Baile - Parte I.



Ao cumprir dos sonhos | Capítulo 28.
Baile - Parte I.


Abriu os olhos lentamente, aliviado por não sentir-se tão dolorido como estava horas antes. O gosto amargo da poção ainda era pouco perceptível em sua boca. Porém sentia-se melhor do que antes, como se não tivesse se machucado durante a partida de quadribol do dia anterior.


Sentiu uma mão acariciar sua face, suavemente. Virou seu rosto, sorrindo ao encontrar a namorada sentada ao seu lado na cama. Pode notar as expressões de cansaço em sua face, adquiridas pela noite que passou ao seu lado.


- Oi. - Emma murmurou, sorrindo aliviada por ele ter acordado. - Como se sente?


- Bem melhor. Aquela sensação de ser atropelado por um trasgo já passou. – James comentou bem humorado, e o sorriso que a namorada exibia aumentara.


- Graças a Merlin. - a morena suspirou, aliviada. - Nunca mais me assuste desse jeito. Eu sei que a culpa não foi sua, mas fiquei preocupada.


- Se receberei tantas atenções assim, vou pensar em cair da vassoura mais vezes. – brincou, e Emma o olhou, “severamente”. – Estou brincando, nunca mais quero tomar as poções da madame Pomfrey. Tem gosto de sabe-se lá o que!


- Ainda bem que pensa assim. Agora sabe por que não gosto desse lugar. - comentou, olhando para os lados. - Vou procurar Madame Pomfrey e avisar que já acordou.


Não foi necessário, já que Madame Pomfrey entrava na ala hospitalar. Entretanto, em seu encalço vinha Harry e Hermione. James olhou surpreso enquanto a mãe se aproximava. Deixou bem claro no dia anterior que não queria uma visita dela extremamente preocupada ali. Seus olhos voltaram-se confusos para o pai, como se o repreendesse por isso.


- Como se você não a conhecesse. - disse Harry ao notar o olhar do filho. - Não podia impedi-la de vir.


- E não poderia mesmo. Que tipo de pessoa impediria uma mãe de ver seu filho ferido?! – Hermione resmungou, ficando ao lado da cama de James. Os dois morenos sorriram de canto de lábios, e Emma concordou de imediato com o que a sogra dissera. - Oh, querido, eu fiquei tão preocupada!


- Está tudo bem agora, mãe. Foi só um susto. – o apanhador disse, vendo Hermione o olhar, um tanto mais aliviada. Ela lhe afagava o rosto, ternamente, e somente agora notara que sentira falta disso. Em seguida, ela o beijou no rosto.


- Nunca mais faça isso, ouviu moçinho? – indagou repreendedora.


- Estava prometendo isso a Emma, agora a pouco... – contou e riu.


- Ele não cometerá o mesmo erro duas vezes. - Emma disse, cruzando os braços. Estava um pouco mais afastada, dando liberdade para a família de James.


- Eu espero. Sua mãe não dormiu direito essa noite. - comentou Harry, olhando para Madame Pomfrey. - Como ele está?


- Ah muito melhor. Creio que vou até liberá-lo já, para que aproveite o baile. - disse a enfermeira ao recolher alguns frascos sobre uma pequena mesa ao lado da cama. - E tivemos sorte de conseguir uma ótima enfermeira que passasse a noite ao lado dele, administrando as poções na hora certa. - completou sorrindo para Emma, seguindo para sua sala.


- Ah, o baile! – Hermione exclamou depois de sorrir agradecida a Emma, por ter cuidado do filho durante a noite. – Iria mandar seus trajes por coruja, mas trouxe pessoalmente. Você e Jared irão ficar lindos neles! – emendou e seus olhos brilharam.


- Melhores que Rony no baile de inverno em nosso quarto ano. - Harry disse, reprimindo uma risada ao lembrar-se dos trajes que o amigo usou na noite do baile.


- Com toda a certeza. – a morena concordou, rindo.


