cada vez mais que a J.K é lesada de não colocá-los juntos. *--*
Pelo menos somos mais inteligentes que ela e reconhecemos o amor verdadeiro. Por isso escrevemos fanfic's. xD

Esperamos que tenham gostado do capítulo.
E o próximo vai ser bem emocionante, gente.
Vai ter alguém ferido, uma grande descoberta que pode afastar pai e filho e...
Outra cena Harry e Hermione. \õ/
Depois de um spoiller desses vocês não vão deixar de comentar, né?!
Fala sério. kkk
Comentem bastante que o próximo capítulo vem voando.

Beijo das autoras.



06/12/2010.

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