- O que tio Rony usou de tão excêntrico no baile? – James perguntou erguendo a sobrancelha, Emma também estava curiosa.


- No começo ele pensou que era um vestido da tia avó. Mas demorou um tempo para perceber que era um traje a rigor, bastante antigo. Tinha até o cheiro da tia avó dele. - explicou o moreno, rindo. - E vinha com um babador pra combinar.


James explodira numa gargalhada, tentando imaginar o tio com o tal traje. Na verdade não fora muito difícil de fazê-lo, e a gargalhada ganhara proporção. Logo os demais se juntaram a ele.


- Realmente aquele baile foi legal. Eu me diverti... – Hermione devaneou.


- E meu pai te convidou? – indagou o grifinório.


Harry coçou a própria nuca, buscando as palavras para responder a pergunta que o filho fizera. E os olhares curiosos sobre si esperando uma resposta estava deixando-o pressionado e nervoso.


- Er... Não. - murmurou. - Eu... Eu via sua mãe como amiga na época e...


- É verdade. Víamos-nos como amigos, e Harry não tinha interesse em mim e vice-versa... – sorriu marota. – Queria levar outra garota, mas acabou indo com Parvati Patil, e Rony com a irmã dela. Ficaram os dois, sentados a noite toda, enquanto eu me esbaldava na pista de dança.


- A gente tem mesmo que falar sobre isso? - Harry perguntou, revirando os olhos. Não gostava de lembrar o quão tolo fora no passado, tão pouco da noite do baile em que Hermione foi acompanhada por Vitor Krum.


- Não sabia mesmo aproveitar a vida, hein, pai? Francamente. – James caçoou.


- Ah, e como eu aproveitaria a vida naquela época? Explique-me, porque eu realmente queria saber. - disse irônico, fingindo-se pensativo. - Aproveitar a vida com um bruxo das trevas tentando me matar o tempo todo.


- Já chega... – Hermione interveio, e virou-se para o filho. – Tem que descansar para que quando for o momento do baile não deixe Emma na mão, querido.


- Eu sei mãe. Madame Pomfrey disse que estou bem, não disse?


- Sim, mas ela provavelmente mandará que você repouse, e não que saia voando naquela vassoura outra vez. – retrucou, e o filho revirou os olhos.


- Isso não vai acontecer tão cedo, Mione. - Harry tentou tranquilizá-la, aproximando-se e abraçando James. - Mandou bem com a bomba de bosta. - sussurrou para que apenas o filho ouvisse, lhe oferecendo um sorriso maroto e discreto. - Se cuida, garoto.


- Valeu pai... – sorriu largamente. - Vou me cuidar, sim. – garantiu sob os olhares dos pais.


Hermione se despediu do filho, deixando a ala hospitalar ao lado do marido. Sentia-se tranquila após constatar com os próprios olhos de que James estava bem. Tudo não passou de um susto. Sensação que queria esquecer o mais rápido possível.


...


Fixou seus olhos em seu prato novamente. Era melhor fitá-lo do que a expressão de decepção e fúria contida na face do marido. Rony voltara para casa no dia anterior extremamente irritado, não lhe dizendo o motivo para tal. E para ela apenas restara aguentar o mau humor dele durante a noite e o resto do dia seguinte.


Aquilo estava deixando-a incomodada. Tanto que mal tocou em sua comida durante o jantar. Rony, como de costume, jantava. Mas estava calado, sério demais. E a loira bufou, impaciente com aquela situação. Precisava saber o que aconteceu de tão grave para o marido estar assim.


- Rony, o que há? - a voz de Luna despertou a atenção do ruivo. A mulher abandonou os talheres em seu prato. - O que aconteceu ontem em Hogwarts para estar tão irritado? Kira e Caleb estão bem? Está me omitindo algo? - bombardeou-o de perguntas.


- Seu filho... – resmungou, fitando-a. – Seu filho me envergonha, se quer tanto saber. – emendou seco.


- Nosso filho, Rony. Ele tem um pai, que é você. - corrigiu-o severa. Havia muito tempo em que estava irritada com o marido. - O que Caleb fez desta vez? Alguma outra detenção?


O ruivo bufou nada contente. Desde que voltara não conseguia parar de pensar no que havia acontecido, mas não queria descontar sua ira na esposa, no entanto, era mais forte que o bom senso. Ainda não assimilara que seu filho estava se envolvendo com uma Malfoy. Era inaceitável.


Respirou por fim, e disse:


- Muito pior do que isso. Ele está de “rolo” com Pandora Malfoy!


Luna o olhou, boquiaberta. Conhecia a fúria do marido sobre os Malfoy. Principalmente sobre Draco Malfoy, por tudo que sofreu enquanto estava em Hogwarts devido ao outro. Porém, Caleb herdara seu gênio de reconhecer quando alguém era bom ou não. E se estava se envolvendo com essa garota, certamente era porque reconheceu algo nela.


Não pode evitar um pequeno sorriso, algo que aumentou a ira de Rony.


- Talvez Caleb tenha notado algo de diferente na filha de Draco Malfoy. Ela pode ser diferente do pai. - disse, tentando tranquilizá-lo.


- Diferente? Não sei o que pode haver de diferente! – exclamou Rony furioso. – Só um grau a mais de mesquinharia e maldade... Ah, sem contar o sarcasmo.


- Rony você não a conhece. - Luna disse, espantada com os julgamentos premeditados. - Está julgando-a pelo que o pai representa. Não sabe como a garota é, como vive ou como é a relação com os pais. Como pode julgá-la assim?


- Por acaso não sabe que os filhos se espelham nos pais? Foi assim com Draco Malfoy, e é com a filha dele! É bem simples... – argumentou, deixando o prato de lado. – Não quero Caleb com ela, disse isso e ele me enfrentou.


- Graças a Merlin Caleb não se espelhou em você. - Luna murmurou pra si mesma, passando a mão na face. - Ele o enfrentou porque realmente gosta dessa garota. Existe um sentimento ali, Rony. Será que não vê?


- Não, sinceramente não vejo nada. E não quero mais falar daquele moleque. Se preferiu a ela, pois bem, que fique com ela, mas esqueça o caminho de casa. – Rony falou sério e furioso. Levantou-se da mesa. – Não vou mais jantar.


- Como é? - Luna indagou, levantando-se incrédula.


Era praticamente impossível acreditar que Rony tinha rejeitado o próprio filho. E o novo temperamento, as novas palavras pronunciadas pelo marido fizeram seus olhos azuis marejarem, tristes. Seu casamento há muito tempo não era tão maravilhoso quanto fora no início. Estava indo por água abaixo, e Rony parecia não notar isso.


A raiva apoderou-se de si. Não o deixaria recusar o próprio filho. Caminhou até ele, segurando seu braço e impedindo de deixar a cozinha. Ele se virou, notando os olhos contidos de lágrimas, mas a fúria predominante em sua face. Nunca a vira assim.


- Pois é bom que me escute, Rony. Você não vai prejudicar a felicidade do meu filho. - disse entre dentes. - Já basta o escândalo que fez quando Kira e Jared assumiram o namoro. Estou farta de suas crises idiotas. E não deveria ter tanta raiva assim de Draco Malfoy, pois vocês se parecem bastante. Dois imbecis que só se preocupam com o passado e com um preconceito idiota. - uma lágrima percorreu sua face. - E se você está rejeitando Caleb como seu filho, está me rejeitando como sua esposa também. Porque pro meu filho ser feliz eu sou capaz de tudo.


Soltou o braço dele bruscamente, caminhando até a porta. Porém, antes de sair virou-se para olhá-lo. Era difícil controlar as lágrimas no momento.


- Ou você muda esse seu jeito estúpido de ser ou vai ficar sozinho. - suspirou. - Nosso casamento está por um fio, Rony. Não suporto mais.


...


As quatro mesas das respectivas casas de Hogwarts haviam sido retiradas do salão principal, dando lugar às mesas circulares que acolhiam alunos, visitantes e poucos professores. Seria a última noite dos alunos das demais escolas no castelo, já que partiriam na manhã seguinte.


O salão principal estava todo decorado. O teto tinha sido alterado por mágica, enfeitado pelo céu estrelado que reluzia brilhante fora do castelo. O piso também fora alterado, um tapete de uma lua cheia reluzente fazia um ótimo contraste com o teto e as demais decorações. Elfos, devidamente treinados e vestidos com trajes cultos, serviam cervejas amanteigadas e alguns petiscos. Uma música formal entoava no local. Trajes a rigor da noite eram observados e elogiados.


O colorido do salão principal se fazia pelos vestidos das meninas. As cores davam-se muito bem, com a palidez da decoração. Agora elas não andavam em bandos, mas sim acompanhadas por seus pares. Alguns estavam no cantinho mais escuro e afastado, aproveitando a noite que ainda mal havia começado. Outros conversavam no meio do salão, e aqueles que estavam guardando energias para o mais tardar da festa, estavam sentados em mesas dispostas de formas regulares pelo salão.


- Esses cantos escuros são perigosos. - comentou Emma, observando um casal enquanto tomava um gole de sua cerveja amanteigada. Porém a mordida que James dera em seu ombro exposto assustou-a um pouco, virando-se para olhá-lo. A morena ergueu uma sobrancelha, fitando o sorriso maroto que ele esboçava. - Não começa. Você não vai querer que eu revide aqui.


- Salas vazias em Hogwarts são o que não falta hoje. Por favor. - Jared retrucou para o casal ao lado da namorada.


- Pare de ser rabugento, porque você não vai procurar umas dessas salas? – James provocou sorrindo, ao passo que Kira e Jared coraram.


- Ah não comecem. - Emma interveio antes que Jared abrisse a boca para responder. - Deixem as discussões de irmãos para mais tarde.


- Viram o vestido da professora Fiona? - Jared comentou.


Todos olharam para a mulher, que trajava um vestido verde musgo cheio de babados. Alguns colares extremamente exagerados para a ocasião pendurados em seu pescoço. Ela dançava sozinha na pista, em um ritmo completamente diferente da música tocada.


- Desde quando anda entendendo de moda e vestidos, Jar? - Marcus disse, sorrindo maroto para o Potter assim que desviou os olhos de Kristen.


- Desde que você se deu conta de que está apaixonado. - o Potter revidou zombeteiro.


- Começo a achar que deve mesmo procurar uma sala pra se abrigar. – Marcus comentou entre dentes. – Antes que eu acabe com você...


- Crianças, por favor, agora não. – Kristen brincou, e os demais riram. Ela trajava um vestido violeta, o qual realçava sua pele e seus olhos. O vestido era moldado em seu corpo, deixando-a com um ar mais de mulher. Os cabelos presos numa trança lateral, e esta era ornada com pequenos laços da cor do traje.


- Me admira você não ter ficado corada com o comentário do Jared. - disse Emma olhando para a amiga, que corou de imediato. - Ops. - sorriu, cobrindo a boca com uma das mãos.


A morena usava um vestido sem alças, rente ao busto em um tom cinza. Abaixo do busto o tecido era preto, ele afinava em sua cintura, onde havia uma prega na frente e que valorizava sua curva. Os cabelos estavam ondulados e a maquiagem realçava os traços femininos em seu rosto.


- Ahn... - a voz de Caleb ao se aproximar chamou a atenção de todos. Ele estava de mãos dadas com Pandora, receoso. - Será que... Podemos...


- Sentar com a gente? Claro. - disse Jared indicando as duas cadeiras livres na mesa. Notou a indecisão de Pandora, pensando se seria uma boa idéia. - Não se preocupe ninguém morde. Exceto o James, mas ele morde só a Emma. - brincou, fazendo-a sorrir.


A sonserina sorriu timidamente, sentou-se ajeitando a saia esvoaçante do vestido azul cinzento e de tecido leve. Pequenos brincos adornavam sua orelha, e brilhavam devido à luz do ambiente.


- Adorei o seu vestido, Pandora. – Kira falou. Seus lábios rosa se curvaram num sorriso amistoso. – E seu penteado também.


- Obrigada. – agradeceu. – Eu também gostei muito do seu.


Kira sorriu ainda mais orgulhosa, e fitando o vestido de crepe, rosa salmão. No busto, fitas e rendas se misturavam conforme o tecido mudava seu tom róseo para um de amarelo bem clarinho.


- Mulheres... Daqui a pouco estão falando dos vestidos das outras, e de todo o resto. – Marcus resmungou.


- Oh, Marcus. Seu vestido também está lindo. - Jared comentou, arrancando risos de todos. Abaixou-se quando o outro lhe lançara um petisco.


- Sua maquiagem também. Maravilhosa. - Caleb disse, entrando na brincadeira do cunhado.


- Tenho que dizer que as moçinhas ficam lindas com esse penteado “acabei de sair da máquina de lavar?”. – ele retrucou, fazendo James gargalhar. – Por acaso nunca ouviram falar de pente?


- E você com o seu penteado "um trasgo me lambeu". - Jared revidou, sendo apoiado por Caleb.


- Ah, vai começar. - Emma murmurou, revirando os olhos. Ignorou os meninos, virando-se para as garotas à mesa e começando uma conversa sobre o baile.


- Pensei mesmo que você viesse ao baile com Dimitri Russel. – Kira falou baixinho, fitando Kristen.


- Eu iria, mas Marcus meio que ameaçou pular da janela da torre. – respondeu bem humorada, arrancando risos de Pandora e Emma.


- É claro que ele não faria isso. - murmurou Emma. - Você sabe Kris. Se você aceitou é porque ainda gosta dele, mesmo estando com Russell.


Os garotos na mesa explodiram em outra gargalhada, chamando a atenção das garotas por um breve momento. Jared estava corado, dando um tapa na nuca de Marcus. Logo os ignorara outra vez, voltando para a conversa.


- Mas eu não aceitei assim logo de cara, eu o deixei implorar bastante. – Kristen sorriu largamente. – E foi um pouco difícil abandonar Dimitri... Acho que gosto dos dois. – declarou.


- Pra quem dizia que não tinha atrativos e que ninguém se apaixonaria por você, anda muito perversa ultimamente. - Emma disse, cutucando a amiga. - Mas com os dois, você não pode ficar. Vai ter que se decidir. - viu Kira concordar consigo.


- Sei disso... – murmurou fitando Marcus. – Bem... Dimitri vai embora, e não dá pra se manter um namoro a distância. Talvez eu possa dar uma chance ao Marcus...


- Kristen está com tudo ultimamente. – Kira comentou rindo.


- E põe tudo nisso. Está dividida entre dois garotos. E ainda tem o poder de escolher com qual quer ficar. - disse Emma, tocando o ombro da ruiva. - Amiga você nunca esteve tão poderosa. - emendou, rindo junto com as outras.


- Bem, eu vou dar uma volta... O salão está começando a fervilhar. – Kristen disse, levantando-se.


Marcus interrompeu a história que narrava, observando-a sair da mesa. Levantou-se também, começando a segui-la. A última coisa que queria era que Kristen se encontrasse com o russo. Aquele baile era sua única esperança de uma reaproximação da garota. Ainda não sabia lidar com o que sentia por ela, mas estava disposto a arriscar.


Apertou os passos, desviando-se das pessoas enquanto ela caminhava para a saída do salão principal. Finalmente a alcançara, parando em sua frente.


- Aonde vai? - perguntou, colocando as mãos nos bolsos de seu traje.


- Não vai se jogar da janela, se eu tomar um ponche, vai? – ela indagou tentando manter-se séria. Mas estava difícil não sorrir nem suspirar.


- Eu estava brincando quando disse sobre a janela. É claro que não faria isso. - Marcus fez uma careta, mas ficou sério em seguida. - Vai se encontrar com o russo?


Kristen o fitou, e mordeu o lábio. Gostaria de brincar com ele, mas em questão de seus sentimentos não gostava de tratá-los assim, tão displicentemente. E ainda, não zombaria como Marcus um dia fizera, apesar de ter mudado.


- Bem, eu não tinha essa intenção. Vim ao baile com você, e não procuraria outro. – respondeu, suspirando. – Se me encontrasse com Dimitri seria casualmente.


- Não sabe o quanto fico feliz por isso. - disse olhando-a nos olhos ao se aproximar, notando o quanto Kristen era linda. Não apenas naquela noite do baile, ela sempre fora. Apenas foi um tolo em nunca ter reparado antes. - De verdade.


Um sorriso pequeno absorveu os lábios bem feitos da ruiva, e ela estremeceu. Os olhos de Marcus estavam mais negros, reluzentes, e ele lhe tirava o fôlego naquele traje a rigor.


- Que bom Marcus. Que bom. – falou desconversando.


- É só isso que tem para dizer? - murmurou acariciando-lhe a face, não perdendo o contato visual um minuto se quer.


- O que... O... – respirou fundo, controlando seu coração. - O que quer que eu diga?


- Qualquer coisa. Mas eu quero falar primeiro. - disse desenhando os lábios rosados da ruiva com a ponta dos dedos. - Você está linda.


- Obrigada, Marcus... – murmurou, sentindo-se fraquejar a cada palavra que ele proferia. Se o grifinório continuasse assim, não resistiria por muito tempo. Na verdade, ainda se perguntava por que teimava em resistir.


- E que eu sei muito bem que fui um completo idiota com você. - Marcus se aproximou, puxando Kristen para mais perto e colando seus corpos. - Não apenas com você, realmente era um idiota. Mas eu percebi a garota doce e incrível que você é. - declarou, olhando-a nos olhos. Nunca fora tão carinhoso e sincero com uma garota em sua vida. - Tive que quebrar a cara pra aprender a lição. Mas eu aprendi. E me apaixonei por você, Kristen.


- Você o que? Está apaixonado por mim? – perguntou surpresa, e extremamente feliz.


- Estou. E não tem idéia do quanto. - sussurrou, aproximando-se para beijá-la.


Kristen sentira um gostoso frio na barriga, quando Marcus encostara os lábios nos seus, para logo em seguida aprofundar o beijo. Explorando com a língua cada extremo da boca feminina. Sentindo mais uma vez o sabor que o encantara, experimentando a textura macia e maravilhosa.


Uma das mãos de Marcus afagava as costas dela, arrepiando a pele exposta pelo decote. A outra repousara na nuca, delimitando a distância – a qual era pouca -, e a intensidade do beijo.


Aquele beijo fora diferente dos outros, não era um beijo forçado como foi o primeiro, nem um desesperado com o segundo no corredor. Havia sentimento nele, e Kristen pode sentir as sinceridades das palavras de Marcus naquele gesto. Tanto que fazia seus corações baterem em um único ritmo, rápido e descompassado.


Incapazes de sustentarem o beijo se separaram. Ambos ofegantes fitavam os olhos para descobrirem outros sentimentos ali.


- Acredita em mim? - Marcus perguntou rouco e entorpecido pelo beijo.


- Acredito. – respondeu sem receios. – Eu acredito em você, Marcus...


- Ah Merlin. - Marcus suspirou, sorrindo. - Ainda bem que acredita. - riu, beijando-a levemente.


- Que bom que ameaçou pular da janela. – Kristen brincou, antes de ela mesma beijar o grifinório com mais intensidade.
 

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